- JESUS CRISTO -
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JESUS -
Na manhã de domingo Lourdes voltou para a
casa da professora Gilda Leal visto que fora assistir a Santa Missa na Igreja próxima.
Fazia tempo que Lourdes não assistia a um ato litúrgico. Na manhã daquele dia,
não se sabe como, ela resolveu participar da Santa Eucaristia. Ao voltar, algo
atordoou a sua mente. Lourdes caminhava como sem destino a pensar nas palavras
do padre, pois se tratava em um domingo da Ressureição uma vez que passara a
Semana Santa e Jesus agora então renasceu. Tudo transcorria bem até se formar
em sua mente o santo reaparecimento do Deus Cristo.
Lourdes
--- Como é que pode? Ele renasceu de
verdade? - - era o seu pensar
Outras senhoras passavam a seu lado
conduzindo seus filhos e filhas, algumas muito bem ornadas com um vestido
comprido quase a bater do chão. Os meninos vestiam calças compridas, calçavam
sapatos com meias e vestiam camisas brancas. Alguns trajavam uma fita no braço
alegando ser aquilo o sinal da Primeira Comunhão a qual fizeram. Lourdes ouviu
um menino chamar por sua mãe e solicitar comprasse um sorvete pois estar com
bastante sede. A moça sorriu e dobrou à esquina rumando para a casa de Gilda.
Passados alguns instantes Lourdes chegou e encontrou as duas senhoras, Gilda e
Angélica a conversar animadamente. Maria, a moça da cozinha veio servir café
com bolos e biscoitos para as visitas. Lourdes cumprimentou a Angélica e
adentrou a residência O dia era calmo e passavam os verdureiros, vendedores de
tapiocas além de compradores de garrafas vazias. Domingo de doce ameno.
O dia prossegui até o ponto em que Lourdes
indagou de Gilda sobre o Jesus adorado por todos no meio daquela calmaria.
Lourdes
--- Senhora. Jesus existiu de verdade? - -
indagou meio confusa.
Gilda
--- Para mim, talvez Jesus existiu. Mas tem
gente que opina diferente. Qual a dúvida? - - quis saber.
Lourdes
---- Por nada. Apenas dúvidas. A questão de
ser católica. Mas, está no meio de dois bilhões se seguidores e nada indagar
aceitado apenas discussões sobre vida de morte de Jesus.
Gilda
--- Jesus tem os seus seguidores que o
chamam o Filho de Deus e tem até um pergaminho da figura história de Cristo.
Nos escritos de Roma tem a sua tortura e morte como um criminoso. - -
Angélica
--- A dúvida sobre a verdadeira história de
Jesus tem maior força com o livro Zelota ou “imitador”, o homem que tem maior
zelo pelo nome de Deus. Foi uma seita estabelecida por Judas, o galileu, que liderou
uma revolta contra a dominação Romana. - -
Gilda
--- Trinta anos após a sua crucificação,
Jesus parece ter almejado maior significado quando os judeus cristãos criaram a
sua Divindade para limpar as perseguições do Império Romano. - -
Lourdes
--- Isso ouvi falar. Mas o sacerdote daqui
nunca fala. Eu não sei o por quer! - - melancólica
Gilda
--- Jesus não foi um pacifista. Mas um
revolucionário que tinha como meta expulsar os romanos da Judéia, criar um
Reino de Deus na terra e assumir seu trono.
Angélica
--- Em palavras mais simples: ser um
Imperador a qualquer custo tendo Deus como patrono. - -
Gilda
--- Exatamente assim. Hoje em dia o povo tem
mais uma febre por tentar entender a figura de Jesus de Nazaré por sua sedução.
Hoje interessa saber mais sobre Jesus do que por Sócrates, Buda ou Martinho
Lutero. O povo tem interesse maior por Jesus, apesar de surgir alguém o qual
diz que isso é uma invenção do Catolicismo e que Jesus era o Imperador
Constantino, criador do cristianismo e ainda se proclama Jesus Cristos
abençoado pelo Papa Leão X. - -
Lourdes
--- Essa é novidade! Quem? - - indagou
Angélica
--- Mas isso é uma paródia teatral. E Leão X
nem era Papa de verdade. Essa parte faz
uma sátira da peça.
Gilda sorriu.
--- Verdade. É preciso saber, quem foi, onde
viveu, se era casado ou não, se tinha filhos, se tinha irmãos. Tudo aquilo que
não se entende direito. Essa nova história de Jesus é, na verdade, capiturante.
Lourdes
--- E essas “sombras” de Jesus até onde
seguem? História? Ou figura humana? - -
Gilda
--- Sombras! Figura humana! Bem. Para não
ferir dogmas ou mitos nós temos que acertar com a fé e não com a verdade, a
razão. A pessoa que reage contra uma crença, ela reage como se fosse agredir a
ela mesma. Em relação a Jesus, o Cristo, eu não vejo tantas coisas que
ultrapasse o que já conseguimos. O mais importante seria desmontar a aura de
religiosidade e apenas os Romanos podiam crer. O Jesus Cristo. Não o Jesus de
Nazaré. - -
Angélica
--- Certamente. Sendo o Messias há dois
grupos a tirar de cena: os próprios judeus já que o cristianismo é uma religião
protestante dentro do Judaísmo e os Romanos em função até da força que aquela
prática teria de ameaçar do poderio de Roma. Mas diante de tudo isso, 2 mil
anos passados, as descobertas dos documentos das cavernas de Qumram que
apareceram no ano de 1947, já não se tem tanta novidade.
Lourdes
--- Mas se tem de ver a realidade da
Palestina no tempo de Jesus. Há um interesse de se mostrar um Cristo diferente.
O Jesus real era um Jesus revolucionário.
Gilda
--- Sendo assim temos de realizar alguns
estudos dos temas nos quatro Evangelhos Canônicos, que é uma evidência. Se nós
encontrarmos quatro temas semelhantes nos quatro Evangelhos provavelmente
aquilo aconteceu. Tem-se uma grande fraude quando Jesus teria dito: “Daí a
César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. A interpretação dessa frase
não está correta. Quando Jesus diz que daí a Deus ele não está falando no Deus
do Céu. Naquele tempo a terra da Palestina era a terra de Deus. Então Jesus
estava pedindo aos romanos para sumir dali. Não é pôr a caso que Jesus estava
na Cruz. Essa é a realidade. Então se conta que Jesus era um revolucionário e
Ele era apenas um homem que manda o povo a pensar no Reino de Deus?
Angélica
--- Isso é uma teoria que vem à tona algumas
vezes especialmente porque quando dá capacidade de encontrar Evangelhos
apócrifos, como o de Madalena, que são editados pelas editoras cristãs. Quando
se encontra alguns documentos daquele tempo que falam da figura de Jesus como
sendo um ídolo político revolucionário veremos uma guerrilha, naquele momento
em que se sabe haver quatro partidos políticos em Israel quando o Imperador
Romano era Tibério. Os Fariseus, os Saduceus, os Zelotas e os Essênios. –
Gilda
--- Os Essênios tinham a seguinte percepção:
o Império está aí, mas uma hora ele cai. Os fariseus: a gente convive, finge
que adere, mas não adere. Os Essênios dizem: Não. O Messias virá, vai nos
salvar e vamos participar da gestão. E os Zelotas eram: Tentar. Como aqueles
que enfrentavam. Alguns interpretam que Jesus de Nazaré, ele não era um líder
religioso 100%. Ele era um líder religioso que queria a expulsão do dominador
romano. E nesta hora ele enfrentava também a autoridade judaica. Ela só vem a
tona que ele queria ser alguém que faria uma revolução naquele momento.
Angélica
--- E essa ideia só vem à tona no século 19.
Mas tem o problema de Jesus ter sido Judeu. Com isso leva a má vontade de se
dizer que ele era judeu. Por que essa preocupação sobre o judaísmo de Jesus? -
-
Gilda
--- Jesus praticava o judaísmo, foi chamado
de Rabi várias vezes nos documentos. No entanto, uma parte dos cristãos durante
a história entendeu que esse nome de Jesus de Nazaré com o judaísmo se daria
como uma maneira de oposição ao próprio poder existente. Daí se criou um
preconceito em relação ao próprio judaísmo. A palavra “judiar” é absolutamente
“racista”. Judiar é fazer os males que se faz a outrem ou os judeus. E Jesus
não colocou o judaísmo do seu povo como se faria com os romanos. É tanto que os
cristãos dizem que nosso Deus, que é judeu, Ele apoia aqueles que são cristãos.
Angélica
--- Talvez a maior causa de lavar as mãos
seja dada por Pilatos. Ele era o grande interessado em punir Jesus que estava
alí protestado contra a presença de Roma. Pilatos oferece um criminoso para os
judeus. E os judeus escolheram o criminoso em lugar de Jesus para ser
crucificado.
Lourdes
--- Após dois mil anos a história não morre.
- - adiantou magoada.
Gilda
--- Não morre nunca. Jesus foi um
revolucionário. Ele fez a sua revolução pela paz. Não era violenta. Mas era uma
revolução. Ele propôs outra maneira de organizar a sociedade assim como outra
maneira das pessoas encarar aquilo que era essencial na vida. E há de se fazer
uma revolução pessoal não ser preciso assumir armas ou outro tipo de violência.
Mas não fugir do conflito não cedendo a tentação da violência. A violência só
troca um poder pelo outro
Lourdes
--- Há uma característica revolucionaria na
mensagem de Jesus. - -