quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 11 -

- Ana Araujo -

- 11 -

CASOS

Naquela mesma noite, por volta das seis horas, estava em casa o doutor Nicácio Lopes fazendo a vez de companhia a dona Mariquinha, mulher de seus 75 anos de idade, benzedeira por excelência que naquele instante procedia a cura na filha Alva do casal. Por conseguinte, Alva era a filhar menor de doutor Nicácio e dona Clara. A menina tinha sentido um quadro febril, talvez por uma gripe que a anciã chamava “resfriado”. Entre curas e conversas, dona Mariquinha ouviu do homem a história do desaparecimento do cadáver do hospital, caso rumoroso, falado apenas entre funcionários, médicos e assistentes. Nicácio tomou conhecimento, por acaso, quando conversava com o doutor Paiva. Por ter sido a residência do senhor Otto Câmara o local onde caiu o defunto vindo não se sabe de onde, Paiva perguntara a Nicácio se havia algo de novo no caso. E daí em diante Nicácio ficou sabendo que o cadáver havia sumido por acaso:
Nicácio:
--- Incrível! Como pode ter sido uma coisa dessas? – argumentou surpreso
Mariquinha:
--- O Diabo vem buscar os seus! – comentou em voz branda.
Nicácio
--- Diabo? Que diabo? – perguntou surpreso
Mariquinha:
--- O Povo das Sombras. Eles vêm e pegam o defunto e, depois, somem. - declarou
Nicácio;
--- Isso é história de “Trancoso”. Tá vendo que não acredito nisso? – reagiu
Mariquinha:
--- Pois o vulto negro existe. E se existe? Ah, como existe! – fez finca-pé.
Nicácio:
--- A senhora tem alguma prova dessa existência? – perguntou duvidando.
Mariquinha:
--- Se tenho? Ora se tenho! Tenho muitas! – declarou com voz tímida.
Nicácio
--- Eu quero ouvir! Estou pronto! – confirmou
Mariquinha
--- Senhor! Eu sei que o senhor é pessoa e alto conhecer. Eu sou uma pobre viúva. Eu conto aquilo que eu vejo. E em poucas palavras. – relatou a anciã
Clara
--- Pois contou o que a senhora viu, certamente. – e olhou para o esposo então quieto.
Mariquinha:
--- São muitos casos. Não sei por onde começar. Visões! E até bruxarias! Eu vejo! Apesar de não ser devota dessas bruxarias, e nem quero ser, pois Jesus é o maior de todos os homens que viveram aqui na Terra, eu tenho esse poder de atravessar barreiras e ver o que o povo não quer enxergar. Todos nós temos esse dom. Aquele homem que se encontrou com Jesus, ele não era o diabo, apesar de ter sido chamado assim. Ele era um homem rico, dono me muitas cabras e coisa e tal. Mas voltemos ao que interessa. Certa vez, eu estava rezando um terço à Nossa Senhora quando eu vi passar pelo quarto onde tenho o meu santuário um vulto escuro. Eu diria até que era um homem das Sombras. Ele parou na porta do meu cubículo e indagou: - relatou
oOo
Vulto:
--- O que está fazendo aí, velha macumbeira? – falou com um tom de voz agressivo
Mariquinha:
--- Eu olhei para o vulto e respondi que era velha mas não macumbeira. E ele deu uma colossal risada. E eu respondi: “Quer rezar no meu rosário?” – indaguei.  E ele se revolto
Vulto:
--- Rezar? A senhora está pensando que eu sou carola? Rezar nessa bodega? – e cuspiu.
Mariquinha:
--- Pode ser bodega. Mas é a Imagem de Jesus que está nessa bodega. – falou a anciã com altivez
Vulto:
--- Ora! Vá se catar que eu tenho mais o que fazer! – falou em tom de deboche
Mariquinha:
--- Tenha respeito por Deus, nosso Criador, sua besta ferra! – agrediu com palavras
O Vulto gargalhou por ver a anciã alterada. Em seguida o Vulto confuso com a cara feia e rude, desdenhou à anciã
Vulto:
--- Seu Deus não vale nada! – preferiu zombando
Mariquinha:
--- Tome tento seu bruxo. Tome tento! ... O meu Deus é maior do que o seu inferno! – atacou
Vulto:
--- Prove! Prove! Eu mostro quem é Satanás! Prove! – falou brabo o Vulto
Mariquinha:
--- Eu não precioso provar! Ele é único! Vocês são aos montes! – falou ríspida
Nesse momento, como uma fagulha, desceu do Céu a chama do terror apagando tudo o que o Vulto havia dito. A anciã estava com o seu crucifixo na mão de frente para o Diabo e sacudiu um punhado de água benta que estava em um frasco de vidro. E a mulher ainda proferiu.
Mariquinha:
--- Larga de mim Satanás! Larga de mim! Deus é justo e verdadeiro! – falou embrutecida.
E o Diabo saiu esfogueado tonto pelas chamas do Céu penetrando de mato adentro. E foi o último e misterioso acendo que o Demônio teve com a anciã. Depois daquele dia, nunca mais o misterioso ser voltou a incomodar a dona Mariquinha. 
E dona Mariquinha ainda falou para o doutor Nicácio Lopes, com a sua voz já um tanto cansada, apoiada em sua bengala e de saia bem comprida arrastando no chão.
Mariquinha:
--- E tenho outras histórias. Quer ouvir? – indagou a anciã.
Nicácio:
--- Não. Não. Besta essa! – falou sem sorrir.
Mariquinha:
--- Tem muitos mistérios nesse mundo. Muitos. Uma imensidão. Eu vi, outro dia, uma visagem. Eu digo visagem porque era uma visagem mesmo. Ela estava perto de um cajueiro. Eu fui até perto, então ela sumiu. Puft. Sumiu. Eu morava no sítio e era de madrugada. Eu me levantei da minha rede e fui catar lenha. Mas a visagem tornou a aparecer. Era uma mulher bem alta, cabelos negros, pele clara. Eu não me assombre porque visagem é comum de se enxergar. Então eu perguntei a bela mulher.
oOo
Mariquinha:
--- Quem estás a procura?
Visagem;
--- Meu marido. – respondeu
Mariquinha:
--- Vocês moram aonde? – indagou
Visagem
--- Nessa casa! – e apontou para a casa onde Mariquinha morava. E, de imediato, sumiu.
Mariquinha:
--- Ei. Minha senhora! Chegue aqui! Vamos conversar! – chamou a anciã

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 10 -

- Jessica Biel -
- 10 -
ACASO
O senhor Otto não se deu por temido e pouco lhe valeu aquela alusão ameaçadora. Em certos instantes, o cavalheiro não sabia se era afronta ou não. Seres demoníacos eram sempre história de almanaques ou livros antigos. Para Otto tudo era da menor importância. E nem sequer pensou ter tido um desmaio por causa de um ser diabólico quando esse lhe apareceu de repente em um início de manhã. Por isso mesmo foi a frente.
Otto:
--- Não importa quem o Senhor seja. Vai entrando no meu escritório esculhambando com tudo e, ademais vem vomitar ser um satanás? E tire essa porcaria do meu birô! – falou estupefato
E de imediato o demônio rugiu como um lobo e jogo ao chão o embrulho a estar em cima do birô de Otto. Findo isso, o Diabo sumiu de vez. O pacote se desembrulhou no próprio chão e se saiu do seu interior algo bem sinistro. O cavalheiro verificou o estrago feito e notou a presença de uma almofada vermelha da cor de sangue e um coração a sacolejar com todas as suas veias de artérias numa força incontida para ser apenas um pequeno coração a se debater a latejar. Otto olhou aquele montículo de carne e, alarmado, procurou a alguém na entrada do escritório para retirar aquela anomalia feita de carne sanguinolenta. Ao abrir a porta do escritório se deparou apenas com uma secretaria e não a de vermelho. Ele indagou:
Otto:
--- Onde está a moça que acabou de sair? – furioso e exausto
A secretária parece ter ouvido mal. E perguntou
Secretária
--- Quem, doutor? Não avistei ninguém desde que cheguei. - relatou
Otto:
--- Uma mulher. Sei lá. Uma moça. Bem vestida. Toda de vermelho! A senhora não a viu sair? – indagou exaustado.
Secretaria.
--- Confesso que não. Desde as sete horas que estou aqui, e não vi ninguém entrar ou sair. A não ser o senhor, doutor Otto. – disse mais.
Otto
--- Certo. Mas, consiga um faxineiro para fazer uma limpeza no meu Gabinete. – relatou e fechou a porta
E Otto voltou para o seu ninho do qual deixara há meio minuto. Ele foi direto para reaver o que estava desmantelado por conta da visita de um Ser a não saber quem era. E por isso dizia os mais escaldantes desaforos. E não a sua surpresa ao chega no ponto certo onde estaria o coração que ele notou tudo bem arrumado sem nada para se fazer. E alarmou, então.
Otto:
--- Moça!!! – gritou Otto tremendamente estarrecido
E demorou um pouco mais de um segundo para a secretária adentrar no gabinete. E indagar de olhar meio aflito
Secretária:
--- O que é senhor? – indagou confusa
Otto então olhou de volta para a porta e sem querer foi dizendo algo sobrenatural.
Otto
--- O Diabo entrou aqui e colocou tudo em desmantelo. Agora! Veja! – gritou alarmado apontando tudo normal como se nada houvesse a ajustar.
A secretária não entendeu de nada e se pôs a verificar dentro dos termos proferidos querendo averiguar o tal de desarrumado. E nada avistou. Muito pelo contrário. O birô e as mesas próximas estavam delicadamente arranjados.
Secretária:
--- O que foi, mesmo? – perguntou desnorteada.
Otto se voltou para o local onde estava o coração e não avistou mais coisa alguma. Então se voltou para a secretária e apenas indagou:
Otto:
--- Hum? Nada! Nada! Nada! – falou sem saber o que estava a dizer.
E elevou as mãos à cabeça caminhando para a sua escrivaninha sempre com as mãos confusas sem saber o que fazer contemplando ininterruptamente para a secretária, com seus olhos aboticados e nada mais ter a declarar. Vendo esse trauma, a secretária indagou:
Secretária:
--- O senhor está bem? – perguntou de modo delicado sem perceber algo mais.
E o doutor Otto lembrou de perguntar:
Otto:
--- Hum? O homem da faxina, por favor! – foi o que se lembrou em falar.  
Após o expediente, quando eram as 5 horas da tarde, Otto fechou o birô e saiu apressado do seu Escritório com destino à sua nova moradia. No caminho ele visualizou uma moça vestindo vermelho, mas não deu a mínima importância. Esse era diferente da moça original, apesar de ter o rosto atraente. O trânsito demorava um tempo enorme para permitir Otto alcançar a sua residência. Camelô a oferecer bugigangas, gazeteiros a oferecer jornais da tarde, mendigos a implorar por uma esmola, moças, rapazes, senhoras e senhores eram o atrativo do fim de tarde em uma cidade ainda descuidada. O buzinar do transito deixava louco a qualquer um, até mesmo Otto Câmara a se coçar como um louco.
Otto
--- Merda de transito. Anda punhado de vermes! – era o que dizia pondo sua buzina a zoar.  
Nesse momento, uma mulher parecendo Clara, a esposa do homem Otto, atravessava a rua entupida de veículos e chega fazer um congestionamento de transito, passando por um e por outro carro chegou até a porta de veículo de seu esposo. De repente bateu com força na lataria da porta chega o homem se assustou por demais. Mas, o que ele notou foi a presença de Clara e, de imediato, abriu a porta para a mulher poder entrar. E indagou
Otto;
--- O que estás fazendo aqui? – indagou curioso
A mulher procurou se sentar no banco dianteiro enquanto o veículo dava partida por pouco tempo. E logo que possível, Clara falou:
Clara
--- Comprando linhas de costura. – respondeu a sorrir
Otto
--- Ah! Bom. Era apenas me pedir que eu mesmo comprava. – respondeu
Clara:
--- Mas eu tive consulta marcada com o médico. Demorou demais. – relatou.
Otto:
--- Ah. Bom. Sendo assim, você aproveitou para comprar as linhas. – sorriu.
O sinal foi aberto e transitou começou a fluir de forma lenta e a mulher solicitou para o homem dobrar a esquerda, pois não havia carro naquela artéria. E o homem, surpreso com a decisão de Clara tomou a esquerda para se desafogar do trânsito. Então, Otto declarou.
Otto:
--- Para quem não é motorista, você tem uma visão muito boa. – sorriu
Nesse dado instante a mulher ao lado se transformou na bela dama de vermelho. E o marido se assombrou com aquelas vestes.
Otto
--- Você novamente? – indagou deveras atrapalhado.
A bela mulher apenas sorriu e abraçou delirante o homem como se fosse ali, apenas, um par de amantes. Otto, sem jeito algum, cedeu aos encantos proféticos da pura mulher amada. A rua era menos clara e permitiu a ambos essa total sedução. Mesmo assim, no mesmo instante, Otto acordou da ânsia abstrata. E indagou.
Otto
--- Quem é você, afinal? – perguntou com espanto


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 09 -

- Keira Knightley -

- 09 -

VIRGEM

E a mulher, calada como uma esfinge, apenas a sustentar em suas pálidas mãos a almofada de veludo cor vermelha e por cima um latejante coração, nada falou. Apenas, de pé, esguia e de robe negro a lhe cobrir todo o corpo, esperava a vez de passar para o ingênuo Otto o enrolo daquele imo solitário. Midrash era seu nome. Um sentido bárbaro. Ela é também associada a um demônio feminino da noite que originou na antiga Mesopotâmia. É uma Deusa que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças.
Diabo:
--- Ela é Midrash, a Deusa do Inferno! – falou solene o demônio
Otto:
--- Nossa! E essa Deusa está aqui? – indagou assombrado.
Diabo
--- Ela está em toda parte! Em especial nas noites de trevas! – relatou com orgulho
Midrash traz consigo enigmas e contradições. Ela está junta aos movimentos de indivíduos a combater o domínio dos mortais. A mulher Midrash nasceu como nasceram os anjos decaídos. Midrash vêm dos répteis e dos demônios. Por isso mesmo ela é a Deusa dos portões do abismo. O Diabo, contudo, é o seu supremo mestre. E nada mais há que o seu próprio Mestre. Nem Deus, considerado o Ser supremo universal por muitos incrédulos a habitar essa mesma Terra. Por isso mesmo, a senhora das sombras sempre vem atacar os seus herdeiros quando a noite é mais triste e tumultuosa com vendavais a açoitar os mais inermes dos entes.
Otto:
--- Que horror! Isso é de meter dedo nos olhos dos mais aflitos! – falou com repugnância
E o Diabo gargalhou com a timidez daquele fraco ser. E relatou;
Diabo:
--- Ela é misteriosa! Ela muito mais que estranha! Materializa seu corpo para possuir o objeto dos seus apetites carnais. Cuide-se para não ser o objeto enfeitiçado de Midrash. – gargalhou.
Otto
--- E esse negócio do coração? Não me interessa! – reclamou
Diabo
--- Ele, o coração, veias, artérias, sangue, cérebro. Tudo está aqui. E o senhor vai levar consigo é o que tenho a declarar. – falou enérgico.
oOo
Às três horas da tarde daquele dia, Otto despertou estranhando o local onde estava. Tudo era limpo e poucas pessoas a transitar de um lado para outro. Ele viu um véu branco cobrindo toda a cama onde estava a dormir. E nem sabia que havia desmaiado logo cedo da manhã. Havia ainda quatro camas ao seu lado, todas cobertas de véu. Ele ficou amedrontado e buscou informação de uma moça, parecida com uma enfermeira, de onde ele estava e que horas podiam ser. A enfermeira veio medir a pulsação do enfermo e nada respondeu. Apenas puxou o véu a cobrir o paciente. Ele quis fazer um movimento e notou umas agulhas espetadas no seu braço esquerdo. Sentia-se nauseado e sem fome, apesar de ouvir um barulho em seu estomago denunciando falta de alimentos. Com o passar de tempo, surgiu um homem, todo vestido de um verde claro e se acercou de Otto. O homem olhou o que estava escrito em uma tabuleta e sorriu para Otto. Ele ouviu o homem a conversar em surdina com uma moça, com trajes de enfermeira, tendo-se voltado para Otto e lhe falar:
Médico:
--- Escapou de boa. Dentro de instante o senhor pode sair. – falou o médico a sorrir
Após alguns minutos entraram na sala de espera a esposa de Otto, a senhora Clara e mais o cunhado e o doutor Nicácio Lopes. A espera não durou muito. Eles receberam de braços abertos o homem. Plenamente assustado ainda Otto indagou o que estava fazendo no Hospital. E o doutor Nicácio procurou relembrar o ocorrido.
Otto:
--- Não tenho recordação de nada. Eu caí? – indagou preocupado
Nicácio:
--- Não se lembra de nada? – indagou cuidadoso
Otto:
--- Nada. Nada. E o que foi que me acometeu? – perguntou aflito.
Nicácio
--- Segundo os médicos, foi um mal súbito. Eles examinaram seu coração e disseram nada a haver de momento. Mas preveniram para o senhor procurar um especialista. – falou
Clara:
--- Você vai ao médico! Ora se vai! Vai sim! – relatou com precisão  
Alguns dias após, Otto Câmara estava despachando uns documentos em seu Gabinete de trabalho quando adentrou uma senhorita muito bela a trajar vestes vermelhas em todo o seu conteúdo, cabelos soltos, olhos vibrantes, maquiagem sedutoras, um cinto também de cor vermelha a atar o vestido à esbelta cintura e a caminhar solene com um sorriso na face. Otto desconhecia tal funcionária. Como existiam muitos servidores, ele não se importou de repente. A virgem chegou até o seu birô e lhe pôs um embrulho a falar de forma cortês.
Virgem:
--- Um estafeta deixou essa encomenda para o senhor. – colocou a encomendo no birô e delicadamente saiu desejado feliz ano novo.
O homem aceitou os cumprimentos e olhou com segurança a linda mulher com o seu corpo em êxtase.  Ao chegar â porta, a virgem se voltou e lhe deu um sorriso malicioso. Ele não soube nem corresponder de certo. Ajeitou o embrulho em cima do birô, olhando algumas vezes e voltou a despachar os documentos. De repente uma sombra negra passou com pressa em parte de seu escritório e tão de repente desapareceu. Otto sentiu um calafrio com aquela aparição, porém não deu tanta importância ao fato. Talvez fosse a sombra de algum carro a fazer manobra do lado de fora do seu escritório. Folhas de papeis voaram por todo o escritório como se houvesse ventania a acoitar. Uma das folhas caiu sobre o embrulho. Porém era apenas um documento a ser preenchido. Nesse ponto, a sombra negra com a ventania se aproximou de Otto Câmara. E, então falou com uma voz quase incompreensível e vagarosa.
Espanto
--- Vós recebestes o embrulho? – indagou perigosamente
Otto, preocupado em juntar os papeis que a ventania espalhou, olhou com pressa, do seu canto e falou:
Otto:
--- Quem é o senhor? – perguntou alarmado
Uma gargalhada ecoou por todo o escritório do abatido homem. E a entidade respondeu com maior prudência envergando uma bengala a lhe postar à mão.
Espanto
--- Esse! Não estais a ver? – indagou com o maior aguçado terror.
Otto voltou seu olhar para o pacote sobre a mesa e descaminhando falou por fim.
Otto:
--- O senhor é o demônio? – perguntou apavorado
Uma risada aguda voltou a ecoar. E, então, a entidade foi mais afinco.
Espanto:
--- Eu Sou o que Sou! Demônio, Diabo ou Satanás! Estou a conferir se a encomenda foi, na verdade, entregue como vós quisestes. – falou a entidade do mal.
Otto:
--- Olha seu quem quer que seja! Eu não pedi encomenda nenhuma. Nem a vós e nem a ninguém como vós podeis saber! – falou com arrogância.
Uma lufada de ventania soprou por todo o escritório e o ser inimaginável voltou a falar com a sua voz de desprezo.
Espanto
--- Então, vós tendes o desprazer de desafiar esse Ser demoníaco? – falou com arrogância


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 08 -

- Bruna Linzmeyer -
- 08 -

QUEM

Tem muita gente para falar. Há um repórter de plantão no Hospital. O necrotério por si fala. As questões já trazem respostas. E o caso está mais aberto do que se pode supor. Para o repórter, não tem nada a perguntar. Ele é sábio. Um ponto qualquer. Uma resposta demonstrada. Quem! É o que se pergunta. E a resposta vem com profunda exatidão. Os médicos estavam atentos para essas questões não conhecidas.
Lustosa:
--- É bom chamar os moços que cuidam do necrotério. Os dois! – falou com pressa.
Teixeira:
--- Mas, dizer o que? – indagou sugestionado
Lustosa:
--- Não falar nada a ninguém! – falou com ênfase.
Paiva:
--- Esse caso é muito sério. – declarou
Lustosa:
--- Sério demais. Nem aos estudantes de medicinas nós não devemos articular! – relatou
No andar de baixo estava o advogado Nicácio Lopes a comentar o fato do senhor Otto Câmara de ainda está desacordado e não sabia a causa. E Clara, a esposa de Otto, recomendou leva-lo para o cômodo mais perfeito e mais arejado. O advogado ponderou.
Nicácio:
--- É preciso esperar mais um pouco. Talvez o melhor é leva-lo a UTI. – falou brando.
Clara:
--- UTI? Ai meu Deus? É grave assim? – falou em êxtase
Nicácio:
--- Não sei. Mas...Pode ser. - - falou brando
Clara
--- Eu não acredito! Quero ver o meu marido! – falou quase sem voz
Nicácio
--- Calma, Senhora! Muita calma! A senhora terá tempo de vê-lo. – falou delicado
Nesse momento, em algum lugar cheio de mato e espinhos, o Diabo estava a conversar com o senhor Otto Câmara. E dizia-lhe que era o local onde a fera costumava ir e alí estava o rapaz sem coração, pois Otto já aceitara ficar com o coração do morto. Satanás pediu calma a Otto, pois ele estava, na verdade, no Hospital. Apenas o seu espirito se transportara para aquele sombrio local onde deveria tomar mais cuidado para não falar aos “homens de branco” o que Satanás haveria de dizer-lhe.  E Otto viu ao redor um vale escuro com um óleo viscoso onde os espíritos dos que um dia viveram estavam atolados naquele lúgubre cenário hediondo. Os espíritos se lamentavam, principalmente os que sucumbiram por morte suicida. Diante de tanta tragédia nenhum dos espíritos dos desencarnados se mentiam sem lamentação. Era um pranto cruel a matar de medo o senhor Otto Câmara com muita repugnância a querer esconder a face. Ao contrário, Otto nada podia fazer. Apenas ouvir os lamentos cruciais dos mórbidos espíritos dos entes passados.
Diabo:
--- Assusta-te? Não fazem mal! Eles estão no Inferno! – falou o Satanás.
Otto sentiu uma verdadeira comichão por todo o seu corpo ao saber que estava no Inferno, um lugar triste, paredes escuras e por dentro, as labaredas de fogo a queimar constante os espíritos dos mortos. Era uma verdadeira tragédia aquilo que ele avistava. Almas penadas no Inferno. Ele então, alarmado, indagou.
Otto:
--- O senhor é o Demônio? – perguntou alarmado
Diabo:
--- Pode-me chamar assim também. Diabo, Satanás, Demônio. – sorriu a fera.
Otto:
--- Mas. Eu estou mesmo no Inferno? – indagou amedrontado.
Diabo;
--- Você está do lado de fora do Inferno.  As trevas ficam mais para dentro. – sorriu.
Otto
--- E o que é que eu fiz? – perguntou angustiado.
Diabo:
--- Nada. Você não fez nada. Apenas vai guardar o coração desse espectro! Apenas isso! – falou sorrindo.
Otto:
--- Eu? Logo eu? – perguntou alarmado
Diabo:
--- Sim. Isso mesmo! Logo vós! – sorriu
Otto
--- Mas...Eu não entendo! Se o senhor é o dono do Inferno, por que então escolhe a mim? – indagou perplexo.
Diabo
--- Nem tudo. Nem tudo. Apenas um pouco da história – sorriu
E o Diabo continuou a preleção do rapaz. Ele – o rapaz – cometeu suicídio após trucidar a irmã por questões desconexas. O rapaz, à noite, com ira sufocou a sua irmã até a morte e, no fim, pôs termo à vida devotando o seu coração a Satanás. E que o melhor homem sobre a Terra ficasse a guardar o seu “precioso” coração. O rapaz foi quem falou.
Rapaz:
--- Morte ao Bem. Que o meu coração seja entregue a Satanás! – falou o suicida.
Otto:
--- Então? Ele quer que o senhor tome conta. Não eu! – relatou espantado
Diabo:
--- Mas. O que é que eu vou fazer com esse coração? Ele vai ficar podre em pouco tempo. A não ser que o senhor congele! – sorriu o demônio
Otto
--- Congele? Congele aonde? Em que? Como? – perguntou estupefato
Diabo:
--- Eu não sei! Talvez num refrigerador! Ou coisa assim! Eu só entendo de braseiros. Não de coração ou geladeira. – falou com dúvidas.
Otto ficou preocupado com essas tais recomendações e, num instante, divisou uma mulher bem atrás do Mefisto com a mão a segurar uma espécie de coração untado em uma toalha vermelha da cor de sangue. Algo bem vermelho. A mulher era alta, esquia, vestindo roupas escuras, toda coberta até as pontas dos pés, um véu negro a lhe cobrir a cabeça e apenas a face era branca. Muito branca mesmo. Quase sem cor. Olhos profundos, enegrecidos e pela face desciam lágrimas de sangue. Ela estava sombria e nada falava. Então, Otto indagou:
Otto:
--- Quem é essa mulher? – indagou estarrecido.
O diabo não precisou se virar para informar:
Diabo:
--- A minha esposa. – e sorriu.
O homem ficou curioso por nunca ter visto uma mulher diabólica.
Otto:
--- E ela tem nome? – quis saber.
O Demônio sorriu e apenas falou.
Diabo
--- Todos, aqui, tem seus nomes. – sorriu com a face de horror. 

domingo, 4 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 07 -


- Marina Ruy Barbosa -

- 07 -

ENIGMA

O médico legista, doutor Oliveira Paiva, foi conectado e se prontificou em estar no Hospital o quanto antes. O sumiço do corpo era algo estranho, principalmente por aquele ser não ter coração, artérias e nem mesmo irrigação no cérebro. Coisa incômoda! Verdadeiro enigma. Apesar de o médico legista ter conhecimento do fato, o médico diretor do Hospital, disso, ele nada sabia. O médico, doutor Lustosa, apenas foi informado do desaparecimento do corpo de um homem. Por certo, o doutor desconhecia a procedência do cadáver. Ao que lhe parecia, era gente de condições paupérrimas e nada mais. E foi assim o sucedido.
Hora após, estava no gabinete do Hospital, o doutor Oliveira Paiva a conversar com bastante minúcias sobre a questão do cadáver. E disse ele ser muito estranho o morto não ter coração e nem artérias. O crânio nada apontava com se nele tivesse algum líquido.
Paiva
--- Eu não creio em sobrenatural. Mas o cadáver era tão somente estranho. E agora, de maneira brusca, o homem sumiu! – disse incrédulo o legista.
Enoque:
--- É difícil de acreditar. O caixão estava vazio ao ser mandado abrir. – relatou o homem encarregado do necrotério
Lustosa;
--- O cadáver era de alguma pessoa rica, por assim dizer? – indagou o diretor a querer pesquisar
Paiva
--- Não creio. Pelas vestes, era de alguém muito pobre. – confessou.
Lustosa:
--- Ah. Bom. Pelo menos não vai dar preocupação ao Hospital! – confirmou
Paiva
--- Mas, o caso era que a vítima não tinha coração. Nem sinal de coração. E não deve ter sido extirpado por alguém. O local era liso. O lugar não tinha artérias. E o cérebro era, também, parecendo de algo não sei bem o que falar. Era inteiramente liso. Sem sistema nervoso – relatou o médico fazendo gesto com a mão
Lustosa:
--- E era de gente, mesmo? – indagou preocupado
Paiva:
--- Sim. Era de gente. Todo ele estava perfeito. – relatou.
Lustosa:
--- Sem coração? – indagou preocupado
Paiva;
--- E sem cérebro, aparentemente! – relatou o legista
O doutor Lustosa passou a mão na sua cabeça como se fosse verificar se ele estava certo de ter um cérebro. Ele olhou para o doutor Paiva e nada falou. Apenas bateu com uma mão na outra em cima do birô e como querendo divagar.
Lustosa
--- Sem cérebro! É o fim! Com uma pessoa pode viver sem cérebro e coração? – indagou.
Paiva:
--- Eu encaminhei para o Hospital para se mostrar com são as vítimas que nós recebemos a cada instante. Mas, essa, foi o caso mais complexo. – falou com a sua cabeça abaixada
Nesse ponto, entrou no Gabinete do doutor Lustosa um outro médico conhecido por doutor Teixeira. Esse médico era o plantão daquele dia. Ao entrar na sala, cumprimentou os presentes e procurou uma cadeira para se sentar. O diretor do Hospital foi quem falou:
Lustosa:
--- Novidades? – indagou meio confuso pelo desaparecer do cadáver.
Teixeira:
--- Não. Somente o paciente, senhor Otto Câmara. Ele continua em desmaio. Eu achei prudente encaminha-lo à UTI. – falou tranquilo.
Lustosa:
--- O que sofreu esse homem? – indagou.
Teixeira:
--- Pelo que disse o doutor Nicácio Lopes, ele – o Otto – estava investigando um barulho havido dentre de sua casa e, então, veio ao desmaio. – falou.
Paiva:
--- Esse homem foi o da casa onde na noite passada apareceu um corpo? – indagou surpreso.
Teixeira:
--- Sim. O advogado disse que sim. Ambos estavam à procura de algum vestígio deixado pelo morto ou coisa assim. Nesse ponto se deu o desfalecimento do homem. -  disse ainda.
Lustosa:
--- Quem é esse Otto? – perguntou sem entusiasmo ao doutor Paiva
Paiva:
--- Ele é diretor de uma repartição do Estado. Desde ontem que eu assumi a investigação do cadáver de um rapaz que veio a cair em sua casa. – destacou
Lustosa:
Lustosa:
--- O cadáver desaparecido? – perguntou amedrontado.
Paiva:
--- Isso. É esse mesmo. – falou prudente
Teixeira:
--- Cadáver desaparecido? Onde? – perguntou o médico.
Lustosa:
--- Aqui mesmo. Os auxiliares disseram que o cadáver sumiu. Evaporou. – disse o médico fazendo gesto com as mãos.
Paiva:
--- É um caso sério. Eu examinei o corpo e notei várias irregularidades, inclusive a falta de coração na vítima.
Teixeira:
--- Mataram o homem e tiraram o coração? – perguntou espantado.
Paiva:
--- Essa é uma das hipóteses. Mas o corpo não tinha mesmo o coração, artérias e nem mesmo cérebro. – salientou.
Teixeira:
--- Mas, tiraram tudo? – então espantou de vez.
Paiva:
--- Eu não digo que sim.  O cadáver não tinha mesmo esses órgãos. – falou claro
Teixeira:
--- Ai meu Deus! Isso é um caso sério! Merece investigação! – falou com alarme.
Lustosa:
--- Eu não sei o que fazer. Agora, o corpo sumiu! – falou aborrecido
Paiva:
--- É melhor ser prudente! E se chamar a Polícia, deve ser feito no mais absoluto sigilo!              Nada se deve transpor! Silencio absoluto! – recomendou
Lustosa:
--- Isso é. Não se deve transpor nada do que se possa tomar como evidência do fato. - relembrou.
Teixeira:
--- E quem vai falar? – indagou surpreso. 

SUSPEITA - 06 -


- Marion Cotillard -

- 06 -

IMPASSE

O impasse se deu nesse instante. Os médicos examinavam o cadáver para fornecer o certificado de causa mortis. Ao abrir o defunto se chegaram ao clímax.  O corpo não tinha coração. Em nenhum lugar, havia o vestígio de algum coração. Os legistas buscaram veias e artérias sem nada encontrar. A certa altura, os médicos concluíram não haver sangue no morto. No entanto, ele era mesmo um defunto de carne e osso. Porém, sem sangue e coração. O cérebro do morto não tinha veias.
Médico:
---Louco!!! Esse homem era um louco!!! Louco!!! – relatava cheio de tormentos.
Auxiliar:
--- E por onde corria o sangue? – perguntou desnorteado
Médico:
--- Que sangue? Isso era um bicho! E não tem nem coração! Um demônio! – alertava
Auxiliar:
--- E o que é que se faz com ele? – perguntou cheio de dúvidas
Médico
--- Heim? Manda para o inferno! Louco! Isso era um louco! – era o que, sem meios, afirmava
Auxiliar
--- E se for mandado para a Faculdade de Medicina? – indagou perplexo.
Médico:
--- O que? Eles vão achar graça da minha cara! Mandar o corpo sem coração! Loucura! – afirmava
Auxiliar
--- Mas, doutor! E se enterrar o cadáver sem uma descrição de que morreu? – indagou
Médico:
--- Ora! Se diz que por morte sem causa ou qualquer coisa! – falou já misterioso.
Auxiliar.
--- Certo. Certo. Mas se alguém já viu esse cadáver e ele não é tão misterioso assim. Apenas o corpo não tem coração. E então? Com se explica? – fomentou.
E o Médico Legista ficou na dúvida. Seria melhor mandar para a Faculdade de Medicina? Sim ou não? O legista coçou a cabeça e ficou sério para poder falar. Se empertigou e decidiu.
Médico
--- Mande o caixão. – disse o médico.
Auxiliar:
--- Como? – indagou
Médico
--- Digo! Mande o cadáver! – resolveu
Auxiliar:
--- Prá onde? – perguntou
Médico:
--- Para o necrotério! Quero dizer! Para a Faculdade! – falou sem modéstia.
O auxiliar sorriu e empacotou o tal defunto, a dizer:
Auxiliar:
--- Vamos lá colega! Você agora vai ser executado pelos doutores de carne e ossos! – sorriu
E o cadáver foi empacotado, sem sombras de dúvidas, e conduzido no “Caveirão”, o veículo que levava os mortos, para a Faculdade de Medicina. Em certos momentos, quando o “caveirão” já estava no hospital, ouviu-se um ruído estrondoso. Era um barulho assombroso parecendo umas correntes se arrastando pelo corredor do necrotério. O caixão era de metal, provavelmente de alumínio para empatar escorrer salmoura de algum morto. E foi assim que se fez quando o cadáver chegou ao hospital, onde era a Faculdade de Medicina. Os agentes que conduziam o esquife notaram algo e pensaram em outra coisa. Mas, de repente, algo assustou os agentes de serviços gerais. Alguma coisa bateu tão forte que derrubou o caixão. Apavorados com aquele sinal, os dois homens largaram tudo e correram para fora do necrotério a gritar alarmados.
Então, chegou gente para ver o sucedido e encontrou o caixão imóvel sem nenhum sinal de algo anormal. E quem viu, apenas indagou;
ASG
--- Que houve? – perguntou o outro agente.
Cansados pela carreira que deram os agentes apenas disseram.
Agente
--- Esse morto está vivo!!! – alertou com bastante susto.
ASG
--- Vivo? E quem deixou o caixão aqui? – perguntou temeroso
Agente
--- Foi o negro do ITEP. Mas o cadáver bateu com força na porta de caixão! – relatou alarmado.
O senhor do hospital ficou temeroso em mandar abrir o niquelado caixão. Depois de alguns segundos então, ordenou.
ASG;
--- Abra o caixão. Vamos ver o que aconteceu! – disse o homem com toda sapiência
Agente;
--- Mas, senhor, logo a gente? – indagou com bastante temor
ASG
--- Abra! Depressa! Quer deixar o defunto morrer? – disse altivo
Agente
--- Defunto? Mas o defunto está morto mesmo. Só que, de repente, ele ficou vivo! – relatou espantado
ASG
--- Pois abra! Eu estou ordenando! – fez voz firme
Os dois agentes gerais, então, foram ao esquife e, com a chave mestra, destorceram a tampa. De repente, um estridente alarme. O caixão estava vazio. E nem sombra de cadáver. O ASG ao verificar, quase desmaia. Apenas indagou:
ASG
--- Que? Onde está o morto? – foi o que disse o agente mor.
Nesse igual instante, os dois outros agentes meteram o pé a correr em demasiada pressa a gritar pelo assombro notado. O agente mor ao ver o caixão vazio, também não sabia o que fazer. E gritava para os dois foragidos do terror.
ASG:
--- Voltem aqui, seus monstros!!! Voltem aqui! – e correu em debandada atrás dos dois homens.
O caso for terminar na mesa do diretor do Hospital. Os agentes, temerosos com o ocorrido, apenas disseram que o ataúde do ITEP não tinha nada de especial. Eles, apenas, sentiram um puxão na porta do caixão e, de repente, abandonaram quando sentiram o enorme bater. Eles disseram com todo pavor.
Diretor:
--- Não tem cabimento! Bater na porta do caixão e não ter nada?  - argumentou alterado
ASG
--- Isso, senhor. Como pode um defunto sair do caixão dentro do necrotério? – formulou
Diretor
--- E quem mais viu esse desconforto? – indagou ainda exaltado.
ASG:
--- Apenas os dois homens que carregavam o defunto. Ou seja: o caixão. – relatou constrangido
O diretor do Hospital ficou a duvidar de tal história e mandou chamar o médico do ITEP para relatar a verdade.


sábado, 3 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 05 -

- Charlize Theron -

- 05 -

O CASO

O caso deu complicação. O doutor Nicácio, por alguns instantes, ficou na dúvida. Ele não se lembrava naquela ocasião de quem avisar. E procurou no bolso do sobretudo, porém não encontrou o caderninho de notas. E fez, apenas, um aceno para a sua mulher como a falar dar um jeito em lembrar quando, provavelmente, voltar do hospital. E caminhou, com pressa, para o veículo estacionado na porta da casa de Otto Câmara. Dentro, já estava o jardineiro Expedito fazendo todo o esforço para despertar o homem, porém sem êxito. O advogado chegou com pressa e decidiu ir para o hospital o mais depressa possível.
Nicácio;
--- Vamos! Vamos! Acorda o homem! – reclamava às tontas.
E acionou o carro a toda pressa para chegar o quanto antes ao pronto socorro. No caminho, passou por um e por outros veículos, em pura debandada até mesmo acercar-se ao hospital, não muito distante. E ele desceu, ajudando o seu jardineiro a retirar o homem ainda em desmaio e se pôs a chamar o maqueiro para então ajudar levar a criatura para dentro da enfermaria. Um punhado de gente estava esperando a consulta, o tratamento ou apenas aguardado outros pacientes. Vieram dois maqueiros e levaram, com pressa, o homem Otto, ainda em estado de assim como um morto.  O advogado ficou parado com as mãos nos quadris enquanto os maqueiros caminhavam à toda pressa para o interior do hospital. De repente, o amigo de Otto se lembrou:
Nicácio:
--- O telefone!!! – e foi para o gabinete da direção do hospital ligar para a sua esposa
A sua mulher atendeu de imediato e Nicácio pediu urgência. Era para verificar em sua caderneta de notas o número do telefone da residência de Otto. A mulher foi verificar por algum tempo. De pressa, o homem lembro não adiantar, pois esse telefone era o da casa. E o homem estava em outro telefone. Assim, não adiantava ligar para o tal. E o advogado desligou. E voltou a ligar para um outro, de ajuda a lista. Mas, o que saber?
Nicácio,
--- O que vou perguntar? Diabos! Não é assim! – disse o advogado
E Nicácio voltou a ligar para a sua esposa. De imediato, atendeu. Então disse o homem.
Nicácio
--- Eu preciso do telefone da mãe da mulher de Otto! – informou o advogado pleno de vexame
A sua mulher respondeu não ter o tal telefone. Ela incluía a conhecer apenas um telefone de uma amiga de Clara, a mulher do senhor Otto. Nicácio ficou a pensar. Então, decidiu.
Nicácio:
--- Esse! Esse! – refletiu o homem
E então ligou para o telefone. Era de uma mulher rica, como dona Clara. Após alguns instantes, o telefone a chamar permitiu a ligação. No outro lado, um rapaz atendeu. Com voz sonolenta, ele indagou quem estava a falar. Nicácio respondeu ser um amigo de dona Clara e estava precisando de um telefone onde a mulher encontrar-se naquela hora, pois no seu, o telefone não atendia. O rapaz sonolento se pôs a chamar a sua mãe para ouvir a pessoa, por sinal, o advogado Nicácio, a estar pedindo uma informação. Esse caso demorou um belo tempo.
Após todos esses desmandos, a mulher, dona Maria, atendeu de pronto. Nicácio explicou o sucedido e esperava falar com a senhora Clara, esposa de Otto, pois a mulher teria melhor cuidado com o seu marido. Ele era, apenas, um seu vizinho.
Maria:
--- Seu nome? – indagou querendo saber.
Nicácio:
--- Eu sou o advogado Nicácio Lopes. E preciso me comunicar com dona Clara. O seu esposo está hospitalizado. Ele teve uma síncope. Eu o trouxe para a emergência. – explicou inquieto
Nesse dado instante o carro parou do lado de dentro do hospital. Então, desceu, correndo, assenhora Clara procurando alguém que lhe dissesse onde estava o seu marido. O jardineiro Expedito apontou para o seu patrão.
Expedito:
--- Nós viemos com o seu marido. Ele estar sem sentidos. – alertou.
Clara:
--- Como? Meu marido? Sem sentidos? – gritava alarmada a mulher.
Um homem que estava com ela, provavelmente o seu irmão acompanhado de outra mulher, se bem entender, a sua esposa, procurou tranquilizar dona Clara. A mulher estava por demais agitada.
Clara:
--- Solta! Larga! Eu quero ver o Otto! – gritava a mulher cheia de anseios
Um enfermeiro chegou próximo e já vinha com uma agulha com um tranquilizador. E ele injetou no braço da mulher para ver se acalmava de todo. Com a ação tão rápida a dona Clara sequer sentiu a fisgada no seu braço. O enfermeiro apenas recomentava a mulher a se por sentada em um banco. O rapaz que acompanhava – provavelmente – a sua irmã, ainda quis saber.
Irmão
--- Que foi isso? – perguntou espantado.
Enfermeiro
--- Tranquilizante. – disse o homem.
Nesse instante, o advogado Nicácio se voltou para fora e, de imediato, verificou a mulher de Otto, plenamente a chorar. Ele soltou o telefone e, bem depressa largou para próximo de Clara ao mesmo tempo que percebia o irmão da senhora. Ele não o conhecia de certo. De qualquer modo, indagou.
Nicácio;
--- Irmão? – apontou com o dedo para o homem e a mulher
Irmão:
--- Sim. Somos. Eu recebi uma ligação telefônica de uma mulher a falar sobre o caso havido com Otto. De imediato, nós rumamos para cá. – disse sem temor
Nicácio:
--- Pois é. Eu o socorri. Foi um atropelo terrível. Eles levaram Otto para um outro local. Agora, eu fico sem ter noção do ocorrido. Ele desmaiou. Apenas isso. Pei-bufo - declarou o advogado a fazer menção de quem desmaia.
Clara:
--- Meu marido! Eu quero saber do meu marido! – reclamava com insistência.
Irmão
--- Acalme-se! Ele está sob cuidados médicos! – fez ver o irmão com total paciência.
Nicácio:
--- Ele já teve desses sintomas? – perguntou aperreado.
Irmão
--- Eu acho que não. Nunca ouvi falar. – lembrou o irmão
Clara:
--- Nunca teve! Ele é forte! – disse a mulher com entusiasmo.
E passaram-se horas sem haver notícias do estado de saúde do enfermo Otto Câmara. Ele dava entrada logo cedo da manhã e já havia feito 11 horas sem qualquer notícia. O irmão de Clara de apressou em querer saber com quem permanecia o paciente. Os enfermeiros pouco ou nada sabiam informar. Apenas diziam:
Enfermeira:
--- Aguarde! Está tudo muito bem. Apenas em sono! – relatava a enfermeira
Clara:
--- Agudem! Aguardem! É só o que sabem informar! – falou quase rouca de tanto gritar.
Irmão
--- Tem muita gente. É esperar mesmo. – relatava sem outro tema
Advogado:
--- Eu vou lá dentro! Quero ver se ninguém empata! – fez ficar pé o homem

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 04 -

- Gina Lynn -

- 04 -

ENTRADA

Enquanto a conversa perdurava, Otto Câmara destrancou e cadeado do portão da frente e iniciou a verificação da ampla moradia, vendo o sistema de iluminação e resolveu desligar a ligação da chama Arvore de Natal por ameaçar um curto circuito por um motivo qualquer. Na frente da casa ele desligou e ligou a chave de eletricidade havida no local. E depressa, caminhou direto para os quartos, banheiro, salas e cozinha a verificar as trancas. Ao seu lado estava o advogado Nicácio Lopes sem se meter com a importância do homem solitário. Ainda ajeito para levar à casa de sua sogra os brindes do Natal para ser distribuídos no outro recanto, longe da casa assombrada, por assim determinar. O advogado Nicácio observava tudo e nada comentava por ser um direito do homem. Ainda na residência, o advogado resolveu vistoriar o local onde o cadáver do rapaz foi encontrado e sem deixar marcas. O advogado partiu para o chiqueiro das galinhas a observar se havia algum sinal de alguém a despejar por cima do galinheiro ou mesmo se o rapaz saltou dali para a morte. E perseguiu o muro da casa ao lado a olhar com atenção os detalhes necessários. Mas de nada importou. O corpo não foi jogado por cima do galinheiro. Foi o que supôs. Nesse instante, um barulho ocorreu;
Nicácio:
--- Que foi isso? – indagou consigo
O seu amigo, Otto, correu para lado de fora dando no beco onde estava o Doutor Nicácio. Foi para fora também preocupado. E indagou com firmeza.
Otto:
--- O senhor caiu? – indagou assustado.
Nicácio;
--- Não. Ouvi um barulho. Pensava ser dentro da casa! – disse preocupado
Otto;
--- Não. Tive susto tremendo! Alguma coisa caiu por fora! – alegou alarmado
Nicácio:
--- Ou por dentro! O senhor passou por toda a habitação? – indagou perplexo
Otto:
--- Sim. Está tudo normal! – salientou com temor.
Nicácio:
--- Estranho! Um baque! Alguma coisa foi ao chão! – articulo a entrar na casa.
E então, os dois homens voltaram a habitação para haver o sucedido, pois tudo indicava ser algo no interior do lar. Talvez uma panela ou um monte delas. Algo derrubado acidentalmente. E os dois pesquisaram no quarto onde Otto dormia com a sua esposa. Logo após, o quarto das crianças, o banheiro e a própria cozinha. Foi então ter Otto se assustado de maneira maior. Um ser enigmático, cabelos loiros, barba por fazer, um semblante belo, boca suave, nariz e olhos igualmente delicados, porte alto a vestir todo de branco da cabeça aos pés. O ser sorriu e após alguns segundos, falou:
Ser:
--- Eu sou o Diabo! Ou outro nome pelo qual me chamam! Eu estou falando apenas para nós dois! O seu amigo não me ouve! Cuidado!!! O que eu deixei cair no seu quintal era um rapaz de 20 anos de idade! Eu vim busca-lo! – disse isso com voz tenebrosa.
Sem saber o que fazer, Otto olhou em torno e viu o amigo a inspecionar demais compartimentos e ele, estático, parado, assombrado a visualizar aquele ser demoníaco a falar não sabe como onde o homem, apenas o homem podia ouvi-lo. Otto queria gritar por terror em um assustado instante, mas não tinha nem como falar. Era um medo aterrador. O suor lhe corria à face e, ele, sem nenhuma causa, apenas se apavorava de medo. De repente, ele sentiu um cheiro de enxofre, algo bastante anormal. E, sem saber o que ao menos perpetrar e nem ao menos gritar, Otto averiguo com incerteza o ser demonico. Mas o diabo não fez segredo Disse apenas o ser demônio ter que ir, mas alguma coisa ele ali deixava:
Diabo:
--- O coração do rapaz vai ficar com o senhor! – alertou e sumiu.
Nesse momento, Otto delirou e sem que nem mais, foi ao solo plenamente desacordado. O baque assustou o doutor Nicácio Lopes e, de imediato se voltou para onde estava o senhor Otto Câmara. Ao ver o corpo estendido no chão do seu cliente, Nicácio indagou surpreso.
Nicácio:
--- Que houve? Caiu? – indagou amedrontado
Como não obteve resposta, Nicácio correu para acudir o seu parceiro. E vendo, assim, sem sentidos, o doutor Nicácio procurou fazer com que Otto então recobrasse a memória. E quase gritou para que alguém também pudesse ajudar. Porém não deu alarme. Apenas soprou para Otto despertar sem saber a razão de tal desmaio. E percebendo já a impossibilidade de fazer recobrar o sentido, o doutor arrastou o corpo inerte de Otto até uma cadeira próximo a mesa e por lá o deixou, apenas sem sentidos. O advogado não sabia o que fazer, assim, de imediato. Então ele se lembrou de haver um telefone e foi ligar para a sua casa onde pode falar com alguém.
Nicácio:
--- Alô! Expedito!!! Venha correndo na casa do morto!!! Venha!! Venha! – alertou
E desligou o fone voltando a soprar a cara de Otto, passar álcool nos pulsos e exercitar o homem para ver se era possível Otto retornar à memória. Nesse momento, entrou correndo para o interior da casa o senhor Expedito a procura de saber o necessário.
Expedito:
--- Que foi patrão? Ele passou mal? – perguntou ao ver o corpo inerte de Otto.
Nicácio:
--- Não sei. Eu ouvi apenas a queda e ele desmaiado! – falou vexado.
O jardineiro, Expedito, fez o que pode para ver se o homem recobrava os sentidos. E indagava ainda:
Expedito
--- Ele já teve dessas coisas? – estranhando
Nicácio
--- Não sei. Agora é que estou fazendo amizade com o homem. – deduziu
Expedito:
--- Como é que pode? É levar ao hospital! – conjecturou
Nicácio:
--- Desmaiado? – estranhou.
Expedito:
--- É o jeito. Não tem outra. – argumentou
Nicácio:
--- E que é que vou dizer? – indagou com dúvidas.
Expedito
--- Que o homem desmaiou. – respondeu
Nicácio
--- Como? – indagou sem noção
Expedito:
--- Desmaiando. Pei-bufo. – relatou
Nicácio:
--- Você tem razão. Vamos no carro dele. – reclamou.
Expedito
--- E o senhor vai assim? – perguntou apontando a vestimenta
Nicácio
--- Assim, como? - perguntou 
O doutor Nicácio vestiu um sobretudo avisando à sua esposa a estar socorrendo o vizinho ao lado, pois o homem perdera os sentidos de um só momento. Com a ajuda do jardineiro ele resolveu ir para o hospital onde médicos poderiam cuidar melhor.
Esposa:
--- E a mulher dele? – indagou preocupada.