- BANGALÔ -
- 11 -
DECISÃO -
Nesse mesmo dia, à tarde, depois
do almoço, Dalva Lopes teve tempo de conversar mais e decidiu a se retirar do
moderno apartamento e buscar uma casa mais ao gosto de todos sem andar e sem
nada além do plano térreo. A tomada de decisão veio em seguida ao temor vivido
à madrugada daquele domingo quando o menino quis pilar do apartamento para o
chão em uma altura considerável
Dalva
--- É melhor de viver com os pés
no chão do que nas alturas. – Calculou.
Amanda
--- Você tem razão. O medo que eu
tenho de um apartamento é inconcebível. Nas alturas, nós não chegamos a lugar
algum. Um quarto, uma sala, um banheiro e nada mais. –Ajuizou.
Dalva
--- Nós devemos ter cuidado.
Muito cuidado. Quem mora no morro enfrenta menor perigo de quem morar em um
apartamento de vigésimo andar. O negócio é um perigo. – Fez ver.
Sorvetinho:
--- E onde você vai encontrar uma
casa assim, às rés do chão? – Indagou meio aborrecida
Amanda
--- Em qualquer local, palerma!
Você pensa o que, heim? – Reprovou a irmã
Dalva
--- Não sei. Não sei. Em qualquer
lugar. – Disse a mulher um tanto pensativa
Sorvetinho
--- Você é quem sabe. Por mim, eu
moro até em uma choupana. – Discorreu a moça
O ancião, José Afrânio, estava
presente, ouvindo discos na sala da casa quando se deparou com a alegação de sua
neta e, dessa vez, gargalhou para dizer, em seguida:
Zequinha.
--- Já que você está decidida,
menina, eu pago por um casebre na praia. – E gargalhou ainda mais
Amanda
---Besteira Sorvetinho! O caso é
sério. Ora! E então, Dalva. Você deixaria o apartamento? – Quis saber
Dalva
--- Eu pretendo. Compro uma casa,
dessas que se chama de bangalô e vou morar nesse espaço. O apartamento eu vendo
ou alugo. Sei lá. O susto que nós sofremos essa madrugada, eu não quero passar
por outro! – Relatou a mulher sem ter o seu filho por perto pois o mesmo estava
a dormir na varanda da casa. Uma mangueira ajudava a manter o clima refrescante
no ambiente
O ancião José Afrânio falou, sem
compromisso dentro do tema bangalô. Disse ele saber de um bangalô posto à venda
nas imediações do colégio Sete de Setembro.
Zequinha
--- Não é lá essas coisas. Mas é
isolado, fica na sombra e a dona não pede muito. Ela enviuvou há pouco tempo. E
só tem um filho. Um aluado. Quero dizer: “doido”. Eu bem pensei agora no
assunto. Se a senhora tiver com pressa em se mudar, alugue ou compre essa casa.
Não é lá essas coisas. Mas vai dar certo. – Destacou.
Dalva
--- E ela não mora lá? – Quis
saber.
Zequinha
--- Ao que me consta, a mulher
mora agora na companhia de um parente. Irmão, talvez. – Relatou
Amanda
--- Será a mãe de Lourival? –
Perguntou a outra neta.
Zequinha
--- Ele é o aluado? Se for, então
é essa a viúva. – Destacou enquanto ouvia o LP.
Amanda
--- É ele mesmo. Se você está
interessada, nós podemos ir lá, na casa. E se servir, faça negócio.
Dalva
--- Quando nós podemos ir lá? –
Indagou.
Amanda
--- Hoje, amanhã. Quando você
quiser. Você é quem diz. – Falou.
Dalva:
--- Hoje? – Quis saber.
Sorvetinho
--- É melhor ser hoje. Só assim a
gente pega a mulher cochilando no alpendre. – Gargalhou
Amanda
--- Mas tu falas uma merda
desgraçada. Não tem nem graça! – Respondeu com ira.
Sorvetinho
--- Mas não é verdade? –
Gargalhou
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