sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

ENCONTROS AO LUAR


TRES
HOTEL
O Hotel estava no ruge-ruge de todos os meios dias. O mundo todo a conversar asneiras. O tema principal: Hitler. Uns a favor e outros contra. Era tudo que se notava. Para alguém, Hitler era um infame. A maiorias, ele nem era estadista. Um borra-botas. E assim os que estavam contra soltavam gargalhadas. Hitler foi um político alemão que sérvio de líder do partido nazista. O Fuhrer ou Líder. Tendo perdido a Guerra, Hitler escapou do seu país em submarino indo ficar na Argentina. Todos acreditam nessa versão menos uns poucos, defensores do Nacional Socialista partido do Reich alemão. A Guerra trouxe vítimas. Natal era a nação onde nada se ouvia falar sobre esse atentado inglório. Mesmo as músicas alemãs eram proibidas de se ouvir tocar nas casas dos abastados. Quem era do contra, esses mesmos nada falavam. As casas de discos nem se ouvia tocar o Hino Alemão. Assim prosseguia através dos anos e dos tempos as histórias sobre a Alemanha nazista que logo se acabou com o final do conflito. Não se sabe nem quantos morrera, ou ficaram. Como diria alguém: “foi o fim do mundo”.
Olga Passos adentrou no salão do Grande Hotel pouco antes do meio dia. O homem de seus 60 anos estava ao piano a interpretar música boêmia. A moça percorreu com sua astucias se ali estava o doutor Eduardo Rizzo. Mas o homem não tinha aparecido ainda. Ela foi até o balcão e conversou com o gerente a solicitar uma mesa solitária que não tivesse acompanhante naquele momento. E adiantou:
Olga
--- Estou à espera do doutor Rizzo. - - sorriu devagar
O gerente buscou uma mesa perto de porta ao lado de fora e indicou à moça.
Gerente
--- Ali tem uma. Quer ser servida agora? - - indagou
Olga
--- Só um cálice de vinho tinto de Borne. - - respondeu.
À mesa Olga Passos se abordou com calma a ouvir o barulho infernal das criaturas a debater algo sobre guerras já acabadas faz tempo. Entre barulhos e algazarras o mundo girou sem fim. De repente, ela observou a figura que entrava. O doutor Eduardo Rizzo. Se era doutor, ela nem sabia, Mesmo assim Olga o chamava de Doutor. Para a moça, assim era mais chique. Rizzo foi até o balcão e o gerente disse que alguém já o esperava há algum tempo.
Gerente
--- Peixe ou costela de carne? - - indagou
Rizzo
--- Espere. Eu vejo daqui há pouco. Vou percorrer daqui à moça. - - sorriu
Gerente
--- Tem um quarto! Se quiser? - - observou
Rizzo
----Quarto? Quarto? Talvez! - - dialogou
Eduardo Rizzo se acercou da mesa onde estava assentada a moça Olga Passos e começou a dialogar com os casos da manhã como exemplo a história do temporal da noite passada. E ela entrou na conversa.
Olga
--- Foi chuva demais. Aliais, no sul o tempo é rigoroso. São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais. É muita chuva. Aqui, é chuva fraca. – falou
Rizzo
--- Pois é. Aqui, houve falta de energia por conta do Baldo onde fica a empresa de Luz. - -
Olga
--- Aqui é como no Rio. A Light, quando desliga, é falta de energia total. Água e Luz.
Rizzo
--- Estás tomando vinho? - - surpreso
Olga
--- Um cálice de Borne. - - sorriu
Rizzo
--- E o almoço? - - perguntou
Olga
--- O que você quiser. Fígado. Que achas? - - indagou
Rizzo
--- Ótimo. Fígado ao molho e vinho Bordeaux. Excelente! - - dialogou.
O vento forte se fez presente ao meio dia e mais um pouco. Uns faziam algazarra. Pedintes pedia esmolas, o casal só pensava no sabor da comida a sorver com paciência. Conversas amenas, monólogos solventes, coisas do arco da velha. Nada de sexo. Apenas conversas. Longa história contada ao pé da fogueira, por assim dizer. Uma sessão de cinema e nada mais. Assim terminava o dia.
Olga
--- Hoje é quita feira! - - disse a moça meio zonza
Rizzo
--- Que tal um cinema? - - indagou
Olga
--- NO SILENCIO DA NOITE. Um bom filme. - - pensativa
Rizzo
--- De Nicholas Ray com Humphrey Bogart. - - comentou.
No dia seguinte, a moça despertou logo cedo. Às 9 horas Olga saiu e foi rever livros antigos ainda existente nas bancas da livraria da Ribeira. O dia estava ameno, o povo a passar para um lado e outro. O vento do rio soprava leve assim como a brisa. Um homem chamado de Doutor Choque passava de modo fiel e contente oferecendo bilhetes de apostas da semana. Mulheres da Vida caminhavam de braços dados, sorridentes e felizes pela principal Rua Doutor Barata, uma das demais vias da postada avenida Um andarilho pedia esmola com uma voz rouca. Era essa a labuta da continua artéria. Olga adentro na livraria, viu alguns alfarrábios e deu uma volta para indagar a um dos rapazes.
Olga
--- Você tem algo sobre Hipócrates da Grécia Clássica? - - indagou
O rapaz deu meia volta, consultou a coletânea e encontrou um dos tais. Mais que depressa votou com o livro para mostrar a senhorita. Ele nunca a olhara antes daquele instante. Suas curvas bem torneadas deram vontade de o rapaz saber o seu nome. Mas o modesto homem se conteve em atender aquela esguia donzela.
Atendente
--- Senhora. Temos sim. Hipócrates. É um pouco desgastado. Porem está bem servido. – disse
Olga
--- Está velho mesmo. Mas eu não encontrei em outro lugar. Quanto custa? - - indagou
Feito o acerto, a moça deu bom dia e saiu sem pressa a procura de outro destino. Olga examinou a hora em seu pulso e rumou em direção ao Cais do Porto onde se podia enxergar por vezes as aves marinhas, os barcos já meio acabados, a ponte antiga de Igapó que, um dia, fez a vez de trazer passageiros de um lado para outro. Tudo isso, Olga se lembrou naqueles idos instantes. O vento morno dava a vez da jovem moça recordar tais belos instantes. Um trem de ferro apitou alertando os transeuntes. De repente, a máquina passou tão depressa quando a jovem, curiosa, por vez percorreu em suas lembranças o que somente podia viver.
Olga
--- O trem de ferro. Lembranças. - - entristecida
Era longo o trem de ferro. Carros e mais carros. Com o passar do tempo ela ouvia bem longe o trotar dos vagões. Depois de tantas andanças, sem marcos nem velas foi a vez da moça partir para distante. Já era tarde da manhã e Olga Passos tornou a viver o esquecido momento de glória e de ardor. Ela pouco observou o homem vendendo jornais de ocasião. Era assim o seu instante de triunfo.
Quase meio dia. Olga adentrou o salão do Grande Hotel e segui para o baião da gerência. E ali foi bem recebida pelo gerente que de imediato veio dá bom dia e a sorrir indagar se esperaria pelo “noivo”. A moça sorriu. Disse apenas.
Olga
--- Espero, sim. Traga-me um vinho. - - sorriu.

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