domingo, 19 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 38 -

- CHUVA -
- 38 -
O MAR -

Quase seis horas da chuvosa tarde daquele dia e Dalva Lopes Baldo chegou à sua moradia a buzinar frenética com o seu veículo para ver se havia alguém a vir abrir o portão. Com um instante surgiu o jardineiro, encobrindo-se com uma capa de plástico amarelo. Ele estava um pouco molhado e sorriu para a sua patroa mandando esperar um pouco enquanto se abria a grade de alumínio. De repente, surgiu na entre porta a moça Walquíria com o menino no colo apontando a sorrir para a sua mãe. E declarou:
Sorvetinho
--- Toda molhada! – E sorriu com graça.
Após entrar na garagem, a mulher volteou a entrar pela porta do final da casa e declarou ser essa chuva para não parar mais nunca.
Dalva
--- Que horror!  É chuva o dia todo! – Disse a mulher
Jardineiro
--- É inverno, senhora. É inverno. – Destacou o homem
Dalva:
--- Mas, dá um tempo! É noite. É dia! Toda molhada! – Discutiu enfezada.
Noêmia
--- Só estou imaginado a praia! – Relatou angustiada.
Dalva
--- Chove em todo canto. O mar está brabo, hoje. Três metros acima no normal. E em todo o Estado. Quero ver onde nós vamos parar. – Afirmou.
Noca:
--- Três metros? Virgem! As ondas vão botar para fora todos os barcos de pesca! Só imagino! –
Dalva
--- A Ribeira vai comer fogo. Ou água! - Discutiu
Noca:
--- Imagino bem. Quando chove muito, a Ribeira fica alagada. E se tem ondas, é pior ainda! Três metros? – Indagou preocupada
Dalva
--- É aviso geral. A Marinha avisou a todos. Quem viver, verá! –
Sorvetinho
--- Mas essa cheia é agora? – Preocupada por demais.
Dalva
--- Hoje mesmo. Agora! – Destacou.
Noca
--- Só quero ver quando o mar subir a ladeira da praia do Meio! –
Dalva
--- Talvez isso não ocorra. Mas, tem por outros meios a maré alta chegar até as casas. Ponta Negra, Passo da Pátria, Igapó e mesmo Mãe Luiza. Ali é baixio. - Confirmou
Noca
--- Vai destruir tudo! Deus me guarde! –
Sorvetinho
--- E eu vou assistir esse espetáculo da natureza! – Sorriu a moça.
Dalva
--- Quando? – Indagou com um olhar atravessado
Sorvetinho:
--- Hoje! Com chuva e tudo! Lá do alto do Hospital! – Relatou
Dalva
--- Vai nada! No meu carro, não vai! – Discordou
Sorvetinho
--- Alugo outro. Mas, que vou, ah! Isso eu vou. Quero ver de me empatar!
Dalva
--- Pode ir. Não diga que não avisei! –
Noêmia
--- E onde fica essa praia? – Indagou preocupada.
Dalva
--- No Hospital – declarou se enxugando toda
Noêmia
--- Eu sei onde fica, mas não sei ir. E nem só. –
Sorvetinho:
--- Quer ir comigo? Eu alugo um taxi! – Sorriu a moça
Com um pouco de tempo saio Walquíria em um taxi para ver, pelo menos de longe, o mar revolto. Era o seu pensar ver cruéis estragos provocados pelas vertiginosas ondas a quebrar na praia, enchendo todo o espaço cheio de casas e mansões. As tumultuosas a lavar todo os trechos habitados ou não. As taperas de palha da Rua do Motor. Subida e descida por onde alguém vagava. Enfim: toda a malsinada praia do desespero, inclusive o Forte dos Três Reis Magos, ponto histórico da capital, primeiro espaço ocupado a se fazer algo de novo há 500 anos atrás. O vento soprava forte e uivante como ladrão os cães no torvelinho alucinado e cruel do começar da assombrada noite. O taxi parou no alto, onde estava o Hospital e de onde se podia vislumbrar toda a costa oceânica, da Ponta do Morcego até a praia ao longe em busca do Norte. Apesar da tensão acometida, Walquíria nada notou de especial. Tudo era em plena tranquilidade. O motorista do taxi advertiu ter o mar se revoltado para muito além, próximo as praias do sul.
Motorista
--- Não foi aqui. Ondas gigantes varreram praias do Sul! –
Sorvetinho.
--- No Sul? É longe? – Indagou preocupada.
Motorista
--- Um pouco distante. Isso vai até a sexta feira, se não me falha a memória. – Comentou
Sorvetinho
--- Mas é por todo o canto? – Quis saber.
Motorista
--- Só quando a maré está cheia. Barcos foram destroçados. Pescadores estão temerosos. Ninguém saiu de suas choupanas. Houve gente que se mudou de casa. A Marinha está tomando todo o cuidado possível. –
Sorvetinho
--- Nem nos Hotéis da Costeira? - Indagou preocupada.
Motorista
--- Creio que não. Na Costeira, o nível é baixo. Mas as ondas não chegam a subir a praia. Tem pedras. Apenas depois de Ponta Negra. É o mais provável. Tem Pirangi. Mas, eu creio que não chegue até Búzios. – Comentou.
Sorvetinho:
--- Merda! Eu pensei que podia ver os estragos daqui mesmo. Nada em vão! - - dolorida.
Motorista
--- Espere por amanhã. Tem repórteres nas praias distantes. É provável que as ondas assustem mais as pessoas residentes no Sul. Amanhã se pode ter melhor conhecimento. – Deduziu
Sorvetinho
--- Minha me preveniu de que não havia nada aqui. – Acabrunhada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário