sexta-feira, 17 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 37 -

- ACIDENTE -
- 37 -
ESTRONDO -

O pessoal estava animado com as lagostas postas à mesa. Os comilões devoravam tudo em poucos minutos. Apenas dona Noêmia não aproveitava do almoço. Ela cuidava melhor de sua perna, apesar de não mais sentir a comichão e a chaga havia sarado por completo. Com a cabeça pensa para um lado, a melhor apenas recordava seu tempo de praiana. Apenas queria voltar para a sua tapera onde a vida, para ela, era as mil maravilhar apesar de estar doente por algum tempo. O seu filho, José Patrício, fora da mesa dos convivas degustava o sabor das lagostas. Vez por outra observava a sua mãe e oferecia o prato
José
--- Coma? – Dizia ele oferecendo lagosta.
Noêmia
--- Você é besta! Como você que anda desnutrido. Ora! – Falava aborrecida a mulher.
Já por mais do meio dia todos conversavam a sorrir. Um baque surto e ninguém deu importância. Apenas se pensou em trovão. Pelo menos foi o que falou Walquíria.
Sorvetinho
--- Trovão? Lá vem chuva de novo! – Alarmou a moça.
Na rua houve um desatino. O pessoal da construção gritava por algum motivo. Nesse ponto, o jardineiro chegou ao alpendre e de seu modo inquieto falou a quem quis ouvir.
Jardineiro
--- As senhoras ouviram? O homem caiu lá de cima! – Disse alarmado apontando a construção
Sorvetinho:
--- Quem? Onde? Esse baque? - - falou assustada.
Jardineiro:
--- Eu vou lá ajudar ao pessoal. O homem veio ao chão! Que coisa! – Falou como se estivesse sem juízo.
José:
--- Vou ver! – Quis sair o menino
Noêmia
--- Quieto! Não sai do canto. – Falou braba.
Noca:
--- Foi o baque? Pensei num trovão! – Falou ao desespero.
E em um instante todos largaram a mesa e correram para ver o desastre. O homem morto. Os operários gritavam, agitado, saindo de cima do edifício para prestar socorro ao moribundo. Nas casas próximas o pessoal também saiu em desandada correria. O homem estava estatelado no chão já sem vida. Braços quebrados, pernas entronchadas, cabeça ao contrário e sangue por toda a parte. O corpo era metido em uma poça de sangue. Os operários chegaram depressa para acudir o morto e viram que nada podia ser feito.
Operário:
--- Chama a ambulâncias! –
Segundo:
--- A polícia, é melhor! –
Terceiro.
--- Que homem mais doido!  Escorregou e caiu! Como é que pode! –
Quarto
--- Ela estava subindo para o andar de cima.-
Quinto:
--- Foi a tábua. Ele pisou e caiu! –
Sexto
--- E vai chover. –
Sétimo:
--- Cubra o corpo. Mas que situação! – Lamentou chorando
O pessoal de suas casas observara a tragédia inusitada. Alguns nem queria mais comer o almoço. Outros apenas observavam com os braços cruzados, ficado ao longe. O povo todo se explicava de algum modo.
Mulher
--- Era casado? Coitado! –
Outra
--- Tinha bebido cana. – Falava a mulher.
Os automóveis a passar começavam a segurar o freio. O pessoal de viagem queria saber todo o ocorrido. E a multidão se aglomerava. Cada a ditar opinião diversa. Uma mulher, em um auto, baixou a cabeça e alertou seu marido.
Mulher
--- Vamos embora! Vamos embora! Tem um morto! – Reclamou assustada.
O pessoal da construção iniciou a operação. Cobrir o corpo da vítima com sacos de cimento e folhas de jornais para se mostrar ao todo a pobre vítima. Uns discutiam sobre o caso ocorrido. Alegava-se ter sido um tombo. Era o mais provável. O corpo voou no espaço como folha de papel vindo a se estalar no chão molhado e frio. Cerca de uma hora, surgiu um carro da polícia.  Os militares tomaram à frente a isolar o corpo e tendo de esperar um rabecão para recolher os despojos do morto. Toda gente em volta para saber dos detalhes. Dalva, temerosa, alertava ter passado a fome:
Dalva
--- Desgraça! Não tenho mais nem fome! Eu vou sair, agora. A repartição! – Argumentava.
E a mulher se arrumou e saiu depressa para a repartição do Governo, junto à Catedral antiga onde trabalha meio expediente, como o seu contrato marcava. Walquíria se ausentou, a conduzir a criança para evitar e está prestando atenção a todo aquele falatório. Dona Noca foi para a cozinha e a mulher enferma ficou sentava em sua cadeira de palha, junto a cozinha falando de coisas que ela não vira há tempos remotos.
Noêmia
--- Teve um morto. Ele se estrepou das pedras na praia e caiu no mar. É tanta gente que morre. – Falou com sua cabeça abaixada e pensa para um lado
Noca
--- Eu que o diga. Uma mulher pulou para o rio apenas para morrer. E nem sei se houve algum motivo. – Discorreu.
Noêmia
--- Na praia, certa vez, um barco foi pego por um navio. Coisa triste. Não escapou ninguém com vida[aa1] . – Afirmou
Walquíria, após algumas horas chegou a cozinha para afirmar.
Sorvetinho:
--- O rabecão chegou!  - Falou com cuidado
José:
--- Vou já ver! – Cuidou de imediato
Noêmia
--- Te aquieta. Fica no teu lugar. Não vai ver nada. – Falou abusada
José:
--- Mas é só o morto. – Disse mais descontente
Noêmia
--- Queres levar uma chinelada? – Indagou embrutecida.
Walquíria, nesse momento, passou com pressa pela cozinha para buscar copos e levar água para os militares.
Sorvetinho
--- Já basta! Só faltava essa! Água para os soldados! – Falou aborrecida



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