- ESPÍRITO -
- 22 -
TERROR
De imediato, a mulher, Norma,
saiu correndo embevecida diante de inominável terror, caso d’antes nunca visto
por alguém. De tudo que ela se lembrava era um corpo de mulher não sabendo qual
presumível idade. De um salto, Norma estava na sala de entrada a gritar como
alguma louca desvairada com olhos estigmatizados sem saber onde ficar ou mesmo
correr. Só uma coisa ela fazia sem coação: gritava muito. De imediato,
acercou-se a moça, Neta, preocupada com tamanho alvoroço. E o marido, Othon,
veio de vez, enxugando o cabelo da cabeça a indagar o que era tanto que fazia o
tremer de medo porquanto estava no banheiro. A mulher extasiada só sabia dizer.
Norma
--- Ali! Ali! Ali! Uma alma! - -
e caiu ao chão desacordada
A auxiliar, Neta, acudiu com
pressa a mulher Norma enquanto o marido se acercou com maior brevidade. Ambos
fizeram força para sustentar o corpo pesado da mulher e leva-la até a cama onde
o casal dormia. Dona Rita apenas tremeu de medo. O genro Tiago foi outro que
suspendeu o corpo da mulher. Enfim, três pessoas ajudaram a repor na cama a
mulher sem sentidos. Othon, mais que depressa foi procura na caixa de
medicamento de primeiros socorros um conteúdo apropriado para despertar em caso
de perda de memória. O certo é que foi tudo muito rápido para despertar a
senhora.
Neta
---Vó! Tome conta dos meninos.
Veja o que eles estão fazendo! - - disse a auxiliar totalmente agonizada.
Após passar o gel, Norma recobrou
os sentidos e de imediato gritou alarmada que tinha visto uma “visagem” no
interior do banheiro passando de um lado para o outro. O marido pediu calma
porque Norma estava numa situação alucinatória pois qualquer coisa parecia
real.
Othon
--- Deite-se, deite-se, pois,
tenha calma! - - falou paciente
Norma
--- Tenha calma uma ova! Era uma
mulher! Ela veio de uma parede a outra! E sumiu! - - disse angustiada.
Othon
--- Eu sei. Já vi muitas! Mas
acalme-se! Veja se dorme! - - disse o homem
Norma
--- Dormir? Eu acordei há poucos
momentos! Eu vou embora! Vou para o sítio. Eu e meus filhos. E dona Rita! - -
relatou.
Othon
--- Certos. Está bem. Você vai! -
- e lhe aplicou uma injeção sem que ela esperasse
Norma
--- O que você fez? - - espantada
Othon
--- Nada demais! Agora durma!
Daqui há pouco você está melhor! - - declarou
Norma
--- Ora merda! Você aplicou uma
injeção? - - já sonolenta.
Duas horas depois Norma despertou
e viu tudo arrumado em seu apartamento. Algo de mistério estava ocorrendo. Uma
porção de malas. A mulher despertou um pouco mais e viu Neta caminhar de um
lado para outro com bastante pressa ajeitando as malas. Um pouco sonolenta, débil
até ela encontrou um jeito de chamar a moça mesmo com vagar. E pôs-se a saber
que de fato era aquilo tudo no meio da sala.
Neta
--- Vamos para o sítio. Minha avó
tem casa lá perto! Eu não quis desperta-la! - - sorriu
Norma
--- Casa? Bom. É melhor! Você
acredita que eu vi um fantasma? - - perguntou
Neta
--- Espírito aparece em todo
canto! No interior é só o que tem! - - explicou
Norma
--- Céus! Nem diga uma coisa
dessas! - - assombrada
Neta
--- Nas bodegas, nos mercados!
Até mesmo nos Cemitérios! É só a senhora olhar! - - recomendou
Norma
--- Na verdade, isso parece
certo! Onde eu morava, no interior, só tinha vulto de defunto! Coisa horrorosa!
Eu esconjuro! - -relatou
O caminhão de Tiago caminhava na
frente e o carro de Othon vinha logo atrás, trazendo a senhora Norma, a moça
Neta e os dois meninos sendo uma delas, Racílva, um pouco mais velha do que o
seu irmão, pois nascera um pouco antes na cirurgia cesariana a que foi
submetida a senhora Norma, mãe das duas infantes. Mesmo assim, ambas tinham um ano
de vida. Festa muita no final da tarde do dia anterior. Muita alegria e fuzarca
para todas as criançadas. Porém, no dia posterior veio tudo por água abaixo. A
mulher viu fantasma no instante em que se banhava e com isso entrou em pânico.
Por isso mesmo, a família resolver mudar de ares. Então, seguiram todos para o
interior. No caminho, o homem conversou com sua mulher alertado que, na manhã
seguinte ele havia de trabalhar na Receita Federal enquanto tentaria encontrar
um novo apartamento para o casal e os filhos além da secretária Neta.
Othon
--- É isso que tenho que
encontrar, por certo. - - preocupado
Esse era parte dos seus planos.
Os veículos chegaram ao sítio à boquinha da noite. Após certas conversas, Tiago
saiu do sítio em companhia de seu Othon para ver de perto a casa da senhora
Rita, desocupada há algum tempo. Logo atrás vinha Neta, a secretária, pensado
em que chafurdo se metera dona Norma. A moça também levou dois primos para
fazer a limpeza da casa, apesar de ter sido varrida pela manhã, tão logo houve
a decisão de se alugar o imóvel. A moça havia telefonado pelo celular acertando
tudo, de imediato. Nesse tempo, Norma limpava os seus filhos que encharcados da
viagem apesar de terem vindos em carro com ar condicionado e comendo
guloseimas, como chocolates e amendoins.
Norma
--- Eca! Como estão sujos! Credo!
Caramelos? Imundices! - - clamava a mulher
Racílva
--- Foi minha tia! - - respondeu
a garota, pouco desconfiada.
Norma
--- Tia que nada! É seboseira! -
- a mulher espalhava com uma toalha os restos de comida que estavam grudados
nos meninos
Hervê
--- Maeinha! Aqui ainda tem! - -
disse o garoto olhando sua roupa
Norma
--- Vão já tomar banho, bando de
moleques! - - relatou com raiva.
E os meninos fizeram a festa
tomando banho de bica, coisa que eles nunca tinham feito. Sapateavam a vontade
plenamente despidos e após esse desasseio, os garotos foram para a cozinha da
casa onde se aprontaram de vez. Com o tempo frio, Racílva se encolhia toda a
sorrir com alegria eterna. Tempos depois, Othon chega de volta na casa de dona
Rita alegando ser a nova casa uma ótima moradia. E então indaga.
Othon
--- Por que a casa está
desocupada? - - curioso.
Rita
--- Os homens não pagavam e um
dia desses, sumiram de lá! - - respondeu a mulher
Othon
--- Não deixaram nem uma ponta de
cigarro! - - sorriu
Rita
--- Não deixaram? Veja por bem! A
limpeza veio depois. - - disse a mulher tragando seu cachimbo
Othon
--- Foi mesmo? - - indagou
curioso.
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