segunda-feira, 27 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 44 -

- ENTRE PEDRAS -
- 44 -
O DIA SEGUINTE -
O fogo tomou conta do navio tanque por todo o restante do dia e noite afora. Dalva Lopes Baldo resolveu voltar, pois nada mais tinha a fazer. A praia se encheu de curiosos vindos de várias partes do Estado apenas para observar o navio a pegar fogo. Ambulâncias saiam e chegavam. Os doentes foram levados para o Hospital. Os motos – contava-se 7 – fez-se uma ruma para os carros fúnebres conduzirem para os seus locais. Entre os mortos estavam uma quantia razoável de marujos ocupantes do navio, inclusive o piloto do barco. Esse eram todos carcomidos e vários deles não se podia nem se identificar com precisão. Os mortos foram conduzidos para o Instituto Médico Legal, em Natal, para as suas identificações minuciosas. Era um horror por todos os que foram visitar os estragados corpos, na maior parte, carbonizados.  
Logo cedo do dia, por volta das 5 horas da manhã do outro dia, Dalva Lopes acordou após ter passado uma noite de agonia a tossir e se engasgar completamente. O sol ainda não despontara, e a mulher tossia bastante. Uma rouquidão veio em seguida e Dalva observou no poder falar. A sua amiga, Walquíria, sempre relatava.
Sorvetinho
--- Quer um chá? Erva doce! Não faz mal. – Recomendava.
Dalva tossia com insistência e de nada falava.
Dalva
--- Estou rouca! – Disse por gestos a apertar a garganta.
Sorvetinho
--- Não faz mal. Cidreira. Ou outra coisa. Faço? – Perguntou.
Dalva
--- Faça! – Disse a mulher apontando para a garganta já não falando nada.
Após atender a sua amiga, Walquíria resolveu segui ao local onde estava o navio tanque para conhecer de perto nessas últimas horas. E pediu por empréstimo o carro de Dalva, pensava em ir buscar a sua irmã, Amanda. Dalva deu o parecer de aprovado e Walquíria seguiu com pressa deixando o garoto Ciro aos cuidados de dona Noca. O dia, naquela hora, estava estio, porém nublado. Em poucos minutos Walquíria estava em sua casa. Entre umas conversas e outras, como estava a Dalva e o menino Ciro, veio o então convite.
Sorvetinho
--- Dalva está bastante rouca. E, não podendo ir, eu aproveitei. E vim te chamar. Quer? Vamos!
Amanda
--- E o avô? – Quis saber.
Zequinha
--- Para onde? – Perguntou
Sorvetinho
--- P’ru navio. O senhor quer? –
Zequinha
--- Já estou arrumado. – Sorriu.
Sorvetinho
--- Então pronto. Então? – Quis saber
Amanda
--- Uma hora dessas? –
Sorvetinho
--- Ah bom. Se não vai, eu já me vou. –
Amanda
--- Espera! Eu disse que não vou? Sua besta! Vamos! –
E então seguiram os três.  Quando já estava na estrada que dava para Sagi, Walquíria, viu, de longe uma batida de dois carros, sendo um da Polícia. E comentou.
Sorvetinho
--- Uma merda. Transito atravancado! –
Zequinha
--- Pega a estrada da direita, E vai em frente. – Recomendou.
Amanda
--- E não se pode passar?
Sorvetinho
--- Só se for a cavalo. Tá tudo atrapalhado por conta o choque. –
E Walquíria seguiu pela estrada da direita, comendo areia como ninguém e rodou um bocado até chegar em outro desvio e partir para a praia de Sagi. O movimento era enorme. Carros saindo e chegando a todo instante. A Marinha tomava conta de tudo. Os bombeiros seguiam no combate ao fogo. Os elementares continuavam a cuidar no transito de carros. Em verdadeiro instante, uma explosão. Uma bolha de foto subiu ao Céu a vomitar mais bolhas. O navio tanque, se estava penso para um lado, foi mais ao fundo, emborcando por total. Notava-se até mesmo um fundo do navio. Os soldados das chamas correram para longe. Três embarcações navais que continuavam a ajudar, partiram para o largo. O óleo bruto corria para todos os lados. Era um fogaréu dos infernos.
Zequinha
--- É fogo muito! – Disse e velho assustado
Embora estivesse distante da embarcação, o ancião cuidou de acudir a sua neta para se afastar o mais distante possível e não temer um desastre iminente onde Walquíria pudesse se expor. O barulho dos veículos da Marinha, polícia e Estado se confunda com os gigantescos tratores a buscar maior desempenho na ação de desbravar o caminho. Não fora o estrado e em seguida o fogo intenso todo corria como antes.
Bombeiro
--- Fogo! O navio virou por completo! Fujam! Fujam! Fujam! – Gritava ao desespero
O desespero era cruel. As embarcações da Marinha largaram para mais longe e as bolhas de fogo misturadas aos negros volumes de fumo corriam a cada vez mais para cair das águas marinha e, dali, mergulhar por terra. Era um terror gigantesco o formado com o tombamento do navio tanque a gemer como se tudo aquilo fosse a morte cruel.
Sorvetinho
--- Meu Pai do Céu! Quanta miséria” – lamentou em lagrimas.
Em um instante outro estrondo. Um corpo em chamas caiu de cima do navio e gritava como um louco.
Amanda
--- Ave Maria! Onde estava esse louco? –
Zequinha
--- Deve ser alguém que estava escondido a procura de bens. Algum dinheiro! –
Amanda
--- Dinheiro? – Assustada.
Zequinha
--- Sim. Os chamados “ratos de praia”.  Vá ver que tem outro! –
Amanda
--- Meu Deus! Se tiver, esse já está morto! –
Zequinha
--- É provável. –
Sorvetinho
--- Tem um corpo pendurado, em chamas atrás do navio. –
Zequinha
--- Não disse. Tem mais. Quatro, no total. Esses tipos são ladrões de barcos naufragados! –
Sorvetinho
--- Eu que digo. Morre todos para não perder o vício. – abusada.



LAÇOS DE TERNURA - 43 -

- NAVIO -
- 43 -
FOGO -
Após o almoço, o ancião José Afrânio Beraldo, o popular Zequinha como todos o chamavam, dormia um pouco em repouso da comida. As mulheres estavam na sala ou na cozinha. Perto das três horas, parecendo um sonho, José Beraldo recebeu uma mensagem. O espírito lhe dizia ter o fogo arruinado o enorme petroleiro preso entre as pedras. O ancião despertou com aquele aviso e procurou ver alguém estar no seu quarto. Como não havia viva alma ele percebeu ter sido a voz de um espírito. Então, José Beraldo chamou de imediato a sua neta, Amanda, para ter melhor acordo.
Zequinha
--- Amanda! Ô Amanda! Amanda! – Chamou o ancião.
De imediato, a moça respondeu bem reocupada com a voz do seu avô.
Amanda;
--- Está chamando? – Perguntou a neta com olhar abismado
Zequinha
--- Sim. Você tem o telefone de Dalva o de Walquíria? – Indagou
Amanda
--- Tenho os dois! O que se passa? – Indagou preocupada.
Zequinha;
--- Veja se Dalva rumou para o local do desastre de hoje! – E percebeu não ter havido sonho.
A moça concordou e ligou o seu celular para o celular de Dalva. Esse chamou três vezes e atendeu. Dalva estava a caminho da praia de Sagi, distante até, quase fronteira com a Paraíba. E atendeu com cautela. Ao celular Amanda se identificou e mando esperar, pois o chamado era para o seu – de Amanda – avô. Dalva esperou a ligação e logo atendeu.
Zequinha
--- É Dalva? – Quis saber.
Dalva
--- Sim. Sou eu. Algo para informar? – Indagou com o carro acelerado a chegar a praia de Sagi.
Zequinha:
--- Nada além do normal. Porém, tenha cuidado. O navio vai explodir dentro de instantes. Cuidado. Não vá se aproximar muito. Fique longe. Cuidado! – Falou com cautela.
E nesse momento, o navio tanque explodiu como uma bola de fogo. Dalva nem esperava. Ela estava já na praia quando houve o acidente. Foi uma combustão e as labaredas assumiram de vez toda a embarcação. E, a moça falou a tremer.
Dalva:
--- Mas meu avô. O navio explodiu nesse momento! Ai meu Deus! É muito fogo! Não dá para enxergar! Tudo foi tomado pelas chamas! O senhor está sabendo? – Indagou nervosa.
Zequinha
--- Eu esperava. Foge daí! Vá embora! Não deixe nada se aproximar! Cuidado! Cuidado! – Falou nervoso.
Dalva
--- Ai meu Deus! Para onde eu vou? – E governou o carro de volta com temor de também ser atingida pelo fogo.
O rolo de fumaça tomou conta do espaço rumando para o Céu envolvendo tudo. A maior parte dos tripulantes foi apanhado elo fogo. Não havia bombas contra o fogo. Tudo era uma imensa chama. Gritos de terror. A Marinha se pôs ao lago tão de imediato como pode, em um instante. Os militares da PM gritavam de dor. Alguns se envolviam na areia para extinguir as chamas. E nada podia ser feito.
Marinheiro
--- Cuidado! – Gritava um marinheiro com um clamor de horror! –
O pessoal nativo corria para longe do imenso fogaréu. Era o clamor do espaço naquele primeiro instante de terror. Um carro dos Bombeiros seguiu para mais próximo com as suas mangueiras abertas e os soldados do fogo ouvindo gritos de clamores de toda a parte. Enfim, os Soldados abriram as mangueiras e atearam jatos de água entre espumas para sufocar as cruéis chamas que se alastravam por todo o navio tanque.
Bombeiro
--- Não dá para conter esse imenso fogo. Veja a altura do navio? – Comentou um bombeiro
Bombeiro-chefe
--- Que se faça o possível. Avante!  - Gritou o bombeiro chefe
Bombeiro
--- Mas não tem nem como a gente chegar! – Lamentou.
Chefe
--- Avante! Avante! De qualquer forma! – Gritava o chefe dos bombeiros.
Os carros da Polícia Militar e da Marinha ziguezagueavam por diversos caminhos entre os miseráveis escombros das choupanas todas roladas para o chão. O povo a correr temendo a desastrada ocorrência. Meninos, moças, homens, mulheres, anciões. Era todo o clamor. E o fogo a se alastrar por meio mundo. Corpos carcomidos era um verdadeiro bramido de uma terrível chacina de gente, de marujos da embarcação. E ninguém podia saber quantos estavam à morte naquele infernal suplício. Bem distante do imenso fogo estava Dalva e demais companheiros a chorar com aquela destruição total. Ao longo do tempo, chegaram mais carros de bombeiros na tentativa de sufocar as imensas chamas. Mesmo assim, nada se podia ser feito. Era deixar queimar tudo até o seu fim.  O celular de Dalva chamou e ela atendeu.
Sorvetinho
--- Que houve? – Indagou alarmada
Dalva
--- É fogo muito. O navio está ardendo em chama. Fumaça para todos os lados. Eu não posso nem falar. Estou rouca por demais. Acho por bem em voltar à cidade. Mas tem a população nativa. Os repórteres não fazer nada. E nem pode. É o caos! – Delirou a mulher falando o que devia.  
Sorvetinho:
--- Não disse! Não disse! O meu avô bem que disse! Eu vou aí? Que você acha? – Perguntou angustiada.
Dalva
--- Nem pensar! Aqui está tudo cheio de carros. São muitos! Nem venha! – Falou tremendo
Sorvetinho;
--- Nem para ver o desastre? – Perguntou inquieta.
Dalva
--- Não! Eu vou voltar! Estou suja de fuligem. Os nativos estão saindo para o mato! Coisa triste! – Declarou alarmada
As sirenas dos autos, das ambulâncias, carros-pipas, carros de Polícia ecoavam insistentes por todo canto possível em uma correria bárbara. Tudo erra horror imenso. Quanto mais chegavam veículos de combate ao fogo, mais ainda era a imensa chama a destruir aquele bar imenso cheio de petróleo, o provocador do fragoroso incêndio. Não se tinha notícias do piloto. Talvez tenha morrido entre as causticantes labaredas. Alguns soldados de combate às chamas tinham saído feridos pelo horror do imenso ardor. Tudo, na verdade, era a desordem! E teria que durar o fogo imensas horas, dias e semanas.
Soldado
--- É a morte de todos! – Relatou um soldado do fogo
Repórter
--- Quando foram atingidos? – Indagou preocupado
Soldado
--- Sei lá. Quarenta. Cinquenta. Coisa assim. – Comentou o homem do fogo
Repórter
--- Quanto tripulantes tinha esse transatlântico? – Indagou
Soldado
--- Ouvi falar em 40. – Declarou coberto de fuligem   

LAÇOS DE TERNURA - 42 -

- NAVIO ENCALHADO -
- 42 -
A VOLTA -
Quase meio-dia e o celular de Walquíria tocou. De imediato, a moça atendeu. Era a sua comadre, Dalva Lopes avisando está chegado em casa. A moça respondeu da mesma forma e estava seguindo de taxi para a moradia onde residia, ela e o afilhado, Ciro. O menino, Walquíria adotou desde pequena idade, talvez quando do seu nascer, por conta de uma mulher desconhecida o deixou em um apartamento onde Dalva Lopes residia naquele tempo, quase um ano passado. Na manhã quando o navio encalhou numas pedras, Walquíria resolveu sair de casa e ir ter com seu avô contar o ocorrido. Dalva, por seu lado, rumou para a praia de Sagi com a equipe da Universidade onde ocorreu o caso do SMQueen, o navio petroleiro. De volta a sua residência a mulher procurou falar com Walquíria, e essa ainda não chegara da visita à própria família, na Cidade. Esse foi o caso
Com um pouco de tempo, Walquíria chegou a residência e procurou saber detalhes do acidente com a nau. Dalva tinha muito o que contar e pediu licença para ir ao banheiro. Logo após, as mulheres teriam a conversa bastante longa. Enquanto isso, dona Noca, a cozinheira, comentava com assenhora Noêmia o caso da Ribeira contada por sua avó, quando ainda era uma moça dos seus 20 anos. A avó de dona Noca tinha vindo com sua família da cidade de Panelas montada em jumentos, pois naquele tempo não havia carro, a não ser de boi, coisa da moda dos engenhos de açúcar. Por isso, a escolher, tinham as mulas e jumentos.
Noca
--- Minha avó contava ter vindo morar em Natal quando moça. Ela e sua família. Irmãos, pai e mãe. Certa vez minha avó contou que, no seu tempo, ela vendia tapioca, bolo e beiju no Bairro da Ribeira. Era uma tirada e tanto. Quando moça, minha avó já morava na Rua do Motor. Esse nome, a rua não tinha. Era apenas um arremedo de casas, taperas, mocambos feitos de palha ou reboco. E assim, minha avó levou a vida. No seu tempo, ela contava que existia na Ribeira, uma casa transformada em pensão. E ficava na esquina da Rua do Comercio. A pensão dava para o rio Potengi. Era muita gente a ficar pela rua à espera do trem. Nessa época, o trem ficava do outro lado do rio. E quem precisava ir, tinha que esperar. Isso foi no ano de 10. Ela contou, certa vez, um homem atacou uma mulher da vida e a matou. Coisa triste! Bem na esquina da pensão. Veja só! Ele se chama Maria Rita, mas tinha o apelido de Tanajura! – Sorriu.
Noêmia:
--- Tanajura? Que coisa! Parece uma abelha. – Respondeu sem sorrir.
Noca:
--- Pois é! Mulher da vida tinha o nome que se colocava. Essa vivia bêbada. Era um pé lá e outro cá! Bêbada! Coisa triste! Mulher bêbada! E eram muitas assim. Todas. Quem vivia assim só podia beber! E era cana mesmo! –
Noêmia
--- Na minha terra, mulher não bebe. Agora, homem! Esses vivem que só Deus sabe. – Confessou
Noca:
--- Homem é um pau d’água. – Falou sem sorrir.
Noêmia
--- Não sei que gosto tem! – Afirmou torcendo o rosto
Noca
--- É doce, a cana. É feita quando se tira o açúcar da própria cana. Por isso é que chamam cana.
Noêmia
--- Disso eu sei. Os escravos, eles descobriram a cachaça espremendo a cana. –
Noca
--- Pois é. P’ra você ver. –
Nesse instante, Walquíria com Dalva. A mulher terminara o banho e foi pegar o seu filho, Ciro e comentou o desastre da nau.
Dalva:
--- Coisa triste! Muita gente morreu por conta das ondas. Casebres destroçados. Só ficou a ruína. O povo entristecido. É coisa de fazer dó! O navio encalhou nas pedras. Ele foi jogado pela onda, disse o piloto. E foi mesmo! Uma onda gigantesca! O navio é qualquer coisa de dez andares de altura! Um monstro! Eu não vi o outro lado da nau! Ela ficou envergada! Caída assim para um lado. Os embarcadiços foram tirados em escadas de cordas! Quarenta homens. Todos eles machucados. O navio é um monstro. Eu vim almoçar e volto para ver o acidente. Nós estamos tomando notas do ocorrido. – Entristecida.
Sorvetinho
--- Mas. .... Como foi que se deu essa tormenta? – Quis saber de maiores detalhes.
Dalva
--- O piloto comentou ter havido um maremoto muito forte. E em seguida a onda gigante arrastou o navio até as pedras. –
Sorvetinho
--- Nossa Mãe! E não deve jeito de inverter a rota? – Espantada
Dalva
--- O que!? O mar é enorme! Um navio na frente dele, por maior que seja, não passa de um palito de fósforo! Uma coisa bem miúda! Nem um palito! Algo sem nenhum tamanho! Ora! –
Sorvetinho:
--- Não entendo. Mas, o navio está cheio de óleo? –
Dalva
--- Sim. Porém está sangrando. Porém pouco. Ele adernou. Os tanques, ó? Tome o tamanho de cada um!
Sorvetinho
--- Quarenta homens? Que horror! – Comentou com tristeza.
Dalva
--- É o tamanho da embarcação.  Tem uns com menos tripulantes. Trinta, por exemplo. –
Sorvetinho:
--- E não tinha socorro por perto? – Indagou a alimentar dúvidas.
Dalva                                                               
--- Socorro? P’ra que socorro? Se tivesse outro, afundaria! Eu não estou dizendo!? O socorro que um navio tem é chamar pelo rádio! – Articulou exasperada
Sorvetinho
--- Foi por isso que a Marinha chegou logo. – Pensativa.
Dalva
--- E demorou demais! Demorou demais! A velocidade de um navio da Marinha e vagarosa em comparação a um carro de luxo que percorre a estrada. Além do mais, uma Corveta não dá para assistir socorro a muita gente. –
Sorvetinho
--- Qual navio que foi socorrer? – Indagou
Dalva
--- A Marinha foi de carro mesmo. Depois é que veio a Corveta. É uma loucura! E a Polícia estava no meio com uns brutamontes truculentos. Uns gigantões. Chegaram muito tempo depois! –
Sorvetinho
--- Imagino! Para prender bandidos, eles não dão o menor valor. Agora mesmo, uns bandidos massacraram cinco mulheres dentro de um bordel, e não apareceu um, p’ra fazer um chá. -  comentou aborrecida
Dalva
--- Foi o caso de Assú? - Indagou
Sorvetinho
--- Isso aí. Perto de Assú. - Abusada    

LAÇOS DE TERNURA - 41 -

- ONDAS -
- 41 -
WALQUÍRIA -

Na manhã daquele dia, Walquíria resolveu ir até a residência do seu avô contar o sabido com o navio petroleiro encalhado nas pedras da praia de Sagi, litoral sul do Estado. A moça não sabia de muito, a não ser o dito pelo pescador, o confirmar pela mãe de Ciro, a senhora Dalva e conversas outras tidas com dona Noca, a cozinheira da casa. Foi Noca quem ouviu o pescador relatar o caso do navio. Mas, a senhora Dalva Lopes Baldo foi à praia de Sagi com a equipe da Universidade Federal para colher informes do havido. Apesar de não saber de nada, Walquíria correu o mundo para falar, depressa, ao ancião José Afrânio Beraldo, o seu avô e por consequência com todo o pessoal a residência. Na sua viagem não muito longa, Walquíria foi de taxi em companhia do seu afilhado, o menino Ciro, por conta de a moça ter sido a madrinha e ter tomado conta do menino de manhã, de tarde e à noite. As ruas da capital já mostravam o seu movimento bem diferente de antigamente, quando Natal tinha apenas casas de moradia, na Cidade, e um mercado público com gente diversa na feira livre do bairro. Era evidente ter casas, porém todas de morada, como nos anos do início do século XX e mais para o começo da capital. Os nomes das ruas da Cidade Alta, eram por demais interessantes. Rua dos Tocos, Da Lata (de água, pois pela rua Santo Antônio passavam as mulheres para buscar água no Baldo, no tempo em que não havia água encanada), das Freiras e, tempos depois, mudava-se os nomes de diversas ruas da capital. Quando Walquíria chegou a residência de seu avô, havia pouco movimento, onde estavam abertas as portas de uma padaria. E só. Por ali, o povo comprava as necessidades da manhã em lugar de ir ao Mercado da cidade onde era uma lonjura e tanto.
Sorvetinho entro na residência do avô e foi logo dizendo, um tanto afogueada com o menino Ciro no colo.
Sorvetinho
--- Sabe o que ocorreu? – Indagou apreensiva.
O avô sorriu e disse:
Zequinha
--- Um navio encalhou. – O sorriu.
A moça se voltou e quis saber:
Sorvetinho
--- Como o senhor sabe disse? Ah. Já sei. O espiritismo! – Despachou
O ancião soltou uma bela gargalhada e logo em seguida foi dizendo:
Zequinha
--- Mortos e feridos não têm. Apenas apreensão. E o que mais? – Sorriu.
Sorvetinho:
--- Mais nada. Eu quero é saber como ocorreu, e pronto! – Tirou o menino do colo.
Zequinha
--- Uma onda gigante empurrou o navio para a terra e nada mais. – Falou sorrindo.
Sorvetinho
--- Como o senhor sabe? O Rádio disse? – Indagou apreensiva.
Zequinha:
--- Nada disso. O pessoal do Rádio nem sabe do ocorrido. Apenas os meus guias. Ou o caso não foi assim? – Sorriu.
Sorvetinho
--- Sei lá se foi! E agora? O que é que se faz? – Indagou aperreada.
Zequinha:
--- Nada. Espera-se dois anos. Descarrega-se o cru – óleo – e deixa-se a embarcação a servir de amostra. –
Sorvetinho:
--- Só? – Quis saber de pronto.
Zequinha
--- Ou minha filha. Se você procura-se saber de mim o ocorrido, eu não saberia ditar coisa alguma do sucedido. Agora, eu sei. Não saiu por aí dizendo a todo mundo. Apenas você perguntou. Do caso, eu soube quando você entrou aqui. Apenas foi assim. –
Sorvetinho
--- Eu não entendo mais nada. Quanto mais aprendo, menos sei. – Declarou com voz amarga
Zequinha
--- Os casos ocorrem. No meu caso, por exemplo, eu vejo, eu ouço, eu converso. Eu sei quando é u espírito e quando não. Agora, quanto a você, eu não posso adivinhar o que você não sabe ou deseja saber. É um caso estranho. Se eu vou morrer amanhã, eu não sei. Disso, eu não de ninguém. Mas, um navio que perde o rumo, ah, isso eu vejo. Por que, eu não sei. Eu sei quando alguém mente ou diz a verdade. Disso, eu sei. Não adianta nem me dizer que ele está falando a verdade porque se é mentira. Eu não me importo em saber se ele diz a verdade. Eu sei se é verdade. Para muitos, a mentira é uma verdade. Eu até que admito. A verdade pode ser uma mentira para alguém e não ser para outro.  No caso muito simples: Jesus! É verdade ou mentira? Esta é uma questão base. Para muitos ele não passa de conversa. Mas para os Católicos é uma pura verdade. É uma questão de dúvida. – Formulou.
Sorvetinho
--- E o senhor, o que acha de Jesus? –
Zequinha:
--- Como católico ou como ateu? – Quis saber.
Sorvetinho:
--- Vá lá. Como católico. – Quis saber.
Zequinha
--- É uma resposta difícil para você entender. Antes de Jesus houve outros. Mas Jesus foi tido como um símbolo. Se ele falou o que dizem, outros falaram também. Mas não se diz. E, por conseguinte, ao se sabe. Jesus não é o nome dele. É bem outro. Mas ater a Jesus. Ele viveu num tempo difícil onde ninguém queria saber de um caso ou de outro. Roma era o Juiz. Veja bem: Leões famintos para devorar os Cristãos. O que você acha disso? – Indagou
Sorvetinho:
--- Acha como? – Indagou surpresa.
Zequinha:
--- É certo ou errado? –
Sorvetinho
--- Claro que é errado. – Disse sem pensar.
Zequinha:
--- E uma menina de 15 anos degolar um prisioneiro. E certo ou errado? – Quis saber.
Sorvetinho
--- Uma menina? Pequena? Mandada a executar? – Indagou sem saber
Zequinha
--- Isso mesmo. A menina se escancha no espinhado do homem. Um adulto. Bem moço ainda. Agora, é inimigo da Nação. Isso certo ou errado. Veja bem: uma menina. Certo ou errado? –
Sorvetinho
--- Depende. – Aguentou com a resposta.
Zequinha:
--- Não depende de nada. Ela degolou o prisioneiro. O mesmo ocorreu aqui, no Estado. Cinco homens armados entraram em um cubículo e mataram quatro mulheres. Certo ou errado? –
Sorvetinho
--- Por que eles mataram? – Indagou a moça
Zequinha
--- Não importa porque mataram. Eles, simplesmente trucidaram. É certo? –
Sorvetinho
--- Claro que é errado. O que tem a haver com os leões? – Perguntou
Zequinha
--- Bem. Os leões estavam famintos. Os famigerados do interior, estavam com sede de vingança. Você tem em mãos dois ou mais casos semelhantes. Se um Juiz condena um homem que roubou uma lata de cerveja em supermercado, que motivo ele tem para inocentar um cidadão que mata um rapaz que lhe atrapalhou no transito e até quebrou o retrovisor do seu veículo e até não o prendeu por ser réu primário? Isso é certo? – Quis saber
Sorvetinho
--- Onde foi esse caso? – Perguntou.


terça-feira, 21 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 40 -

- TSUNAMI -
- 40 ´-

NAVIO - 
Por volta das 9 horas da manhã a equipe da Universidade Federal já estava a postos na praia de Sagi onde estava encalhado um imenso navio petroleiro de 458 metros de comprimentos e largura de 89 metros com um calado de 25 metros correspondente a um edifício de 8 andares. Era um imenso navio onde pessoas vagavam por distancia a olhar aquele petroleiro com temor do mesmo explodir a qualquer momento. A Marinha já estava no local assessorada pela Polícia Naval e demais soldados da Polícia Militar. As casas à beira mar que foram arrastadas pelas ondas, já não havia nada para contar. A não ser os seus moradores a vasculhar os entulhos sobrados e espalhados por toda a imensa costa.  O piloto do navio explicava ao comandante da Marinha o havido com a sua embarcação.
Piloto:
--- Eu estava no comando quando uma onda gigante arrastou o barco pondo para fora como se fosse um resto de madeira perdido no Oceano. Eu não tive jeito de manobrar o navio. Foi uma onda gigante. Como se diz: um tsunami. É a mesma coisa! – Falou desalentado.
Comandante:
--- Nós já prevíamos essas ondas. Mas colocar um navio gigante desse porte em cima das pedras? Foi deveras surpreendente. Que fosse uma lancha ou um barco de pequeno porte. Isso, vá lá. Mas, veja esse tamanho da embarcação? – Apontou o comandante da Marinha para todo o petroleiro.
O piloto do navio gigante apenas olhava e chorava de tanta comoção a lamentar perder tamanha carga em uma praia praticamente deserta.
Piloto:
--- O peso da carga é de 424 milhões de barris, mais de 5 vezes o peso de um porta-aviões. – Chorava como um louco
Comandante
--- Dezoito mil caminhões tanques! – Relatou decepcionado.
Auxiliar da Marinha olhava o tamanho do navio tanque e apontou para o nome.
Auxiliar:
--- SMQueen. Inglês! – Alertou.
Piloto
--- Apenas o nome. Bandeira brasileira. Esse é um antigo navio “Enchova”. – Salientou.
Comandante:
--- Mas, fabricado nos estaleiros ingleses!  - Comentou.
Piloto
--- Temos uma tripulação de 40 marinheiros. Todos estavam acordados quando veio o gigante tsunami. Eles apenas ouviam o mar alterado, o barco subindo e descendo como folha de papel. Era o caos! – Lamentou chorando.
Comandante:
--- O senhor comunicou o fato às autoridades? – Quis saber.
Piloto
--- Sim. De imediato. No mesmo instante. Avisei a Capitania dos Portos, a Base Naval e aos proprietários da embarcação. – Relatou.
Já bem antes já estavam a postos os veículos da Polícia, Marinha e Universidade além de outros carros com a turma de pessoas a resgatar os desatentos ocupantes navio tanque nesse pior desastre ocorrido em terras do Rio Grande do Norte. A Marinha destacou militares para recolher os marinheiros em uma altura considerável pelo tamanho da embarcação.
Do seu ponto, Dalva Lopes Baldo anotava todo o necessitado e procurava colher depoimentos de nativos com imediata atenção. Número de pessoas, quantos casebres destruídos, a ajuda do Governo Municipal e Estadual, o que se perdeu com o tsunami seguido de furacão entre outros adendos normais.
Dalva
--- Minha velha, o que a senhora perdeu de mais precioso? -   
Velha
--- O meu filho. Ele se foi com as águas da maré. – Respondeu a lacrimar.
Nativo
--- Senhora. Eu nunca vi desastre desse tamanho! Olha só o navio! Faz até medo se chegar perto desse monstro! – Falou com espanto
Dalva
--- O senhor já tinha visto um navio desse tamanho? –
Nativo
--- Senhora. Eu trabalho em jangada. E nunca vi o tamanho de uma embarcação desse tipo. Para mim, ele também dez andares ou mais. Do tamanho de um prédio gigante! – Relatou cuidadoso.
Em poucos instantes, viaturas de Polícia chegaram ao local com um comando de militares muito bem armados e ostensivos com coletes de balas e armas de longo alcance. Foi um pavor para os nativos ver todo aquele armamento a assumir o comando para dissolver os curiosos a estar a ver o navio encalhado nas pedras.
Mulher:
--- Sai daí moleque! Esses soldados são malvados! – Acudiu uma mãe com toda a pressa.
E os meninos, moças e rapazes se esconderam dos militares temendo serem os monstros guardiões do portão do Inferno. Gigantes, truculentos, os militares tinham o rosto coberto para uma máscara e nada falavam mantendo-se firmes e disposto ao ataque àquele pessoal nativo cheio de problemas, até mesmo sem casebres, pois suas choupanas foram varridas da terra para a imensidão do mar. Os algozes monstros eram os policiais do Estado, provavelmente as feras carniceiras prontas para o assalto a qualquer instante. Nesse momento, se aproximou um oficial da Polícia para um militar de baixa patente e advertiu nada tem a fazer.
Oficial
--- Apenas mantenha guarda. A Marinha é quem comanda! – Falou com seriedade.
E os Marinheiros de terra iniciaram a labuta de retirar os componentes do destroçado navio amarando cordas para ver se conseguiam a os nautas descerem da melhor forma possível, caindo de uma altura impressionante de cerca de 8 andares de um edifício. Eram todos em um total de 40 marujos a buscar a proteção de terra firme pois na embarcação havia o seu desequilíbrio constante pelo fator das águas do mar e da barreira de pedras onde a nau se enterrou de vez. Notava-se a presença de mais ajudantes, todos em terra, pois havia dúvidas com relação as fortes marés naquelas pendentes horas. A senhora Dalva Lopes Baldo quis saber por quanto tempo a equipe ficaria na praia.
Engenheiro:
--- Quem sabe lá! Esse navio mergulhou bem fundo nos rochedos. E os seus tanques estão repletos de cru! – Óleo, para bem falar.
Dalva
--- Seria preciso falar com a central? – Quis saber.
Engenheiro
--- É bem provável. A Marinha tem pressa em manobra com esse monstro! – Falou decepcionado
Dalva
--- Eu presumo que vai levar um mês. –
O Engenheiro observou bem a mulher e deu negativo.
Engenheiro
--- Um mês vai durar para se retirar o óleo. Isso é o mínimo. Sabe qual é a capacidade do barco? – e sorriu
Dalva
--- Não faço a menor ideia. – Falou muito séria.
O engenheiro sorriu antes de falar:
Engenheiro^:
--- Pois fique sabendo: dezoito mil caminhões bem carregados! – Falou e sorriu
Dalva
--- Nossa Senhora! E de onde se vai buscar tantos caminhões para se retirar esse combustível? – Alarmada.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 39 -

- PETROLEIRO -

- 39 -
TRAGÉDIA -

O dia seguinte acordou calmo e sem ventania. O silencio profundo dava a entender ser um dia primaveril, certamente. Os pássaros gorjeavam pelos arvoredos e algo demais não se ouvia no solar de Dalva Lopes. O som de um oferecer. Era o homem do pão. Todos os dias o homem a passar e oferecer o seu pão quentinho, tirado do forno naquela hora cedo da tranquila manhã. Os cabeceiros já passavam para o mercado, tentativa de colher as mais belas compras e deixar nas casas do povo rico. Era uma manhã de alegres eventos para tudo então sagrado. O homem do peixe chegou cedo da manhã a deixar as lagostas e cioba, no que ele sempre levava. Dali em diante, o pescador partiu para o Mercado antes de falar:
Pescador
--- Tem um navio perdido da costa. – Declarou.
Com espanto dona Noca quis saber.
Noca:
--- Onde? – Quis saber inquieta.
Pescador:
--- Sagi. Parece. Já perto da Paraíba. Um pescador me disse agora há pouco. – Relatou
Noca:
--- É um navio grande? – Assustada.
Pescador
--- Acho que sim. Os tripulantes saltaram para terra. O navio ficou encalhado nas pedras. – Respondeu
Noca
--- O navio trazia passageiros? – Indagou curiosa.
Pescador:
--- Isso eu não sei. O velho também não disse. Apenas um navio encalhado nas pedras. Ele falou. -  destacou.
Noca
--- Ave Maria! Terá sido o furacão? – Falou espantada
Pescador
--- O que ele falou foi de uma grande ventania! A maré estava muito forte. E chegou a derrubar casas. Muita gente em aflição. Um rapaz foi arrastado para o mar! Coisa triste! – Destacou.
Noca.
--- E quem foi levado? – Assustada;
Pescador
--- Eu não sei o nome. O velho só disse isso! – Falou agoniado.
Noca
--- Eu tenho gente morando nas praias do Sul! Eu preciso saber quem foi tragado! Ah meu Deus! – Angustiada.
Pescador
--- Mais tarde eu volto! Vou saber mais detalhes! Ainda é cedo do dia! – Com aflição.
Noca
--- Eu vou chamar dona Noêmia. Talvez ela tenha gente por Sagi! Minha Nossa Senhora! – Angustiada.
Nesse ponto, Walquíria veio a porta da frente e quis saber de mais detalhes. Angustiada, a moça indagou.
Sorvetinho
--- O que houve? – Aflita.
Noca
--- Não sei bem. O velho não soube dizer. Mas, ao que parece, tem gente morta! – E entrou
Sorvetinho
--- Morta!? Quem morreu? Onde!? – Alarmada.
Noca
--- Espera, menina! Vou chamar dona Noêmia! – Com aflição a caminhar para dentro da casa.
Sorvetinho
--- Noemia!? O que ela sabe!? – Corria aflita a moça para acompanha a mulher.
Noca
--- Nada! Eu quero saber se ela teve conhecimento do caso! – Angustiada.
Dalva:
--- Que caso!? Que caso!? Que caso!? – Em susto e saindo para fora do seu quarto
Sorvetinho
--- Vamos saber já! – Salientou para a irmã.
De imediato explodiu a celeuma. Todos não sabiam de nada e buscavam algo de explicação. Dalva, mais prudentes buscava o celular. Ela tentava ouvir alguém da Universidade. As mulheres continuavam a falar e o menino Ciro apenas acordava naquele instante. A sua ama Walquíria cuidou para que ele não se assustasse com temor apossado do restante do pessoal. O velho jardineiro tão logo soube, cuidou de melhor se informar com demais conhecidos a passar em busca do mercado. A situação era de emergência. Entre os “sim” e “não” veio a notícia. Um biscateiro falou de todo o que lhe foi dito por outros compadres.
Biscateiro
--- Foi um navio. A embarcação foi sacudida nas pedras. E tem gente morta. Gente muita! – Falou
O rastro de nota correu o mundo. Dalva soube de mais notícias. Era um navio de grande porte e gente ainda dormia em seus beliches. De acordo com a Universidade, em Natal, a Marinha já havia deslocado equipes para a região de Sagi e adjacências a buscar maiores informes dos náufragos da embarcação e populações marinhas a residir em áreas de insegurança.
Dalva
--- Vai ser preciso ir? – Indagou preocupada
Universidade
--- Nós estamos para seguir a região nossas equipes. Afinal, nós temos a grande preocupação, pois é área, assim como todas, de instabilidade. – Destacou.
Dalva
--- No caso, eu tenho que ir? – Indagou preocupada
Universidade
--- Seria melhor. A senhor tem maiores conhecimentos nesse tema. – Destacou
Dalva
--- Então, espere. Estou seguindo. – E desligou o celular.
Walquíria, com bastante cuidado, fez a pergunta.
Sorvetinho
--- Você vai!? – Preocupada.
Dalva
--- Agora!!! – Relatou com vexame.
Noêmia
--- Ai meu Deus! E agora? – Indagou inconsolada.
Dalva
--- É o jeito. Soldado no quartel tem Guerra! – Alertou seguindo para seu cômodo.
Sorvetinho
--- E se chover!? – Preocupada
Dalva
--- Ainda chove, hoje! - - relatou.


domingo, 19 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 38 -

- CHUVA -
- 38 -
O MAR -

Quase seis horas da chuvosa tarde daquele dia e Dalva Lopes Baldo chegou à sua moradia a buzinar frenética com o seu veículo para ver se havia alguém a vir abrir o portão. Com um instante surgiu o jardineiro, encobrindo-se com uma capa de plástico amarelo. Ele estava um pouco molhado e sorriu para a sua patroa mandando esperar um pouco enquanto se abria a grade de alumínio. De repente, surgiu na entre porta a moça Walquíria com o menino no colo apontando a sorrir para a sua mãe. E declarou:
Sorvetinho
--- Toda molhada! – E sorriu com graça.
Após entrar na garagem, a mulher volteou a entrar pela porta do final da casa e declarou ser essa chuva para não parar mais nunca.
Dalva
--- Que horror!  É chuva o dia todo! – Disse a mulher
Jardineiro
--- É inverno, senhora. É inverno. – Destacou o homem
Dalva:
--- Mas, dá um tempo! É noite. É dia! Toda molhada! – Discutiu enfezada.
Noêmia
--- Só estou imaginado a praia! – Relatou angustiada.
Dalva
--- Chove em todo canto. O mar está brabo, hoje. Três metros acima no normal. E em todo o Estado. Quero ver onde nós vamos parar. – Afirmou.
Noca:
--- Três metros? Virgem! As ondas vão botar para fora todos os barcos de pesca! Só imagino! –
Dalva
--- A Ribeira vai comer fogo. Ou água! - Discutiu
Noca:
--- Imagino bem. Quando chove muito, a Ribeira fica alagada. E se tem ondas, é pior ainda! Três metros? – Indagou preocupada
Dalva
--- É aviso geral. A Marinha avisou a todos. Quem viver, verá! –
Sorvetinho
--- Mas essa cheia é agora? – Preocupada por demais.
Dalva
--- Hoje mesmo. Agora! – Destacou.
Noca
--- Só quero ver quando o mar subir a ladeira da praia do Meio! –
Dalva
--- Talvez isso não ocorra. Mas, tem por outros meios a maré alta chegar até as casas. Ponta Negra, Passo da Pátria, Igapó e mesmo Mãe Luiza. Ali é baixio. - Confirmou
Noca
--- Vai destruir tudo! Deus me guarde! –
Sorvetinho
--- E eu vou assistir esse espetáculo da natureza! – Sorriu a moça.
Dalva
--- Quando? – Indagou com um olhar atravessado
Sorvetinho:
--- Hoje! Com chuva e tudo! Lá do alto do Hospital! – Relatou
Dalva
--- Vai nada! No meu carro, não vai! – Discordou
Sorvetinho
--- Alugo outro. Mas, que vou, ah! Isso eu vou. Quero ver de me empatar!
Dalva
--- Pode ir. Não diga que não avisei! –
Noêmia
--- E onde fica essa praia? – Indagou preocupada.
Dalva
--- No Hospital – declarou se enxugando toda
Noêmia
--- Eu sei onde fica, mas não sei ir. E nem só. –
Sorvetinho:
--- Quer ir comigo? Eu alugo um taxi! – Sorriu a moça
Com um pouco de tempo saio Walquíria em um taxi para ver, pelo menos de longe, o mar revolto. Era o seu pensar ver cruéis estragos provocados pelas vertiginosas ondas a quebrar na praia, enchendo todo o espaço cheio de casas e mansões. As tumultuosas a lavar todo os trechos habitados ou não. As taperas de palha da Rua do Motor. Subida e descida por onde alguém vagava. Enfim: toda a malsinada praia do desespero, inclusive o Forte dos Três Reis Magos, ponto histórico da capital, primeiro espaço ocupado a se fazer algo de novo há 500 anos atrás. O vento soprava forte e uivante como ladrão os cães no torvelinho alucinado e cruel do começar da assombrada noite. O taxi parou no alto, onde estava o Hospital e de onde se podia vislumbrar toda a costa oceânica, da Ponta do Morcego até a praia ao longe em busca do Norte. Apesar da tensão acometida, Walquíria nada notou de especial. Tudo era em plena tranquilidade. O motorista do taxi advertiu ter o mar se revoltado para muito além, próximo as praias do sul.
Motorista
--- Não foi aqui. Ondas gigantes varreram praias do Sul! –
Sorvetinho.
--- No Sul? É longe? – Indagou preocupada.
Motorista
--- Um pouco distante. Isso vai até a sexta feira, se não me falha a memória. – Comentou
Sorvetinho
--- Mas é por todo o canto? – Quis saber.
Motorista
--- Só quando a maré está cheia. Barcos foram destroçados. Pescadores estão temerosos. Ninguém saiu de suas choupanas. Houve gente que se mudou de casa. A Marinha está tomando todo o cuidado possível. –
Sorvetinho
--- Nem nos Hotéis da Costeira? - Indagou preocupada.
Motorista
--- Creio que não. Na Costeira, o nível é baixo. Mas as ondas não chegam a subir a praia. Tem pedras. Apenas depois de Ponta Negra. É o mais provável. Tem Pirangi. Mas, eu creio que não chegue até Búzios. – Comentou.
Sorvetinho:
--- Merda! Eu pensei que podia ver os estragos daqui mesmo. Nada em vão! - - dolorida.
Motorista
--- Espere por amanhã. Tem repórteres nas praias distantes. É provável que as ondas assustem mais as pessoas residentes no Sul. Amanhã se pode ter melhor conhecimento. – Deduziu
Sorvetinho
--- Minha me preveniu de que não havia nada aqui. – Acabrunhada.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 37 -

- ACIDENTE -
- 37 -
ESTRONDO -

O pessoal estava animado com as lagostas postas à mesa. Os comilões devoravam tudo em poucos minutos. Apenas dona Noêmia não aproveitava do almoço. Ela cuidava melhor de sua perna, apesar de não mais sentir a comichão e a chaga havia sarado por completo. Com a cabeça pensa para um lado, a melhor apenas recordava seu tempo de praiana. Apenas queria voltar para a sua tapera onde a vida, para ela, era as mil maravilhar apesar de estar doente por algum tempo. O seu filho, José Patrício, fora da mesa dos convivas degustava o sabor das lagostas. Vez por outra observava a sua mãe e oferecia o prato
José
--- Coma? – Dizia ele oferecendo lagosta.
Noêmia
--- Você é besta! Como você que anda desnutrido. Ora! – Falava aborrecida a mulher.
Já por mais do meio dia todos conversavam a sorrir. Um baque surto e ninguém deu importância. Apenas se pensou em trovão. Pelo menos foi o que falou Walquíria.
Sorvetinho
--- Trovão? Lá vem chuva de novo! – Alarmou a moça.
Na rua houve um desatino. O pessoal da construção gritava por algum motivo. Nesse ponto, o jardineiro chegou ao alpendre e de seu modo inquieto falou a quem quis ouvir.
Jardineiro
--- As senhoras ouviram? O homem caiu lá de cima! – Disse alarmado apontando a construção
Sorvetinho:
--- Quem? Onde? Esse baque? - - falou assustada.
Jardineiro:
--- Eu vou lá ajudar ao pessoal. O homem veio ao chão! Que coisa! – Falou como se estivesse sem juízo.
José:
--- Vou ver! – Quis sair o menino
Noêmia
--- Quieto! Não sai do canto. – Falou braba.
Noca:
--- Foi o baque? Pensei num trovão! – Falou ao desespero.
E em um instante todos largaram a mesa e correram para ver o desastre. O homem morto. Os operários gritavam, agitado, saindo de cima do edifício para prestar socorro ao moribundo. Nas casas próximas o pessoal também saiu em desandada correria. O homem estava estatelado no chão já sem vida. Braços quebrados, pernas entronchadas, cabeça ao contrário e sangue por toda a parte. O corpo era metido em uma poça de sangue. Os operários chegaram depressa para acudir o morto e viram que nada podia ser feito.
Operário:
--- Chama a ambulâncias! –
Segundo:
--- A polícia, é melhor! –
Terceiro.
--- Que homem mais doido!  Escorregou e caiu! Como é que pode! –
Quarto
--- Ela estava subindo para o andar de cima.-
Quinto:
--- Foi a tábua. Ele pisou e caiu! –
Sexto
--- E vai chover. –
Sétimo:
--- Cubra o corpo. Mas que situação! – Lamentou chorando
O pessoal de suas casas observara a tragédia inusitada. Alguns nem queria mais comer o almoço. Outros apenas observavam com os braços cruzados, ficado ao longe. O povo todo se explicava de algum modo.
Mulher
--- Era casado? Coitado! –
Outra
--- Tinha bebido cana. – Falava a mulher.
Os automóveis a passar começavam a segurar o freio. O pessoal de viagem queria saber todo o ocorrido. E a multidão se aglomerava. Cada a ditar opinião diversa. Uma mulher, em um auto, baixou a cabeça e alertou seu marido.
Mulher
--- Vamos embora! Vamos embora! Tem um morto! – Reclamou assustada.
O pessoal da construção iniciou a operação. Cobrir o corpo da vítima com sacos de cimento e folhas de jornais para se mostrar ao todo a pobre vítima. Uns discutiam sobre o caso ocorrido. Alegava-se ter sido um tombo. Era o mais provável. O corpo voou no espaço como folha de papel vindo a se estalar no chão molhado e frio. Cerca de uma hora, surgiu um carro da polícia.  Os militares tomaram à frente a isolar o corpo e tendo de esperar um rabecão para recolher os despojos do morto. Toda gente em volta para saber dos detalhes. Dalva, temerosa, alertava ter passado a fome:
Dalva
--- Desgraça! Não tenho mais nem fome! Eu vou sair, agora. A repartição! – Argumentava.
E a mulher se arrumou e saiu depressa para a repartição do Governo, junto à Catedral antiga onde trabalha meio expediente, como o seu contrato marcava. Walquíria se ausentou, a conduzir a criança para evitar e está prestando atenção a todo aquele falatório. Dona Noca foi para a cozinha e a mulher enferma ficou sentava em sua cadeira de palha, junto a cozinha falando de coisas que ela não vira há tempos remotos.
Noêmia
--- Teve um morto. Ele se estrepou das pedras na praia e caiu no mar. É tanta gente que morre. – Falou com sua cabeça abaixada e pensa para um lado
Noca
--- Eu que o diga. Uma mulher pulou para o rio apenas para morrer. E nem sei se houve algum motivo. – Discorreu.
Noêmia
--- Na praia, certa vez, um barco foi pego por um navio. Coisa triste. Não escapou ninguém com vida[aa1] . – Afirmou
Walquíria, após algumas horas chegou a cozinha para afirmar.
Sorvetinho:
--- O rabecão chegou!  - Falou com cuidado
José:
--- Vou já ver! – Cuidou de imediato
Noêmia
--- Te aquieta. Fica no teu lugar. Não vai ver nada. – Falou abusada
José:
--- Mas é só o morto. – Disse mais descontente
Noêmia
--- Queres levar uma chinelada? – Indagou embrutecida.
Walquíria, nesse momento, passou com pressa pela cozinha para buscar copos e levar água para os militares.
Sorvetinho
--- Já basta! Só faltava essa! Água para os soldados! – Falou aborrecida