segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 31 -

- O TREM -
- 31 -

VINGANÇA

Naquele dia, Norma acordou mais cedo que nos outros. Ela pensava em Noca, sua mãe. Algo impulsionava a mulher para um degrau. Desde o dia em que assinou o divórcio, ela ficou taciturna. Apenas dissera que aquele edifício era um acaso como “´é esse” e nada mais. Othon não entendeu com perfeição. Sexo? Nunca mais fizera com alguém, pois não havia homem capaz de fazer sexo com ela ao seu modo. Quem avistasse Norma, para ela era um “chato”, coisa ruim, imprestável. Do lado bem alto do edifício, estavam os apartamentos nobres. Via-se o mar solitário a vir quebrar bem perto, na praia, para depois voltar. O vento gelado cobria o rosto de Norma como querendo lhe dar um beijo eterno.
Norma
--- Noca. Minha velha! Você se lembra do riacho? Lembra mesmo? Era lindo! - - dizia a mulher
Noca
--- Agora está seco. Muito seco. A ponte? É uma penúria! - - falou a finada.
Norma
--- É mesmo! Mossoró também não tem água. Nem outros municípios. - - confirmou
Noca
--- Serra do Mel é outro. Seco de fazer dó. - - relatou.
Norma
--- Quantos municípios estão assim! Deus nos acuda! - -tristonha
Noca
--- Mais de 153 municípios. Não chove mais nesses municípios. Caicó está um Deus dará. - - falou
Norma
--- Deus dará! E o Governo? - - quis saber
Noca
--- Quem governa isso aqui? Fecham-se Bancos. Eu prefiro estar aqui. - - lembrou
Norma
--- Se eu pudesse também ia! - - vaticinou
Noca
--- E quem te empata? - - quis saber
Norma
--- Não tem um negócio de Deus? - - indagou
Noca
--- Deus é só fantasia. Venha! - - chamou
Naquela manhã, Norma, ao saiu de seu AP, recomendou à secretária, Neta, cuidados com os meninos porque ela passaria na Igreja além de fazer compras para casa.
Norma
--- Só isso. Tenha cuidado. - - advertiu
Norma saiu, passeando pela praça sem atenção voltada para ninguém, ver as árvores, plantas rasteiras, pássaros silvestres, carroças puxadas a burros, pessoas a sorrir enquanto andavam, escolares, um cego sentado no chão quente a pedir esmola a cada qual que passasse, homens em zig-zag caminhando com pressa, mulheres carregando sacolas, moças tomando sorvetes, um rapaz a olhar uma vitrine de relógios de marca, madames a sair de um shopping, carros e bus a passar com pressa. Um calor intenso. Um rio, uma pedra onde o povo fazia orações, um trem, um barulho de um apito, uma ação, um golpe fatal. A mulher havia saltado para a morte trágica.
O trem nem sequer apitou. Seguiu em sua marcha e o povo que estava perto foi quem gritou pedindo ajuda para uma coitada. Logo, logo, o maquinista ouviu o barulho. E então parou a locomotiva e, consequentemente os carros há uma boa distância. O povo da linha acorreu para ver de perto o estrago feito na pobre mulher. Um dos passageiros foi o primeiro a chegar e olhar o corpo estraçalhado daquela mulher que não se identificava. Sem braços, cabeça partida, troncos aos pedaços. Os agentes do trem foram os primeiros a chegar e ordenar a todos a ficar fora do trágico imprevisto. Foram horas a fio até que o rabecão chegou para colher o resto daquela aparente mulher. Os carros de polícia estavam a postos guarnecendo o local. Tao logo soube, a reportagem chegou ao deprimente caso. Cada um que disse o ocorrido. Nada de mais se encontrava. Uma morte na estação foi o que mais se argumentou. Em casa, a doméstica Neta ouviu apenas o noticiário porque não se mostrava os pedaços do corpo da mulher devidamente estraçalhado. Para alguns, o dizer é que ela morava alí. Nenhuma coisa aparente sucedia   
Já era quase noite, Tiago chegou ao AP de Norma e ouviu de Neta a preocupação que ela estava com o sumiço de Norma.
Neta
--- Ela saiu de manhã dizendo que estava indo à Igreja e não deu mais notícias. - - preocupada
Tiago.
--- Oxe. Nem falou onde estava? - - indagou assustado
Neta
--- Não! Já disse. Que coisa! - - alarmada
Tiago
--- Será que foi atropelada? - - indagou com olhar inquieto
Neta
--- Sai p’ra lá! Que coisa! - - bateu na mesa
Tiago
--- Mas é o que sucede. Chame a polícia! - -
Neta
--- Chama tu. Eu tenho medo! - - relatou assombrada.
Tiago
--- Pois eu chamo. - -
Tiago procurou o distrito mais próximo e foi até ao local onde prestou queixa. Nesse instante, um policial civil falou ter sido uma mulher que se suicidou na manhã desse dia na linha do trem.
Policial
--- Ninguém foi buscar o cadáver. - -
Tiago
--- Cadáver? Será possível! Uma mulher inda jovem? - - perguntou
Policial
--- Só indo no necrotério. Vá lá! - - relatou
Tiago pegou o caminhão e se largou para o necrotério da Secretaria de Saúde, numa velocidade estarrecedora, quase voando, como se podia dizer. Para o louco motorista não havia tranco ou barranco que o impedisse de deter e em um instante deu de cara com várias pessoas a procura de entes queridos também mortos naquele tempo. O homem saltou de caminhão mais que apressado em busca de informação. Tão logo as buscas efetuadas, encontrou-se um corpo quase irreconhecível, porém tendo um vestido de cor branca. O rapaz ficou de uma forma estarrecida.
Tiago
--- Creio ser esse o corpo da mulher. Eu vou ligar para a secretária da senhora Norma para conferir a identificação. - - falou com remorso
Dentro de momentos, Tiago falou pelo celular com moça Neta, solicitando a sua presença naquele estabelecimento pondo as crianças em casas de amigos enquanto identificava se era mesmo a senhora Norma. Houve encrencas de vai ou não vai, pois, a moça tinha medo de olhar defuntos. Chegado ao fim, tudo se aquietou. E cheia de temor, com a mão na boca, Neta, nem querendo olhar de perto, ainda assim confirmou de Norma a mulher completamente lacerada não se podendo vislumbrar ao certo a sua fisionomia.
Neta
--- É ela sim. O colar, as roupas mesmo rasgadas, sapatos. É ela. Mas porque a senhora fez isso?
Tiago
--- Quem sabe? Só ela mesma! E eu, aqui, feito um palerma. E os filhos? - -perguntou
Neta
--- Uma criada que mora perto. - - disse ela soluçando de remorso
Tiago
--- Vou ligar para o doutor Othon. Ele tem que saber. - - e passou a ligação para Othon
E falou curto e grosso sem pedir nem permissão.
Tiago
--- Seu Othon. Que fala é Tiago. Sua mulher morreu. Pulou em cima do trem. - -
Othon
--- Quem mesmo? - - preguntou mais vagaroso 

domingo, 27 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 30 -

- ORQUESTRA -

- 30 -

ASSASSINATO

Era passado um tempo e o senador chamou Othon para informar que o seu caso já estava pronto. Era preciso de sua presença no Tribunal, em Natal. Então, com os seus advogados, Othon resolveria a questão. O homem conhecia muito bem o Escritório de Advocacia e tinha dia e hora marcados. Ele e seus advogados estavam presentes, uma hora antes. A sua mulher, Norma, chegou um pouco depois. Ambos não se falaram. E não havia meninos presentes. Apenas Norma, além da doméstica Neta – foi a mais paciente cumprimentando Othon além de formular questões fúteis -. De resto, foi apenas com os advogados, de cada lado. A questão pendente era do imóvel desocupado, entregue as traças onde o homem tinha deixado os seus pertences, como DVDs, livros entre outras tranqueiras.
Adv. Defesa
--- O senhor tem algo a reclamar? - - indagou em murmúrio
Othon
--- Se ela quiser me dar os DVDs, tudo bem. Se não, deixa p’ra lá. - - comentou em sussurro.
A questão demorou menos de uma hora e o Juiz analisou o processo e em seguida despachou o divórcio. Foi essa a decisão. A questão dos filhos foi dada conta da própria mãe. O homem não fez questão, a não ser de uma visita quando pudesse. Havendo telefonemas para Othon, por parte dos filhos, o homem prontamente atendia. A questão das despesas, também foi resolvida de imediato. No mesmo dia, Othon e os seus advogados retornaram a São Paulo. O homem sentia-se leve como uma pluma. Às vezes sorria. Em outras, nem tanto. Calava-se. Homem pensativo em casos havidos. Doenças! A mulher a cuidar! Os filhos! A casa do interior! A fazer sexo. A olhar os AP dos demais pela máquina fotográfica. A moça estava nua. Toda nua! Ele a via. Tirava fotos. Sorria! Beleza! Com isso, o sono chegou nesse momento para ele, uma autoridade do Fisco. Homem que saiu do prédio de uma esquina da Ribeira, em Natal, para um local mais aprazível em São Paulo.
Sexta-feira, Othon falou a sua secretaria, Maria, que à noite tinha um concerto no Teatro Municipal para convidados, e ele havia sido convidado com sua esposa – ou mulher, namorada, talvez filha ou amante -. Haviam várias peças a ser apresentadas, incluindo peças de Haendel, Liszt, Palestrina, Wagner, Beethoven e demais. Seria um espetáculo insofismável. Se bem pudesse, ela vestiria um traje completo e escuro, talvez em negro.
Maria
--- Está bem. Eu sigo à noite. - - disse a moça
O homem sorriu e de sua mesa fitou por mais uma vez a fêmea. Devagar, a moça fitou também com o rosto abaixado e um sorriso na face. Era a alegria sem fim de um homem de meia classe. O dia se passou e a noite eles estavam no Teatro Municipal para a companhia de muitos os demais. Gente gorda, muito gorda. Homens e mulheres. Classe média, classe rica. Um luxo só. Podia-se notar nos vestidos de classe. As mocinhas tinham em suas vestes, plumas e colares além de sapatos chiques para dar inveja ao mais pobres, gente baixa, por assim falar. Havia de tudo a se apresentar.  Senhoritas de uniforme arroxeado a distribuir senhas, com um sorriso na face aos que entravam no recinto de luxo. Por dentro, a plateia a ficar em frente ao palco. Nas laterais, os camarotes. O palco, coberto por uma cortina vermelha e franjas douradas. Era hora do início do espetáculo entre murmúrios, tossidas entre tantos.
No meio da apresentação, o Governador do Estado estava presente, ocupando o seu camarote especial onde vasta plateia se abanava pelo calor que fazia, e neste instante um atirador de elite alvejou o Estadista de forma letal. O atirador tentou escapar, mas a segurança impediu colhendo de chofre o adverso elemento. Nesse instante, o atirador disparou um balaço contra si próprio não se sabendo quem fora o mandante do atroz assassinato. Houve tumulto em todo o salão do Teatro e uma ambulância, de imediato, chegou pondo aquela autoridade no seu interior, já morto, pois o tiro foi fatal disparado a curta distância. A orquestra entrou em silencia e a cortina foi fechada. O povo atordoado foi quem, em desespero, procurava saída a qualquer custo não se importando por qualquer porta ou local. Polícia acercou-se do prédio enquanto que soldados muito bem armados, de caras lacradas para não se conhecer, armados até os dentes, era a ostensivo esquadrão todos a postos a correr para guardar as mais breves saídas para, se alguém ainda procurasse se meter em fuga. Do Teatro Municipal, lágrimas e prantos, era tudo o que ouvia de um povo sentindo-se culpado por tal tragédia macular.  Todo o pessoal que se destinava a sair era revistado e cada um pusesse a mostra dos arrogantes militares. Mulheres gordas ao desmaio, homens robustos a abanar suas damas. O caos imperou ao ponto de ninguém poder sair para qualquer lado ou local. Os recintos internos do famoso do Teatro Municipal eram vasculhados de ponta a ponta e mesmo os músicos eram constrangidos em não poder sair para lugar algum.
As três horas da madrugada ainda estava os policiais de prontidão vasculhando toda gente ainda não inspecionada. As matronas ficaram em um local mais quietos onde os seus maridos as puseram. O ruge-ruge de gente a pedir informações era maior do que se podia supor. Uns procuravam suas mães, outros buscava a noiva, namorada ou irmãs. Os veículos, na plena rua, eram orientados pela Guarda, depois dos passageiros serem revistados, a tomar outro caminho. Nem carro de som tinha permissão de trafegar pelos lugares mais distantes. Enfim, já o dia amanhecendo, milhares de pessoas procuravam ver os jornais para saber do caso havido na noite anterior.
Maria
--- Que horror! Ainda estou tremendo de medo! - - dizia a mulher de forma angustiada
Othon
--- Todo cuidado é pouco. A polícia está à procura de mais gente metida nessa confusão. – -alertou
Maria
--- Eu não temo. Mas, sei lá. Estou me tremendo toda. - - fez questão em declarar.
No sábado, ao meio dia, o casal saiu para o almoço e ouvir as conversas dos demais, a boca fria, cada um dizendo uma lorota qualquer. A Polícia montou guarda em todas as ruas paulistas a procura de elementos malsinados ou alguém que pudesse dar melhores informações à polícia investigativa. Othon e sua mulher o adentraram em um restaurante a lá francês conhecidíssimo da alta roda dos glutões onde se podia servir de alto e bom-gosto, inclusive de coisa do mar como lagostas e peixes dos mais variados gostos. Naquela hora, Maria, vestida a um bom estilo teceu o olhar para ver os mais importantes clientes ao fazer as caras e bocas.
Maria
--- O movimento ainda parece fraco. - - argumentou
Othon
--- Talvez a hora. É cedo ainda. - - explicou
Maria
--- E o enterro do homem? Você vai? - - indagou
Othon
--- Ainda não programaram nem o velório! Eu tenho que ir, de qualquer jeito! - - disse como se estivesse arrependido do fato
Maria
--- É um chororô danado! Desculpe! - - sorriu e calou.
Othon
--- É assim. O povo lastima! Que se pode fazer? É a vida. Amanhã já é outro dia. - - desculpou
Maria
--- Olha o garçom aí. Peça lagosta p’ra mim. - - sussurrou.
Às quatro horas da tarde, Othon e Maria estavam se acercando do Palácio onde já havia gente até demais, porem o corpo do Governado não havia chegado ainda. Certamente os técnicos em embalsamamento ainda estavam preparando o cadáver para expor no Salão Negro onde o ex-Chefe de Estado ficaria pela noite inteira. O novo Governador já havia sido empossado, apesar do silencio profundo em torno do caso. Ouvia-se serenes de carros de polícia a transitar em alta velocidade, para cima e para baixo. Com certeza a procura de algum meliante desde a noite passada quando houve o assassinato do Governador.
Maria
--- Chegamos cedo? - - perguntou
Othon
--- Um pouco. É melhor voltarmos. Seis horas já é possível. - - falou em murmúrio
Maria
--- Tem gente as pencas. - - murmurou
Othon
--- Até biriteiros! - - falou
Nesse ponto, um dos tais, o bêbado, se acercou do palácio e de imediato, falou alto
Bêbado
--- Eu sei quem foi o mandante do crime. Eu sei. - - disse o ébrio caindo para qualquer lado.
Outro bêbado gritou com seu companheiro de bebedeira.
Cachaceiro
--- Sabe nada. Cala tua boca que bem melhor. - - disse o outro
Bêbado
--- Eu sei. Eu sei. Quer ver eu dizer? Quer? - - falou o ébrio para lá e para cá.

sábado, 26 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 29 -

- O APARTAMENTO -
- 29 -
CAFÉ

No domingo, cedo da manhã, quando o homem Othon estava lendo o jornal do dia, Maria saiu de um local para outro completamente nua. Ela desejava ir ao banheiro para tomar ducha. Era cedo do dia e o casal já estava morando a alguns meses no novo AP. Cedo era providencial porque fazia frio para quem era do Norte. Nesse instante, o cavalheiro bastante desatento, olhou de vez a mulher passar em frente do sofá completamente despida. Em um instante, Othon sentiu calafrios e de vez, o membro enrijeceu. Maria seguiu em frente e abriu a porta do banheiro, em seguida, fechado. Nem imaginara que estava plenamente nua. Othon ficou a pesar o que fazem essas mulheres. Passados os minutos, após a ducha, Maria saiu bem coberta com a toalha e olhou para o homem, perguntando.
Maria
--- E o café? Já tomou? - - indagou
O homem respondeu, desajeitado
Othon
--- Nem percebi que tinha café na garrafa! - -
A mulher nova sorriu e apontou a garrafa de café. E no mesmo instante o serviu, declarado.
Maria
--- Tome o café antes de esfriar. Eu vou me vestir. - -
Othon leio o jornal e falou para Maria que eles poderiam ir, ao meio dia, almoçar em um restaurante de classe onde se podia conhecer gente ilustre, da mais fina estirpe. A moça virou o rosto e sorriu.
Maria
--- Com que roupa? Eu não sei se o que tenho vale algo! - - falou
Othon
--- As que trouxe da sua terra, não presta? - - indagou preocupado
Maria
--- Fina classe é outro mundo. Eu vejo nas revistas de senhoras o que de melhor existe. Existe butique com vestido da melhor grife aberta o dia todo. Tailleur de marca! Quer ver? - -
E a mulher trouxe as melhores revistas da moda para o homem delirar. Tailleur de status e elegância. Traje que pode ser usado direto sobre a pele ou clássico para ocasiões formais. Detalhes com manga, bolsos, decotes com comprimentos de peças variando com a ocasião e gosto pessoal, podendo ser marrom claro. Então, o casal partiu para as compras e buscou uma famosa loja de artigos femininos onde puderam ver as mais famosas grifes da moda. Após ampla procura, acertaram os sapatos, meias, bolsa, chapéu, mangas, colares e joias. Ela se punha contente e dizia apenas que se parecia com uma artista de cinema, igual a uma Audrey Hepburn, a beleza americana.
Othon
--- Você está chique! - - sorriu de contentamento.
Maria
--- Eu sou chique mesmo! - - sorriu e colocou a bolsa para trás.
Ambos passearam pela capital a procura de um restaurante até encontrar um. Era um restaurante magnifico onde se podia ter de tudo, no termo de gastronomia. Mesas redondas para pouca gente, quatro no muito, e eles eram apenas dois. Mais ao longo havia mais outras mesas e todos falando um português carregado, parecendo Lisboa. Comida lisboeta, vinho do Porto, qualidade de comida era divinamente por demais importante. Garçons, maitres e sommeliers atenciosos. Comer fora de casa era o que mais valorizava na hora de escolher. Sorrisos, gaiatices e saudações com os copos para cima. Esse era o sinal de um bom português. Maria se empolgava por tudo o que estava a ver. A maravilha de Lisboa fora da terra lusitana. 
As 4 horas da tarde Othon e Maria estavam de volta ao AP. Com seu Tailleur, a moça nem pensava em tirá-lo. A cada passo ela desfilava como um sonho. Essa era a palavra que a norteava. Uma mulher no palco materializando os seus sonhos.
Maria
--- Diga que eu sou chique? - - conclamou sorrindo.
Othon
--- Você é um encanto. Eu lembro de você no restaurante. - - sorriu roendo as unhas
Maria
--- Quando? Foi tanta coisa! Tinha uma dama que não tirava os olhos de mim. - - sorriu
Othon
--- Verdade! Uma matrona! Ela é a mulher de um burguês do interior. –
Maria
--- Não diga? Eu nem notei! - -
Othon
--- Ele estava conversando com outros burgueses. - - sorriu
Maria
--- A que tinha filha magricela? - - indagou com atenção
Othon
--- A que tinha um noivo gordo! - - relatou roendo as unhas
Maria
--- Ah. Lembro. Um sujeito desengonçado! Sem classe! - - relatou
Othon
--- Você estava deslumbrante. - - respondeu
Maria
--- Eu sou deslumbrante! - - e deu uma volta sobre si
No dia seguinte, segunda-feira, o homem estava em sua repartição verificando o que de novo havia e encontro uma notícia do dia onde anunciava o fechamento de várias agências do Banco do Brasil. Aquele assunto lhe tomou de surpresa. Notícias vindas todos os dias demostravam ter o Banco sido assaltado, bombardeado, roubado em vários Estados. Com tudo isso ocorrendo, fechar agencias já era um fato normal. Além desse Banco ainda tinha outros como Bradesco, Santander, Itaú e mesmo a Caixa Econômica, órgão do Governo. Ele estava vendo o artigo quanto o seu celular tocou chamada. Othon viu quem era e soube de imediato ser o Senador querendo comunicar algo.
Sindarta
--- Muito ocupado? Podemos conversar? - - indagou
Othon
--- Nada demais. Que mandas? - - indagou
Sindarta
--- Só aqui eu falo. – - respondeu
Othon
--- Vou já. Um momento! – - e levantou saindo dizendo a sua secretaria, Maria, que se não voltasse, ela podia almoçar.
Maria ficou preocupada com as saídas apressadas e sem querer dizer o homem. Porém ela ficou atenta. Logo chegou ao escritório do seu amigo, o senador Sindarta, o visitante, um tanto preocupado e sem querer falar nas questões de outras pessoas a estarem ali, foi logo para o gabinete do amigo. Procurou sentar, não dando importância a duas pessoas que estavam a debater assuntos formais. Uma, era a secretaria do senhor Sindarta, se bem sabia. Passaram-se minutos quando Sindarta o chamou para assuntos protocolares.
Sindarta
--- Amigo, olá amigo. Como passa esta vida? Bem. Tenho um assunto para tratar. O primeiro, é este aqui. Assine, por favor. - - falou risonho
Othon
--- Assinar? Do que se trata? - - indagou preocupado.
Sindarta
--- É a questão do teu divórcio. Nada de mais. Assine. Eu sou você para quando necessitar. - -
Othon
--- Ah. Já sei. Você assume o defensor. - - sorriu
Sindarta
--- Perfeitamente. Muito bem. Agora, está assinado! - - sorriu
Othon
--- E o que mais? Você não disse: outros! - - indagou
Sindarta
--- Outros? Outros é um jantar. Eu, você e a sua Maria.  – - sorriu 

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 28 -

- HOTÉIS DE LUXO - 
- 28 -

AMORES

Othon estava num crucial pensamento: divorciar da mulher sem ter algum motivo real. Nesse dia, ele procurou falar com o seu amigo de infância, o senador Sindarta, o mesmo que acolheu a moça quando essa o procurou para entregar-lhe os documentos para poder receber os recursos do Senado, com pouco mais de 17 mil reais. Isso, Maria não sabia dizer como seria feito. Apenas lhe entregou os documentos necessário. O senador Sindarta então era por demais conhecido entre seus pares. Cinquenta anos de idade, três legislaturas como Senador, ele era um Membro do senado da melhor importância. Qualquer um que assumisse o poder de Presidente da Senatoria, ele já estava por perto, não se importando com quem. Sindarta tinha seu escritório em São Paulo para resolver pendencias alusiva ao Poder. Homem rico, tinha na faze amplo sorriso. Foi casado durante vários anos e o que fosse resolvido para se ter certeza, Sindarta bem sabia resolver. Quando houve a vaga na Presidência da Receita Federal, de imediato o Senador colocou o seu “compadre” Othon na primeira vaga. Sabe-se bem que a Receita é um órgão da melhor importância, ligado ao Ministério da Fazenda. Por isso, Sindarta foi depressa ao setor de ligação. Tendo ele ligação com o seu “compadre”, o procurou para aconselha-lo a assumir o novo cargo. Esse, deveras aceitou. Foi esse o dia em que Othon encontrou Maria, menina de vestes rotas, quase se acabando de carente. Sindarta, homem de fino trato, amigo de Othon, tinha negócios no campo e nas fazendas do Rio Grande, Paraíba, Ceará, Pernambuco e nos Estados de Minas, Goiás e demais Estados do Sul do Brasil. Se o homem tinha uma amizade, era para todo o fim. Sidarta não fazia questão por pequenas coisas. Advogado, dos melhores, apenas sorria quando um Presidente dava as ordens. Sorrir por um preço elevado. Naquele sorriso, teria a volta.
Sindarta
--- Sente-se! Mas, a conversa! - - sorriu o senador
Othon
--- O que há de novo? - - sorriu
Sindarta
--- Você está agora em São Paulo, novo ambiente, ares modernos, tudo é novidade. E então, como tem passado essa vida? - - sorriu e baforou um charuto
Othon
--- Tudo é progresso! Eu aluguei um apartamento em um local próximo a Repartição. - -
Sindarta
--- Só para você? E a moça? Ela é bonita, por sinal! – - Baforou e sorriu.
Othon
--- Eis a questão. A moça, ela está morando! Estamos juntos, apenas! Como você sabe, eu ainda estou casado. Mas houve certos desentendimentos e eu requeri divórcio. Coisas frustrantes. Eu me dei mal e não suportei por mais tempo. Então, resolvi pelo divórcio. Entende? - - 
Sindarta
--- Ah. Pois não. Ou case ou deixe-o!  É assim o proceder! - - charutadas no ar
Othon
--- Agora, estou em uma capital do país e espero que o meu advogado resolva o caso. - - relatou pensativo
Sindarta
--- De qualquer modo nós estamos aqui. Não é preciso se desgastar. Mulheres! Mulheres! - - baforou seu charuto
Othon
--- É o que não pensamos. Nós gastamos tudo e nada recebemos. - - meio triste
Sindarta
--- A primeira sabe onde estás? - - indagou
Othon
--- Fiz questão em não dizer. Agora, tem os filhos! - - declarou tristonho
Sindarta
--- Ela descobre. Tem meios para isso. Descobre já! - - rematou
Othon
--- Então, o que se faz? - -
Sindarta
--- Pelos, agora, nada. Deixemos um vulcão rosnar. Quando for seu tempo, nós enfiamos a lança.
Othon
--- E você o que faria no meu caso? - - indagou
Sindarta
--- Paz e sossego. Você não fugiu. Tem trabalho fixo. Não anda com ladrões. É uma autoridade! Não tem por que cismar! - -
Othon
--- Isso, é. Não temo por nada! - - divagou
Sindarta
--- Então? Vamos almoçar? - - o homem gordo levantou
Othon foi com o seu amigo de infância a um local bastante amplo cheio de gente de classe sendo ele o menor de todos. Navegou por entre as mesas e jardins, pianos de cauda e ornamentos fecundos. O nome do melhor requinte, como Fasano, Sani ou Chanel. Notadamente pessoas de alto estilo. De cima do alto daquele solar podia-se olhar toda a visão a se espraiar por bastante longe. O Terraço Itália é o belo local de luxo que atrai turistas interessados não só nas atrações do cardápio, mas na visão de São Paulo.
Othon
  --- Mas você sabe cativar seus convivas!  -  relatou cheio de graça
Sindarta
--- Cada qual tem o seu preço! - - relatou
Após o almoço, por volta as duas horas da tarde, ambos se despediram com advertência de Sindarta de qualquer coisa, ele fosse informado. Em tudo o Senador queria está ao par, pelo mínimo que fosse. Dessa vez, Othon saiu alegre para a sua repartição onde estavam a aguardas uma porção de papeis para logo o homem pôr em marcha.  Maria, um pouco cismada, não quis importuná-lo a contento. Logo depois, eu seu AP eles conversariam mais à vontade. A noite chegava com chuvas, como todo dia e o atrapalho do trânsito o qual era o mais confuso nesse tempo ou em odo tempo. Garotos oferecendo as coisas simples e a moça, Maria, a se divertir com aquela algazarra. São Paulo parecia uma cidade que não dorme.  A Avenida Augusta parecia mais um dia em lugar da noite. Gente aos atropelos, transito cruel e mais ainda: além do máximo havia mesmo um cartaz luminoso clamando que naquele ponto era local para shows Eróticos. Comisso, a moça sorriu.
Othon
--- Que estás a sorrir? - -
Maria
--- Um cartaz. Shows Eróticos!  - - e sorriu mais
Othon
--- Tem muitos desses. Uma cidade que não dorme. - -
Maria
--- Imagino. Coisa estranha! - -beliscando a unha
Othon
--- Tem putas, mulheres despidas, bichas, inferninhos, beco do chupa. De tudo tem!
Maria
--- Coisa feia! Eca! - - e ela cuspiu para longe
Othon
--- O que é feio? Duas mulheres se beijado em plena praça? Uma mulher mostrado o sexo para os machos? As bichas anunciando o que fazem? Numa cidade como São Paulo nada disso é feio
Maria
--- Eu sei. Mas é estranho! Mulher fazendo sexo na rua! –
Othon
--- As putas, são putas. Elas vivem disso. Em Roma elas fazem sexo com qualquer um. Não só em Roma, como em Paris, Bonn, Madri e mesmo em Nova York ou Los Angeles. Em qualquer metrópole! –
Maria
--- Nunca vou morar em um lugar como esses. - - ficou abusada
Othon
--- Minha filha, em qualquer lugar, sexo é sexo! - - respondeu

terça-feira, 22 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 27 -

- ORNAMENTO -
- 27 -
CASAMENTO

Algo que Maria não sabia, de fato. Ela jamais perguntara a Othon esse caso. Tinha vergonha em saber. Mesmo assim, dessa vez teve coragem para saber. Era apenas uma questão e nada mais. Se ele fosse casado, tudo bem. Ela agora era uma fêmea adulta. E talvez pudesse tirar proveito da amizade que cada vez era mais sincera. Uma vez, talvez. Seria sexo normal e ninguém se importava com isso. O homem estava solitário.  Ela, uma mulher atraente. Que importância faria naquele ponto do caminho.
Maria
--- Mas, você foi só? - - indagou
Othon sentiu que foi pego de surpresa. Diz não era imprudente.
Othon
--- Não. A minha mulher foi também. - - disso o homem
Maria
--- Ah! Sua esposa! E ela está em São Paulo? - - indagou como por acaso.
Othon
--- Não. Ela mora em Natal. Mas, agora, não sei mais se ela é a minha esposa. O caso está na Justiça. Eu deixei o advogado para solucionar o fato.  – - disse homem
Maria
--- E ela sabe que o senhor está aqui? - - indagou
Othon
--- Creio que sim. Mas isso não incomoda muito. Nem um pouco. - - falou nostálgico
Maria
--- E os filhos? - -
Othon
--- Com ela. São dois. Um menino e uma menina. Bem carinhosos! - - falou vagaroso
Maria
--- Faz pena! - - refletiu
Othon
--- Não para ela. Tudo se acaba nas minhas costas! - - revidou
Maria
--- Para os meninos. Digo eu. - - refletiu
Othon
--- Eu os vejo sempre. Quando estou em Natal. - -
Passados uns instantes, após o café da manhã, Othon de imediato chamou a sua nova Secretária a acompanha-lo até a nova Repartição em outro Estado, com uma função aparente, uma vez que a jovem moça não tinha função alguma para ser sua nova secretaria de um cidadão qualquer. Ele era apenas um senhor de despachos e rendas. Protegido por alguém que mandava em tudo, Othon não recusaria ordens emanadas de seres bem mais acima que ele. Nomear fulanos era com ele mesmo. Ele confiava em concurso a ter lugar no próximo mês e dessa forma podia infiltrar a moça sem qualquer vexame. Com poder superior, era só formalizar o ajuste.
Othon
Maria. Vamos combinar. A partir de agora, você recebe o pagamento direto do Senado. É necessário você preencher essa ficha e logo após vai haver concurso para a Receita e você já está inscrita. Tão logo faça o exame, você está à disposição da Receita. Só isso! - - relatou
A moça ficou sem saber ao certo e ainda perguntou.
Maria
--- E o Senado? - - preocupada
Othon
--- Isso se resolve! Pode deixar! - - relatou
Maria disse que o que Othon falasse estava tudo bem. E procurou um assentou onde procurou seu lugar. Afinal, não fazia nada porque nada a moça sabia ao certo. Para não perder o tempo, buscou um livro qualquer e começou a estudar esse assunto sobre formulários para iniciantes em carreira da Fazenda. Nunca foi chamada por seu chefe. Por isso mesmo, era descanso total. No final, a moça estava de voltar ao hotel sempre com o motorista da repartição. Às vezes, Othon estava em sua companhia. Em outras, o homem estaria sempre ocupado e ela não sabia qual o destino. Em algumas noites, ao teatro, ao cinema, a uma exposição de pintura, a um show ou mesmo a um passeio pelas ruas sombrias paulistas.
Certa noite, o homem Othon estava em sua suíte do Hotel onde continuava hospedado e lembrou de algo a saber de sua secretaria, Maria, e deu meia volta e entrou no AP logo ao lado a procura de saber algo. Naquela noite eles não saíram para canto nenhum. O carro novo que Othon comprara com a venda do outro, em Natal, era um veículo de primeira classe e chegara na última semana. A chave, ele deixara na mala do carro, por esquecimento e tentara agora usar uma chave sobressalente que deixaram com a garota naquele tempo. E por isso, foi logo ao AP vizinho pedir a segunda chave que com Maria estava. Logo que entrou se deparou com uma cena improvável; Maria parecia despida. Othon não soube nem o que fazer com aquela cena e a moça, despida, correu para apanhar uma tolha e procurou entrar no banheiro tremendo de medo. O homem quis sair mas perguntou apenas pela chave do carro novo. A moça, tremendo, de onde estava respondeu que estava na bolsa na cadeira logo em cima da cama. O homem, preocupado, abriu a bolsa e achou a chave tendo gritado.
Othon
--- Está aqui, ó! - - e balançou as chaves no ar. Tendo feito isso, saiu de vez.
Alguns minutos foram passados e a moça saiu do seu quarto e foi bater na porta de Othon para apenas se desculpar. E assim foi feito. O homem estava lendo algo que ela não muito atenção e apenas se desculpou porque estava nua naquele instante. Corada e sem forma, Maria falou:
Maria
--- O meu caso no Senado. Eu fiz a proposta e despachei ontem mesmo. - - falou como quem não diz nada.
Othon
--- Agora vai. Espere! - - falou com os óculos quase a caírem da cara.
Maria
--- Em estou prejudicando? - - refez à sua maneira de se desculpar.
Othon virou-se e olhou Maria de cabo a rabo e falou
Othon
--- Sabe que você é linda? - - relatou a olhar a bela solteira.
Maria
--- Tolices! Sou apenas uma simples mulher. - - sorriu acanhada
Othon
--- Não sei como fui te conhecer em um acaso? Eu imagino até. - - e falou serio
Com os óculos pendentes no nariz e ficou alí cismado querendo dizer algo de melhor carência.
Maria
--- Eu estava procurando emprego. Minha mãe tinha morrido. O meu pai saiu de casa. E vive aos tombos pelo meio da rua. Tenho um irmão que é outro pau d’água. Eu morro na praia, Rua do Motor. Essa é a minha vida. - - chorou
Othon
--- Não chore. Sinto-me penalizado. A vida é difícil. Não se lamente! - - disse o homem e acolheu a moça com o seu real amor.
A moça deitou no colo do homem sem deixar de se lamentar das agruras da vida com seu rosto colado ao de Othon. Vidas de amores perdidos. Uma mãe que morreu. Algo a não pensar nunca mais. A perdição de todos. Um pouco a fazer. Enfim, era o que faltava! O sexo, afinal. O calor foi ao máximo! A moça a delirar em êxtase! Tudo era o minuto supremo! A donzela acolhia em orgasmo a imensidão do seu corpo! A vida e o momento em que o prazer de excitação sexual atingia o máximo de intensidade na efervescência de sentimentos num incontrolável estado alterado de consciência.
A moça sorriu e o homem foi ter ao banho e fazer o seu asseio. Logo alguns minutos após, Othon se recolheu ao leito se cobrindo todo com uma manta felpuda para então adormecer ao lado da amente. Ternura e afetos foram deleites sem fim. Os pássaros madrugadores gorjeavam em volta do campanário de um templo religioso. Era a hora de acordar.
Othon
--- Desperta, amor! - - e ele sacudiu de manso o corpo da mulher
Maria
--- Que horas? - - disse ainda sonolenta.


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 26 -

- MUSEU DE ARTE -
- 26 -
VIAGEM 

Após o almoço a dois, comida franca por ser para duas pessoas, Othon falou a Maria algo de última hora, querendo saber se a moça tinha documentos pessoas. E citou os documentos. A moça foi buscar os documentos necessários e os entregou. O homem observou com atenção e logo a seguir disse a Maria que estava de viagem e com ela também poderia seguir.
Maria
--- Comigo? – - indagou assustada.
Othon
--- Sim. Você mesma. Vamos adquirir uma bolsa de viagem, logo após da refeição. Apronte-se, pois, vamos viajar. É possível? - - indagou
Maria
--- Ai meu Deus. Tenho que comprar outras coisas, Sabonete, etc., etc. Coisas de mulher. É para agora? - - indagou inquieta
Othon
--- É para já! Você ouviu quando eu te disse? - - indagou
Maria
--- Ouvi que precisava de mim. Não sei para que. - - salientou
Othon
--- Arrume-se. Vai precisar de dinheiro! - -
Maria
--- Meu Deus do Céu. E agora? Bom. Seja lá o quer for, vamos viajar! - - disse a moça preocupada
Othon
--- Amanhã esteja pronta. Não precisa lavar quarto nem enxugar chão. Vista-se com o melhor traje. Arrume-se como puder. Eu venho para levar você de avião. - - disse tranquilo
Maria
--- Avião? Esse bicho não cai? - - espantada
Othon
--- Quantas vezes você viu um avião cair? - - fez a pergunta
Maria
--- Eu tenho medo! Parece um monstro! - - declarou com medo.
Três após o táxi já estava à espera de Maria. O senhor Othon já estava na cadeira de trás. Ela observou tudo, estava normal. E então seguiu viagem. Naquele instante Maria indagou se estava bem vestida e Othon confirmou. Três horas após, mostrando seus documentos, a moça seguiu viagem rumo a São Paulo, a primeira cidade importante do Brasil. O temor que afetava a moça, passou naquele instante. As conversas a bordo da aeronave foram simples com que os dois ficariam em um hotel, ela seria a secretaria do cidadão e outras coisas pendentes.
Maria
--- Secretária é a pessoa que varre o chão? - - indagou preocupada
Othon
--- Não, senhora. Você a minha Secretaria Particular. Eu serei o senhor de todos os serviçais. Entende agora? - -
Maria
--- Parece que sim! Alguma dúvida, eu esclareço depois! - -
Três horas e meia depois o par estava desembarcando no aeroporto de São Paulo, Congonhas, localizado no centro da capital. O desembarque, leitura dos pertences, espera e tudo mais, uma angustiante demora, comidas bem servidas, zoadas causadas por voos e pessoas, chegara ao fim a demora ou a espera tardia. Alguem se aproximou e teceu comentários ao novo patrão ou senhor. Malas prontas e o desembarque no hotel conduzido por carro oficial da Receita Federal. Enfim, Maria estava em São Paulo.
No dia seguinte, após um suave sono, Maria acordou. Em seguida o asseio matinal, a jovem saiu do seu quarto e bateu devagar no quarto ao lado onde estava Othon, pois era tempo de despertar se ele tivesse um sono pesado. Em seguida Maria foi até a frente do hotel e viu passagem de pessoas e carros parecendo que cidade não dormira. Chuva fina, a tal chamada garoa fez com que a moça se afastasse de repente do terraço na parte alta da Capital paulista. Um momento e Maria retornou ao salão onde estavam brindes personalizados, até pulseiras, relógios para senhoritas, daqueles bem miúdos, colares de pérolas, braceletes feitos de ouro das mais requintadas procedências. Uma maravilha sem par.
O movimento no Hotel era constante. Mulheres já plenamente idosas e gordas parecendo uma maçã. Homens acorcovados, pendendo para um lado, rapazes a tagarelar chegado e sumindo de vez. Era o mundo todo aos pés de que era um simples operário. Nas mesas, o café servido com pães, biscoitos, queijos do reino, massas, frutas e mesa para dois.
Othon
--- Sente-se. Veja bem como o garçom serve você. Ele nada pergunta. Apenas oferece sem falar.
Maria
--- Eu vou observar. - - sorriu com as mãos postas segurando o queixo.
O Hotel oferecia facilidades para quem buscava agilidades e atendimento de qualidade. Com ampla recepção além de recuo para embarques e desembarques, o hotel era uma opção ideal para hospedagem de pessoas para quem precisava ficar por mais de 30 dias.
Maria
--- Coisa cheque. Tudo é ostentoso! - - falou muito baixo.
Othon
--- É hotel de luxo! - - respondeu
Maria
--- Os cômodos! Cadeiras, camas luxuosas, retratos de pinturas de gente rica, luminárias distintas, almofadas! Loucura! - - arremeteu
Othon
--- No exterior o negócio é melhor ainda! Frutas têm demais. E quando não se quer, joga-se no lixo! - - sorriu
Maria
--- Exterior! França, Itália, Espanha! Imagine só! - - pensativa
Othon
--- Eu estive na Alemanha! - - relatou
Maria
--- É belo nesse País? - -
Othon
--- Para quem tem dinheiro, sim. Mas tem pobreza. Gente suja. Andarilhos. Fugitivos de outras nações. Tudo corre para a Alemanha. - - relatou
Maria
--- Fugitivos? E como eles entram no País? - - indagou preocupada
Othon
--- A Alemanha é um pais sofrido. Enfrentou duas guerras! Ou mais! O Otto Von Bismarck. Crueldade! Depois veio a Guerra e o negócio piorou cada vez mais. A subida de Hitler. Então, foi o Apogeu da Desgraça! - - lamentou
Maria
--- O senhor estuda bastante, não é? - - curiosa.
Othon
--- Isso todo mundo sabe. Aqui, por dentro, ainda tem nazistas. - -
Maria
--- O que é esse nome? - - quis saber
Othon
--- Nazista? – Era o partido de Hitler: Partido Nacional Socialista dos Trabalhares Alemães, chamado de Nazi ou Nazista. Esse Partido punha a culpa nos judeus, nos comunistas e mesmo nos ciganos e prostitutas. O nazismo se proclamava uma raça de ordem superior. Raça Ariana!
Maria
--- E o que é isso? - - quis saber
Othon
--- Isso vem de longas datas. Do povo das estepes.  Muito além de Jesus Cristo. - -  

domingo, 20 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 25 -

- TRAJES -
- 25 -
NOVIDADES

Othon observou quieto a moça e lhe fez perguntas para ter certeza de que Maria era uma nova empregada em seu AP e não, uma pessoa qualquer daquelas que vem e vai para não mais voltar no dia seguinte. Maria, acanhada até, lhe respondeu tudo o que ele perguntava. Trajes, sapatos, roupas de baixo, carência, namorado, moradia entre outras questões que normalmente se faz a uma nova pessoa quando não se conhece muito bem. Algumas vezes, ela sorria. Outras, Maria parecia querer chorar de verdade. E assim, o homem ajustou contas com a moça afirmando ser ela sua nova secretaria.
Othon
--- Tem trajes? Roupas? - - perguntou-lhe
Maria
--- A que o senhor está vendo. –  - respondeu com calma.
Othon
--- Mal. Bem mal. Vamos ali, comigo. Agora você vai ter roupas. - - acertou
Maria
--- Mas senhor, eu não tenho dinheiro! - - alertou com espanto
Othon
--- Eu sei que não tem. Mas vamos assim mesmo na loja! Agora você terá roupas. Aguarde porque outros moveis estarão chegando e você vai ter serviço! - - e entrou no seu carro.
A moça, temerosa, a olhar para um lado e outro, se encolheu toda. A vergonha era muita. Ela não sabia quem era aquele homem. Poderia ser um “gostosão”, um alguém qualquer e lema era uma pobre vítima de assanhado protetor. Sem saber Maria quis vomitar naquele instante. O homem então apanhou um lenço e deu a Maria para ela vomitasse enquanto podia. O carro trafegava em direção a ponto de estacionamento e então, a moça vomitou o quase nada. Apenas o medo lhe fazia lançar o que ainda não tinha comido até aquela hora. Tremendo como vara, ela depois ficou mais tranquila voltando a ingressar do carro.
Othon
--- Botou p’ra fora o que não te servia? - - perguntou
Maria
--- Sim. Apenas água! - - com cara azeda
Othon
--- Isso é bom. Acalme-se. Tudo está bem! Agora, as compras! - - sorriu
Maria
--- Mas senhor? Eu não tenho dinheiro! - - respondeu
Othon
--- Você já disse. - - e olhou para Maria
O veículo estacionou por trás da loja onde era possível guardar os carros e ele desceu pedindo a moça a fazer o mesmo. De imediato a moça refletiu e respondeu.
Maria
--- Mas eu estou suja! - - acanhada
Othon
--- Aqui, vale o que você compra. Não importa o que você traja! - - alertou.
Em seguida, os dois entraram e o moço do balcão sem se fazer de rogado, atendeu de pronto. Othon mostrou o seu cartão de crédito e mandou a moça escolher o que quisesse.
Maria
--- Eu não sei escolher roupas. - - envergonhada
Othon
--- Você! Chame uma atendente para orienta a moça! - - disso o homem para o atendente
Atendente
--- Pois não, senhor! Um instante. Imediatamente! - - saiu correndo por entre os balcões.
Tão imediato como um tufão, três atendentes chegaram aos pés de Othon cheia de sorrisos, provocantes e atraentes. A moças apenas diziam. Pois não, senhor. O que podemos fazer? Roupas? Sandálias? Algo mais? Othon não se importou com o porte das senhoritas. Apenas alegou.
Othon
--- Vista-a! - - disse o homem
Atendentes
--- O que a senhora deseja? - - perguntaram as três atendentes.
Maria
--- Eu não sei. Mas o que eu procuro, senhor? - - olhou para Othon
Othon
--- Senhorita, eu necessito de você com urgência. O que eu quero, não importa. Você é quem sabe escolher o que gosta de vestir, calçar, vestir meias e qualquer coisa a mais. Veja se a loja tem o que você quer. Eu fico aqui sentado e darei o meu “sim” para o que gostar. Agora, siga a atendente, por favor.
A moça fez um gesto que a moça aceitou de imediato e dispensou as demais atendentes. Após longo tempo, Maria saiu vestida com trajes perfeitos. E seguiu vestida com elegância. Ela era enfim o top da moda. Sorridente, logo pediu ao seu patrão para ir até a sua casa, uma vez ter um assunto a resolver, com certeza, antes de partir para a sua nova função.
Maria
--- Pode ser? - - sorriu
Othon
--- Também eu tenho uma coisa para te dizer. Hoje eu não vou para o AP. Talvez você tenha paciência para no dia de amanhã e nós nos encontraremos. Ao meio dia, certamente. Eu tenho umas obrigações a cumprir. Estamos certos? - - quis saber
Maria
--- Sim senhor. E a chave do AP? Como fica? - - perguntou
Othon
--- O vigia sabe a senha. Peça que ele abre. - -
Cedo da manhã, Maria estava à procura do vigia do Edifício e logo o encontrou. Pediu-lhe a senha e o vigia rumou para o AP de seu Othon. A moça, com pressa, logo ajeitou os poucos móveis que restavam – uma cama sem coberta e o escritório do homem onde estava estampado um retrato e alguém que ela não conhecia, por certo. Logo após lavou a pouca louça ainda existente. Passou a toalha no banheiro, retirou um restante de lixo, enxaguo o chão entre outros méritos corriqueiros. De cadeira, tinham duas. Uma relativamente troncha. Maria observou aquele resto de cadeira e deu-lhe vontade de jogar fora.
Maria
--- Vamos deixar como está! - - e guardou em um canto qualquer do quarto de dormir.
Após passar o esfregão em toda casa, limpar moveis que ainda restava, verificar o banheiro onde estava uma mini escada de ferro, ela já tinha nada a fazer. Cuidou de limpar os móveis do escritório onde estava e tal retrato de uma moça de quem ela não sabia nada. Apenas observou com atenção e colocou em cima do bureau de forma como encontrou.
Maria
--- Noiva? Bem parecida! - - teceu comentário
Logo à frente encontrou um retrato de várias pessoas.
Maria
--- Que é isso? Retrato no chão? Parece que perderam por aqui. - -
E levou o retrato para pôr junto ao da moça estranha. E notou que a moça estranha não estava no segundo retrato. Maria não buscou entender a razão da desaparecida figura. Talvez fosse alguém da família ou de uma filha bem antes de casar novamente com outra pessoa. Nesse momento, Maria ouviu um barulho para o lado do banheiro dos empregados. Chegou depressa, mas não viu coisa alguma.
Maria
--- Ratos? Só pode ser! Bichos imundos! - -
E novamente limpou o banheiro das domésticas e colocou um aromatizante encontrado em uma estante do pequeno quarto.
Maria
--- Pronto! Quero ver se vem ainda! - - reclamou
Já era quase meio dia e nesse momento chegou ao AP o senhor Othon com algo nas mãos. Pelo cheiro exalado, Maria entendeu ser a comida do meio dia. Ela sorriu por um instante e teve que pegar os negócios que o senhor trouxera. 

sábado, 19 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 24 -

- APARTAMENTO -
- 24 -
ACASO

Quando o motorista Tiago chegou a capital com a família e a secretária Neta de Othon, foi um chafurdo só. As crianças queriam deitar da cama, a moça Neta, não queria, e a mãe dos meninos era daquelas que mandava fazer as malas uma vez não poder esperar mais nenhum minuto. A senhora Benigna decidiu falar ter tudo arrumado, conquanto só faltava pôr o que havia deixado para o seu Othon certo, uma vez, ele mesmo pedira. Nesse momento, Othon chegou e ouviu o dito pela mulher. Ele teve que se posicionar pois afinal nada estava errado. O almoço estava na marmita e por isso mesmo seria melhor todos almoçarem e, logo, saírem juntos para o novo apartamento. A mulher, irritadíssima, não combinada com coisa alguma. Ela estava apavorada com aquela casa e nem por Deus queria mais ficar naquele monturo.
Norma
--- Coisa alarmante! Não fico aqui mais nem um segundo! - - de braços cruzados
Othon
--- Calma! Tenha calma! Não precisa de exaltar! Tudo passa! Você já viu o outro apartamento?
Norma
--- Nem vi! Nem sei onde fica! - - falou alarmada!  
Após o almoço rápido, comidas ruins de amargar, Othon chamou Benígna e Tiago para ajudar na bagagem e logo após por volta das três horas da tarde, o homem, dona Benígna e seu ajudante, Venildo, seguiram viagem direto à Petrópolis. Logo atrás, trafegavam Othon, sua mulher, os dois filhos e a secretária Neta. Essa era de maior cuidado nas crianças. Logo que chegaram, a mulher percebeu o apartamento e disse:
Norma
--- É esse? - - quis saber com a cara azeda
Othon
--- Não tinha um melhor! - - respondeu o homem de forma arrogante
Othon colheu em cima da hora a resposta de Norma de “é esse”. Ela, mulher de pouco enfeite, tendo sido uma empregada nas casas dos outros, agora casou, teve filhos e levava boa vida. Desse jeito perguntar se era para morar numa casa nobre? Qual o que!
Tiago
--- É aqui mesmo, senhora! - - falou severo o motorista
Norma
--- Eu julgava ser em outro ponto. - - falou como desapercebida
Othon
--- É o melhor que temos! Quinze andares! A melhor vista vendo-se a praia, o mar. Ou queria de melhor? Ora bosta! Você me irrita! “E esse”! É esse mesmo e estamos conversados! E vá p’ra merda, se quiser! - - bufou o homem
No dia seguinte quando a senhora Benígna e o seu auxiliar, Venildo arranjavam os moveis tendo ao lado a secretária de serviços, senhorita Neta, a senhora Norma cuidava de amamentar os gulosos. Tiago ainda tinha que ver algo que havia por fazer no apartamento anterior. Coisas sem grande importância. Foi nesse momento que algo sucedeu. Ao entrar no banheiro de serviços, uma aparente mulher de idade nova saiu do local e desapareceu no mesmo instante. O rapaz ficou estremecido porque aquela figura, antes não tinha visto. E muito da grave: a mulher sumiu como por encanto. Um arrepio gelou o seu corpo. Mesmo assim, o rapaz, ainda com a sua coragem de luta, indagou:
Tiago
--- Ei. Que está fazendo aqui? - - indagou preocupado
Ao lado, num quarto em que era a escrivaninha, estava o senhor Othon. Ouvido a voz do rapaz, logo correu e se acercou de Tiago a indagar.
Othon
--- Que foi? - - perguntou logo espantado
O rapaz, assustado, respondeu.
Tiago
--- Tem alguém aqui! - - declarou temeroso.
Othon
--- Como? Quem entrou? Era a mulher do retrato? - - assombrado
Tiago
--- Que retrato? - - curioso.
Othon
--- Certa vez nós tiramos umas fotos dos meninos e numa delas, apareceu uma mulher de 25 anos. Nós perguntamos a dona Rita e ela disse que a mulher era Eurípedes, conhecida por Noca, mãe de Norma. Quem disse foi a visagem que apareceu a dona Rita. - - alegou.
Tiago
--- Eu ouvi essa história. Faz pouco tempo. Noca! É isso mesmo! E ela está aqui? - - surpreso
Othon
--- Não sei. Mas só pode ser ela. Ou, do contrário é outra visagem. - - preocupado
Tiago
--- Outra? E tem muita assim? Oxente! - - olhou a seu redor.
Othon
--- Dona Rita diz que tem! Disse mais: a gente não morre. Vai para outro mundo. Eu até li um caso de pessoas como eu ou você vivendo em outro mundo. - - sorriu
Tiago
--- Votes! Eu em outro mundo? Isola! - - respondeu com olhos abertos
E terminado o assunto Tiago recolheu algo do material que ainda tinha para recolher e colocou tudo no caminhão, deixando apenas o que estava no escritório e a cama de casal.
Tiago
--- Isso, não? - - indagou
Othon
--- Isso você leva depois. Estou com raiva de Norma! Ora essa! “É esse? ”. Vai p’ra merda! - -
Tiago sorrio e levou quase tudo o que ainda tinha por carregar. Com pouco tempo, Othon, desceu no elevador pensando na viagem que faria daqui há alguns dias a Brasília para resolver assuntos pendentes à sua pasta. Quando chegou ao portão, em seu carro, uma moça que estava a passar lhe perguntou algo.
Maria
--- Meu senhor, o senhor sabe quem esteja a precisar de alguém para serviços gerais em apartamentos? - - - - indagou
Othon
--- Quem? Não. Por aqui está tudo cheio! Mas, espere! Sua idade? - - indagou
Maria
--- Eu? 19 anos e quase 20, como posso dizer. - - sorriu
Othon
--- Você sabe cozinhar, lavar chão, arrumar quarto? - - quis saber
Maria
--- Tudo isso eu sei. Minha mãe cozinhava bem que só! Ela morreu e eu estou sozinha. - - relatou
Othon
--- Morreu! Bem. Eu tenho um negócio para se fazer. Entre, pois não! - - e a moça caminho a pé
Maria
--- É alto? - - disse a ver o edifício
Othon
--- Num instante se chega no AP. Entre! - - sorriu
Eles entraram do AP e a mocinha ficou espantada com pouca coisa existente no local. O escritório onde o homem tinha seus equipamentos de DVD, algumas revistas e livros, retratos entre outras coisas. No quarto, apenas uma cama de casal sem coberta. Na cozinha, nada demais havia. Maria ficou sem saber o que fazia.
Maria
--- Só isso?  - - relatou
Othon
--- Eu estou de mudança. Agora, só isso. E você? - - sorriu