quinta-feira, 16 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 36 -

- PRÉDIOS -
- 36 -
ALMOÇO -
Por volta do meio dia, chegou a sua residência Dalva Lopes Baldo um tanto molhada por causa da chuva ainda a cair sobre Natal, apesar de, naquela hora, vir com menos intensidade. Mas o Céu continuava nebuloso. Os trabalhadores de construções dos edifícios, em cima de tudo, olhavam para baixo como se fossem “deuses” a meditar se era bom ou mal fazer chover àquela hora tardia da manhã. Os trabalhadores almoçavam e tagarelavam sobre assuntos diversos, com certeza a falar sobre futebol. A mulher abriu a porta e desceu do carro para entrar em sua casa. Ouviu, Dalva, o velho falar qualquer assunto:
Velho
--- É chuva, senhora! – Falou sem alegria
Dalva
--- Eu estou toda molhada. O carro atolou na avenida Hermes da Fonseca onde existe uma baixa. Estavam outros autos atravessados na rua. Foi um horror. – Dialogou.
Velho
--- Está chovendo em todo canto. E a Marinha continua a puxar seus defuntos do fundo do mar. Dalva
--- Nem me fale. Estou cheia de cadáver. – Disse a mulher desassossegada.
O velho sorriu e saiu do local puxado um galho de mangueira caído do chão do quintal. E a mulher indagou
Dalva
--- Caiu? – Quis saber.
Velho
--- Foi um raio. – Respondeu o velho a puxar o galho de pau.
E o servente prosseguiu seu caminho, suando frio, amarrando o galho enorme caído com a fagulha do raio da tempestade àquela certa hora da manhã quando a chuva era forte. O garoto de Noêmia percebia tudo, calado, apenas a olhar da parte interna do alpendre da elegante casa de morada. Em meio do escuro, mesmo assim ainda claro, Dalva Lopes entrou a falar ser tudo alagado em seu caminho da Universidade.
Dalva
--- O carro pifou. Um mecânico que estava ao lado foi quem colocou a funcionar. O carburador. Tem gente demais no posto de gasolina. É um horror. E a chuva tomou conta até de ruas mais ao lado. A questão é que não tem lugar para sair. –
Doca:
--- Está chovendo muito nessa manhã. –
Noêmia
--- Estou p’ra ver a praia. Se está chovendo lá, é um Deus nos acuda. –
Sorvetinho
--- Tem novidades! – Disse a sorrir.
Dalva
--- Que novidades? – Indagou assustada.
Sorvetinho:
--- Dona Noca é quem sabe. – Sorriu
Noca:
--- Que novidades. Apenas umas lagostas. – Respondeu com calma
Dalva
--- Lagostas? Quem comprou? – Indagou surpresa.
Noca
--- Foi um pescador que me deu hoje cedo. –
Dalva
--- Lagostas? Lagostas? Apetitosas! Vou já tomar banho para saborear o prato. – e beliscou parte da lagosta
Sorvetinho
--- A gente podia encomendar mais lagostas ao velho. – Respondeu pensativa.
Noca:
--- Eu não preparei tudo. Ainda tem. – Falou
Sorvetinho
--- Ah tá. Mas eu penso em fazer alguns desses pratos na casa do meu avô. – Discorreu.
Dalva
--- Quem? Se Zequinha? – Saboreou outra parte do prato
Sorvetinho
--- Na casa dele. Lá em casa. Domingo! – Relatou
Noca:
--- Domingo estou de folga. Mas se é o caso, eu poso ir. –
Sorvetinho
--- Tá vendo. Tá vendo. Ela já deu o “sim”. – Sorriu a moça
Noêmia
--- Eu não posso comer lagosta. E nem camarão. Ou peixe. – Respondeu a mulher
Noca
--- E tu podes comer o que? – Indagou espantada.
Noêmia
--- Só batata e café. – Sorriu acabrunhada.
Noca
--- Foi o médico quem disse? – Perguntou.
Noemia
--- Foi uma mulher de lá. –
Sorvetinho
--- A nutricionista? Só pode ser! Nutricionista tem dessas coisas. – Alertou
Noca:
--- Eu como tudo. Se a morte vier, eu digo que eu saí. – Disse a mulher sorrindo
Noêmia
--- Tenho medo. – Retrucou
Noca
--- Da morte? Ela só vem uma vez. E acabou. – Relatou
Noêmia
--- Não. De sofrer. A coceira até parou. Mas pode voltar. –
Noca
--- Se voltar, a senhora toma de novo as gotas. –
Noêmia
--- E eu estou tomando as gotas. –
Noca:
--- Então por que a senhora teme? –
Noêmia
--- Sei lá. Às vezes fico pensando na vida. A gente vive p’ra depois morrer. – Chorou
Sorvetinho
--- Agora vai chorar? – Falou a moça pegando um prato para ir à cozinha


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