quarta-feira, 30 de julho de 2014

O INFERNO - 10

Alexandra Dahlstrom
HISTÓRIA
10
Jesus é um “mito”. Isso é dado porque a ciência já reverencia seus mitos de há muito. Antes de Jesus se teve Hórus também nascido a 25 de dezembro. Hórus, filho da Virgem Isis, a constelação da estrela onde reina três outras estrelas. Então, esses são os Três Reis (Magos) com certeza visualizado o Sol da Terra e mais ainda, no dia 25 de dezembro quando começa o solstício de inverno se celebra o dia do novo inverno. Jesus pode ter até nascido em outra data, porém não no dia 25 de dezembro quando foi crucificado, morto e sepultado. Esse sepultamento vem entre os dias 21 a 25 de dezembro. Ao terceiro dia, ressuscitou Jesus. Tudo isso é tão somente “mito”.  Tem-se noção cientifica de que os primeiros cristãos nunca festejaram o nascimento de Cristo no mês de dezembro. Os registros que comprovam Jesus não ter nascido nesta data estão bem claros na Bíblia Sagrada se for levada em conta ser a Bíblia o livro dos Judeus, e não dos Sumérios. Uma afirmativa está contida no livro de Lucas onde ele escreve ter sido o nascimento do Cristo no sexto mês (junho) ditado pelo Anjo Gabriel.  Todavia se tem que levar em conta quando Jesus nasceu era primavera e não inverno o qual é então na Judéia. A celebração, em dezembro é o solstício do inverno e não do nascimento de Jesus. E o Deus festejado é o Sol, Deus Mitha, data festiva de sua celebração. Em 21 de dezembro ocorre o solstício do inverno, o mais curto dia do ano. E 25 de dezembro é o primeiro dia no qual os antigos podiam notar claramente que os dias estavam se tornando maiores e que a luz do Sol estava retornando. Em síntese: Natal de hoje é uma festa pagã onde se decora árvores e se cantam hinos de louvor ao se supor está a desejar uma feliz data rica do solstício de inverno.
Canindé:
--- Como você pode sustentar tal fato? – perguntou de forma esquisita.
Sócrates sorriu e voltou a tecer comentários alusivos à festa cristã ou não.
Sócrates:
--- Vejamos bem: Atenas, Grécia. É uma cidade viva entre comércio e cultura. Porém Atenas é uma Cidade de Fé. Grega e ortodoxa. É uma parte do grande ramo oriental do cristianismo. Mas, já existiu um outro mundo em Atenas do qual restam apenas fragmentos torturantes. Quem busca no tempo está à procura de elementos históricos de um mundo igualmente vivo e religioso.  Esse chamado Mundo da Grécia Antiga. O seu legado é a mitologia grega. Tal Mundo era povoado por muitos Deuses e Deusas, cada um com determinado poderes e história. Dezenas de milhares de anos anteriores ao tempo bíblico, contos sobre Deuses e seus feitos eram passados adiante por contadores de histórias. É bem difícil mas numa tentativa de imaginar como era naquela época o que as crianças pensavam e como se impressionavam com “como Zeus deu à luz a Atena de uma dor de cabeça”. Apolo, que era um jovem muito incivilizado e que se tornou depois o Deus da ordem, da música e da arte. Poseidon, que criaria pedras quando estava com raiva. Atena, que era a protetora de uma cidade e zelava pela paz. – fez questão em firmar.
E então Canindé indagou por certo:
Canindé:
--- E que governava esse império infernal?
A sorrir polidamente, Sócrates respondeu.
Sócrates:
--- Presidindo sobre todos estava Zeus, deus do Céu, deus do trovão. Está sob o domínio de Zeus a própria natureza. Havia dois jarros da soleira da porta de Zeus: um jarro do bem. Um jarro do mal. Para cada homem, Zeus entornaria uma porção do bem e uma de mal. – explicou o rapaz
Havia Afrodite e Atos, dois lados da mesma moeda. Afrodite, ela é a Deusa da sexualidade de modo mais claro, da sexualidade feminina. É a Deusa da beleza e está associada à fertilidade. Por outro lado, há Artemis, uma virgem casta. E Apolo, que como todos os Deuses e Deusas da Grécia antiga tinha mais de um poder. Ele era o organizador, o civilizador. Era ele que levava estradas a lugares onde não existiam. Apolo curava, mas também podia trazer pragas. E isso acontecia com muitos Deuses gregos. Eles, se podiam causar algo, também tinham o poder de cessá-lo.
Canindé:
--- Talvez fosse um governador desses que temos hoje. Ou um Presidente. Seja o que for. Para mim, Deus na antiguidade era o mesmo que ser Presidente. – adiantou.
Sócrates:
--- Isso. Isso. Um Manda-Chuva!  - gargalhou.
Canindé:
--- É isso mesmo. Ele podia até matar os rebeldes. – ele disse isso a olhar para o amigo.
Sócrates:
--- Esses Deuses e Deusas surgiram à medida que os gregos antigos buscavam sentido e, talvez fé no Mundo constantemente mutável. Suas histórias foram adornadas e modificadas através dos tempos. A Grécia é habitada desde cerca de 70 mil anos antes de Cristo. E houve invasões de povos do Oriente Médio e do Norte. Cada invasão trazia outras divindades. Os Deuses gregos são um amálgama de várias culturas, principalmente do Oriente Médio. É, sem sombras de dúvidas, tão grande a diversidade de Deuses gregos que eles são diferentes de outros Deuses da região do Mediterrâneo porque incorporaram elementos de vários povos ao redor e não são parecidos com os de outros povos como os da religião dos Celtas ou da Itália. – lembrou o amigo
Canindé;
--- Dá para notar. Eu digo apenas no Brasil. Criam-se imagens de Santos, cada um diferente. Se você verificar os de Nossa Senhora, é uma infinidade de diferença. O de Jesus, nem dá para acreditar. Anjos, Arcanjos, Querubins. Uma eterna confusão. – destacou o rapaz.
Sócrates:
--- É isso mesmo! Não dá para acreditar mesmo. – gargalhou.
Essas histórias da Grécia foram sendo passadas através da tradição oral. Mas, por volta de 750 antes de Cristo, foram reunidas, organizadas e escritas. Apesar de pesquisadores debaterem se um ou vários autores estiveram envolvidos nessa proeza, a crença popular é de que apenas um:
Sócrates:
--- Homero! A verdadeira cristalização da mitologia grega se deu por volta da época de Homero, em 750 antes de Cristo. Com Homero, temos a criação da mitologia grega e a criação dos Deuses. Homero deu aos gregos os seus Deuses. Foi o mais próximo que os gregos tiveram de uma Bíblia. – ele destacou.
No começo Homero conta: havia oceano. O espírito de grande circular e infinito rio correndo eternamente de volta a si mesmo. Havia também uma outra presença: Havia também uma outra presença chamada de a Primeira Mãe – Tercia -. Quando, finalmente se encontraram deram início a uma linhagem de descendentes que depois reproduziriam os Deuses e Deusas dos gregos antigos.
Sócrates:
--- Cerca de 50 anos depois de Homero o poeta Hesíodo escreveu a Teogonia na qual também descreve a criação Deuses. Mas, segundo Hesíodo, o Mundo começou diferente. Primeiro havia uma presença sobrenatural chamada Caos, nome que significava “Vazio” e não “Desordem”. – explicou o jovem.
Era uma vez o Caos. E depois do Caos, veio uma deusa chamada Gaia – ou Terra -. E Gaia se casou com Urano, o Céu. Urano, entretanto, não queria filhos. Ele se sentia ameaçado por eles e evitava que nascessem. Gaia conspirou com Cronos, um dos seus filhos por nascer e castrou seu pai, supostamente de entro do útero da mãe. Os genitais feridos de Urano caíram no Mar de onde emergiu uma surpreendente entidade: Afrodite, deusa do amor.
Sócrates:
--- Essas histórias constituem o que é conhecido como “mitologia” grega. Para os gregos antigos essas histórias era uma questão de “Fé”. Elas ajudavam a explicar como e por que o Mundo funciona dessa forma. Amor e guerra, violência e sexo estão profundamente ligados na mitologia grega e não só nela, como em inúmeras mitologias. Por que essas coisas estão ligadas? Imagine-se porque povos antigos, e certamente os gregos intuíram sentimentos passionais e profundos e estavam ligados na mente e nas emoções humanas. – revelou o homem.
Canindé:
--- Na verdade, em nossos dias, tudo isso aparece e sempre como se fosse uma novidade. Eu sei de um caso de um filho que castrou o seu pai. Isso gerou um pandemônio na localidade onde se deu o fato. O rapaz foi preso e condenado a trinta anos de reclusão. Porém, o rapaz foi morto na detenção por um seu inimigo. Talvez essa briga tenha sido consequência de casos anteriores em vidas passadas. – relatou com a cabeça abaixada.
Após esse fato a história continuou por longas horas.


terça-feira, 29 de julho de 2014

O INFERNO - 09

SANDRINE BONNAIRE
RECOMEÇO
09
Ainda a caminho da casa de Canindé, os dois jovens enamorados seguiam a conversar sobre esse tema do final do mundo. Para Canindé tudo era muito confuso não sabendo afirma ser o tal fim uma questão para se ter em mente quando seria ou não. Casos que envolvem a morte era um verdadeiro suplicio para o rapaz. A questão é que ele não aceitava a morte nem mesmo como passagem para um outro campo da vida. Como seria a vida de um ente próximo se ele morreu e não deu mais notícias? Esse era um caso em questão.
Canindé:
--- Não consigo entender com é a questão da morte. Quem morre, acaba. Essa é a minha opinião. – falou com ênfase.
Sócrates:
--- O que ocorre é que nós morremos em um corpo físico. Todo corpo físico perece. A questão é que toda matéria tem um tempo de existência. Se formos ver pelo lado espirita, tem a certeza de que esse lado da vida imortal. O nosso espirito vive por toda a eternidade. E em cada Mundo onde esse corpo vai habitar em outro corpo físico esse tal corpo tem uma duração. – falou com paciência o amigo de Canindé.
Canindé ficou em silencio por longo período de tempo para entender estar um parente seu a existir em algum outro planeta, que não a Terra. E foi então que ele indagou;
Canindé:
--- Tem uma certa questão: a influência de mortos em vivos. Como é isso? – indagou.
Sócrates:
--- Isso é simples. As pessoas influenciam outras pessoas do mesmo modo como os espíritos influenciam a nós próprios. E tal influencia acontece 24 horas por dia. Até os Astros influenciam a Natureza. Basta ver a Lua e a sua influência sobre as marés, as plantações, as colheitas e tudo mais. Os espíritos estão constantemente em torno de nós. Eles chegam a conhecer até os pensamentos que desejamos ficar oculto. Como eles estão desvinculados a nenhuma matéria é por demais amplo o seu horizonte. Até mesmo os espíritos inferiores tem a condição de ler os nossos pensamentos. – declarou o rapaz.
Canindé:
--- Nossa! Isso é uma verdadeira barafunda. Eu não quero nem pensar. Eles descobrem os nossos segredos? – indagou preocupado.
Sócrates.
--- Não há segredo para os espíritos. Esse negócio de “cochichado” para o mundo espirita não existe. Há por aqui. Tudo bem. Mas do outro lado da vida, ah, isso não existe. – confirmou
Canindé:
--- Isso é preocupante! Um rapaz tem um segredo e por nada no mundo ele deseja que se saiba! Vem o espirito e acaba com tudo? Não pode ser! – relatou com mágoa.
Sócrates fez esforço para não sorrir e disse então:
Sócrates:
--- Tudo aquilo que representa ainda imaturidade psicológica são espaços que se abrem para que os espíritos, se valendo deles, fazendo um movimento de encaixe e exercendo uma influência em uma pessoa, alterando lhe o processo vivencial. – explicou com exatidão.
Canindé:
--- Hum? Você tem cada explicação que me deixa mais confuso! – declarou com espanto.
Sócrates:
--- Muito bem! Agora, me diga algo que eu ainda não sei. Você acredita em Deus? – perguntou
Canindé olhou atento ao rapaz antes de lhe responder. E então declarou:
Canindé:
--- Depois de tudo que ouvi, agora essa questão me deixa em dúvida. Mas, na verdade eu creio em um Ser superior. Se não, quem criaria isto tudo além desse Ser? – indagou preocupado.
Sócrates:
--- Mas o Universo existe a bilhões de anos. E pode haver até multiverso. Ou seja: vários Universo passando a seu lado em um vai e vem constante que você nem percebe por estar em outra dimensão. Isso não teria sido feito por algum espirito ou homem. Isso nasce, cresce e, depois morre. Mas, se morre, esse Universo vivifica. É uma constante Universal. Veja bem: milhares de anos antes de Jesus nascer, teve um fenômeno bem pouco aqui divulgado. O Sol com o seu poder de dar vida. Esse Sol foi personificado no seu tempo como um “Deus”.  Era ele a luz do Mundo, o salvador da humanidade. Em tempos remotos se teve um Deus Hórus, de três mil anos antes de Cristo. Nos escritos egípcios conhecia-se muito sobre esse “messias” solar.  Hórus, sendo o Sol tinha como inimigo o Deus Set que era a personificação das Trevas. Isso mostra a guerra entre dois Deuses: Noite e dia. Ou dia e noite. Trevas versos Luz ou Bem versos Mal tem sido uma dualidade mitológica onipresente.
Canindé:
--- Onde você quer chegar, afinal? – indagou preocupado.
Sócrates observou muito bem a face do seu amigo e prosseguiu.
Sócrates:
--- Muito bem. Veja isso: Hórus nasceu a 25 de dezembro da Virgem Isis Maria. O seu nascimento foi acompanhado por uma estrela no Oeste que, por sua vez, foi seguida por três Reis em busca do Salvador recém-nascido. Aos doze anos era uma criança prodígio nos seus ensinamentos e aos trinta anos ele foi batizado. Hórus teve 12 discípulos e viajou com eles fazendo milagres tais como curar os enfermos e andar sobre as águas. Hórus também era conhecido por vários nomes como a Verdade, a Luz, o Filho Adorado de Deus, o Bom Pastor, o Cordeiro de Deus entre muitos outros. Depois de ser traído por Tifão, ele, Hórus foi crucificado, enterrado por TRES dias e, então, ressuscitou. Esses atributos de Hórus parecem influenciar várias culturas mundiais e muitos Deus encontrados com a mesma estrutura mitológica. Temos Attis, da Grécia, Krishina, da Índia, Dionísio da Grécia, Mitra da Pérsia. O que importa salientar que existiram inúmeros salvadores em diversos lugares da Terra que preenchem essas mesmas características. Por que o nascimento de uma virgem em 25 de dezembro? Por que a Morte e a Ressureição após três dias? Por que os 12 discípulos ou seguidores?
Canindé:
--- E por que? – indagou surpreso.
Sócrates sorriu e respondeu:
Sócrates:
--- Vejamos: Jesus Cristo nasceu em 25 de dezembro, em Belém. E o seu nascimento foi seguido por uma estrela, no ocidente tendo visto por três Reis Magos para encontrar e adorar o novo Salvador. Tornou-se pregador aos 12 anos e aos 30 foi batizado por João Batista e então iniciou seu Ministério. Jesus teve 12 discípulos que viajaram com ele praticando milagres, curando doentes, andar sobre as águas e ressuscitar mortos. Ele também é conhecido como o Rei dos Reis, a Luz do Mundo, o Filho de Deus, o Cordeiro de Deus entre muitos outros. Em primeiro lugar a sequência do aparecimento é astrológica. A estrela no Ocidente é Sírios que a 24 de dezembro se alinha com três estrelas brilhantes no Cinturão de Orion. Essas três estrelas são ainda chamadas como na antiguidade: as Três Marias. Essas estrelas apontam para o nascer do sol a 25 de dezembro. A Virgem Maria representa a Constelação de Virgem e como a Casa do Pão. E a representação de Virgem é o de uma representação de uma virgem segurando um feixe de espiga de trigo. Por conseguinte isso representa o período da Colheita. Por sua vez Belém é a tradução de “A Casa do Pão”.  E representa um lugar no Céu e não na Terra. Quando ocorre o 25 de dezembro, é também o solstício de inverno quando os dias se tornam mais curtos. Quem está no hemisfério norte o Sol desaparece por três dias simbolizando o processo de morte. – testificou o rapaz.
Canindé:
--- Rapaz! Por que não se disse isso de uma vez? – indagou alarmado.
Então Sócrates coçou a cabeça e fez um gesto de quem não saia muito bem, e advertiu ser tudo aquilo do conhecimento público.
Sócrates:
--- Por isso Jesus é um mito. – declarou. 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O INFERNO - 08

ANNE HATHAWAY
DOENÇA
08
De susto Sócrates se voltou para o rapaz a indagar assunto dito na Sessão onde ele esteve há poucos instantes e notou em um semblante cheio de dúvidas e inquietação para poder interpretar e responder. O moço a transitar sem pressa queria saber da verdade sobre os mensageiros como falou o médium. Então Sócrates lhe formulou a questão:
Sócrates:
--- O companheiro tem alguma dúvida? – indagou com exatidão.
Moço:
--- Ah. Tenho! Eu perguntaria agora: e se eu ficasse enfermo, o mensageiro estaria pronto a me ajudar? – formulou a questão.
Diante do caso, Sócrates ouviu e fez questão em falar não ter sido esse o caso. Porém, de qualquer forma ele responderia com certeza.
Sócrates:
--- Não foi esse bem o caso. Mesmo assim o amigo me pergunta sobre uma inquieta questão. A doença pode ou não ser do espirito. De qualquer forma é o espírito quem sofre. Pelo que sei falar, adoecer é perder a saúde. Todos nós nascemos com células com alguma imperfeição. E ao longo da nossa vida, elas vão se reproduzindo. Todos nós temos células cancerosas. Todavia, somente no momento que nós disparamos o gatilho, como a mágoa, a raiva, o orgulho, a arrogância, a gente fica impressionado que pode ser o gatilho que desenvolve uma doença. No nosso DNA nós sabemos que temos probabilidade a inúmeras doenças. O seu desenvolvimento está atrelado que o espírito trás para a sua evolução. Conseguiu ver a casa da doença? – indagou
Moço:
--- Creio que sim. Mesmo prossiga! Quis saber de algo mais.
O rapaz Sócrates observou com muita atenção o seu interlocutor. E prosseguiu.
Sócrates:
--- Muito bem. Quando não existem as mortes prematuras, inesperadas, repentinas a vida se transforma em um ciclo natural e no acúmulo de anos as doenças surgirão porque fazem parte daquele caminho que nós escolhemos para a nossa evolução. – falou tranquilo.
Moço:
--- Mas se eu não tenho uma certa enfermidade e como isso veio acontecer comigo? – respondeu inquieto.
Sócrates:
--- As doenças, muitas vezes, acontecem de uma forma programada. Elas são fruto da imprevidência ou são fruto de algum compromisso de alguma coisa que precisa ser aprendida em uma determinada existência. Nem tudo é passado. – respondeu tranquilo.
O moço ficou em silencio e de cabeça abaixada como se estivesse a recordar de algum caso ocorrido ao longo de sua vida ainda tão precoce e ditosa. Então indagou consciente da questão.
Moço:
--- Então o senhor quer dizer que nós adoecemos porque somos espirito em evolução? – fez questão em saber
Sócrates:
--- É isso mesmo. A prefeita saúde nós vamos conseguir no momento em que os nossos espíritos tiverem mais evoluído. – fez questão em afirmar.
O moço ficou pensativo como sem querer da sua própria evolução. Aquele era então um questionamento para ser feito muito mais adiante quando a sua saúde já estivesse debilitada por completo. E se lembrou de sua avó. A mulher, de certa idade, já não se levantava da cama tendo as empregadas a cuidar do banho e de outras necessidades urgentes. A mulher morava em uma casa onde havia quartos e o dela ficava no interior da habitação, quase no terraço de trás, onde ninguém podia mais a vislumbrar de certo.
O centro da cidade já não tinha mais tão grande movimento se tornando apenas um meio da prostituição com as damas da noite nos seus acertos financeiros aos magnatas do arrebol.  O moço se largou pela rua principal da cidade e desapareceu. Enquanto isso, os três amigos – Sócrates, Canindé e Racilva – seguiram ao contrário. Racilva em um dado instante colou sua mão na de Sócrates, como namorados, e sorrindo, seguiu delirante ouvindo o conversar do seu novo adorado. Esse nem dava importância ao fato. Apenas obedeceu as ordens da moça e sorriu franco. A caminhar, Sócrates revelou ter conhecimento da família do moço. Seu nome era Clovis e fazia algum tempo que o mesmo frequentava o Centro.
Sócrates:
--- Certamente ele está confuso por conta da enfermidade se sua avó. A mulher sofre de uma paralisia. Desta forma, ele busca remédios espirituais para curá-la -  relatou.
Racilva:
--- Quem é essa velha? – indagou preocupada.
Sócrates.
--- Ela vive solitária em um cômodo de sua habitação no caminho do Quartel de Polícia. – fez ver o adorado homem.
Racilva fez um gesto de quem estava entendendo e nada mais.
Em outra semana Sócrates e os seus amigos Canindé e Racilva estava no Centro onde um estava um médium a falar sobre o Fim do Mundo. O assunto era uma novidade para os espiritas então presentes os quais procuravam ouvir com a maior atenção. E dizia o médium ter um mundo espiritual o cuidado de oferecer a todos o maior cuidado para se evitar uma devastação como nunca houve. Em sua preleção não haverá catástrofe, terremoto ou maremoto. Tudo obedece a um ciclo natural das coisas.
Preletor:
--- Vemos nesse Mundo as grandes catástrofes, guerras, violências e diversos aspectos da civilização. Mas, ao que parece nós estamos na época do Exército romano quando ocupou vasto território da Europa, inclusive da Judéia. Isso, há dois mil anos. No espaço, sempre surgiu a ideia do Fim do Mundo. Então, o Mundo já devia ter acabado há muito tempo. Por conseguinte, essa grande escola ainda está no começo tendo nós toda essa facilidade de chegamos eu seu fim há bilhões de anos. Há movimentos religiosos que fazem esse trauma. A questão é que tal tema consegue criar um receio da humanidade com suas preocupações da forma acontecida. A humanidade não entende de tudo o que se passa em seu Mundo, então tais pessoas pregam uma hecatombe para acabar com tudo e começar tudo outra vez. Muito já foi dito sobre o Fim do Mundo tendo sido previsto então. Nós podemos contar com o Apocalipse, Nostradamus e até mesmo nos Maias, civilização remota que existiu nessa nossa América Central. A cultura do Fim do Mundo não é algo específico dos nossos dias. A questão principal é o surgimento da vida como nós a conhecemos. Na realidade, no Ocidente surge um problema católico-judaico a se ater no Apocalipse, caso muito ocidentalizado. Há estudos com relação a terremotos e relatamos ter muito menos tais fenômenos do que antigamente. Esses fenômenos tem a sua origem da rotação dos Planetas e antes desse tempo, ondo ocorriam tais fenômenos não havia população ou não havia meios de divulgação. Então, as pessoas fazem uma ligação mística entre tais fenômenos como se fazia na antiguidade com relação aos trovões. – falou bem certo o médium.
Na sala houve um mutismo geral com pessoas a se recordar do tempo de 1900 quando se anunciou o Fim do Mundo. E nada disso ocorreu. O que mais assustou a humanidade foram as Guerras havidas e o maior problema foi Adolf Hitler, uma vez não se ter pensado nem mesmo na França, com Napoleão Bonaparte e seus Exércitos dizimados ante a Rússia em 1812. E a continuar, o médium foi mais além ao afirmar:
Médium:
--- Tivemos em nossa América Central a população Maia, como eu já falei aos meus caros irmãos. Esses Maias compilaram um Calendário para melhor raciocínio e mostra que a cada 5.126 anos há mudança: a transformação da humanidade, o mesmo tema do Espiritismo. Agora, a Terra não vai acabar e não precisa nós nos confundirmos pois vamos continuar trabalhando como estamos e além do mais quem pertence a um grupo que defende essa ideia é bom lembrar ter havido outras datas, como a da II Grande Guerra e afinal tudo isso passou. É bom lembrar termos nós o pensamento da desarmonia pois não há nenhuma arma científica de nenhuma área da ciência com relação a esse relacionamento. – concluiu o médium.
Depois dessa explanação os adeptos forma para a sala de passes ainda em confusão com a sua ideia do por que o médium destacou tal tema em uma noite tão morna. Logo ao final saíram Sócrates, a sua namorada Racilva, e Canindé o irmão da jovem.  

domingo, 27 de julho de 2014

O INFERNO - 07

CHLOE NORETZ
O RIO
07

O avião modelo Catalina amerissou sobre as águas do rio Potengi em um trajeto linear até voltar para o Cais de embarque e desembarque da Rampa, um porto existente no Iate Clube. Em meios às Yoles e navios de cargas, o Catalina seguiu direto para o seu pequeno porto onde havia mais dois aparelhos a estacionar no fim do Cais. O jovem Canindé observava a todo o trajeto do avião anfíbio com surpresa e emoção. Ao seu lado estava o Pescador também a observar o manejo do Catalina. E ele nada falou mais dos ébrios a estar na porta do boteco a conversar coisa sem nexo mostrando apenas as moedas de cruzeiro ainda em seu poder. O avião Catalina fazia vou a pousar em Natal, certamente para deixar ou levar alguns pertences para algum local desejado. Esse aparelho era um bimotor e tinha sido bastante utilizado durante a II Guerra Mundial. A sua função primordial era a de realizar o transporte para locais inóspitos e missões anti-submarinas no Oceano Atlântico. Posteriormente versões para o uso civil foram utilizadas. No seu amerissar, o hidroavião tinha três pneus os quais lhe permitiam subir em terra firme. O pessoal da pesca no momento em que o Catalina pousou no rio, se voltou para rever aquela nave de tantos sucessos em anos passados. A meninada pulou na água do rio querendo imitar a ação do hidroavião. Mesmo assim nem chegava tão perto do aparelho. Os hidroaviões utilizam flutuadores em lugar do trem de pouso convencional, sendo que a sua fuselagem não chega a tocar da água. Enquanto isso a aparelho adentrada na sua hidrobase da Rampa onde estavam os pilotos dos demais aviões flutuantes.
A criançada foi até o muro de proteção da Rampa a admirar aquele monstro do ar. Todos estavam inquieto a vislumbrar o aparelho. E eles supunham ser um mágico o homem cheio de fardamento a guiar o sagrado e imenso hidro. Nesse ponto, se acercou à mureta o rapaz Canindé a admirar também o aparelho voador. No Brasil, o Catalina era bastante empregado tanto pela Força Aérea, realizando missões de patrulhas, de busca e salvamento, e de transporte de cargas e passageiros. Delirante como um menino, Canindé admirava o hidroavião, aparelho visto por ele tão de perto como nunca imaginara. Os tripulantes se deslocavam para os abrigos enquanto os militares de serviço cuidavam da proteção da nave com todo o equipamento disponível.
Canindé:
--- Que maravilha! – dizia o rapaz a delirar.
Pescador:
--- Esse tipo de aeronave vem desde 1910. – relatou
Canindé:
--- Eu não sou desse tempo. – sorriu
Pescador:
--- Tem estudos a respeito. – verificou.
E o Pescador lembrou ter sido a Capital o ponto extremo da II Guerra Mundial. E foi mais além ao recordar ter sido Parnamirim desde os anos de 1920 a parada obrigatória para os aviões vindos da Europa abastecer por conta da distância do continente africano. Quando irrompeu a II Guerra a América do Norte resolveu em um tratado com o Governo brasileiro construir a maior base do mundo em terras brasileiras. Natal era a encruzilhada do mundo das rotas aéreas porque era o único lugar onde era favorecido pelo clima ameno em qualquer tempo e o local mais próximo do Velho Mundo. Uma revista norte americana – Life – de 1943 conta um pouco da rotina durante a operação bélica em Natal. Relógios suíços, meias de seda a preferência dos militares americanos para levar para as suas namoradas.
Pescador:
--- Durante a Guerra, um avião norte americano caiu bem próximo ao forte dos Reis Magos. Apesar dos esforços, nunca pode ser recolhido esse avião. Aqui, naquele tempo, podia ser explorado como filão turístico. A II Guerra reposicionou o Brasil, abrindo as portas para a democracia e trouxe os americanos com toda essa cultura de consumo. – falou o homem
Canindé:
--- Incrível. Eu sabia de algo de consumo na Cidade. Mas não sei muito bem do alcance dessa força, como o senhor fala! – discorreu o rapaz.
Pescador:
--- Dezenas e dezenas de hidroaviões decolavam aqui desse ponto durante esse período. Aqui, na Rampa ocorreu o encontro histórico entre os Presidentes dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, e do Brasil, Getúlio Vargas. Teve bastante conflito durante a Guerra. Americanos foram feitos prisioneiros em Campos de Concentração, por Adolf Hitler. E esses americanos sofreram horrores naqueles idos tempos. Natal, pequena cidade, foi o balsamo da Guerra para esses homens. – falou com lágrimas o pescador.
Canindé:
--- Esse era um verdadeiro “Inferno”. Não tem por que negar. Eu já era nascido naqueles anos inglórios. Meu pai residia em uma rua perto da Matriz. Trincheiras por todos os lados. Holofotes imensos postos em cima do Morro em Petrópolis. De noite não se acediam candeeiros. Patrulhas a inspecionar das nossas residências. Eu tinha 08 anos quando começou o conflito e morria de temor por causa dessa tortura – relatou o jovem.
O Pescador ficou olhando a Catalina, mas seu pensamento divagava para outros conflitos de memória passada a qual ele não queria falar. Um pesqueiro entrou de rio a dentro fazendo o seu habitual barulho e deixando para trás a fumaça de óleo diesel. Outra lancha vinha da praia a Redinha com a sua zoada habitual para encostar no Cais do Canto do Mangue e deixar naquele local uma porção de gente com as suas encomendas a negociar na feira do bairro das Rocas. Tudo aquilo se passou a um só minuto. Um estrondo alucinante fez a terra tremer forte. Os barqueiros ficaram alarmados com o ensurdecedor barulho. E todos correram para ver o acontecido de momento. O ensurdecedor barulho era de um caminhão que foi de encontro a uma locomotiva a fazer o seu trajeto próximo ao Cais do Porto. O estraçalhar da ferragem trucidou todo o caminhão postado para longe da máquina do trem. De momento, as pessoas voltearam para o local de ver o maquinista da locomotiva apenas a balbuciar.
Maquinista:
--- Louco! Ele é louco! Como não viu que eu vinha passando? Louco! Louco! – gritava o maquinista a procura do motorista do caminhão.
O motorista estava posto em bagaço onde pouco se juntava do seu dilacerado corpo. O acidente ocorreu há poucos metros da entrada o Cais logo à frente de onde estava o jovem Canindé. Do caminhão nada restava. O motor do carro foi jogado para um lado enquanto a carroçaria ficou de se juntar aos poucos em volume. Nem mesmo se juntava o resto dos diferenciais ou da consumida lataria. O ajudante do caminhão conseguiu escapar pulando fora ao ver a se aproximar aquela montanha de ferro e aço.  Juntaram-se pessoas das classes mais humildes para ver se ajudavam no retirar dos escombros do caminhão até a chegada das autoridades policiais incumbidas de dar assistência em casos como esse. O comércio das avenidas próximas teve que parar as suas vendas porque o pessoal cuidou em sair para ajuda aos escombros do carro. Eram vendedores de lojas a se misturar com empacotadores de couros de gado e de bodes. Todos na mesma função. Com cuidado, Canindé surgiu até o Cais do Porto no intuito de fazer algo. Com meia hora depois da tragédia a polícia estava no local cuidando de isolar toda a área. O tempo levado foi de todo o dia até o cair da tarde. Quando deu a uma hora da tarde Canindé, sem poder nada, cuidou de seguir sua viagem.
À noite havia sessão no Centro Espírita. Canindé e sua irmã, Racilva, estavam presentes com Sócrates e toda a gente costumeira. O preletor fez uma exposição sobre o acentuado programa do exemplo dado às pessoas ser o espiritismo algo em comum com a Bíblia. E fez questão em negar ser o espiritismo contra a Sagrada Escritura. Durante décadas a Igreja Católica tem difamado a doutrina espírita ao afirmar ser esse meio de conhecimento algo como coisa do Diabo. E falar mais em espíritas serem pessoas doentes mentais por ter causa da mediunidade.
Preletor:
--- Esse fenômeno surpreende, pois o médium espírita tem faculdade de poder enxergar algo paranormal ouvindo vozes casos diferentes para o grande público. Tais fenômenos são dons espirituais. Tais espíritos oram em línguas através dos médiuns. A Bíblia está cheia de fenômenos mediúnicos como os ruídos, barulhos, pancadas. Esses são fenômenos mediúnicos. As Tábuas da Lei foram entregues a Moises durante sua presença na Sarça Ardente e foi escrito por um Anjo, ou seja, um enviado. Esse enviado fez as Tábuas dos Dez Mandamentos. Tal fenômeno ocorrido na Sarça Ardente, no Monte Sião, envolvendo Moises, um iniciado nos Conhecimentos egípcios antigos, foi um presente de um Anjo, ou seja, um espírito. Mas nem todo espírito é um enviado com a missão de trazer uma mensagem. Nem todo espírito é um Mensageiro do mundo espiritual. Por conseguinte, não foi um Deus que fez a entrega das Tabuas, o Decálogo, a Moises, e sim um Mensageiro, um espírito. E esse espírito fez a entrega a Moises por ser este um grande médium. – relatou o homem.
Nesse ponto foi encerrada a parte doutrinária feita habitualmente nas sessões realizadas nas Lojas de Oração.  Após a sessão de passes todos deixaram o Cetro e os novos amigos seguiram a conversar situações como as apresentadas pelo preletor. Então alguém se aproximou de Sócrates e foi logo a indagar do médium espírita.
Alguém:
--- Você acredita no que ouviu? – indagou bem sério

sábado, 26 de julho de 2014

O INFERNO - 06

O MAR
06
O Sol já aquecido da manhã deixava queimar com todo ímpeto a carne musculosa dos braços do rapaz. Em certa ocasião Canindé desviou o olhar para ver o astro e sentiu mais forte o seu ardor de apenas às 09.00 horas da manhã. Algo tenebroso lhe fez ofuscar a visão. Ao seu lado caminhava o homem procurando atravessar a ponte improvisada naquela rua sem nome. Na passagem tinha o mangue onde havia vegetais típicos da maré do rio Potengi antes de alcançar o mar com uma sequência de peixes miúdos e crustáceos como camarão e caranguejo uçá espécie franca da região onde surgiam quando a maré era baixa. Havia mangue de um lado e outro da ponte de paus. Essa ponte só permitia a passagem por cima, uma vez ter por baixo a lama da maré e de um riacho de águas fétidas vindo da região do Jacó para um baixio chamado de Petrópolis. Com o temor de um escorrego, Canindé atravessava a ponte com os seus braços abertos feito um aeroplano até atingir a margem seguinte. Do mesmo modo seguia o homem. Ambos alcançaram o solo firme quando Canindé sorriu para o seu acompanhante temendo em falar do cruzamento estremecido aquela que ambos tinham feito. Mal se virou para falaz ao homem, Canindé sentiu um calafrio ao perceber não haver alguém a não ser uns catadores de peixes e caranguejos do outro lado do mangue posto em terra quase firme. Era bem conhecida a Rua São João onde a água batia nas portas dos casebres quando a maré estava cheia. O certo é que Canindé se estremeceu por todo e de vez escapou a procura do local chamado Canto do Mangue onde em meio da pouca gente ali existente procurou alguém para lhe falar de uma assombração sucedida em plena manhã de sol.
Canindé:
--- Socorro! Socorro! Uma visagem! Socorro! – gritava estremecido o rapaz.
Quase ninguém deu a menor importância julgando ser ele mais um louco com o costume de aparecer naquelas paragens entre barcos e navios. Nem por isso houve quem o fizesse clamar por ajuda diante do visto naqueles instantes logo perto do porto. Alguém já havia surgido naquele meio clamando ajuda por ter visto uma serpente. Outros temiam dizer ali bem próximo está uma baleia. Então o moço estava a gritar por causa de um fantasma em plena manhã. Os barqueiros, esgotados da exaustiva pesca de alto mar, não era de admirar alguém, o ébrio com certeza, clamando pela incerteza de uma assombração em plena manhã. Uma mulher a fazer tapioca com peixe frito à margem do rio teve a paciência de rogar calma ao rapaz, pois estavam naquele curso os pescadores vindos de longa viagem a pescar tubarões, barbudos e garoupa entre outros não estando a fim de curtir a cachaça de alguém.
Mulher:
--- Moço, tenha tento. Vá curtir sua cana em baixo daquele pé de aroeira. – fez ver a mulher gorda com a bacia entre as pernas.
Porém o rapaz não se conteve com o conselho da mulher e se voltou para dizer ter visto um fantasma em plena manhã quando estava seguindo caminho para o local do Canto do Mangue. E não estava a mentir por coisa alguma.  A mulher voltou a declarar:
Mulher:
--- Vá dormir, vá! Seu mal é sono! – lembrou a mulher com um peixe frito por entre as mãos.
E os momentos se passavam com o rapaz desnorteado a procura de alguém a lhe poder ouvir com calma então correu para o pé de aroeira onde procurou repousar. Nesse momento, outro homem sujo de fétida lama do mangue se acercou de Canindé. Esse estava acocorado com a cabeça abaixada e presa entre as mãos como se tivesse em pleno choro torcendo a cabeça para um lado e outro. Então, o pescador se aproximou de Canindé e lhe formulou questão:
Pescador:
--- Bom dia, moço! Se me der licença, eu fico aqui. – e com isso procurou se sentar próximo ao rapaz.
Passaram-se alguns breves minutos e Canindé olhou para um lado vendo a figura do pescador a remexer o chão com um caniço. O jovem indagou se já ouvira alguém falar em fantasma ao meio dia, pois ele estava em transe por causa disso. O pescador lhe respondeu já conhecer a visão do rapaz, uma vez ter visto esses tais espectros em plenas horas do dia.
Canindé:
--- Jura? – indagou perplexo.
Pescador:
--- Isso é comum. Tão comum como a água do rio. – e apontou para o rio ao largo.
Foi então que o rapaz Canindé reportou ao pescador estar caminhando em direção ao Canto do Mangue para chegar até o Iate, onde pousavam os aviões Catalina vindos quase sempre de outros países. Ele estava apenas a rever os aviões, quando tentou cruzar a ponte de pau em um local um pouco estreito em uma rua sem nome, logo adiante.
Canindé:
--- Foi então que me apareceu esse espectro. Eu estava atravessando a ponte e ele se fez presente. Eu julgava ser gente daqui. Ele falou comigo. Então, sem meias palavras, a alma sumiu. – respondeu em prantos.
Pescador:
--- Eu te digo: não se aflija. É comum para alguém enxergar ou ouvir os clamores de alguém que já está em outro plano da vida. Dizer que espíritos apenas aparecem à noite não é bem assim. Eles estão em toda parte a qualquer hora ou instante. Aqui no rio, nas casas onde habitam os nobres. E também entre os pobres. Certos espíritos podem se apegar às coisas terrenas. Há espíritos que são atraídos por certas pessoas. E há os que preferem lugares. Tais espíritos nem sempre são inferiores. Um Espírito pode ser pouco adiantado sem que por isso seja mau. – explicou o pescador.
Canindé:
--- Ah. Eu entendo perfeitamente. Nos últimos tempos eu tenho frequentado sessões espíritas e tenho “visto” muitos espíritos. Alguns são maus. Outros, nem sempre. Mas o que me deixa preocupado é o espírito está aqui a qualquer hora! – reclamou bem rancoroso.
Pescador:
--- O amigo não precisa guardar rancor por nossos espíritos. Eles, enquanto estão na esfera de fora da matéria humana, merecem nossas estimas e compreensão. São muitos os espíritos a visitar nossas casas. Hoje, temos cerca de 22 bilhões de espíritos apenas aqui em nosso planeta, a Terra, fora dos demais que buscaram outras civilizações. Alguns desses espíritos procuraram planetas de maior adiantamento. Outros, nem tanto. São inúmeros os Satélites a existir no Universo. Em tais Satélites estão outros planetas solitários, alguns dos quais desabitados por consequência de suas temperaturas elevadas. Outros são frios por demais. Nesses planetas não há condição de vida humana. Veja se entende! – indagou.
O jovem Canindé ficou abismado com aquele maltrapilho homem a poder conhecer toda aquela estória de Satélites e Planetas com tanta perfeição como a nenhum outro. E ele ficou a cismar por que falar em ciência com tamanha precisão como um pescador tacanho. Afinal, para Canindé, o assunto Espiritismo era algo por demais complexo onde pouca gente então podia interpretar com precisão e argúcia. E querendo saber mais, Canindé observou uma bodega próxima onde ébrios estava a beber e então ele teve a ideia de indagar ao pescador a olhar para os embriagados.
Canindé:
--- Aquela é uma bodega! E se eu ou outra pessoa morrer perto, o que acontece? –
O Pescador nem tanto distraído e com a severidade da indagação se voltou para a bodega e fez questão em dizer para nortear a inquirição.
Pescador:
--- O uso de álcool produz um atrativo irresistível para os espíritos de um ébrio. A pessoa que morre em estado de embriaguez passa a acompanhar os seus “amigos” quando em vida e no momento em que esses fazem o uso do álcool são estimulados a beber mais continuamente e em maiores doses. Os espíritos comungam do mesmo padrão de sentimento. É que nessas horas o intercâmbio de ideias e sensações se torna automático. Os ébrios se tornam verdadeira marionete nas mãos dos espíritos. – explicou.
Canindé:
--- Tento entender. Mas me diga: o senhor, todo esmolambado como está, onde aprende tanto assim?  - indagou
O Pescador sorriu devagar e olhou bem para o rosto do rapaz e respondeu:
Pescador:
--- Vedes a casca. Não conheces o sumo. – enfatizou.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

O INFERNO - 05

O CÉU
05

E o debate prosseguiu por longas horas entre Sócrates e Canindé tendo ouvinte a irmã do segundo, a infante moça Racilva. Na verdade, a infante apenas fazia ouvir a preleção do rapaz com os seus olhos bem acesos cambiando para um lado e para outro, onde a conversa interminável entre os dois prosseguia em consequência. Entre os demais temas surgiu o delicado tema do céu, esse local para onde todos têm que ir um dia após viver na Terra. Mesmo assim, o céu não tem nada de claro. Esse é um ambiente escuro, sem luz, totalmente negro. Apenas as estrelas – tal como o Sol – se pode enxergar do outro lado da Terra. O Céu é um ambiente noturno não sendo possível se enxergar algo visível a olho nu. À noite, aqui na Terra, ao se enxergar o Céu, apenas se vislumbra algo negro e sem luz alguma a não ser a luz emanada das estrelas, muitas das quais bem distantes e algumas já não existindo, chegado com muito atraso a sua luz. O Universo é infinito e as estrelas e galáxias são distribuídas por esse Universo.
Sócrates:
--- Na verdade, o Céu é uma “divindade” filho de Urano, marido de Terra que se chama Gaia. Esse conjunto se forma como os pais dos Titãs. Em geral aceita-se o “mito” de Céu como esposo de Gaia (a Terra) – falou de modo delicado.
Canindé:
--- Eu não entendo muito bem o que você me diz. Eu queria saber para onde nós vamos depois da morte? – indagou severo.
Sócrates olhou bem para Canindé antes de começar a responder. Racilva ficou atenta ao falar do visitante com uma visão penetrante querendo saber se de fato o rapaz teria meios de falar com precisa sabedoria. E foi assim o que ocorreu.
Sócrates:
--- Bem. Vejamos. Há estudos de Universidades onde mostram os bebês já nascendo sábios. Essas crianças de tenras idades já sabem antes de completarem um ano de vida. Elas sabem de tudo, inclusive dos objetos circunstantes. A Doutrina Espírita entende, desde a codificação que os espíritos já encarnam com o conhecimento adquirido nas vidas passadas. Assim como a encarnação tem um período médio, há também um período médio entre encarnações. O que ocorre logo após o desencarne é uma das grandes curiosidades dos seres humanos. Tanto que a maior parte tem medo de morrer porque não sabe o que virá. A pessoa tem receio do desconhecido. No entanto, o desencarne não é tão assustador. Ao contrário: Seria uma continuidade do aprendizado conseguido enquanto encarnado. É um aprendizado de evolução. – falou muito sério.
E continuou Sócrates o diálogo para nortear de uma forma bem melhor para onde seguem os espíritos logo após a morte do corpo, mesmo sendo de um ancião.
Sócrates:
--- Você, ao morrer, não vá pensando onde está fulana ou sicrana. Querer encontrar outras pessoas ou seres já mortos ou desencarnados: nem pensar. Quando se morre não se fica ao leu, por aí, vagando. Todos os espíritos ao morrer o corpo serão recebidos por outros espíritos, não raro seus parentes ou da mesma afinidade. Quando não, o espirito segue o igual caminho que ele deseja. Sempre haverá espíritos que tem um maior ou menor entendimento. O espírito sempre é um só, apenas do outro lado da vida. – explicou.  
Canindé:
--- É danado mesmo! Eu não vou encontrar nem um amigo de infância? – perguntou irado.
Sócrates sorriu e ao mesmo tempo desmanchou o riso. Racilva, estando ao lado de ambos, sorriu franco, pois lembrou de amigos mortos em acidente de carro. E deixou de sorrir esperando a resposta, afinal a questão também lhe interessava.
Sócrates:
--- Veja bem. Na lei – digamos: “divina” – não há privilégios. O meu ou o de algum ente, ao passar para o outro lado da vida vai se submeter apenas as suas ordens. Não raro, um espirito vem ao mundo para indagar sobre um ente – talvez querido – e esse espírito não vai ao ente que ele procura. Ele está vindo a outro ser vivente. O porquê disso não sei dizer. Mas é uma questão de acertos. Eu vi uma moça dizer ter sido perguntada por um espírito como estava o seu filho. Esse filho continuava aqui. A sua mãe já havia falecido. Então: por que a mulher não foi ao próprio filho? Enigma! Esse caso tem muitas variações! A vida no mundo espiritual é bastante movimentada. A questão é que não se fica parado na espiritualidade. – disse ainda.
Racilva participou do diálogo e quis saber mesmo se o espírito ao se desencarnar como fica a sua situação financeira. E Sócrates respondeu:
Sócrates:
--- Moça. Espírito algum tem situação financeira. Você me pergunta por dinheiro. O homem vive para si. Tem casas, lojas, edifícios, aviões, navios, trens e muito mais. Porém, ele descobre quando se passar para a vida espiritual nada disse ele levou. Entretanto, tem uma questão: a família espiritual tem riquezas como não se tem aqui. Essas riquezas são fluidas o qual se passa para todos. Mas, egoísmo, orgulho, vaidade. Isso desaparece. Agora, os que ainda estão ligados à matéria, quando passam, então se nota constrangido a procura de receber os seus ganhos, pois ele não percebeu ter se deslocado da vida terrena para a vida espiritual. – confirmou.
Canindé ficou calado por alguns momentos e com a cabeça abaixada a olhar as folhas mortas caídas ao chão vindas de uma árvore existente em um pomar de sua casa. Um caso fortuito de residências ao largo da avenida onde famílias não tão pobres habitualmente residiam entre os pingos de água de uma torneira deixada aberta por esquecimento ou coisa assim. Pássaros canoros a voltear em torno do extenso quintal repleto de cheiro de mato. Um grito estridente de uma mulher a chamar o seu filho em uma casa não tão distante ou um rapaz a oferecer os jornais da manhã chamando a atenção para um crime cruel. O bonde a passar fazia algo de qualquer coisa habitual quando o motorneiro pisava no atroz apito alertando o humilde caminhante pessoal quando vinha ou não da rua do mercado ao longe. Alguém voltar de seu lugar distante com o trompete ainda a tocar uma melodia imortal e enigmática de acordes dissonantes. Essa era a vida do amanhecer.
Canindé:
--- Céu. Céu. Afinal o que é o Céu? Bem sei que o Mundo é cadeia imortal onde todos nós viventes nunca chegaremos ao seu fim. É muito longe. É infinito. Mas, por que dizer que eu irei para o Céu? – perguntou.
Sócrates imensamente sorriu. E logo após, parou. E falou:
Sócrates:
--- A definição sintética de Céu é o estado de consciência. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos inerente ao grau de perfeição. Cada uma tira de si mesmo o princípio de sua felicidade. E como eles estão pôr toda a parte, nenhum lugar existe destinado a uma ou outra “pessoa”. Ou seja: “Espirito”. O inferno e o paraíso não existem. Pôr toda parte há Espíritos. – completou o rapaz de uma forma suave ao se expressar.
Canindé:
--- Entendo. Entendo. Quer dizer que agora eu estou tendo uma noção do espiritismo. – destacou
A conversa prossegui por uma infinidade de tempo com as explicações enumeradas pelo jovem Sócrates enquanto não chegara a hora do almoço.
Passaram-se dias quando Canindé saiu de sua augusta residência buscando o roteiro do Cante do Mangue onde havia a chegada dos barcos de pesca. O local era remoto. Por isso mesmo, Canindé se pôs a bordo de um Bonde saindo da Cidade e ficando na Ribeira. Dali então era uma tirada e tanto seguindo o rapaz por meio de lamaçal vez haver em todo o trecho vasto manguezal por onde muitas vezes até mesmo os moradores seguiam por outros caminhos para não ser atropelado pela lama a brotar cheia do extenso Cais do Porto onde atracavam os navios de cabotagem. Era manhã e Canindé seguia com bastante cuidado do lamaçal existente no caminho onde havia uma ponte de madeira com três ou quatro paus de coqueiros. O rio agitado por suas fortes marés enchia de limo o terreno ao lado. Nesse ponto, outro cavaleiro seguindo a pé igual a Canindé quis fazer conversa no local onde estava a ponte de madeira. Canindé se atropelou no atravessar por causa da conversa do senhor. Este sorriu a seu modo. E ainda perguntou:
Estranho:
--- Vai ao Canto? – indagou a sorrir o estranho.
Canindé:
--- E o meu desejo. - refletiu o rapaz.
Estranho:
--- Cuidado com as ostras. – advertiu o homem.
Canindé não bem sentiu nada do que o homem falava e nada respondeu. Ele simplesmente prosseguiu caminho.