quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 10 -

- Jessica Biel -
- 10 -
ACASO
O senhor Otto não se deu por temido e pouco lhe valeu aquela alusão ameaçadora. Em certos instantes, o cavalheiro não sabia se era afronta ou não. Seres demoníacos eram sempre história de almanaques ou livros antigos. Para Otto tudo era da menor importância. E nem sequer pensou ter tido um desmaio por causa de um ser diabólico quando esse lhe apareceu de repente em um início de manhã. Por isso mesmo foi a frente.
Otto:
--- Não importa quem o Senhor seja. Vai entrando no meu escritório esculhambando com tudo e, ademais vem vomitar ser um satanás? E tire essa porcaria do meu birô! – falou estupefato
E de imediato o demônio rugiu como um lobo e jogo ao chão o embrulho a estar em cima do birô de Otto. Findo isso, o Diabo sumiu de vez. O pacote se desembrulhou no próprio chão e se saiu do seu interior algo bem sinistro. O cavalheiro verificou o estrago feito e notou a presença de uma almofada vermelha da cor de sangue e um coração a sacolejar com todas as suas veias de artérias numa força incontida para ser apenas um pequeno coração a se debater a latejar. Otto olhou aquele montículo de carne e, alarmado, procurou a alguém na entrada do escritório para retirar aquela anomalia feita de carne sanguinolenta. Ao abrir a porta do escritório se deparou apenas com uma secretaria e não a de vermelho. Ele indagou:
Otto:
--- Onde está a moça que acabou de sair? – furioso e exausto
A secretária parece ter ouvido mal. E perguntou
Secretária
--- Quem, doutor? Não avistei ninguém desde que cheguei. - relatou
Otto:
--- Uma mulher. Sei lá. Uma moça. Bem vestida. Toda de vermelho! A senhora não a viu sair? – indagou exaustado.
Secretaria.
--- Confesso que não. Desde as sete horas que estou aqui, e não vi ninguém entrar ou sair. A não ser o senhor, doutor Otto. – disse mais.
Otto
--- Certo. Mas, consiga um faxineiro para fazer uma limpeza no meu Gabinete. – relatou e fechou a porta
E Otto voltou para o seu ninho do qual deixara há meio minuto. Ele foi direto para reaver o que estava desmantelado por conta da visita de um Ser a não saber quem era. E por isso dizia os mais escaldantes desaforos. E não a sua surpresa ao chega no ponto certo onde estaria o coração que ele notou tudo bem arrumado sem nada para se fazer. E alarmou, então.
Otto:
--- Moça!!! – gritou Otto tremendamente estarrecido
E demorou um pouco mais de um segundo para a secretária adentrar no gabinete. E indagar de olhar meio aflito
Secretária:
--- O que é senhor? – indagou confusa
Otto então olhou de volta para a porta e sem querer foi dizendo algo sobrenatural.
Otto
--- O Diabo entrou aqui e colocou tudo em desmantelo. Agora! Veja! – gritou alarmado apontando tudo normal como se nada houvesse a ajustar.
A secretária não entendeu de nada e se pôs a verificar dentro dos termos proferidos querendo averiguar o tal de desarrumado. E nada avistou. Muito pelo contrário. O birô e as mesas próximas estavam delicadamente arranjados.
Secretária:
--- O que foi, mesmo? – perguntou desnorteada.
Otto se voltou para o local onde estava o coração e não avistou mais coisa alguma. Então se voltou para a secretária e apenas indagou:
Otto:
--- Hum? Nada! Nada! Nada! – falou sem saber o que estava a dizer.
E elevou as mãos à cabeça caminhando para a sua escrivaninha sempre com as mãos confusas sem saber o que fazer contemplando ininterruptamente para a secretária, com seus olhos aboticados e nada mais ter a declarar. Vendo esse trauma, a secretária indagou:
Secretária:
--- O senhor está bem? – perguntou de modo delicado sem perceber algo mais.
E o doutor Otto lembrou de perguntar:
Otto:
--- Hum? O homem da faxina, por favor! – foi o que se lembrou em falar.  
Após o expediente, quando eram as 5 horas da tarde, Otto fechou o birô e saiu apressado do seu Escritório com destino à sua nova moradia. No caminho ele visualizou uma moça vestindo vermelho, mas não deu a mínima importância. Esse era diferente da moça original, apesar de ter o rosto atraente. O trânsito demorava um tempo enorme para permitir Otto alcançar a sua residência. Camelô a oferecer bugigangas, gazeteiros a oferecer jornais da tarde, mendigos a implorar por uma esmola, moças, rapazes, senhoras e senhores eram o atrativo do fim de tarde em uma cidade ainda descuidada. O buzinar do transito deixava louco a qualquer um, até mesmo Otto Câmara a se coçar como um louco.
Otto
--- Merda de transito. Anda punhado de vermes! – era o que dizia pondo sua buzina a zoar.  
Nesse momento, uma mulher parecendo Clara, a esposa do homem Otto, atravessava a rua entupida de veículos e chega fazer um congestionamento de transito, passando por um e por outro carro chegou até a porta de veículo de seu esposo. De repente bateu com força na lataria da porta chega o homem se assustou por demais. Mas, o que ele notou foi a presença de Clara e, de imediato, abriu a porta para a mulher poder entrar. E indagou
Otto;
--- O que estás fazendo aqui? – indagou curioso
A mulher procurou se sentar no banco dianteiro enquanto o veículo dava partida por pouco tempo. E logo que possível, Clara falou:
Clara
--- Comprando linhas de costura. – respondeu a sorrir
Otto
--- Ah! Bom. Era apenas me pedir que eu mesmo comprava. – respondeu
Clara:
--- Mas eu tive consulta marcada com o médico. Demorou demais. – relatou.
Otto:
--- Ah. Bom. Sendo assim, você aproveitou para comprar as linhas. – sorriu.
O sinal foi aberto e transitou começou a fluir de forma lenta e a mulher solicitou para o homem dobrar a esquerda, pois não havia carro naquela artéria. E o homem, surpreso com a decisão de Clara tomou a esquerda para se desafogar do trânsito. Então, Otto declarou.
Otto:
--- Para quem não é motorista, você tem uma visão muito boa. – sorriu
Nesse dado instante a mulher ao lado se transformou na bela dama de vermelho. E o marido se assombrou com aquelas vestes.
Otto
--- Você novamente? – indagou deveras atrapalhado.
A bela mulher apenas sorriu e abraçou delirante o homem como se fosse ali, apenas, um par de amantes. Otto, sem jeito algum, cedeu aos encantos proféticos da pura mulher amada. A rua era menos clara e permitiu a ambos essa total sedução. Mesmo assim, no mesmo instante, Otto acordou da ânsia abstrata. E indagou.
Otto
--- Quem é você, afinal? – perguntou com espanto


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