- NOITE -
- 04 -
QUASE NOITE -
Era quase noite e o bar de
Zefinha já estava repleto de consumidores. Os debates eram celebres
principalmente de futebol. Poucos bebiam, pois já estavam a roncar de tanta
bebida. Carros passavam a toda pressa entre ônibus e carroças de burros como
sinal dos derradeiros a conduzir bagagens, mesas entre outros trambolhos. Veículos
estacionavam próximo para abastecer de gasolina em um posto bem próximo. Ouvia-se
um grito de um homem alucinado pela demora sofrida no abastecer o seu automóvel.
Em uma oficina próxima um mecânico quase levava ao delírio os passantes a
roncar o acelerador do carro ainda a testar. Enfim, era esse o tormento.
Um pintor entrou no bar para
indagar sem muita pressa.
Pintor
--- A senhora é a dona? – - quis
saber de Zefinha.
Zefinha
--- Sim. O que foi? - - perguntou
a mulher
Pintor
--- Quer pintar o bar? - -
Zefinha
--- Homem. Não. Até porque esse prédio
não é meu. Mas. O senhor é pintor? - -
O homem tirou da sacola um
mostruário de tintas e desenhos um pouco estranhos e respondeu
Pintor
--- Eu faço isso. Cheguei dos
Estados Unidos e estou procurando quem queira. Não custa nada. É só querer. Eu
faço as cores que a senhora gostar. - -
Zefinha
--- De graça? - -
Pintor
--- Sim. Não me paga nada. Quer?
- - indagou
Zefinha
--- E se eu não gostar? - -
Pintor
--- Ah. Mas vai gostar. É só
querer. - -
Zefinha
--- Espere vou falar com meu
marido. - -
E a mulher saiu com pressa para o
interior do bar a procura do marido. O pintor ficou calado à espera da volta da
mulher. De vez, uma moça se aproximou do pintor. Era uma auxiliar de pinturas.
Ela chegou perto e nada falou. Apenas ficou. Seus braços eram cruzados e um
pouco melados de tinta. E nem ligou para a zoada feita pelos consumidores de
bebidas e comidas. Com um pouco, Zefinha chegou acompanhada do seu marido.
Esse, foi logo dizendo.
Geraldo
--- Pois não! E o preço? - -
Pintor
--- Boa noite. O preço? Não custa
nada. Eu só quero pintar. Aqui tem o mostruário. - -
E pôs a mostra o que já tinha
feito pelas andanças nesse meio de mundo. Um monte de pintura de forma
psicodélica. O homem olhou bem e respondeu
Geraldo
--- Isso é pintura? Nunca vi.
Parece uns garranchos. E não cobra nada? - -
Pintor
--- Não são garranchos. Nos
Estados Unidos é o que mais têm. Quer? - - quis saber
Geraldo coçou a cabeça e
determinou.
Geraldo
--- A mulher é quem manda. Por
mim, nada a comentar. Nos Estados Unidos? Bom. - -
Zefinha
--- Eu. Mas ora essa! E o senhor
quando começa? - - quis saber
Pintor
--- Se quiser, até agora. - -
Zefinha
--- Deixa ver. Eu, agora vou
fechar o bar! E amanhã? - -
Pintor
--- Justo. Amanhã logo cedo. - -
Zefinha
--- Só quero ver! Amanhã, então.
- -
Horas depois o bar já estava
fechado. Apenas Rapa Coco ficara dentou da casa onde devia dormir de vez.
Lourdes saiu com a sua amiga Zefinha (Josefa Fagundes da Silva) em companhia do
seu esposo Geraldo. A garçonete Zuleide saiu para a sua casa na Rua Belo Monte,
nas Rocas. O auto de Geraldo era um calhambeque de fazer dó. Para pegar tinha
que ser empurrado. E se ouvia o homem a falar.
Geraldo
--- Isso é uma merda. Eu ainda
compro outro! - -
Zefinha
--- Para empurrar também? - -
respondia com a cara sem graça
Para deixar o carro a pegar no
dia seguinte, Geraldo colocava o auto numa descida em frente de sua casa e
escorado com dois paus. O homem ainda dava com o pé para sentir que algum pneu
não estava murcho. E assim era todo o fim de noite quando ele chegava em casa.
Após um banho, Geraldo procurava a cama para dormir entre uma conversa e outra.
Geraldo
--- E o pintor?
Zefinha
--- Amanhã. - -
Geraldo
--- Só quero ver. - -
E então, dormia sossegado. Quando
o Galo cantou, Geraldo estava de pé. O Céu já estava clareando. Ele ouviu a
moça Lourdes puxar a descarga do sanitário. E chegou a supor ser já bastante tarde.
Em sua nova casa, Lourdes acordou bem cedo para fazer café e outras comidas que
seria levada para o bar logo cedo da manhã. Quando estava a preparar os
alimentos, Lourdes viu passar o seu Geraldo a quem cumprimento. O homem
respondeu com igual respeito e logo entrou no gabinete sanitário. Em seguida
era Zefinha. A mulher veio devagar com as mãos encruzadas e indagou.
Zefinha
---Dormiu? - -
Lourdes;
--- Faz pouco tempo que me
levantei, - -
Zefinha
--- Fez café? - -
Lourdes
--- Está coado. E tem bolo. Salgado
também.
Zefinha
--- Que horas tu se levantaste? -
-
Lourdes
--- Nem sei. Ainda estava escuro.
- -
Zefinha
--- Tu dormes cedo. - -