- NATAL -
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ALTA -
Dalva Lopes
Baldo, de imediato, deixou o gabinete do doutor Marcelo Orta e se dirigiu ao
quarto de dona Noêmia para contar a novidade. Em conversa com o médico,
chegou-se à conclusão da mulher poder ter alta no dia seguinte, por alguns
dias, até o doutor Orta poder voltar da viagem a São Paulo onde faria palestra
para os cientistas do Brasil e alguns países convidados. Dalva Lopes ficou
tensa em como começar o assunto. Apesar de tudo, Noêmia ficaria com Dalva em
sua casa quando teria alta definitiva. Quando ao uso do remédio do mato, a
Janaúba, ela continuaria a usar por certo tempo. Embora a ferida estivesse em
cicatrização, era cuidado o prevenir o uso da erva. Quando tudo ouviu do doutor
Orta, houve um delírio. E maior delírio foi feito por parte de Noêmia ao
recordar a conversas.
Noêmia:
--- Eu não
disse! Eu não disse! Estou curada. Graças a senhora, ao médico e,
principalmente a índia que me deu a erva! Curada!! Quando eu posso ir? Agora? -
- indagou em lágrimas.
Dalva
--- Não. Não.
Amanhã. A senhora vai permanecer comigo até quando o médico voltar e lhe der
alta definitiva. É o costume dos médicos. E ele advertiu que a senhora reside
muito distante. E melhor ficar aqui, por enquanto. É só isso, mesmo! – Sorriu
de contente.
Noêmia:
--- Ave Maria!
Não vejo a hora. Amanhã. Que bom. Santo Deus. A índia. O Céu é lindo. Graças.
Graças. Graças! Peço-te um beijo meu bom filho amado! – Delirava a mulher.
Embora falasse
de tudo, Dalva Lopes se privou em ditar ter a mulher poder sido mordido por um
animal peçonhento ou pisado num pé de pau com espinho. Esse foi o diagnóstico
mais acertado pelo doutor Marcelo Orta. Porém pediu silencio, por enquanto, até
ele voltar do São Paulo. Naquele Estado, ele faria visitas a outros laboratórios
para poder ter maiores informações sobre a erva, a Janaúba, um mato a fazer
milagres, mesmo já sabendo de a chaga na perna ter sido ferimento causado por
outro objeto, como aranha, cobra ou mesmo espinhos.
No dia
seguinte, quando dona Noêmia já estava na habitação de Dalva Lopes, um caso já
quase esquecido detonou no ar. A TV estava ligada por volta das dez horas da
manhã quando um sinal de advertência surgiu. Ouviu-se soar um Urgente e de
imediato o locutor:
Locutor
--- URGENTE!
Encontrado o avião desaparecido com o Governado do Estado. Os técnicos em
resgate encontraram os corpos das vítimas. Aguardem! – Concluiu.
Dalva:
--- Encontraram
os corpos das vítimas. Inclusive o Governador! Graças a Deus. E sou Afrânio? – Indagou
alarmada a Walquíria.
Sorvetinho:
--- O velho
está na Base. Por sorte. – Declarou.
Dalva:
--- E Amanda? –
Sorvetinho:
--- Com ele.
Ora! –
Dalva:
--- E como se
fala? –
Sorvetinho:
--- Com a Base.
Difícil. Só indo. –
Dalva:
--- E ela na
disca? –
Sorvetinho:
--- Liga
sempre. Vem buscar as roupas do velho e mudar suas calcinhas. – Sorriu.
Dalva:
--- Isso é sei.
Não precisa de tanto alarme! – Retrucou abusada.
Sorvetinho
---Se sabe por
que pergunta? Já devia saber. –
Dalva:
--- Você é
abusada mesmo. Eu perguntei por perguntar. Ela pode saber de mais coisas. Onde
acharam os corpos? Como estavam? E já apodreciam? Isso! Tonta! – Revidou.
Sorvetinho:
--- Pegue o
Celular. Ela tem um. Ligue! – E passou o número do celular.
Dalva:
--- Ah sim!
Assim é melhor. Linda! Deslumbrante e bela! – Disse a mulher para Walquíria.
Sorvetinho:
--- Hum! Como
ela está? Deslumbrante! Pegue o troco! – E estirou o dedo.
Dalva gargalhou
e tentou chamar o celular de Amanda. Depois de algum tempo, o celular avisou
está desligado.
Dalva:
--- A merda
desligou o celular! – E embolsou o número em sua veste.
Sorvetinho:
--- Deixa eu
ver se ligo. Tenho outro número aqui. Esse também chama! – E discou – Está
chamando! Espere! Atenta, merda! Ah! Atendeu! Cadê o outro? – Indagou.
Amanda
--- Sem
crédito. Que procura? –
Sorvetinho
--- Acharam o
defunto? -
Amanda:
--- Estão
resgatando. Muito limo. Aqui não posso falar. Daqui a pouco ligo! – Disse.
Sorvetinho:
--- Por que não
fala? A televisão já deu! Bosta! – Se zangou.
E o celular foi
desligado, de imediato. A irmã de Amanda ficou fula da vida. E gritou!
Sorvetinho
--- Vá a merda!
Sinhá bosta! – Afirmou vermelha de raiva.
Dalva
--- Que disse?
– Indagou.
Sorvetinho
--- Estão
tirando. Daqui há pouco ela disca. - Afirmou abusada.
Dalva
--- Que bom. É
bem melhor. Tá vendo como ela fala? – Indagou a Noêmia apontando na a sua
companheira.
Noêmia:
--- Nem faço
caso. Lá em casa, quando os meninos se atracam, vão a guerra! – Sorriu
Dalva:
--- São uns
fedelhos. Raça ruim! –
Noêmia
--- Quem
resmunga muito é minha mão. “Sai daí troço ruim”! – E gargalhou.
Sorvetinho:
--- Quem te
viu! Nem parece! Saúde nos trinques! – Falou Walquíria admirando a mulher
Dalva
--- Não tem
melhor do que saúde! – Destacou:
Noca:
--- Um peido
frouxo! – Declarou a cozinheira
E todos
sorriram de vez.
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