terça-feira, 30 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 26 -

- DOMÉSTICA -

- 26 -

TELEFONE

Em instantes, o telefone tocou. Dalva Lopes estava próximo e atendeu. Era Amanda. Por um breve instante a senhora ficou assustada. E nada falou. Quem falou foi a sua amiga. E perguntou pelo o menino Ciro. Nesse instante, Dalva se acalmou.
Dalva
--- O menino vai bem. E você? Seu pai? – Perguntou já calma.
Amanda
--- Tudo em ordem. Eu estou telefonando aqui de casa. E a mulher? – Indagou.
Dalva:
--- Eu ao Hospital agora. Eu e o garoto José Patrício. – Adiantou.
Amanda
--- Quem? Ah. O filho. Eu sei. Mas o negócio de acompanhar? É p’ra quando? – Indagou.
Dalva:
--- Não sei ainda. Vai depender dos exames. Talvez nem precise sair de Natal. – Falou.
Amanda
--- É p’ra longe? São Paulo? – Perguntou.
Dalva
--- Vai depender dos exames. Agora está tudo no início. – Falou.
Amanda
--- Ah bom. Eu estou bastante ocupada por esses dias. O velho está na Base. Nem sei quando vai durar essa encrenca. – Falou um tanto abusada.
Dalva
--- E o avião? – Indagou.
Amanda
--- Perdido no mar. Talvez esteja para essas bandas. Fernando de Noronha. – Relatou.
Dalva
--- Jura? – Indagou assustada.
Amanda:
--- Nada é certo. A Marinha foi chamada. – Disse mais.
Dalva.
--- Para que? – Indagou.
Amanda
--- Prestar socorro ou coisa assim. –
Dalva:
--- Ah bom. Eu ouvi isso da TV. Mas não liguei a coisa. Mergulhadores. – Salientou.
Amanda:
--- Parece. É a conversa. –
Dalva:
--- Você dormiu na Base? –
Amanda
--- Dormi nada. Estou morrendo de sono. Cansada. Vou me ajeitar para voltar. –
Dalva
--- Quanto tempo? –
Amanda
--- Sei lá. Amanhã ou depois. Assim. – Chateada.
Dalva:
--- Estou esperando uma cozinheira. –
Amanda
--- Já era tempo. Sorvetinho toma conta de tudo. Mais o menino. É de lascar! –
Dalva
--- E o pessoal como está. Mãe, avó e os demais? –
Amanda.
--- Rezando! – e gargalhou
Naquele mesmo instante alguém tocou na sineta do portão. O ancião cuidador do jardim foi até a porta e atentou de indagar se ela era a pessoa incumbida de preparar refeições. A mulher, de meia idade respondeu que sim. Ela estava coberta por um manto em consequência do temporal a castigar a cidade. Seu porte era de gente gorda, cara redonda, óculos de grau, lentes redondas e de resto, roupa surrada. Uma boça a tiracolo parecendo uma mochila. Após breves segundos, com voz tensa, perguntou.
Cozinheira:
--- A dona da casa está? –
O ancião quase morreu de espanto em atende a mulher àquela hora tardia da manhã. Mesmo assim, foi atencioso e disse sim.
Jardineiro
--- Entre. Ela está lá dentro. –
E a mulher indagou:
Cozinheira
--- Tem cachorro? – Quis logo saber.
Jardineiro
--- Não senhora. – Respondeu sorrindo
Cozinheira
--- Ah bom. Faz bem. Nessas casas de gente rica tem cachorro que dá medo. –
O jardineiro sorriu e acompanho a cozinheira pelo lado de fora até chegar a sala de janta. Ali, a moça Walquíria a atendeu.
Sorvetinho
--- Doa Noca?  - indagou sorrindo.
Dona Noca
--- Eu mesma. Estou toda molhada por conta desse temporal. A senhora é a dona? – Indagou assustada.
Sorvetinho
--- Aqui não tem dona. Mas eu respondo: não. A dona está ao telefone. E eu sou a piniqueira de estimação. – Gargalhou.
A mulher se assombrou com tal dialogo. E de imediato indagou:
Dona Noca
--- P’ra ser o que a senhora me disse, é de muita estimação. – Não sorriu
Sorvetinho:
--- Pois é. Nós somos comadres.  Eu tomo conta do menino. E ela me paga o que pode pagar. Eu não faço questão. E nem almejo cobrança. Uma toalha de rosto. Um sabão para de tirar as sarnas e coisa assim, - e gargalhou
Dona Noca:
--- Já sei que a senhora é! – Sorriu com ternura.
Nesse meio tempo, a patroa surgiu. Dalva Lopes estava ouvindo a tagarelice da comadre e chegava a sorrir de verdade.
Dalva
--- Piniqueira, não é? – E sorriu.  


segunda-feira, 29 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 25 -

- TEMPORAL -
- 25 -
AMANDA -
Com o dia chuvoso e a cerração no espaço onde se podia enxergar pouca coisa a longa distância, Amanda procurou falar com seu pai a dialogar ser preciso ter que sair com o objetivo de ir até a sua casa em busca de um par de roupas para o ancião pois estava a saber que a trágica decisão do piloto demoraria muito mais e não coisa de meia hora apenas. Com isso, Amanda tudo pensava. Pela primeira vez, a virgem estava em um campo de aviação, caso muito diverso da cidade onde tudo se podia adquirir, com certeza sem motivo algum de se procurar por mais tempo. A moça notava no campo umas figuras estranhas, pessoas de cara dura, mesmo sendo um jovem. Por tudo isso ela comentava com seus botões:
Amanda:
--- Coitado! Parece um boneco de cera! – E sorria.
Após alguns minutos, até mesmo de tomar banho para soerguer um pouco a preguiça, Amanda logo se ajeitou, tomando café com pão, queijo, sucos entre outras iguarias e, então, seguiu até o ponto onde estava o seu avô. E chagando ao local foi dizendo:
Amanda:
--- Velho! Escute! Essa baderna não se acaba antes do fim do mês! Eu vou, agora, à cidade buscar uma parelha de roupas para o senhor e cuidar de mim. Eu quero um jeep, por favor! – Falou na altura do que podia estar, em pé, com as mãos nos quadris, olhando sisuda.
O ancião voltou para apenas olhar aquela mulher, por acaso indecente, e sorriu.
Zequinha:
--- Fale lá com o major! – Sorriu com não sorria há muito.
Amanda:
--- Ah é? E por que o senhor não vai ter com ele, heim? Eu estou toda suja, por dentro e por fora. Nessa merda só tem chuva! – Reclamou em demasia.
O ancião voltou a sorrir e mandou que Amanda esperasse um pouco. Ele voltaria em um instante após conseguir um jeep para ela seguir a cidade. E a virgem sorriu.
Após certo tempo, o jeep abriu caminho para a capital em velocidade moderada e a virgem olhando para os estragos plantados na rodovia. Um cachorro morto, um ébrio a dormir em baixo de uma tenda, alguém a solicitar carona. E o povo todo nas paradas de ônibus a buscar aquele que lhe servia. Após essa dança dos vampiros o jeep estacionou em frente à casa de Amanda. E ela falou;
Amanda:
--- Espere! Quer café? Vamos! – o militar aceitou a oferta e entrou.
Por algum tempo o militar ficou em pé esperando o café prometido. Com um pouco mais Amanda retornou com uma badeja com toda sorte de iguarias e um bule com café feito em poucos instante. A moça se admirou daquela imagem de múmia é pé e falou:
Amanda:
--- Tem bicho? – Indagou.
Militar;
--- Não vi! Que bicho? – Perguntou a verificar em torno.
Amanda:
--- Senta, pois. Ora! Parece que nunca veio a cidade! – Falou áspera.
A mãe de Amanda surgiu à sala e pediu desculpas ao militar pelo desaforo da filha.
Clotilde:
--- Desculpe. Ela é assim mesmo! Eu passo vexame por isso! E o avião? –Indagou.
Militar
--- Não há de ser nada. O avião, já foi encontrado. Está no fundo do mar. – Relatou.
Clotilde:
--- No fundo? Nossa Mãe! E agora? – Perguntou assustada.
Militar
--- A Marinha vai resgatar. Eu penso! Mergulhadores! – Disse o militar.
Clotilde:
--- SIM. É mesmo. Os mergulhadores. E estão vivos? Quero dizer: o governador? – Indagou deveras preocupada.
Militar:
--- Eu não dou certeza. Mas, pelo jeito, o avião estás nas profundezas do mar. É o que eu posso dizer. Creio que não. – Relatou com sobriedade.
Clotilde:
--- Está nada! Todos estão mortos! – Falou sem querer.
Nesse espaço de tempo, uma outra mulher, dona Odete, esposa de José Afrânio, chegou de dentro da sala de jantar e falou com voz tênue:
Odete:
--- Acharam mesmo. A Emissora deu a notícia. Mas não falou em vivos. – Disse a mulher idosa.
Clotilde:
--- É assim. Quando um carro tropeça aqui na terra, os passageiros viram cambalhotas e morrem. Não tem um que se salve. A propósito: o meu pai foi lá no mar? – Indagou assustada.
Militar
--- Eu creio que não. Ele estava aguardado notícias. Presumo! – Disse o motorista.
A chuva castigava a capital sem dó nem piedade. Em outro canto da cidade, Dalva Lopes estava raciocinando em suma preocupação por não ter ouvido mais falar no ancião e ao mesmo tempo em Amanda. Ela estava incumbida de salvar o Governador, se isso fosse possível. As estações de TV continuavam divulgado notas sobre o acidente aviatório. Porém nada havia sido revelado com certa o local do acidente. Alguém perguntava onde tinha havido o desastre. Mesmo assim, a resposta ficava na mesma:
Alguém
--- No mar. Bem lá distante! – Respondia.
Outro:
--- No mar! Mas onde? Quero saber se foi na Paraíba ou costa de Pernambuco! No mar! No mar! Isso é lá resposta que se dê! – Desaforado.  
Terceiro:
--- Homem! Foi no mar! Com esse tempo fechado quem vai saber aonde foi? No mar e pronto! – Respondia querendo gargalhar.
Quarto:
--- Eu penso que esse avião foi sequestrado pelo grupo terrorista que mata as autoridades. Eles são vingativos e vivem para aniquilar o Governo. – Relatou com muita suspeita.
Primeiro:
--- E quem são eles? – Indagou.
Quarto:
--- Um grupo de extermínio. O mesmo que assaltou o Banco de Fortaleza. – Disse ainda.
Segundo:
--- Eles são sanguinários e cruéis! – Alarmou sem medo
Primeiro
--- Eles são uns bostas! Quero ver um deles chegar p’ra me assaltar! Duvido! – Argumentou.
E a cientista ouviu a entrevista na TV e depois desligou o receptor horrorizada com tais cruéis desinformações. E respondeu sozinha:
Dalva
--- Bostas são eles mesmo. Ora! Bosta! E a empregada, Sorvetinho? Onde está? – Indagou.
Sorvetinho
--- Vem hoje!!! – Gritou Walquíria do fundo da sala de janta.
Dalva:
--- E o garoto? – Perguntou assustada.


sábado, 27 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 24 -

- AVIÃO DA FAB -
- 24 -
AVIÕES -
A noite passou depressa e José Afrânio pouco dormiu em um beliche pouco confortável após longa conversa com os superiores da Base Aérea e ação a ser desenvolvida logo cedo da manhã do novo dia. Amanda, ficou acordada por algum tempo, dormindo um pouco, quase as quatro horas da madrugada. Às cinco horas ouviu-se o clarim despertar o pessoal a entra de serviço naquela manhã de chuva intensa. O pessoal das aeronaves já estava pronto para largar em poucos minutos. As instruções eram dadas a cada um. O barulho dos motores zunia a todo instante. Os pilotos, já habituados, colocavam seus capacetes os quais já contavam com os equipamentos de proteção aos ouvidos. Fato normal. O barulho de aviões era intenso dia e noite com os aparelhos aterrissando de decolando a toda hora. Na verdade, era um barulho infernal principalmente para as pessoas estranhas ao serviço do aeroporto de Natal. O roncar das naves era por demais ensurdecedor.  Um militar chegou, de imediato, à cama onde estava recostado o senhor José Afrânio e indagou:
Militar:
--- JÁ é mais de cinco horas. O major Souza informa que dentro de instantes os pilotos estarão prontos para a decolagem. – Relatou com firmeza.
Zequinha:
--- Está bem. Eu estou pronto. Apenas me falta tomar uma caneca de café. – Relatou um pouco zombando.
O Militar sorriu e se pôs em marcha rumando para fora de onde viera. Amanda, descuidada, indagou ao seu pai.
Amanda:
--- Agora? – Indagou preocupada.
Zequinha:
--- Deve ser. O avião está no fundo do mar. Bem no fundo. É impossível de se localizar. Só há um meio: - relatou e calou.
Amanda:
--- Qual? Qual? Qual? – Indagou desesperada.
Zequinha:
--- Só há um meio! Sabe? E esse meio é perigoso! Alguém descer até lá. – Disse após descansar da sua aflição. E retornou a falar do mesmo modo. – “Só há um meio”. – E calou preocupado.
Os aparelhos estavam prontos para alçar voo e o ancião José Afrânio, em sua banca juntou ao Major Souza e demais autoridades militares estava nervoso por demais. Ela já havia indagado aos superiores se tinha alguém que pudesse mergulhar para identificar os destroços. E a reposta veio de outro oficial.
Oficial:
--- Isso seria possível consultando a Base Naval. Porém é muito sigiloso. – Comentou.
Zequinha:
--- Já sei. Eu não “apareço”. Apenas a Marinha. – Falou considerando sua condição.
Oficial:
--- Provavelmente. – Relatou.
Zequinha:
--- Alguém tem que passar as informações. Eu fico de “fora”. Mesmo assim, um oficial da Base diz o que eu informar. Eu não me importo. Agora: vai demorar um tempo longo. O aparelho está entre rochas, no fundo do Oceano. Só se tendo o poder de observar é que se pode saber. – Falou cheio de angustia.
Oficial:
--- Mas o senhor está vendo o aparelho? – Indagou.
Zequinha:
--- Sim. Eu vejo com nitidez. Apenas não sei dizer como está. Talvez esteja um pouco preso pelas ferragens.  É muito profundo o local. – Relatou com certa impaciência.
Oficial
--- E o aparelho está perto da costa do Estado? – Indagou em surdina.
Zequinha:
--- Espere um instante. Deixe-me consultar quem pode ir até lá. – Aconselhou.
Oficial:
--- Quem? – Indagou assustado.
E a demora foi breve. O ancião José Afrânio comentou:
Zequinha:
--- Próximo ao arquipélago São Pedro e São Paulo. Mas para o norte. O objeto se encontra em profundidade muito longa. E apareceu boiando uns objetos de vestes de mulher. Bem pouco visível. Um navio leva quatro dias para alcançar o local. Mas, um avião leva apenas algumas horas. – Declarou.
Oficial
--- Como assim? O piloto pode sobrevoar a área? E como se desce ao local? Mas: Fernando de Noronha? O que diabo foi fazer esse avião em distância tão longa? – Reclamou com ira.
Zequinha:
--- O que foi fazer, eu não sei. Mas o aparelho está nesse local! – Comentou.
O oficial se ausentou um pouco do ancião e procurou falar com o major Souza de esse senhor estava girando bem. O major respondeu em breves palavras:
Major:
--- Siga o que o homem está a ditar. – Falou ríspido.
E o Oficial retornou. E então falou:
Oficial:
--- É assunto da Marinha. Vamos verificar com os nossos pilotos. Eles podem ter avistado os objetos em cima d’água. – Relatou nervoso.
Eugenio era um operador de telegrafia e, de imediato, se acercou de Zequinha para lhe informar um caso bem peculiar.
Eugenio:
--- O avião saiu da rota devido a um temporal. Eu tenho um telegrama que o piloto mandou. Ele pediu socorro. – E mostrou o telegrama ao ancião levando uma cópia do texto ao Major Souza comprovando a informação.
O major leu e releu o telegrama e confirmou:
Major
--- O avião voava às cegas. Foi cair perto de Fernando de Noronha! – Afirmou confuso.
Oficial:
--- Como? Fernando de Noronha? E ele se dirigia a Europa? – Perguntou enlouquecido.
Major:
--- Prossiga! – Alertou o major ao falar ao oficial.
Oficial:
--- E melhor chamar de imediato a Marinha! – Relatou sem esperança.
Eugenio:
--- Eu tenho a confirmação de um piloto. Ele vislumbrou uma peça de roupa. – Afirmou.
Major:
--- Só uma? Seria de alguém do aparelho? – Indagou com esperança.
Eugenio:
--- Eu pedir que respondesse a mensagem e o piloto deu resposta. – Afirmou
Major
--- Então, chame a Base Naval. Mantenha sigilo sobre o achado. Merda! – Falou bravo
Oficial
--- Senhor! O Comando Naval de Natal! – Afirmou com certeza.


sexta-feira, 26 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 23 -

- MAR REVOLTO -
- 23 -

TEMPO -

Mesmo com chuva durante a noite, as crianças ainda assim brincavam nas salas de suas casas. A luz estava tão normal a qual não se podia imaginar algo tenebroso. Os aparelhos de televisão continuavam ligados nas simples casas da rua onde se percorria ladeira abaixo ou mesmo ladeira acima. O silêncio da noite mostrava a escuridão que projetava da cidade. Um carro passou veloz para se defender da inundação de lama. Um homem falava talvez sobre as águas de um diluvio iminente a acontecer na cidade. Um ruído audaz se fazia notar. O jeep corria célere para o campo da Base Aérea circulando com outros carros velozes. Um sinal fechou. O jeep teve que parar no meio da estada. O tenente falou algo incompreensível. Talvez a demorar em se chegar a Base. Do lado oposto, carros se espremiam parados aguardando a hora de transitar. Um mundo era tenebroso. Alguém em um carro, gritava para o interior talvez a discutir com outra pessoa a grave situação do tráfego. Prédio elevados dormiam tranquilos como se nada houvesse em iminente perigo. Um avião cruzou o céu onde tudo era escuro. O ancião José Afrânio sorria por qualquer coisa ou por nada. A neta, Amanda voltou o olha para o ancião.
Amanda:
--- Que foi? – Indagou tensa.
Zequinha:
--- Nada demais. - Respondeu
Amanda
--- Seus óculos? – Perguntou olhando a cara do seu avô
Zequinha:
--- No bolso! – E apalpou o paletó.
Amanda:
--- O senhor conhece esse major? – Perguntou cismada.
Zequinha
--- Nem gordo, nem magro! – Sorriu. E fechou a cara.
Amanda:
--- E o que vai fazer? – Indagou preocupada.
Zequinha
--- Adivinhar. – Respondeu.
Amanda
--- Adivinhar! Só sendo! – Falou a moça em tom de reprovação.
O trovão no espaço. Amanda se estremeceu. Quase no mesmo instante, dez segundos antes, um relâmpago sacudiu a Terra. Era o provável início do dilúvio. A chuva se tornou mais torrencial embebendo tudo em todos os lugares. A pista ficou encoberta de não poder se enxergar a mais de três metros à frente. Tudo era escuridão. As luminárias apagaram de vez. Era a falta de energia naquele ponde da cidade já bem noturna. Um farol lampejava. Era o campo de aviação da Base Aérea. Do fora, na mais. Os motoristas ficaram temerosos com aquela falta de energia por todo o campo. E deles quis saber:
Motorista:
--- Faltou luz da cidade?! Tudo escuro!  - Falou alarmado.
Outro:
--- Só faltava essa! – Relatou um a mais.
Alguém:
--- Faltou luz?  - Reclamou.
Mais um:
--- Quero ver mais o que vai dar! Chuva, relâmpago e não tem sinal na estrada! – Disse aborrecido
Amanda:
--- Agora deu! Nem luz nem se pode seguir! Bosta! -  reclamou abusada.
O tenente falou:
Militar:
--- Vamos seguir por fora. Nós entraremos pelo portão da esquerda. – Falou.
O motorista seguiu com pressa entre relâmpagos e trovões pela segunda estrada para ter acesso um pouco precipitado pela a segunda entrada. Por certo, o tenente observou uma sentinela a manter guarda, todo de capuz. O rapaz veio ao meio da pista para poder identificar o tenente. Duas outras sentinelas estavam em guarda com seus fuzis apontado para o tenente. De imediato a primeira sentinela foi dar sua orientação a um sargento. Esse era a autoridade máxima no posto e deu sinal de onde estava que estava tudo em ordem. O rapaz retornou e deu om sim. E dessa forma o tenente continuou a marcha. Com mais alguns minutos, o jeep estava estacionado em frente a um prédio a servir de portão para os visitantes. O tenente procurou falar com o major e esse veio de imediato até o portão.  Após um diálogo breve, o major concordou em receber o ancião dentro do prédio.
Tenente:
--- E a moça? – Indagou.
Major
--- Deixa vir. – Relatou o major.
Os relâmpagos cortam o Céu e o ribombar dos trovões era por demais preocupante. O frio aumentou com o uivar da ventania. Com isso, as sentinelas recolhiam-se às guaritas com o capuz cobrindo o rosto por completo. A zoada dos aviões militares era insuficiente para aplacar o temor dos soldados ainda jovens. Uma corneta soou vibrante advertindo o chamado para as 10 horas da noite, instante de se recolher aos seus reservados os militares ainda acordados e em conversas um tanto desanimadas. No interior do prédio de apenas um andar, estavam o Major Souza recebeu em seu gabinete o ancião José Afrânio, a sua filha Amanda e também o tenente que acompanhava os visitantes. De imediato, o tenente bateu continência, tento se afastado do recinto uma vez ter concluído sua missão àquela hora tardia da noite. O major Souza iniciou o diálogo com o ancião.
Major:
--- Boa noite.  É um prazer em conhecê-lo. Se não fosse todo esse temporal, seria mais vantajoso para nós a conversa. Mas, isso, não importa. Eu sou o major Souza e estou às ordens do Comandante da Base. Pois bem. Eu indago: o senhor tem visões? Gente morta, por assim dizer? – Perguntou bem sério.
Zequinha:
--- Boa noite, major. Essa é a minha filha. Ela está aqui por mera precaução. Mas não tem nada a ver com o caso. Sim! Eu sei de tudo o que sua excelência indaga. É difícil se ter uma visão de gente que já nos deixou em paz ou na guerra. Mas eu tenho essa visão. Pois não. – Adiantou.
Major:
--- Ah bom. O senhor teve ter sabido de um acidente, hoje, envolvendo o Governador do Estado e a nossa missão foi de localizar os destroços do aparelho acidentado. Por mais que se fizesse, com emprego de navios e tudo mais. Aviões também. Nada de positivo se encontrou até esse momento. É certo que faz pouco tempo. Mesmo assim, o aparelho desapareceu no mar ou no ar. Temos certas informações que o nobre senhor tem a possibilidade de reconhecer esse local onde pode e deve estar o aparelho. Verdade? – Quis saber.
Zequinha:
--- Verdade. À noite é muito difícil para um piloto de avião encontrar os destroços. Mas, em dia claro, isso se torna mais fácil. E pergunto: eu tenho que ir a região do acidente? – Perguntou.
Major:
--- De preferência! – Argumentou.
Zequinha:
--- Muito bem. Mas eu creio não ser preciso. Apenas uma orientação de fora, o piloto tem melhor chance de encontrar os estragos. De um modo ou de outro, o piloto é que deve saber. –
Major:
--- O senhor, em terra, pode orientar o piloto? – Indagou desconfiado
Zequinha
--- É bem provável. Eu, de fora, vejo melhor do que no próprio avião. Veja que o avião segue em velocidade. Eu fico de fora ouvindo o relato do senhor piloto. Vai depender do piloto. – Falou.
Major
--- Como? Isso é possível? – Indagou.    

terça-feira, 23 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 22 -

- FENÔMENOS -
- 22 -
ESPÍRITO -
Apesar da chuva intensa caída logo à noite, mais que 8 horas, mesmo assim, Dalva Lopes Baldo esteve na residência de Amanda quando se lembrou de indagar se a moça de tinha mesmo a conclusão de enfermagem porque havia a possibilidade de se levar a paciente Noêmia para outro centro. A recomendação foi feita pelo próprio especialista, o doutor Orta. Ao conversar com o médico, esse aventou a possibilidade de se transferir a paciente para outro centro mais adiantado. Na verdade, Dalva sentiu deveras preocupação em ouvir essa alusão ao definir ser a mulher de condições miseráveis. Já perdera um marido e dois filhos. Naquele momento se tratava com chá do mato.
Dalva:
--- É essa a condição de Noêmia! – Mostro a mulher com temor.
Amanda
--- É essa a possibilidade? Tem gente aqui em pior situação. Câncer, mata. Ninguém duvide! – Reclamou a enfermeira.
Dalva:
--- Eu sei. Disso, eu sei! Mas. ...- quis dizer algo e parou.
Nesse momento alguém bateu à porta.  Foi tao forte que assustou as duas mulheres. Nesse momento, José Afrânio se acercou para ver o desesperado. Ao chegar à porta viu um oficial e dois militares da Aeronáutica. Ele pensou estarem os militares perdidos no temporal. E indagou:
Zequinha:
--- Pois não! Que deseja? – Indagou cauteloso.
Militar
--- Eu procuro o senhor José Afrânio! É o senhor? – Indagou em meio a capa que o cobria.
O velho olhou para e jeep e viu um motorista sentado na boleia olhando em frente. E respondeu de modo precavido.
Zequinha:
--- Sim, sou eu. Em que posso servir? – Respondeu o ancião.
Militar
--- Com licença! Eu vou poder entrar em seu recinto? – Indagou com capa e tudo.
Zequinha:
--- Claro. Claro. Pois não. Desculpe-me pela demora. – Respondeu o ancião abrindo a porta de entrada.
E o militar penetro na sala cumprimentado as duas moças. Sacudiu a sua capa e olhou para o ancião pedindo desculpas pela tragédia ocorrida.
Militar;
--- Estou todo encharcado. Mas, a conversa tem outro estilo. Bem. Eu vim aqui a pedido do Major Souza. Ele pediu ao senhor o seu obsequio e poder ajudar em uma causa. Sim? - Adiantou.
Zequinha:
--- Sim. Pois não. Que causa? – Indagou surpreso.
Militar;
--- É difícil até contar. Mas, vamos lá. O senhor tem certos poderes de ver alguém...que já não vive? – Perguntou assustado.
Zequinha;
--- Gente morta? É claro! Aqui tem uma porção! – Sorriu ao responder.
O militar se assustou olhando para um lado e para outro. E, depois, sorriu com a cara de quem não gostou a pilheria.
Militar:
--- Certo. Certo. E. ...agora não sei mais o que diga! Mas de qualquer forma, o Major pede a sua presença na Base. É possível? – Indagou temeroso
Zequinha olhou os demais militares e, levou alguns segundos para indagar.
Zequinha:
--- Quando? – De sua vez, perguntou.
O militar coçou a cabeça para poder falar.
Militar:
--- Se possível, ainda hoje. – Falou o homem coçando os seus olhos.
A moça Amanda se levantou de imediato e veio até onde estava o seu avô. E falou.
Amanda:
--- Vovô, cuidado! O que esse major deseja, heim? – Indagou com dúvidas.
O militar, talvez um tenente, observou a moça e por alguns instantes, ficou mudo. Em certo tempo, o militar voltou a falar.
Militar
--- Sabe, senhora. Eu não tenho palavras para dizer. Mas, pelo que eu soube, é o caso do avião. Ele sumiu de uma maneira incrível. É isso! – Lamentou o militar.
Amanda:
--- Sumiu? O Governador sumiu? Quer dizer: Não se sabe onde o avião está? – Quis saber.
Militar.
--- Não. Bem. Sim. Mas não é possível buscar o resto da aeronave. Talvez se existe “resto”. Declarou o oficial militar.
Amanda:
--- Meu avô não sabe nada! Pronto! Estamos conversados! – Respondeu com ira.
Zequinha:
--- Espere, filha. Tenha calma. Calma. Ouviu? E o que tenho a fazer, senhor? – Quis saber.
Militar
--- Talvez o senhor encontre os destroços ou fale com …. As Almas dos mortos. – Explicou temeroso.
O ancião gargalhou e depois respondeu:
Zequinha:
--- Isso eu posso fazer aqui. Não é preciso de Base. Mas, de qualquer forma, eu vou, de preferência, agora. – E saiu para pegar sua capa e a bengala.
Amanda:
--- Ah. Eu vou também! -  disse a moça cheia de preocupação.
Nesse pondo, surgiu a mulher do ancião, dona Odete Beraldo. E indagou com estranheza.
Odete:
--- Para onde você pensa que vai, seu velho manco? – Indagou a mulher de forma com espanto.
Zequinha
--- Ora! Vou sentar praça. – E gargalhou.
Odete:
--- Praça? – Indagou estranhando.
Amanda:
--- Não se preocupe, minha avó. Eu estou com ele. – Disse apressada
Dalva
--- Ele está indo para a Base. Questão do acidente com o governador. – Falou com cautela.
Odete:
--- E o que ele sabe? – Indagou surpresa.
Dalva
--- Coisa de espiritismo. – Explicou baixinho
Odete:
--- Espiritismo? – Indagou surpresa.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 21 -

- MÉDICO -
- 21 -

EXAMES -

O médico Marcelo Orta observou atentamente a senhora doutora Dalva Lopes Baldo para poder falar aquilo que supunha ter a paciente, dona Noêmia, levada naquele dia para uma suíte de bom grado e internada naquele quarto totalmente aquecido com a nenhum outro na sala onde se introduzia pacientes de outras comunidades da Capital ou mesmo do interior do Estado. Para doutor Orta, isso pouco importava, uma vez não ter valor o dinheiro aplicado. O que lhe interessava eram os exames a ter de submeter a paciente.
Orta:
--- De começo não falo sobre as condições de saúde da paciente. Eu quero sondar todo o caso para poder averiguar as suas condições. Tem exames a serem feitos fora do Estado. Para dizer a verdade, seria possível até ir para os Estados Unidos, Alemanha ou França. Entende? – Declarou sombriamente.
Dalva:
--- Bem. Eu posso falar? – Perguntou.
O especialista abriu as mãos para um lado e para outro como querendo ouvir.
Orta:
--- Pois não. – Falou o especialista colocando as mãos em forma de oração em seus lábios.
Dalva:
--- Ela é uma mulher simples. Bem simples mesmo. Moradora em uma praia distante. No local não tem nem farmácia. Uma bodega e nada mais. Quando alguém precisa de um medicamento, vai ao dono da bodega e pede para ele ir, quando for a cidade, aqui mesmo, comprar as pílulas ou coisa assim. Tem gente, e muita, que só toma chá do mato. Ela é uma. Somente chá. Eu vi a situação miserável da mulher.  Então senti dó. Eu a trouxe para Natal. Depositei ao senhor. Mas, mandar para os Estados Unidos ou França, eu creio ser impossível dado o estado miserável da doente. – Dialogou com devida calma.
Orta:
--- Está bem. Eu vou ver o que faço. Pode durar dias ou anos. Não asseguro. Vamos tratar como for possível. Está bem? – Advertiu o especialista.
Dalva:
--- Eu creio que sim. Mas se for preciso mandar para outro país, veremos! – Declarou a mulher.
Orta
--- Ótimo! Ótimo. O tempo é quem manda. – E sorriu com certa amabilidade.
Chuva fina de inverno começou a gotejar. Dalva Lopes buscou o garoto, a sua cunhada e o seu filho para ir embora para a sua habitação. José Patrício estava calado e assim ficou. Walquíria nada quis saber. O filho Ciro foi o último a falar.
Ciro:
--- Chuva! – E apontou para o horizonte com o olhar de criança.
Sorvetinho:
--- Chuva! Que bom. Hoje, vamos dormir logo cedo. – Sorriu a sua madrinha se arrepiando toda.
O garoto José Patrício vinha no banco de trás. Na frente estavam a mulher, Dalva Lopes, e a sua cunhada, Walquíria. No assento ao lado, o menino Ciro, todo amarrado como se exigia por precaução contra eventuais acidentes. Já estavam as mais de seis horas, e o carro seguia firme e Dalva com cuidado por conta dos demais veículos. A fim da viagem a mulher encostou o carro na garagem e o homem que fazia limpeza estava atento para abrir e fechar o portão. A mulher desceu do carro e agradeceu com displicência. Ela estava temerosa com a notícia de Noêmia dada pelo médico. Por isso, nada falou. O telefone tocou. Walquíria atendeu.
Sorvetinho:
--- Sim! Quem fala? – Indagou
Amanda:
--- Onde vocês se meteram? Faz tempo que ligo! – Declarou.
Sorvetinho:
--- Par que não liga no celular? – Perguntou a moça.
Amanda:
--- Esse celular de Dalva não atente coisa alguma. Diga. Onde está Dalva? Chame-a! Ora! – Falou aborrecida.
E com alguns segundos Dalva Lopes atendeu. E disse que o seu celular estava travado e posto em sua bolsa.
Dalva:
--- Fala, mulher. Novidades? – Indagou cautelosa.
Amanda
--- Nada. O avião não foi encontrado. Está um vexame no Palácio. É choro para todo o canto. O vice assumiu o cargo definitivamente. Os jornais estão saindo pela segunda vez. A Internet é só o que fala. Um horror. Mas, me diga: e a velha? – Perguntou.
Dalva:
--- Que velha? Não sei de velha alguma. -  disse impaciente.
Amanda:
--- Eu sei. Pergunto sobre a mulher da perna! Ora! – Falou abusada.
Dalva:
--- Ah! Noêmia? Está aos cuidados do doutor Orta. Agora, você falou e eu não tive a lembrança. Diga-me: você sendo enfermeira tem possibilidades de ir com a paciente a outro lugar? – Indagou.
Amanda
--- Por que a pergunta? – Ficou surpresa.
Dalva:
--- Por nada. Eu vou aí depois da ceia. Nós falaremos. Agora vou de ajeitar. Até. – E desligou.
Dalva saiu, correndo, para a toalete. O telefone voltou a chamar. E Dalva mandou atender. Ela estava se vasando de urina. E não podia atender de imediato. Walquíria fez as suas vontades. Dito isso, desligou o telefone. E gritou.
Sorvetinho
--- Pronto. Eu falei. Quer mais? Está chovendo grosso! É um dilúvio!  As janelas estão batendo como nunca. – E foi fechar as janelas dos lados.
Dalva Lopes conversava com Walquíria ser possível contratar uma cozinheira para cuidar melhor daquela casa pois, com a situação vexatória a mulher notava ser muito trabalho para a sua cunhada. A mesa foi servida. E tinha mais gente, agora. Seria bom uma cozinheira. Walquíria respondeu sem exigência.
Sorvetinho
--- Por mim, não tem importância. Agora, o velho, às vezes o menino do velho. E as suas atuais ocupações. Enfim:  tem a Universidade. E o Banco? – Quis saber.
Dalva:
--- Do Brasil? Eu desmanchei o contrato. Fico apenas com a Universidade e a repartição do Governo. – Lembrou.
Sorvetinho
--- E esse novo Governador? – Indagou a saber.
Dalva:
--- Para mim, nem fede nem cheira. Eu sou o que sei. Não sou nenhum pau mandado. Eu vivo bem às minhas custas. A Universidade até que me sustenta. Tem ainda a parte de Baldo. É uma miséria. Mas me sustenta. Quando eu quero passo o fone para o meu pai. – Alertou puxando a mão para a orelha enquanto saboreada a comida.
Sorvetinho:
--- Isso é que pode. Eu só me mantenho com as minhas cocas! – E sorriu a gargalhar.
Dalva:
--- Tem jura. Tu tens mais do que precisa. – Alertou. 


domingo, 21 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 20 -

- HOSPITAL -
- 20 -
VISITA -

Eram mais de cinco horas da tarde quando Dalva Lopes chegou ao Hospital. Walquíria, Ciro e o garoto José Patrício estavam também no auto. Dalva orientou para o garoto José deixar toda a sua roupa no assento de trás. Eles entraram de hospital afora se dar nem conhecimento ao porteiro. Isso porque todos conheciam Dalva e ela apena cumprimentou os demais funcionários e indagou a uma enfermeira de o doutor Marcelo Orta já estava em seu Gabinete. E como resposta disse apenas o ter visto há pouco tempo. Ela agradeceu e foi, com a sua turma a suíte de dona Noêmia, em um quarto de primeira classe. A atendente estava à porta e disse de imediato.
Atendente
--- O doutor Orta esteve aqui. Fez o de costume. Mas nada adiantou. – Falou baixinho.
Dalva:
--- Ótimo. Vou ver como a paciente está o mostrar ao seu filho, apenas. Esses dois são: meu filho e minha cunhada. É preferível não os deixar entrar, de imediato. – Discorreu.
A atendente fez sinal de ter entendido. Dalva também orientou a Walquíria a passear pelos lados do Hospital onde havia belos jardins e maior sossego pondo o menino Ciro a brincar por algum tempo. Walquíria entendeu e de imediato saiu levando o menino Ciro consigo a beijar como se faz afago a crianças delicadas. Um silencio profundo do quarto do Hospital onde se podia ou o passar de uma borboleta. Junto a janela estava a cama da senhora Noêmia e a mulher pode observar que a paciente estava adormecida por efeito qualquer de algum medicamento. Dalva observou a perna inchada, e viu ter sido feito curativo há pouco tempo. A enfermeira se acercou e falou para Dalva.
Enfermeira
--- Ela dorme.-  falou baixo.  
Dalva
---Medicamentos? – Indagou
A enfermeira fez que sim. Mas, desde o almoço que a paciente tinha estado sonolenta. Talvez efeito de algum medicamento.
Enfermeira
--- O doutor Orta já esteve aqui por duas vezes. – Sussurrou.
Dalva
--- É grave o estado da senhora. Mas, vamos esperar. – Falou baixinho.
O garoto se aproximou da cama onde estava a sua mãe e, delicadamente, beijou a sua mão com eterna sentimento de filho. Lágrimas afloraram pelo semblante do garoto.
Enfermeira
--- É o seu filho? – Indagou.
Dalva:
--- Dela? Sim. – Afirmou
Enfermeira
--- Coitado. Dá pena. – Afirmou.
Dalva
--- Ele perdeu o pai e dois irmãos. Pescadores. – Falou.
Enfermeira:
--- Nossa! Que coisa! – Disse alarmada com os olhos bem abertos.
Em instantes, mesmo deixando o garoto no quarto de sua mãe, a senhora Dalva Lopes foi até a sala de trabalho do doutor Marcelo Orta, especialista em câncer para ouvir sua conversa sobre a enfermidade de Noêmia. A parte afetada pela enfermidade estava inchada, não muito. A doutora Dalva Lopes, formada em Químicas e Advocacia sentiu temor em visitar o doutor Orta, mesmo sabendo da amizade nutrida por ele. Um ancião, baixo, de pouca gordura, ele era um homem de antecedência espanhola e de datas incertas da origem de seus antepassados. Sabia-se que ancestral do médico tinha sido especialista em medicina tropical. Quando se perguntava ao doutor Orta, ele sempre relatava ter seus parentes vindos da Índia. Homem de pouca conversa, atinha-se aos deveres como médico especialista em oncologia. De certa forma, a doutora Dalva Lopes, especialista em meteorologia física apenas sorriu para o médico. E logo após, perguntou:
Dalva:
--- Boa noite doutor Orta. E então? – Quis saber.
O médico de pouca estatura estava sentado em sua banca de trabalho rodeada de livros, voltou para trás com as mãos a tocar uma na outra e a olhar sereno para a doutora antes de querer falar algo. E logo disse.
Orta:
--- Notícia do avião? – Quis saber.
A mulher se assustou com tal questão e quase nem deu por elas. A sua memória rodou até a doutora chegar a seu prumo e expor.
Dalva;
--- Eu não soube muito bem do que motivou o acidente. Ouvi falar que foi em alto mar. Talvez tenha sido. – Argumentou desprevenida.
Orta:
--- Era um homem e tanto. Bonachão, sorriso franco, barrigudo. É o destino. Vive-se e morre-se. – e ele se levantou da cadeira giratória com as mãos para trás a olhar o jardim, mas sem observar todo o esplendor do pomar.
Dalva Lopes Baldo de ancestrais italianos nada falou, conservando-se quieta em sua cadeira a olhar apenas o médico com o seu acanhado tamanho e sentiu remorso em ter de falar sobre coisas terríveis.
Dalva:
--- O senhor o conhecia? – Indagou ao médico.
O oncologista parecia nada ouvir. De costas estava e de costas ficava. As borboletas noturnas volteavam a luz do abajur do lado de fora e o especialista parecia querer pegar uma das borboletas, mas sem alcançar por ter a vidraça da janela a empatar essa possível ação. E as borboletas continuavam a saltar como se estivessem a sorrir do mestre por demais impotente sobre tal caso.
Orta;
--- Ele teve uma irmã. Era uma jovem de 40 anos. Teve uma enfermidade do gênero de sua cliente e veio ao óbito após um tratamento assustador. O câncer, certas vezes, não tem cura. – Alertou o médico se voltando para a senhora Dalva.
E se sentou em sua poltrona a olhar apenas para o vazio da longa sala. Dalva estava ligeiramente desprovida de assuntos e respondeu apenas.
Dalva:
--- Compreendo. – Relatou com intranquilidade.
Orta:
--- Caranguejo! O termo latim. As células doentes se infiltram nas sadias como sendo tentáculos de caranguejos. Pode levar anos para ser descoberto o câncer. Pode ser de forma benigna. O Sol, é uma das causas. – Deu seu mero diagnóstico.
Dalva:
--- O senhor tem alguma definição para a paciente? – Perguntou.
O especialista observou a mulher e pôs os seus braços da cadeira que ele se sentava.
Orta:
--- O câncer ataca a qualquer ser vivo. Não apenas o ser humano. É um tumor. Ele aparece e se transforma no chamado câncer. Muitas vezes leva anos. É assim. – Falou o médico
Dalva
--- E por que a medicina recomenda se ingerir frutas, legumes? – Indagou.
Orta:
--- Tem casos de pólipos que se desenvolvem com o passar do tempo. Até mesmo em uma fruta. Eles crescem e se desenvolvem se transformando no câncer. – Explicou
Dalva:
--- É isso. O senhor come caranguejo? – Quis saber sorrindo.


sábado, 20 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 19 -

- DESASTRE -
- 19 -
DESASTRE -
De retorno a sua moradia, Dalva Lopes com o garoto José Patrício, filho da senhora Noêmia, conversava para distrair falando ser naquela hora ter a sua mãe melhor condições de vida, pois o médico que atendera era o melhor de todo o território brasileiro e ela mantinha confiança em tudo o que ele fazia em qualquer um dos pacientes. O garoto manteve-se calado, pensativo no hospital e na sua mãe, um derradeiro estado de vida. O automóvel avançava com toda pressa até o ponto do destino. Dalva saltou do carro e chamou o garoto para poder entrar na habitação. Logo em seguida, viu o seu amado filho de braços abertos e sorriso abertos e com isso ela se abraçou a Ciro. A madrinha do menino, estava contente e ao mesmo tempo preocupada. Por isso, indagou:
Sorvetinho;
--- E dona Noêmia? – Indagou surpresa.
Dalva
--- Já está no hospital. O garoto fica aqui. Eu vou ver se ele tem algumas vestes. – Dialogou
Sorvetinho
--- Ele não pode ficar lá? – Estranhou.
Dalva
--- Só na hora de visitas. – Afirmou.
Sorvetinho
--- E que dorme com a mulher? – Indagou
Dalva
--- Tem enfermeiras. E o médico ainda precisa diagnostica a situação. – Respondeu.
O garoto José chorou pela ausência de sua mãe e pediu a mulher Dalva Lopes para deixa-lo voltar ao Hospital naquele instante. Dalva o ouviu disse apenas que ele voltaria à tarde.  E indagou se ele estava com mudas de roupas.
José.
--- Tenho uma muda. E está com minha mãe. – Respondeu.
Dalva:
--- Está bem. À tarde a gente vê isso. Agora, você vá tomar banho e depois, o almoço. – Falou com calma.
Walquíria falou para o garoto onde era o banheiro e tinha rompa limpa para a troca.
Sorvetinho:
--- Não se preocupe. Tudo se ajeita. Tome seu banho. – Sorriu a madrinha de Ciro.
A televisão estava ligada e um locutor de uma notícia de cunho nacional.
Locutor:
--- Urgente! Um avião caiu no mar. Todos os seus ocupantes morreram. O aparelho vinha para Natal. Detalhes: em instantes. – E terminou a fala.
Sorvetinho:
--- Quem foi? – Veio correndo para ouvir a notícia.
Dalva:
--- Não deu detalhes. Vamos esperar. – Falou a mulher enquanto trocava de roupas.
Sorvetinho:
--- Vinha para Natal? Quem vinha? – Indagou alarmada.
Dalva
--- Deve ter sido um avião de passageiros. Ele não informou. – E sacudiu suas vestes levando o seu menino.
Nesse ponto, o velho da enxada estava rumando para fora da casa levando seu carro de mão com os entulhos recolhidos. Ao sentir a presença de dona Dalva, o velho afirmou a notícia data na reportagem.
Ancião
--- Foi o Governador e um punhado de gente. – Afirmou.
E assenhora Dalva ficou alarmada com a notícia dada pelo ancião tendo então indagado:
Dalva:
--- Como o senhor soube? – Perguntou curiosa.
Ancião
--- Um repórter de uma rádio. Em instantes ele falou. Essas coisas correm o mundo. – Relatou.
Dona Dalva Lopes voltou correndo para dento de sua habitação e alteou um pouco o televisor dizendo depois a Walquíria ter sido o desastre com o Governador do Estado. De imediato telefonou para residência de José Afrânio sabendo de algum detalhe a mais enquanto buscava a Assessoria de Impressa do Governo sabedora da tragédia da autoridade máxima do Estado. A primeira ligação deu certa. E Dalva indagou sobre a situação vexativa. Quem atendeu foi de Zequinha. E falou:
Zequinha:
--- Olá. Como vai. Eu soube. Algum detalhe a mais? – Indagou.
Dalva
--- Não. Não. Não. Estou estarrecida. A televisão deve dar maiores detalhes. Eu procuro comunicado com a Assessoria de Imprensa, mas só dá ocupada. Qual é o outro telefone? –Indagou preocupada com o noticiário.
Zequinha
--- Não se desespere. Morreu, morreu! Agora é se substituir. – Respondeu a gargalhar.
Dalva:
--- Seu José. Não é isso. Ai meu Deus. Estou ao desespero. – Disse a mulher.
Zequinha:
--- Ele estava te devendo? – Perguntou sorrindo
Dalva:
--- Não. Mas é uma autoridade! – Lamentou.
Zequinha:
--- Mas o seu substituo já está tomando posse. – Gargalhou
Dalva:
--- Infâmia. Isso é infâmia. – E desligou o telefone.
Após o almoço, Dalva Lopes saiu de sua casa em companhia do garoto José Patrício e a sua comadre Walquíria tomando conta do seu filho amado, Ciro até as lojas de roupas para adquirir algo para o garoto antes de voltar ao Hospital. Foi um tempo imenso gasto com a busca de calças, ceroulas, camisa, meias e sapatos. Umas, davam acochadas. Outras, folgadas demais. E assim passou a tarde inteira em busca de algo que pudesse dar no garoto. Quando eram cinco horas, tudo arrumado, a mulher rumou para o Hospital. No caminho se ouvia notícias da morte do Governado e assessores além de gente simples vinda com as autoridades.  No Palácio, tudo estava em desordem pois não se sabia ao certo como foi o acidente. Os aviões de busca seguiam a procura do avião caído ao mar e nada foi resgatado. Lanchas e corvetas da Base Naval estavam em curso na vista de algum vestígio do avião acidentado.
Dalva:
--- Nossa! Esse negócio já está enchendo! – Disse a mulher, angustiada.
Sorvetinho:
--- Danado é se encontrarem hoje! – Falou a moça.
Dalva:
--- Não tem nem perspectiva. – Relatou mulher
Sorvetinho
--- E as pessoas só dizem a mesma coisa. – Argumento solitária.
Dalva
--- Eles vinham de onde? – Perguntou a mulher.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 18 -

- HOSPITAL -
- 18 -
HOSPITAL -

Após exaustiva canseira, a mulher, Noêmia, se pôs no carro, no banco de trás, onde ficou a gemer pelas dores sentidas na perna castigada pela doença a lhe acometer. Com ela, o filho. Ele amparava a mãe e pedia calma. Noêmia perguntou dos pacotes e o menino disse estar tudo arrumado. Roupas simples, atadura da perna, as gotas da erva Janaúba e coisa que a servisse quando estivesse no Hospital.
José
--- Está tudo aqui, mãe. – Respondeu o garoto.
Noêmia
--- O Hospital é longe? Dona Dalva, a senhora está cuidando de uma morta! – Declarou a mulher a chorar
Dalva
--- Que morta! A senhora viverá muito tempo. Essa perna ficará curada. A senhora verá! – Respondeu com cuidado.
Noêmia
--- O inchaço. O ferimento. Ai meu Deus! – Reclamava com insistência.
E o carro se movia a plena velocidade com a mulher Dalva Lopes com o desejo de chegar o mais cedo possível. Carros cruzava à frente com atrapalho geral. Gente na rua. Cabras, bodes, cachorros, esses a latir sem causa nem motivos. O sol começava a aquecer. No carro, o ar condicionado para fazer maior ventilação. Uma mosca pousou na roupa limpa de Noêmia e fez a mulher tomar maiores cuidados.
José
--- Sai, mosca. Sai! – Falava o garoto espantando o inseto.
Dalva
--- Inseto? Aí? Vou parar o carro para tirar de dentro! Que coisa! – E Dalva parou o veículo no acostamento para retirar com maior cuidado o inseto.
Posta a ação, Dalva com uma flanela a acoitar o inseto até a mosca sair, enfim, tomou a direção correndo ainda mais para chegar a tempo no Hospital, Dalva pouco falava com a paciente. Ela poderia ter pedido uma ambulância, mas não teve tempo para chamar tal carro de socorro. Dalva, por um momento, pensou no assunto, porém esqueceu por completo. Após quase uma hora de trajeto, o Hospital se mostrou à frente do auto para a alegria completa da madona. E ela pronunciou.
Dalva
--- Chegamos! Espere-me aqui. Volto logo. – Falou com pressa.
José
--- Que casarão! – Disse o garoto a se espantar com o Hospital.
Noêmia:
--- Deixa disso, menino. É apenas um Hospital. – Falava gemendo.
Alguns minutos passados, dois maqueiros surgiram apressados seguidos da doutora Dalva Lopes a ordenar levar a paciente para o quarto de primeira uma vez ser aquela enferma especial a cargo do doutor Marcelo Orta, esmerado especialista em enfermidades crônicas. De repente, os maqueiros, com bastante cuidado, retiraram a enferma e colocaram deitada com suficiente na maca e enveredaram de porta a dentro com tremenda rapidez e outros enfermeiros abriram as portas para os maqueiros conseguirem passar sem a menor preocupação. Em seguida, corriam a doutora Dalva e o garoto José, esse sem saber para onde ir, passando por entre médicos e enfermeiros ouvindo apenas a doutora declarar
Dalva
--- Para o doutor Orta. – E não sorria.
Orta era um especialista de grande fama e todos os médicos o respeitavam por seu calibre de homem sisudo e compenetrado quando estava em serviço ou mesmo em outros afazeres. Médicos passavam ligeiro para alguma outra atividade. Os corredores estavam como sempre, aparentemente vagos. Porém pacientes estavam entre cobertas asseadas e todas mostravam sua brancura. Não se ouvir nenhuma voz, por certo. Tudo era silêncio. Apenas os veículos de pronto socorro faziam ruídos com seu buzinaço alarmantes. Dalva Lopes após alguns minutos, chegou até à suíte onde estava agasalhada a senhora Noêmia e ouviu as reclamações da mulher falando que estava tudo em sigilo e indagou:
Noêmia
--- O menino. Onde está? – Perguntou de forma como se fosse forçada.
Dalva:
--- Ele vai ficar comigo, em minha casa. Tem uma enfermeira para cuidar da senhora o dia todo. Afirmou com voz suave.
Noêmia
--- Mas a senhora disse que ele ficava comigo! – Falou assombrada.
Dalva
--- Sim. Depois do médico ele vira. – Falou a murmúrio
Noêmia
--- Eu não fico aqui sozinha. – Disse querendo falar um pouco mais alto.
Dalva
--- Não fica. Tenha calma. A enfermeira está aqui. E eu. Eu também vou ficar. Acalme-se. – fez esse dengo a enferma.
Noêmia
--- Eu quero meu filho! – Chorou a mulher.
Dalva;
--- Eu vou trazê-lo. Um instante. Fique calma. – Alertou a doutora.
E de imediato, saiu. Fez um sinal para enfermeira não deixar a mulher sair do leito. A enfermeira respondeu.
Enfermeira
--- Pode deixar. Ela se tranquiliza em instantes. Eu faço um soro na veia.
Dalva
--- Isso. Isso. O médico chega logo. Espere. – Disse baixo a mulher.
Um enfermeiro chegou de imediato não fazendo ruído e auscultou a enferma e anotou tudo na tabuleta. Em seguida fez uma aplicação de soro. A paciente espantada, perguntou.
Noêmia
--- O que é isso? – Retendo o músculo.
Enfermeiro:
--- Medicamento. O médico vai ver a senhora em instantes. – Disse o enfermeiro.
Noêmia
--- Vocês querem me matar. – Falou a mulher a chorar.
Enfermeira.
--- Que é isso. Aqui a gente salva quem está carente. A senhora vai ficar curada. Acalme-se. - falou com um sorriso nos lábios.
Logo após esse medicamento a senhora Noêmia se sentiu sonolenta e querendo adormecer. No soro havia um componente a mais para fazer a paciente adormecer. O seu quadro febril não apontava anormalidade. Uma auxiliar veio saber se seria necessário se lhe tirar as vestes. O enfermeiro recomendou um pouco mais de espera.
Enfermeiro
--- Deixe o doutor verificar o estado da paciente. – Dialogou.
Com um pouco de tempo a mulher Noêmia adormeceu. E a auxiliar a viu de próximo.
Assistente:
--- Ela adormeceu. Pode-se tirar esse curativo mal lavado? – Indagou.
Enfermeiro
--- Deixa o médico falar. Ele já está na sala?   - Perguntou
Assistente
--- E eu sei? Como vou saber? Não passo lá! – Falou

O enfermeiro sorriu e saiu apressado.