- PESCA -
- 16 -
GAROTO
Um cão ladrou para os que estavam
saltado do carro e José Patrício açoito com uma pedra, fazendo com que esse
bravo cão voltasse para dentro do terreiro logo por trás a anciã. Ainda de
dentro de casa o cão continuou a ladrar apesar de alguém falar com pressa para
o cachorro parar de latir. O som oco se ouviu de dentro do casebre parecendo um
pau a se jogar em volta do cachorro. E, não essa importância toda aos latidos,
dona Dalva Lopes cumprimentou aos presentes com a forma usual de falar com
pessoas sem conhecer por certo. O menino, Ciro, apenas pedia água a sua
madrinha e essa foi, de imediato pegar um pote onde Dalva guardava a água para
viagem. O botijão mantinha o conservar com a frieza e assim a moça colocou à
boca do menino. Mesmo assim o garoto pediu:
Ciro
--- Mais! – Foi como pediu a sua
madrinha.
Sorvetinho:
--- Oxente! Táis com a gangrena?
– Indagou a tia se espantando.
Ciro nada respondeu. Apenas bebeu
um pouco de água servida. E nem chegou a beber toda. Um pouco e nada mais.
A mulher cachimbeira reclamou do
cachorro a continuar a latir enquanto dona Dalva sorria e cumprimentava com
atenção. Em seguida cumprimento o homem, parecendo ser uma criatura de perto,
não sendo o seu filho, pois esse teria morrido há algum tempo quando saiu para
pescar em alto mar pelo que dissera o garoto José. O homem dos peixes saiu todo
suado e com o cheiro de cachaça. Talvez tivesse tomado umas desses de cana, com
certeza.
Dalva
--- Bom dia dona. – E se esqueceu
do nome da mulher. Então se voltou para José e indagou;
O garoto respondeu:
José
--- Carmelita. Mas todos chamam
Sinhá. – Murmurou.
Dalva:
--- Ah bem! Sinhá. Eu sou Dalva.
A senhora vai bem? – Sorriu a mulher um tanto desnorteada.
Sinhá
--- Meu nome é Sinhá. Eu ouvi
quando José respondeu. Eu estou assim, esperando a morte chegar. - Respondeu a
anciã
Dalva
--- Ora. Que é isso. A senhora
tem muito para viver. – Sorriu ainda preocupada como as suas tementes
desculpas.
Sinhá
--- A senhora não sabe o que é
viver quase 90 anos. Já estou para mais um pouco a Deus querer. – Falou consciente.
Dalva
--- Está bem. Mas. Eu pergunto:
como está a sua filha? – Indagou preocupada.
Sinhá
--- A daqui? Quase morrendo. Uma
chaga venenosa. Eu digo que foi mordida de bicho. Ela sofre dores horríveis.
Pudera. – Dialogou.
Dalva
--- Nossa Senhora. Ela já foi ao
médico? – Indagou
Sinhá
--- Quando aparece. Lá alguma
vez. A questão é que aqui não tem médico nem para fazer um chá. – Salientou.
Dalva
--- Mas deve ter alguém que
consulte a enferma! Não tem? – Perguntou preocupada.
Sinhá
--- Sinhá dona. Aqui a gente só
toma chá. Remediu, de qualidade nenhuma! – Respondeu
Dalva
--- Como é que pode? Nem uma
farmácia? – Quis saber mais um pouco.
Sinhá
--- Tem um homem de uma bodega,
mas ele não vende esses negócios! Brote seco. No máximo. – Respondeu
Homem
--- Não diga isso, Sinhá. Se a
gente pedir, ele anota o pedido. Quando vai à cidade, ele compra. – Falou o
homem
Sinhá
--- Quando vai? Pois se é desse
jeito o defunto nem mais espera. Ora! E
quando ele vai? Quando – falou embrutecida
Homem
--- Verdade. Demora um pouco. Mas
se pedir urgente ele vai logo. – Alertou.
Sinhá
--- Pois sim. Quando ele for me
enterre num buraco, como dizia a minha avó Benta. – Deu uma cusparada
continuando sentada no toco.
Dalva:
--- Mas não vem nenhum vendedor
de mercadorias? Um homem? No interior,
eles sempre aparecem vendendo coisas! – Fez ver a mulher
Sinhá
--- Senhora. Aqui só vende peixe.
E aos donos dos barcos. Aliás, esses donos nem pagam pelo serviço. Dão, apenas
um rebotalho. Uma fileira de peixe para o pescador. Sabe o que foi que um
disse, certa vez? “E o meu barco? ”. Ele
queria apenas saber pelo barco. Não perguntou pelas vítimas. Todos morreram. –
Destacou com ódio.
Dalva
--- Que horror! – Falou a mulher
com espanto.
Homem
--- Pois é sá dona. Vida de
pesador é um dia sim e outro não. Morre muita gente. Aqui tem um velho sem as
duas pernas. Ele foi tragado por um tubarão. Coisa triste. E não foi só ele.
Teve outro. Gente sem um braço. E coisa assim. Quando a gente se põe ao mar, só
tem um destino: voltar após quatro ou cinco dias. E até um mês. Nós dependemos
muito da maré. Quando não sopra vento, a gente fica parado. Isso é muito tempo.
Quatro ou cinco dias até o vento soprar outra vez. – Relatou o pescador.
Dalva
--- Tudo isso? Ah meu Deus! Com
pode coisa assim? – Perguntou com espanto.
Homem
--- Só quem sabe é quem vive da
pesca. Outro? Nem um! – Destacou
Dalva
--- Mas tem peixe onde você
estão? – Quis saber
Homem
--- Peixe, tem. Mas é muito raro
aparecer. Quando o tempo escurece, o peixe vai para o fundo. E toca a esperar.
Um ou dois dias. Até mais. Vida de pescador é um desespero. – Disse o homem
Dalva
--- Como é que pode? Eu pensava
que era só largar a rede, e pronto. Não tinha maior trabalho! – Disse a mulher
Homem
--- É trabalho. É trabalho.
Quando a gente vai ao mar, só volta quando o tempo favorece. Pode passar o
tempo que for. E se for de jangada, é muito pior. Tem mais essa. – Cuspiu fumo
a um lado
José
--- Minha mãe está vindo. – Disse
o garoto vinde de dentro da tapera.
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