- O HOMEM -
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APOCALIPSE -
Após dias o médico, doutor Saul Lister
estava a conversar naquele início de noite com a professora Gilda Leal sobre a
declaração do camponês a ser prestada dentro de mais alguns dias. Para o doutor
Lister aquele fato seria da maior importância. A imprensa já fora convidada,
como rádios e jornais da cidade tendo a vez representantes de Recife, João
Pessoa e Fortaleza. Havia uma troca de impressões em saber onde morava o
camponês Bernardo. Isso gerou um tumulto pela negativa da informação. Foi
preferido negar qualquer assunto a respeito. No caso de se saber melhor pelo
lado da imprensa era preferível se alojar o camponês em uma estância mais ao
largo da capital. Mesmo assim, o negócio continuou sendo feito em caldo morno.
E nesse ponto Lister procurava conversa com a senhora Gilda.
Lister
--- Parece que está tudo correndo bem.
Gilda
--- Todo cuidado é pouco.
Lister
--- Eu sei. Agora tem algo que não me sai do
pensamento: a questão que Bernardo quer falar.
Gilda
--- Apocalipse? - -
Lister
--- Isso mesmo. Por que ele teima com isso? -
-
Gilda
--- Por ser um assunto angustiante. Ele quer
ouvir a opinião dos presentes sobre o Diabo em ação. –
Lister
--- Suas visões inspiraram e amedrontaram
durante dois mil anos. Muitos vêm nas páginas do Apocalipse uma série
fantástica de previsões. O aquecimento global, o desastre nuclear de uma Usina
e até mesmo a Guerra no Oriente Médio. Não há no mundo um campo mais perfeito
de que este. - -
Gilda
--- E alguns acreditam que o livro é um guia
para um dos maiores enigmas de todo. A data do fim do mundo. Será que o
Apocalipse contém esse segredo? - -
Lister
--- Novos indícios revelaram que a chave
deste mistério deste último livro da Bíblia está nas areias da atual Turquia. E
o número infame da Besta pode não ser 666. Para entender o Apocalipse
precisamos saber quem o escreveu e onde. Aproximadamente 60 anos após a morte
de Jesus uma coleção de pergaminhos foi entregue à pequena comunidade cristã,
em Éfeso, na Ásia Menor, na atual Turquia. Os pergaminhos continham o que agora
é conhecido como o Apocalipse, o Livro da Revelação. O nome do autor estava lá:
João. - -
Gilda
--- Segundo a tradição, foi o discípulo
João, pescador e filho de Zebedeu, autor do Evangelho de João, quem cuidou de
Maria, mãe de Jesus após a crucificação do seu filho.
Lister
--- Mas, no Livro, João nunca se descreve
como discípulo de Jesus. Nem escreve como se o tivesse conhecido. Agora, novos
métodos científicos podem ajudar a solucionar a questão sobre que foi o
verdadeiro autor. O que mais caracteriza os autores não são aquelas palavras
especiais, consideradas favoritas. Mas a frequência com que usam palavras muitos
comuns. Duas dessas palavras comuns foram “mais” e “ter”. Enquanto o evangelho
de João não aprecia muito ele empregando menos de a média. Por sendo um simples
teste de estatística se consegue reunis esses 99 testes de uma forma em que se
pode discrimina-los. - -
Gilda
--- E se pode entender que o quarto
Evangelho e o Apocalipse eram coisas distintas.
Lister
--- É extremamente improvável que os dois
Livros tenham sido escritos pelo mesmo autor. Sendo assim, tudo indica que
João, o discípulo, não escreveu o Apocalipse. Há outras pistas no Livro que
indiquem o seu autor. João se dirige ao seu público de um modo direto. Ele dia:
“Eu, João, seu irmão” como se fosse alguém que os conhecesse e que eles reconheceriam.
- -
Gilda
--- O Apocalipse começa com uma série de
sete epistolas paras a Igrejas localizadas na Ásia Menor ou no sudoeste da
Turquia. Cada epístola é dirigida a uma única Igreja parabenizando-as por suas
virtudes ou admoestando por suas falhas. Então, conclui se que João conhecia
essas Igrejas e havia estado presente nelas. - -
Lister
--- Há uma outra indicação de que João
estava escrevendo a uma congregação. O Apocalipse de João significa Revelação.
Descreve as visões distintas de Anjos e Monstros. A epistola que deve ter sido
ditada a um escriba não é uma correspondência de rotina enviada a uma Igreja
cristã. João tem algo importante a dizer e usa a imaginação de sua plateia para
ajudar a expor suas ideias
Gilda
--- É importante lembrar que o Apocalipse é
escrito para ser ouvido. João abençoa que ouve as palavras da profecia assim
como aquele que a lê presumivelmente em voz alta para uma plateia.
Lister
--- Havia uma necessidade aparente de que o
Apocalipse fosse escrito para os ouvidos e não para os olhos. A maioria das
antigas comunidades cristã tinha algumas pessoas alfabetizadas. E elas,
provavelmente, eram líderes daquela Comunidade. Mas a maioria era analfabeta.
Isso refletia à sociedade em geral. - -
Gilda
--- E quase certo que João fosse um homem de
autoridade na Igreja, escrevendo para o seu rebanho na Ásia Menor. O Dragão de
sete cabeças e os Quatro Cavaleiros apavorantes são imagens incomuns. Mesmo
para os padrões do Século Primeiro. O que fez João recorrer a imagens tão
medonhas para transmitir suas mensagens? - -
Lister
--- Para entender o verdadeiro significado
do Livro precisamos voltar as suas raízes. João escreveu o Apocalipse na Ilha
de Pátimos, perto da costa turca, naquela época sob o controle do império
romano. Se João estava sofrendo em Pátimos, seria ele um prisioneiro dos
romanos?
Gilda
--- Ele esteve em uma caverna onde
prosseguia com as suas visões. Ele apoiava a cabeça em um local na parede e até
se segurava em uma espécie de poste parasse erguer. João esteve na caverna como
exilado por sua crença cristã. –
Lister
--- Embora não haja um indício arqueológico
de uma prisão romana a localização da ilha sugere que servia a um proposito
militar. Pátimos pode ter sido uma de uma série de Ilhas Fortalezas que
defendiam um importante porto marítimo de Miletos a 65 km dali, no Continente.
Era um lugar ideal para confinar exilados. - -
Gilda
--- Mas, se João estava no exilio parece
estranho que ele tivesse liberdade para encontrar uma caverna, ter visões,
anota-las e, depois enviar as suas Igrejas no Continente.
Lister
--- Essa talvez fosse a forma de Roma exilar
os encrenqueiros. Quando as autoridades romanas mandavam alguém para o exilio,
a pessoa tinha uma certa liberdade. Ela não ficava numa prisão. Somente não lhe
era permitido em certas regiões. Ou então era obrigado a restringir seus
movimentos a apenas uma Ilha. Mas ela podia manter correspondência através de
intermediários que navegavam entre a Ilha e o Continente. De modo que João pode
ter mantido contato com as Igrejas. - -
Gilda
--- Mas João estava revoltado? - -
Lister
--- Com certeza. Os maus tratos nos prisioneiros.
O fato é que no século Primeiro as autoridades romanas perseguiam
sistematicamente os cristãos por todo o Império. Acredita-se que a violência
começou cerca de 20 anos antes do Apocalipse ser escrito sob o reinado do
Imperador Nero, em 64 depois de Cristo. Nero culpava os cristãos pelo o
incêndio trágico e catastrófico que devastou a Cidade naquele ano. Alguns
cristãos foram crucificados. Nero utilizou os corpos como tochas para iluminar
o caminho até a Cidade. Foi uma experiência tao devastadora que as lembranças
de Nero marcaram as primeiras comunidades cristãs. - -
Gilda
--- A maioria dos Acadêmicos concorda que
Nero perseguia os Cristãos.
Lister
--- Mas o Apocalipse não foi escrito sob
Nero. Foi datado por volta de 90 depois de Cristo. No Reinado do Imperador
Domiciano. Indicio no próprio livro parece indicar que Domiciano era bem menos
brutal que Nero. Se o Apocalipse sido motivado pela perseguição à Comunidade de
João, era de se esperar que ele citasse uma serie de mártires elo nome. Na
verdade, o Livro da Revelação menciona apenas um: Antipas, que morreu por causa
de seu testemunho de fé. Embora João mencione a morte do mártir Antipas, então
há indícios de que o Imperador Domiciano não tenha o sague de tantos cristãos
em suas mãos. –
Gilda
--- Certamente. É como ocorreu agora na II
Guerra quando as tropas desembarcaram na Normandia apenas para morrer. Quanta
tristeza. Uma chacina implacável.
Lister
--- Realmente. A Guerra só traz misérias.
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