sábado, 13 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 12 -

- PRAIA -
- 12 -
CASA NOVA

MORADIA
- 12 –
CASA NOVA
Dois meses, e a família toda estava em outra habitação. Casa ampla com plantio no quintal onde se podia colher os melhores frutos da habitação. Jacas, graviolas, pinhas, pitangas, cajus, mangas entre as demais. Além de se colher frutas tinham mais as frescas sombras do início da manhã ou mesmo no fim da tarde. Um homem de certa idade foi contratado por Dalva Lopes para cuidar do pomar existente e plantar novas árvores, quando precisasse. O que se podia notar era o homem a transitar pelo terreno, colhendo com o seu carrinho de mão, as coisas simples, algumas já sem uso para pôr no local próprio e conduzir para o lixo, caso houvesse. A madrinha de Ciro cuidava da casa com o olhar atento ao pequeno menino. Durante a manhã, tinha o agradável passeio pela calçada na frente da casa, coisa que a moça voltava a fazer no final de tarde. Já um pouco crescido, Ciro obedecia às advertências feitas por Sorvetinho, com se costumava a chamar a moça Walquíria. Esse apelido já por algum tempo era um caso de muita discussão entra as duas irmãs. Com o decorrer das eras, o negócio foi abrandando e, alguma vez, Walquíria nem prestava atenção de fato.
O movimento da rua era o passar do leiteiro, do entregador de pães, do vendedor de cuscuz e tapiocas, do entregador de jornais do dia e, mesmo, do vendedor de frutas. Durante a sua passagem, o vendedor procurava saber se havia frutas para vender. Às vezes, uma jaca ou uma graviola. Coisa simples por demais. O velho homem, vez por outra chegava a habitação em companhia do seu neto. E sempre o garoto pulava para subir nos cajueiros onde tirava algumas frutas. Se era o tempo de caju, o garoto se deliciava a contento.
Sorvetinho
--- Ei? Que está fazendo aí? – Falava brava a moça
Moleque.
--- Chupando caju. – Sorria o pequeno arteiro
Sorvetinho
--- Pôs desça já!  Não estou dizendo! Agora! – Falava a moça com a sua cara de terror.
E o moleque obedecia até o instante em que Walquíria se metia par dentro da sala. E quando a moça desaparecia de vez por estar cuidando de outras obrigações, o moleque voltava a subir, dessa vez, em uma mangueira. E se a moça voltasse para ver o garoto, este se escondia nos galhos da frondosa mangueira para se proteger se ser outra vez cutucado com uma vara.
Sorvetinho
--- Desce! Desce! Desce! Cambado! – Era[aa1]  o que ele ouvia a moça falar cutucando com a vara.
Nos finais de semana, pelo menos aos sábados pela manhã bem cedo, o passeio era a praia. Dalva Lopes arrumava o seu cesto de alimentos, colocava dentro do auto e, com ajuda de Walquíria, rumava com o seu filho Ciro para uma praia distante do movimento da capital. Uma hora e um pouco mais de viagem. A praia era tranquila com quase nenhuma pessoa a não os pescadores com as suas jangadas bem ao longe, um pouco mais distante.
Dalva
--- Olha! Pescadores! – Sorriu para Walquíria.
Sorvetinho
--- De onde elas vêm? – Indagou curiosa
Dalva
--- Devem morar alí por perto. – Salientou[aa2]  com o seu garoto nos braços.
Sorvetinho
--- Provavelmente. – Relatou a moça pedindo o garoto para pôr em seus braços.
Dalva
--- Tem mais pescadores lá ao alto. – Observou a mulher a falar
Sorvetinho
--- Em Natal, tem demais. Eles chegam a passar um mês na pesca. Vem de longe. – Enfatizou
Um garoto a passar ofereceu caju aos de longe. Provavelmente de outro Estado. A mulher agradeceu, pois tinha no cesto bastante caju. E sorriu em troca. E o garoto levou a diante.
Garoto
--- E tapioca? –Indagou
Dalva
--- Nós já tomamos café de manhã. – Sorriu de novo
Garoto
--- Nem cuscuz? – Perguntou novamente.
Dalva
--- Nem cuscuz. Nem peixe frito. Nem camarão. – Gargalhou a mulher.
Garoto
--- Então eu estou pobre mesmo. – Falou amofinado com os seus preparos de comidas.
Dalva Lopes se penalizou um pouco e falou em seguida.
Dalva
--- Não fique triste assim meu garoto. Tudo se ajeita. É porque eu tenho o que você me oferece. Eu venho da capital. Você é daqui. Essa é a diferença. Eu aprendi com seus pais afazer iguarias. Foi assim que eu fiz. Entendeu meu lindo? – Quis saber a mulher.
O garoto olhou para Dalva e, logo, chorou de desânimo. Ele, nada mais tinha a oferecer, de fato. E, Dalva, mais uma vez se compadeceu e veio à frente para melhor vislumbrar aquela criança tao desnutrida, parecendo uma criança sem parentes nenhum e voltou a indagar com delicadeza extrema.
Dalva
--- Seu pai, onde está? – Quis saber.
O garoto olhou a mulher e, depois, olhou para o mar distante. E apontou:
Garoto:
--- Lá. No mar. Morreu. Ninguém sabe. – Falou querendo chorar.
Dalva
--- Seu pai? Ele morreu? Uma tragédia! – Lamentou a mulher
Garoto
--- Sim. Faz um mês. Ele e dois irmãos que eu tinha. Morreu. – Relembrou
Dalva
--- Meu filho. Você está só? – Indagou penalizada
Garoto
--- Eu vivo com minha mãe. Ela está doente. Uma ferida “braba”. – Discorreu.
Dalva
--- Meu Deus do céu! Vocês dois e nada mais? – Quis saber.
Garoto
--- Eu tenho uma irmã. Ela também sofre pela morte do seu homem. – Pronunciou.
Dalva
--- Nossa Senhora. Como é que pode? – Lamentou quase a chorar.
Sorvetinho
--- Aqui é assim. O pescador sai sem saber se volta. – Relatou.
Dalva
--- Eu ouvi falar nessas histórias. Mas, assim também é uma aflição. – Lamentou profundamente
Sorvetinho
--- É o canto da sereia. Não é menino? – Indagou ao garoto
Esse afirmou balançado a cabeça para cima e para baixo.  E relembrou.
Garoto
--- E a lua também. – Lembrou.
Dalva
--- A lua? A lua? O que tem a ver a lua? – Perguntou com pressa.




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