RIO RENO
03
OS BÁRBAROS
Steiner esperou um tempo para
poder prosseguir a conversa. Ele olhou o seu relógio de pulso e chacoalhou a
mão para não ter dúvidas que de nada ali parou. Às oito e meia da noite, Maria
se aprumou no sofá, cruzou os braços e fitou séria o rosto de Steiner. O homem
estava atento ao seu relógio. De costa para a estante coberta de livros, ele
então deu prosseguimento ao assunto se admirando de uma moça jovem desconhecer
a história da França, morando em seu território. Ele observou umas pinturas
antigas e de vez, se postou para dar início a conversa.
Steiner
--- Bem. Isso é antigo. O Império
Romano estava no fim e dessa forma os Bárbaros tacaram em diversas linhas. Os
saqueadores ferozes, vindos do Norte chegaram, por assim dizer, batalharam a
ferro e a sangue. Eram eles os Francos.
Maria
--- Francos? - - estranhou.
Steiner
--- Sim. Os precursores de uma
ordem mundial. Há 300 anos depois de Cristo. No rio Rhine ou Rio Reno, por mais
de um século o Império Romano foi atacado por tribos violentas que se
infiltravam por suas fronteiras. Pelo Norte, atacantes germânicos invadiam os
limites romanos.
Maria
--- Entendi agora. Parece que
estou pisando no passado. - - sorriu
Steiner
--- É isso. Por mais um século o
Império Romano foi atacado por tribos violentas que se infiltravam por suas
fronteiras. Liderados pelos chefes bárbaros de longos cabelos que buscavam
locais para iniciar uma vida nova. Passaram a ser chamados de Francos. Eles não
passavam de aliança de pessoas que formavam sob liderança de líderes em
circunstancias particulares.
Maria
--- E o que significa a palavra
“franco”? - - indagou
Steiner
--- Franco? Significa “livre” na
língua “frâncica”. Era a antiga língua do povo germânico que habitava a região
no oeste do Reno e governava grande parte da Europa. Ainda hoje se fala em
diversos dialetos germânicos. –
Maria
--- Entendi. Por favor, pode
continuar. - - sorriu
Steiner
--- Pois bem! Os Francos
aproveitaram uma oportunidade. Atacando um exército romano fragilizado pela
guerra civil. A Guerra Civil tinha matado muitos soldados romanos e também
tinha exposto a fronteira do Reno, facilitado a invasão.
Maria
--- Entendi agora. Ave Maria! - -
Steiner
--- Pois bem. Com a queda das
Defesas das suas fronteiras na província da Gália, os romanos foram inundados
por uma onda imensa de invasores selvagens no local que hoje é a Alemanha. No
passado, os guerreiros francos que ousaram entrar na Gália, pagaram um preço
muito alto. O Imperador Constantino lançou vários dos seus líderes na “arena”,
executando, como fazia com os piores inimigos numa tentativa de aplacar o
entusiasmo dos ataques francos. Entende? –
Maria
--- Sim. Sim. Vamos a frente. - -
sorriu
Steiner
--- Bem! Mas, nessa época, Roma,
já enfraquecida, resolveu usar os Francos, dando para eles as terras de
Toxandria onde ficam, agora, os países Baixos (Holanda) e a Bélgica. Lá,
serviam como para-choque contra outros Bárbaros. Mas, geralmente, levavam uma
vida tranquila depois que penetraram na fronteira romana. Em termos de ataque e
pilhagem, os Francos eram camponeses e tinham plantações. Criavam animais.
Depois, partiam para atacar e pilhar onde surgisse outra oportunidade. Quando
os Francos apareceram no Império Romano, foi fácil identifica-los por seus
trajes. Tinham cabelos longos, não tomavam banho e os romanos achavam, não só
barulhentos, como malcheirosos.
Maria
--- Minha Nossa! Ainda hoje eles
são assim! Por que heim? - - quis saber
Steiner
--- Sei lá! Mas seu contato com
os romanos transformou-os. Durante mais de um século viveram como sérvios
obedientes, adotando um estilo de vida bastante romântico. Mas não eram
romanos. E havia uma coisa da qual não abriam mão: de seus Deuses. –
Maria
--- Mais de um? - - surpresa.
Steiner
--- Ora está! Seguiam sua
religião pagã tradicional que se baseava na adoração de Deuses da natureza.
Eram devotos a sua visão da verdade da sua religião pagã. Os cristãos
acreditavam que os Francos fossem ignorantes ou “perdidos”, prontos para a
conversão. Mas os Francos pagãos viam sua própria religião como uma fonte de
grande poder guerreiro. A única possibilidade de os povos germânicos serem
convertidos ao cristianismo, era se o poder de Deus fosse demonstrado e isso só
poderia ser feito com um milagre. E não havia milagre maior que uma batalha.
Maria
--- Uma batalha! Quer dizer: mais
uma guerra! - - decepcionada
Steiner
--- Isso mesmo! Armado com os
poderes dos Deuses pagãos, os Francos invadiram quando o Exército Romano,
enfraquecido, afastou-se para repelir outros Bárbaros. A Gália, eu já fora a
mais próspera das províncias romanas, compreendendo que agora é a França, a
Bélgica e partes da Itália e da Alemanha, estava vulnerável a invasão das
tribos francas. E estava muito claro para os Francos que era o momento de mover
para o sul.
Maria
--- La vai morte! –
Steiner
--- Pois é! Quatrocentos e
quarenta e seis depois de Cristo, norte da Gália, entre os chefes francos
existia um que poderia tomar o território deixado pelos romanos. O nome dele
era Meroveu. E foi do seu nome que nasceu uma nova linha de conquistadores
Bárbaros. Os Merovíngios. Dizem que ele descendia de um Deus do mar. Meroveu
chefiará seus homens contra os romanos na cidade de Turner. Meroveu negocia uma
trégua e suas tribos francas estabelecerão e defenderão uma área em torno da
cidade. –
Maria
--- Não é possível! - -
Steiner
--- E Meroveu conquistando mais
terras, conquistou um poder maior. Um poder que ansiava por testar. Em Chalons,
na Gália, logo os romanos forneceram a oportunidade alistando tribos francas
para lutar contra a pior ameaça ao Império: Átila, o Huno. O Flagelo de Deus,
como o chamavam. Átila foi um importante conquistador, famoso pelos ataques que
comandou contra o Imperio Romano. Ele era chefe dos hunos, um povo nômade de
origem mongólica. Átila levou seu exército de hunos e outros aliados bárbaros
até o centro da França.
Maria
--- Que desprezo! - - cara amarga
Steiner
--- As linhas de batalha reúnem
em Chalons onde atualmente fica a França. Meroveu e seus francos entram na
briga contra os aliados bárbaros de Átila. Com a ajuda de Meroveu e dos seus
francos, os romanos obrigam os hunos a retirarem-se desmoralizando Átila e
levando a vitória para o Imperio. A vitória do Exército sobre Átila foi
sumamente importante pois significava que essa parte Ocidental do Império
Romano, permaneceria com o Império.
Maria
--- Para mim, é um estrago. Sejam
romanos, alemães ou huno que estejam em luta. Faz-me lembrar o morticínio do
Holocausto de agora.
Steiner concordou