- Jessica Biel -
- 10 -
ACASO
O senhor
Otto não se deu por temido e pouco lhe valeu aquela alusão ameaçadora. Em
certos instantes, o cavalheiro não sabia se era afronta ou não. Seres
demoníacos eram sempre história de almanaques ou livros antigos. Para Otto tudo
era da menor importância. E nem sequer pensou ter tido um desmaio por causa de
um ser diabólico quando esse lhe apareceu de repente em um início de manhã. Por
isso mesmo foi a frente.
Otto:
--- Não
importa quem o Senhor seja. Vai entrando no meu escritório esculhambando com
tudo e, ademais vem vomitar ser um satanás? E tire essa porcaria do meu birô! –
falou estupefato
E de
imediato o demônio rugiu como um lobo e jogo ao chão o embrulho a estar em cima
do birô de Otto. Findo isso, o Diabo sumiu de vez. O pacote se desembrulhou no
próprio chão e se saiu do seu interior algo bem sinistro. O cavalheiro
verificou o estrago feito e notou a presença de uma almofada vermelha da cor de
sangue e um coração a sacolejar com todas as suas veias de artérias numa força
incontida para ser apenas um pequeno coração a se debater a latejar. Otto olhou
aquele montículo de carne e, alarmado, procurou a alguém na entrada do
escritório para retirar aquela anomalia feita de carne sanguinolenta. Ao abrir
a porta do escritório se deparou apenas com uma secretaria e não a de vermelho.
Ele indagou:
Otto:
--- Onde
está a moça que acabou de sair? – furioso e exausto
A secretária
parece ter ouvido mal. E perguntou
Secretária
--- Quem,
doutor? Não avistei ninguém desde que cheguei. - relatou
Otto:
--- Uma
mulher. Sei lá. Uma moça. Bem vestida. Toda de vermelho! A senhora não a viu
sair? – indagou exaustado.
Secretaria.
---
Confesso que não. Desde as sete horas que estou aqui, e não vi ninguém entrar
ou sair. A não ser o senhor, doutor Otto. – disse mais.
Otto
---
Certo. Mas, consiga um faxineiro para fazer uma limpeza no meu Gabinete. –
relatou e fechou a porta
E Otto
voltou para o seu ninho do qual deixara há meio minuto. Ele foi direto para
reaver o que estava desmantelado por conta da visita de um Ser a não saber quem
era. E por isso dizia os mais escaldantes desaforos. E não a sua surpresa ao
chega no ponto certo onde estaria o coração que ele notou tudo bem arrumado sem
nada para se fazer. E alarmou, então.
Otto:
---
Moça!!! – gritou Otto tremendamente estarrecido
E demorou
um pouco mais de um segundo para a secretária adentrar no gabinete. E indagar
de olhar meio aflito
Secretária:
--- O que
é senhor? – indagou confusa
Otto
então olhou de volta para a porta e sem querer foi dizendo algo sobrenatural.
Otto
--- O
Diabo entrou aqui e colocou tudo em desmantelo. Agora! Veja! – gritou alarmado
apontando tudo normal como se nada houvesse a ajustar.
A
secretária não entendeu de nada e se pôs a verificar dentro dos termos
proferidos querendo averiguar o tal de desarrumado. E nada avistou. Muito pelo
contrário. O birô e as mesas próximas estavam delicadamente arranjados.
Secretária:
--- O que
foi, mesmo? – perguntou desnorteada.
Otto se
voltou para o local onde estava o coração e não avistou mais coisa alguma.
Então se voltou para a secretária e apenas indagou:
Otto:
--- Hum?
Nada! Nada! Nada! – falou sem saber o que estava a dizer.
E elevou
as mãos à cabeça caminhando para a sua escrivaninha sempre com as mãos confusas
sem saber o que fazer contemplando ininterruptamente para a secretária, com
seus olhos aboticados e nada mais ter a declarar. Vendo esse trauma, a
secretária indagou:
Secretária:
--- O senhor
está bem? – perguntou de modo delicado sem perceber algo mais.
E o
doutor Otto lembrou de perguntar:
Otto:
--- Hum?
O homem da faxina, por favor! – foi o que se lembrou em falar.
Após o
expediente, quando eram as 5 horas da tarde, Otto fechou o birô e saiu
apressado do seu Escritório com destino à sua nova moradia. No caminho ele
visualizou uma moça vestindo vermelho, mas não deu a mínima importância. Esse
era diferente da moça original, apesar de ter o rosto atraente. O trânsito
demorava um tempo enorme para permitir Otto alcançar a sua residência. Camelô a
oferecer bugigangas, gazeteiros a oferecer jornais da tarde, mendigos a
implorar por uma esmola, moças, rapazes, senhoras e senhores eram o atrativo do
fim de tarde em uma cidade ainda descuidada. O buzinar do transito deixava
louco a qualquer um, até mesmo Otto Câmara a se coçar como um louco.
Otto
--- Merda
de transito. Anda punhado de vermes! – era o que dizia pondo sua buzina a zoar.
Nesse
momento, uma mulher parecendo Clara, a esposa do homem Otto, atravessava a rua
entupida de veículos e chega fazer um congestionamento de transito, passando
por um e por outro carro chegou até a porta de veículo de seu esposo. De
repente bateu com força na lataria da porta chega o homem se assustou por demais.
Mas, o que ele notou foi a presença de Clara e, de imediato, abriu a porta para
a mulher poder entrar. E indagou
Otto;
--- O que
estás fazendo aqui? – indagou curioso
A mulher
procurou se sentar no banco dianteiro enquanto o veículo dava partida por pouco
tempo. E logo que possível, Clara falou:
Clara
---
Comprando linhas de costura. – respondeu a sorrir
Otto
--- Ah!
Bom. Era apenas me pedir que eu mesmo comprava. – respondeu
Clara:
--- Mas
eu tive consulta marcada com o médico. Demorou demais. – relatou.
Otto:
--- Ah.
Bom. Sendo assim, você aproveitou para comprar as linhas. – sorriu.
O sinal
foi aberto e transitou começou a fluir de forma lenta e a mulher solicitou para
o homem dobrar a esquerda, pois não havia carro naquela artéria. E o homem,
surpreso com a decisão de Clara tomou a esquerda para se desafogar do trânsito.
Então, Otto declarou.
Otto:
--- Para
quem não é motorista, você tem uma visão muito boa. – sorriu
Nesse
dado instante a mulher ao lado se transformou na bela dama de vermelho. E o marido
se assombrou com aquelas vestes.
Otto
--- Você
novamente? – indagou deveras atrapalhado.
A bela
mulher apenas sorriu e abraçou delirante o homem como se fosse ali, apenas, um
par de amantes. Otto, sem jeito algum, cedeu aos encantos proféticos da pura
mulher amada. A rua era menos clara e permitiu a ambos essa total sedução.
Mesmo assim, no mesmo instante, Otto acordou da ânsia abstrata. E indagou.
Otto
--- Quem
é você, afinal? – perguntou com espanto
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