quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 22 -

- ESPÍRITO -
- 22 -

TERROR

De imediato, a mulher, Norma, saiu correndo embevecida diante de inominável terror, caso d’antes nunca visto por alguém. De tudo que ela se lembrava era um corpo de mulher não sabendo qual presumível idade. De um salto, Norma estava na sala de entrada a gritar como alguma louca desvairada com olhos estigmatizados sem saber onde ficar ou mesmo correr. Só uma coisa ela fazia sem coação: gritava muito. De imediato, acercou-se a moça, Neta, preocupada com tamanho alvoroço. E o marido, Othon, veio de vez, enxugando o cabelo da cabeça a indagar o que era tanto que fazia o tremer de medo porquanto estava no banheiro. A mulher extasiada só sabia dizer.
Norma
--- Ali! Ali! Ali! Uma alma! - - e caiu ao chão desacordada
A auxiliar, Neta, acudiu com pressa a mulher Norma enquanto o marido se acercou com maior brevidade. Ambos fizeram força para sustentar o corpo pesado da mulher e leva-la até a cama onde o casal dormia. Dona Rita apenas tremeu de medo. O genro Tiago foi outro que suspendeu o corpo da mulher. Enfim, três pessoas ajudaram a repor na cama a mulher sem sentidos. Othon, mais que depressa foi procura na caixa de medicamento de primeiros socorros um conteúdo apropriado para despertar em caso de perda de memória. O certo é que foi tudo muito rápido para despertar a senhora.
Neta
---Vó! Tome conta dos meninos. Veja o que eles estão fazendo! - - disse a auxiliar totalmente agonizada.
Após passar o gel, Norma recobrou os sentidos e de imediato gritou alarmada que tinha visto uma “visagem” no interior do banheiro passando de um lado para o outro. O marido pediu calma porque Norma estava numa situação alucinatória pois qualquer coisa parecia real.
Othon
--- Deite-se, deite-se, pois, tenha calma! - - falou paciente
Norma
--- Tenha calma uma ova! Era uma mulher! Ela veio de uma parede a outra! E sumiu! - - disse angustiada.
Othon
--- Eu sei. Já vi muitas! Mas acalme-se! Veja se dorme! - - disse o homem
Norma
--- Dormir? Eu acordei há poucos momentos! Eu vou embora! Vou para o sítio. Eu e meus filhos. E dona Rita! - - relatou.
Othon
--- Certos. Está bem. Você vai! - - e lhe aplicou uma injeção sem que ela esperasse
Norma
--- O que você fez? - - espantada
Othon
--- Nada demais! Agora durma! Daqui há pouco você está melhor! - - declarou
Norma
--- Ora merda! Você aplicou uma injeção? - - já sonolenta.
Duas horas depois Norma despertou e viu tudo arrumado em seu apartamento. Algo de mistério estava ocorrendo. Uma porção de malas. A mulher despertou um pouco mais e viu Neta caminhar de um lado para outro com bastante pressa ajeitando as malas. Um pouco sonolenta, débil até ela encontrou um jeito de chamar a moça mesmo com vagar. E pôs-se a saber que de fato era aquilo tudo no meio da sala.
Neta
--- Vamos para o sítio. Minha avó tem casa lá perto! Eu não quis desperta-la! - - sorriu
Norma
--- Casa? Bom. É melhor! Você acredita que eu vi um fantasma? - - perguntou
Neta
--- Espírito aparece em todo canto! No interior é só o que tem! - - explicou
Norma
--- Céus! Nem diga uma coisa dessas! - - assombrada
Neta
--- Nas bodegas, nos mercados! Até mesmo nos Cemitérios! É só a senhora olhar! - - recomendou
Norma
--- Na verdade, isso parece certo! Onde eu morava, no interior, só tinha vulto de defunto! Coisa horrorosa!  Eu esconjuro! - -relatou
O caminhão de Tiago caminhava na frente e o carro de Othon vinha logo atrás, trazendo a senhora Norma, a moça Neta e os dois meninos sendo uma delas, Racílva, um pouco mais velha do que o seu irmão, pois nascera um pouco antes na cirurgia cesariana a que foi submetida a senhora Norma, mãe das duas infantes. Mesmo assim, ambas tinham um ano de vida. Festa muita no final da tarde do dia anterior. Muita alegria e fuzarca para todas as criançadas. Porém, no dia posterior veio tudo por água abaixo. A mulher viu fantasma no instante em que se banhava e com isso entrou em pânico. Por isso mesmo, a família resolver mudar de ares. Então, seguiram todos para o interior. No caminho, o homem conversou com sua mulher alertado que, na manhã seguinte ele havia de trabalhar na Receita Federal enquanto tentaria encontrar um novo apartamento para o casal e os filhos além da secretária Neta.
Othon
--- É isso que tenho que encontrar, por certo. - - preocupado
Esse era parte dos seus planos. Os veículos chegaram ao sítio à boquinha da noite. Após certas conversas, Tiago saiu do sítio em companhia de seu Othon para ver de perto a casa da senhora Rita, desocupada há algum tempo. Logo atrás vinha Neta, a secretária, pensado em que chafurdo se metera dona Norma. A moça também levou dois primos para fazer a limpeza da casa, apesar de ter sido varrida pela manhã, tão logo houve a decisão de se alugar o imóvel. A moça havia telefonado pelo celular acertando tudo, de imediato. Nesse tempo, Norma limpava os seus filhos que encharcados da viagem apesar de terem vindos em carro com ar condicionado e comendo guloseimas, como chocolates e amendoins.
Norma
--- Eca! Como estão sujos! Credo! Caramelos? Imundices! - - clamava a mulher
Racílva
--- Foi minha tia! - - respondeu a garota, pouco desconfiada.
Norma
--- Tia que nada! É seboseira! - - a mulher espalhava com uma toalha os restos de comida que estavam grudados nos meninos
Hervê
--- Maeinha! Aqui ainda tem! - - disse o garoto olhando sua roupa
Norma
--- Vão já tomar banho, bando de moleques! - - relatou com raiva.
E os meninos fizeram a festa tomando banho de bica, coisa que eles nunca tinham feito. Sapateavam a vontade plenamente despidos e após esse desasseio, os garotos foram para a cozinha da casa onde se aprontaram de vez. Com o tempo frio, Racílva se encolhia toda a sorrir com alegria eterna. Tempos depois, Othon chega de volta na casa de dona Rita alegando ser a nova casa uma ótima moradia. E então indaga.
Othon
--- Por que a casa está desocupada? - - curioso.
Rita
--- Os homens não pagavam e um dia desses, sumiram de lá! - - respondeu a mulher
Othon
--- Não deixaram nem uma ponta de cigarro! - - sorriu
Rita
--- Não deixaram? Veja por bem! A limpeza veio depois. - - disse a mulher tragando seu cachimbo
Othon
--- Foi mesmo? - - indagou curioso. 

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