- ENTRE PEDRAS -
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O DIA SEGUINTE -
O fogo tomou
conta do navio tanque por todo o restante do dia e noite afora. Dalva Lopes
Baldo resolveu voltar, pois nada mais tinha a fazer. A praia se encheu de
curiosos vindos de várias partes do Estado apenas para observar o navio a pegar
fogo. Ambulâncias saiam e chegavam. Os doentes foram levados para o Hospital.
Os motos – contava-se 7 – fez-se uma ruma para os carros fúnebres conduzirem
para os seus locais. Entre os mortos estavam uma quantia razoável de marujos
ocupantes do navio, inclusive o piloto do barco. Esse eram todos carcomidos e
vários deles não se podia nem se identificar com precisão. Os mortos foram
conduzidos para o Instituto Médico Legal, em Natal, para as suas identificações
minuciosas. Era um horror por todos os que foram visitar os estragados corpos,
na maior parte, carbonizados.
Logo cedo do
dia, por volta das 5 horas da manhã do outro dia, Dalva Lopes acordou após ter
passado uma noite de agonia a tossir e se engasgar completamente. O sol ainda
não despontara, e a mulher tossia bastante. Uma rouquidão veio em seguida e
Dalva observou no poder falar. A sua amiga, Walquíria, sempre relatava.
Sorvetinho
--- Quer um
chá? Erva doce! Não faz mal. – Recomendava.
Dalva tossia
com insistência e de nada falava.
Dalva
--- Estou
rouca! – Disse por gestos a apertar a garganta.
Sorvetinho
--- Não faz
mal. Cidreira. Ou outra coisa. Faço? – Perguntou.
Dalva
--- Faça! –
Disse a mulher apontando para a garganta já não falando nada.
Após atender a
sua amiga, Walquíria resolveu segui ao local onde estava o navio tanque para
conhecer de perto nessas últimas horas. E pediu por empréstimo o carro de
Dalva, pensava em ir buscar a sua irmã, Amanda. Dalva deu o parecer de aprovado
e Walquíria seguiu com pressa deixando o garoto Ciro aos cuidados de dona Noca.
O dia, naquela hora, estava estio, porém nublado. Em poucos minutos Walquíria
estava em sua casa. Entre umas conversas e outras, como estava a Dalva e o
menino Ciro, veio o então convite.
Sorvetinho
--- Dalva está
bastante rouca. E, não podendo ir, eu aproveitei. E vim te chamar. Quer? Vamos!
Amanda
--- E o avô? – Quis
saber.
Zequinha
--- Para onde?
– Perguntou
Sorvetinho
--- P’ru navio.
O senhor quer? –
Zequinha
--- Já estou
arrumado. – Sorriu.
Sorvetinho
--- Então
pronto. Então? – Quis saber
Amanda
--- Uma hora
dessas? –
Sorvetinho
--- Ah bom. Se
não vai, eu já me vou. –
Amanda
--- Espera! Eu
disse que não vou? Sua besta! Vamos! –
E então
seguiram os três. Quando já estava na
estrada que dava para Sagi, Walquíria, viu, de longe uma batida de dois carros,
sendo um da Polícia. E comentou.
Sorvetinho
--- Uma merda.
Transito atravancado! –
Zequinha
--- Pega a
estrada da direita, E vai em frente. – Recomendou.
Amanda
--- E não se
pode passar?
Sorvetinho
--- Só se for a
cavalo. Tá tudo atrapalhado por conta o choque. –
E Walquíria
seguiu pela estrada da direita, comendo areia como ninguém e rodou um bocado
até chegar em outro desvio e partir para a praia de Sagi. O movimento era
enorme. Carros saindo e chegando a todo instante. A Marinha tomava conta de
tudo. Os bombeiros seguiam no combate ao fogo. Os elementares continuavam a
cuidar no transito de carros. Em verdadeiro instante, uma explosão. Uma bolha
de foto subiu ao Céu a vomitar mais bolhas. O navio tanque, se estava penso
para um lado, foi mais ao fundo, emborcando por total. Notava-se até mesmo um
fundo do navio. Os soldados das chamas correram para longe. Três embarcações
navais que continuavam a ajudar, partiram para o largo. O óleo bruto corria
para todos os lados. Era um fogaréu dos infernos.
Zequinha
--- É fogo
muito! – Disse e velho assustado
Embora
estivesse distante da embarcação, o ancião cuidou de acudir a sua neta para se
afastar o mais distante possível e não temer um desastre iminente onde
Walquíria pudesse se expor. O barulho dos veículos da Marinha, polícia e Estado
se confunda com os gigantescos tratores a buscar maior desempenho na ação de
desbravar o caminho. Não fora o estrado e em seguida o fogo intenso todo corria
como antes.
Bombeiro
--- Fogo! O
navio virou por completo! Fujam! Fujam! Fujam! – Gritava ao desespero
O desespero era
cruel. As embarcações da Marinha largaram para mais longe e as bolhas de fogo
misturadas aos negros volumes de fumo corriam a cada vez mais para cair das
águas marinha e, dali, mergulhar por terra. Era um terror gigantesco o formado
com o tombamento do navio tanque a gemer como se tudo aquilo fosse a morte
cruel.
Sorvetinho
--- Meu Pai do
Céu! Quanta miséria” – lamentou em lagrimas.
Em um instante
outro estrondo. Um corpo em chamas caiu de cima do navio e gritava como um
louco.
Amanda
--- Ave Maria!
Onde estava esse louco? –
Zequinha
--- Deve ser alguém
que estava escondido a procura de bens. Algum dinheiro! –
Amanda
--- Dinheiro? –
Assustada.
Zequinha
--- Sim. Os
chamados “ratos de praia”. Vá ver que
tem outro! –
Amanda
--- Meu Deus!
Se tiver, esse já está morto! –
Zequinha
--- É provável.
–
Sorvetinho
--- Tem um
corpo pendurado, em chamas atrás do navio. –
Zequinha
--- Não disse.
Tem mais. Quatro, no total. Esses tipos são ladrões de barcos naufragados! –
Sorvetinho
--- Eu que
digo. Morre todos para não perder o vício. – abusada.