quarta-feira, 17 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 16 -

- PESCA -
- 16 -
GAROTO

Um cão ladrou para os que estavam saltado do carro e José Patrício açoito com uma pedra, fazendo com que esse bravo cão voltasse para dentro do terreiro logo por trás a anciã. Ainda de dentro de casa o cão continuou a ladrar apesar de alguém falar com pressa para o cachorro parar de latir. O som oco se ouviu de dentro do casebre parecendo um pau a se jogar em volta do cachorro. E, não essa importância toda aos latidos, dona Dalva Lopes cumprimentou aos presentes com a forma usual de falar com pessoas sem conhecer por certo. O menino, Ciro, apenas pedia água a sua madrinha e essa foi, de imediato pegar um pote onde Dalva guardava a água para viagem. O botijão mantinha o conservar com a frieza e assim a moça colocou à boca do menino. Mesmo assim o garoto pediu:
Ciro
--- Mais! – Foi como pediu a sua madrinha.
Sorvetinho:
--- Oxente! Táis com a gangrena? – Indagou a tia se espantando.
Ciro nada respondeu. Apenas bebeu um pouco de água servida. E nem chegou a beber toda. Um pouco e nada mais.
A mulher cachimbeira reclamou do cachorro a continuar a latir enquanto dona Dalva sorria e cumprimentava com atenção. Em seguida cumprimento o homem, parecendo ser uma criatura de perto, não sendo o seu filho, pois esse teria morrido há algum tempo quando saiu para pescar em alto mar pelo que dissera o garoto José. O homem dos peixes saiu todo suado e com o cheiro de cachaça. Talvez tivesse tomado umas desses de cana, com certeza.
Dalva
--- Bom dia dona. – E se esqueceu do nome da mulher. Então se voltou para José e indagou;
O garoto respondeu:
José
--- Carmelita. Mas todos chamam Sinhá. – Murmurou.
Dalva:
--- Ah bem! Sinhá. Eu sou Dalva. A senhora vai bem? – Sorriu a mulher um tanto desnorteada.
Sinhá
--- Meu nome é Sinhá. Eu ouvi quando José respondeu. Eu estou assim, esperando a morte chegar. - Respondeu a anciã
Dalva
--- Ora. Que é isso. A senhora tem muito para viver. – Sorriu ainda preocupada como as suas tementes desculpas.
Sinhá
--- A senhora não sabe o que é viver quase 90 anos. Já estou para mais um pouco a Deus querer. – Falou consciente.
Dalva
--- Está bem. Mas. Eu pergunto: como está a sua filha? – Indagou preocupada.
Sinhá
--- A daqui? Quase morrendo. Uma chaga venenosa. Eu digo que foi mordida de bicho. Ela sofre dores horríveis. Pudera. – Dialogou.
Dalva
--- Nossa Senhora. Ela já foi ao médico? – Indagou
Sinhá
--- Quando aparece. Lá alguma vez. A questão é que aqui não tem médico nem para fazer um chá. – Salientou.
Dalva
--- Mas deve ter alguém que consulte a enferma! Não tem? – Perguntou preocupada.
Sinhá
--- Sinhá dona. Aqui a gente só toma chá. Remediu, de qualidade nenhuma! – Respondeu
Dalva
--- Como é que pode? Nem uma farmácia? – Quis saber mais um pouco.
Sinhá
--- Tem um homem de uma bodega, mas ele não vende esses negócios! Brote seco. No máximo. – Respondeu
Homem
--- Não diga isso, Sinhá. Se a gente pedir, ele anota o pedido. Quando vai à cidade, ele compra. – Falou o homem
Sinhá
--- Quando vai? Pois se é desse jeito o defunto nem mais espera. Ora!  E quando ele vai? Quando – falou embrutecida
Homem
--- Verdade. Demora um pouco. Mas se pedir urgente ele vai logo. – Alertou.
Sinhá
--- Pois sim. Quando ele for me enterre num buraco, como dizia a minha avó Benta. – Deu uma cusparada continuando sentada no toco.
Dalva:
--- Mas não vem nenhum vendedor de mercadorias?  Um homem? No interior, eles sempre aparecem vendendo coisas! – Fez ver a mulher
Sinhá
--- Senhora. Aqui só vende peixe. E aos donos dos barcos. Aliás, esses donos nem pagam pelo serviço. Dão, apenas um rebotalho. Uma fileira de peixe para o pescador. Sabe o que foi que um disse, certa vez? “E o meu barco? ”.  Ele queria apenas saber pelo barco. Não perguntou pelas vítimas. Todos morreram. – Destacou com ódio.
Dalva
--- Que horror! – Falou a mulher com espanto.
Homem
--- Pois é sá dona. Vida de pesador é um dia sim e outro não. Morre muita gente. Aqui tem um velho sem as duas pernas. Ele foi tragado por um tubarão. Coisa triste. E não foi só ele. Teve outro. Gente sem um braço. E coisa assim. Quando a gente se põe ao mar, só tem um destino: voltar após quatro ou cinco dias. E até um mês. Nós dependemos muito da maré. Quando não sopra vento, a gente fica parado. Isso é muito tempo. Quatro ou cinco dias até o vento soprar outra vez. – Relatou o pescador.
Dalva
--- Tudo isso? Ah meu Deus! Com pode coisa assim? – Perguntou com espanto.
Homem
--- Só quem sabe é quem vive da pesca. Outro? Nem um! – Destacou
Dalva
--- Mas tem peixe onde você estão? – Quis saber
Homem
--- Peixe, tem. Mas é muito raro aparecer. Quando o tempo escurece, o peixe vai para o fundo. E toca a esperar. Um ou dois dias. Até mais. Vida de pescador é um desespero. – Disse o homem
Dalva
--- Como é que pode? Eu pensava que era só largar a rede, e pronto. Não tinha maior trabalho! – Disse a mulher
Homem
--- É trabalho. É trabalho. Quando a gente vai ao mar, só volta quando o tempo favorece. Pode passar o tempo que for. E se for de jangada, é muito pior. Tem mais essa. – Cuspiu fumo a um lado
José
--- Minha mãe está vindo. – Disse o garoto vinde de dentro da tapera.



Nenhum comentário:

Postar um comentário