sábado, 26 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 29 -

- O APARTAMENTO -
- 29 -
CAFÉ

No domingo, cedo da manhã, quando o homem Othon estava lendo o jornal do dia, Maria saiu de um local para outro completamente nua. Ela desejava ir ao banheiro para tomar ducha. Era cedo do dia e o casal já estava morando a alguns meses no novo AP. Cedo era providencial porque fazia frio para quem era do Norte. Nesse instante, o cavalheiro bastante desatento, olhou de vez a mulher passar em frente do sofá completamente despida. Em um instante, Othon sentiu calafrios e de vez, o membro enrijeceu. Maria seguiu em frente e abriu a porta do banheiro, em seguida, fechado. Nem imaginara que estava plenamente nua. Othon ficou a pesar o que fazem essas mulheres. Passados os minutos, após a ducha, Maria saiu bem coberta com a toalha e olhou para o homem, perguntando.
Maria
--- E o café? Já tomou? - - indagou
O homem respondeu, desajeitado
Othon
--- Nem percebi que tinha café na garrafa! - -
A mulher nova sorriu e apontou a garrafa de café. E no mesmo instante o serviu, declarado.
Maria
--- Tome o café antes de esfriar. Eu vou me vestir. - -
Othon leio o jornal e falou para Maria que eles poderiam ir, ao meio dia, almoçar em um restaurante de classe onde se podia conhecer gente ilustre, da mais fina estirpe. A moça virou o rosto e sorriu.
Maria
--- Com que roupa? Eu não sei se o que tenho vale algo! - - falou
Othon
--- As que trouxe da sua terra, não presta? - - indagou preocupado
Maria
--- Fina classe é outro mundo. Eu vejo nas revistas de senhoras o que de melhor existe. Existe butique com vestido da melhor grife aberta o dia todo. Tailleur de marca! Quer ver? - -
E a mulher trouxe as melhores revistas da moda para o homem delirar. Tailleur de status e elegância. Traje que pode ser usado direto sobre a pele ou clássico para ocasiões formais. Detalhes com manga, bolsos, decotes com comprimentos de peças variando com a ocasião e gosto pessoal, podendo ser marrom claro. Então, o casal partiu para as compras e buscou uma famosa loja de artigos femininos onde puderam ver as mais famosas grifes da moda. Após ampla procura, acertaram os sapatos, meias, bolsa, chapéu, mangas, colares e joias. Ela se punha contente e dizia apenas que se parecia com uma artista de cinema, igual a uma Audrey Hepburn, a beleza americana.
Othon
--- Você está chique! - - sorriu de contentamento.
Maria
--- Eu sou chique mesmo! - - sorriu e colocou a bolsa para trás.
Ambos passearam pela capital a procura de um restaurante até encontrar um. Era um restaurante magnifico onde se podia ter de tudo, no termo de gastronomia. Mesas redondas para pouca gente, quatro no muito, e eles eram apenas dois. Mais ao longo havia mais outras mesas e todos falando um português carregado, parecendo Lisboa. Comida lisboeta, vinho do Porto, qualidade de comida era divinamente por demais importante. Garçons, maitres e sommeliers atenciosos. Comer fora de casa era o que mais valorizava na hora de escolher. Sorrisos, gaiatices e saudações com os copos para cima. Esse era o sinal de um bom português. Maria se empolgava por tudo o que estava a ver. A maravilha de Lisboa fora da terra lusitana. 
As 4 horas da tarde Othon e Maria estavam de volta ao AP. Com seu Tailleur, a moça nem pensava em tirá-lo. A cada passo ela desfilava como um sonho. Essa era a palavra que a norteava. Uma mulher no palco materializando os seus sonhos.
Maria
--- Diga que eu sou chique? - - conclamou sorrindo.
Othon
--- Você é um encanto. Eu lembro de você no restaurante. - - sorriu roendo as unhas
Maria
--- Quando? Foi tanta coisa! Tinha uma dama que não tirava os olhos de mim. - - sorriu
Othon
--- Verdade! Uma matrona! Ela é a mulher de um burguês do interior. –
Maria
--- Não diga? Eu nem notei! - -
Othon
--- Ele estava conversando com outros burgueses. - - sorriu
Maria
--- A que tinha filha magricela? - - indagou com atenção
Othon
--- A que tinha um noivo gordo! - - relatou roendo as unhas
Maria
--- Ah. Lembro. Um sujeito desengonçado! Sem classe! - - relatou
Othon
--- Você estava deslumbrante. - - respondeu
Maria
--- Eu sou deslumbrante! - - e deu uma volta sobre si
No dia seguinte, segunda-feira, o homem estava em sua repartição verificando o que de novo havia e encontro uma notícia do dia onde anunciava o fechamento de várias agências do Banco do Brasil. Aquele assunto lhe tomou de surpresa. Notícias vindas todos os dias demostravam ter o Banco sido assaltado, bombardeado, roubado em vários Estados. Com tudo isso ocorrendo, fechar agencias já era um fato normal. Além desse Banco ainda tinha outros como Bradesco, Santander, Itaú e mesmo a Caixa Econômica, órgão do Governo. Ele estava vendo o artigo quanto o seu celular tocou chamada. Othon viu quem era e soube de imediato ser o Senador querendo comunicar algo.
Sindarta
--- Muito ocupado? Podemos conversar? - - indagou
Othon
--- Nada demais. Que mandas? - - indagou
Sindarta
--- Só aqui eu falo. – - respondeu
Othon
--- Vou já. Um momento! – - e levantou saindo dizendo a sua secretaria, Maria, que se não voltasse, ela podia almoçar.
Maria ficou preocupada com as saídas apressadas e sem querer dizer o homem. Porém ela ficou atenta. Logo chegou ao escritório do seu amigo, o senador Sindarta, o visitante, um tanto preocupado e sem querer falar nas questões de outras pessoas a estarem ali, foi logo para o gabinete do amigo. Procurou sentar, não dando importância a duas pessoas que estavam a debater assuntos formais. Uma, era a secretaria do senhor Sindarta, se bem sabia. Passaram-se minutos quando Sindarta o chamou para assuntos protocolares.
Sindarta
--- Amigo, olá amigo. Como passa esta vida? Bem. Tenho um assunto para tratar. O primeiro, é este aqui. Assine, por favor. - - falou risonho
Othon
--- Assinar? Do que se trata? - - indagou preocupado.
Sindarta
--- É a questão do teu divórcio. Nada de mais. Assine. Eu sou você para quando necessitar. - -
Othon
--- Ah. Já sei. Você assume o defensor. - - sorriu
Sindarta
--- Perfeitamente. Muito bem. Agora, está assinado! - - sorriu
Othon
--- E o que mais? Você não disse: outros! - - indagou
Sindarta
--- Outros? Outros é um jantar. Eu, você e a sua Maria.  – - sorriu 

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