segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O ÚLTIMO TREM DE PARIS - 01 -

PARIS
01
PARTIDA 

Jordan Steiner estava de partida de Paris para a Alemanha no ultimo trem daquela noite. A estação estava com poucos passageiros e menos ainda com o carro que ele embarcou. De imediato, Steiner pulou para dentro e notou bem poucos passageiros. Ele pegou uma poltrona do lado direito onde havia menor número de passageiro. Um homem barrigudo sentado à esquerda, uma moça com uma revista de bolso sentada a frente do seu lugar e poucos outros passageiros apenas. A linda mulher nem se deu por conta com a presença de Steiner. Em outra circunstância, Steiner a chamaria de Olga, pois era bem parecida com a jovem que ele, um dia, namorou quando estava na Faculdade de Filosofia de Paris. Por conta disso, Steiner se habituou a chamar qualquer moça por nome de Olga, mesmo não sendo a mesma. Cinco minutos após o trem partiu desligando-se as luzes ambiente deixando o vagão em penumbra. A buzina da locomotiva fez um estardalhaço incrível quando a composição se moveu. Steiner se acomodou fechando a janela lateral para nada a enxergar. A fraulein “Olga” se aquietou a seu modo esticando as penas para baixo da poltrona da frente, como quem quisesse dormir.
O trem corria depressa para ser cumprido de três horas e cinquenta minutos até Frankfurt. Em certo instante, em um minuto ou outro, Steiner despertou de um breve sono e não viu a fraulein Olga que estava sentada na poltrona a frente da sua. Para ele, aquilo era normal. A Olga teria saído para ir à toalete, com certeza. Então ele fechou os olhos e adormeceu novamente. O tempo passou rápido e o trem chegou ao destino final. Com o impacto, Steiner acordou surpreso. As lâmpadas estavam acesas. De imediato o homem se levantou da poltrona e enxergou no fim do corredor a moça Olga. Ela já estava a descer do vagão. O movimento àquela hora da madrugada já estava crescendo às vistas. Mulheres vestidas de casaco a cobrir a cabeça puxando a maleta das compras, incluindo fraulein Olga seguida de perto pelo senhor Steiner. A moça entrou em um bar perto à estação para fazer refeição matinal. Sentada em frente, ela pediu um hambúrguer acompanhado de uma coca. Nesse momento se sentou também o senhor Steiner e pediu uma pizza acompanhada por uma bebida leve.
À sua frente, um jovem lia um exemplar que Steiner conhecera muito bem. Tomo volumoso, capa vermelha com grifos ao seu redor e o nome “Nostradamos”. O homem sorriu e logo pensou o tempo gasto quando ele precisou daquele livro de mais de 500 anos. O parque experimentava soberbo movimento àquela hora perto das cinco da manhã. A moça chamada por “Olga” pegou a sua maleta profissional e saiu. Steiner a observou com pressa, não querendo nem falar um pouco. Mesmo assim, a observava e as suas ancas. Ele, insatisfeito não pode saber se “Olga” era casada ou não. Talvez fosse noiva, por certo. As suas mãos estavam cobertas por luvas de cor cinza como estavam também as mãos de Steiner. Fazia frio fora do bar. O rapaz esperou um tempo para poder seguir a senhorita, pelo menos para saber o seu verdadeiro nome. Com um volume de livro preso em baixo do braço e a sua maleta, Steiner esperou um certo tempo depois de quitar seu débito e seguiu direto para ver onde “Olga” se destinava naquela ocasião.
A moça pegou um taxi e ele não desanimou. Pegou o taxi seguinte e orientou ao motorista.
Steiner
--- Siga aquele carro, por favor! -  
Após um curto tempo, o taxi de “Olga” subiu uma rampa e parou em frente ao portão de entrada de um Hospital. O taxi de Steiner seguiu em frente e estacionou mais adiante. O homem pagou a conta e agradeceu, levando a sua maleta e o livro. Dentro de instantes Steiner chegou ao hospital onde havia pacientes e homens vestidos todos de branco, podendo ser enfermeiros e maqueiros. Em baixo carros de pronto socorro estacionados a espera de chamados. O carro da polícia chegou naquele minuto prazendo alguém, possivelmente um doente. Um homem solitário a espera de alguém a lhe prestar avisos. E Steiner enxergou entrando em uma porta, a moça “Olga”. Ele se adiantou o viu chegar um enfermeiro. De imediato, indagou.
Steiner
--- Senhor, por favor. A  aqui trabalha a médica “Olga Schulz? - - assustado.
Enfermeiro
--- Schulz? Não creio. Mas pergunte as atendentes, sim? - -
Steiner
--- Obrigado. Vou indagar. -  
Nesse instante, “Olga” já voltava de onde tinha ido e Steiner procurou falar-lhe para saber se a moça conhecia a médica Olga Schulz, médica especialista e se essa trabalhava naquele hospital. A moça o escutou e, lamentando, declarou não conhecer tal pessoa, mesmo de outro Hospital.
Steiner
--- Sabe. Eu sou formado em Filosofia. Agora, venho a minha terra a procura dessa doutora. E não se conhece de forma alguma.  Seu nome, por favor! - - lamentou.
Maria
--- Maria Wolf. Perdão. Essa pessoa não a conheço. O senhor é daqui mesmo? –
Steiner
--- Sim. Venho, agora, de Paris. Em seguida, vou para a casa de minha mãe. Desculpe-me. – -  entristecido
Maria
--- O senhor mora aqui perto? - - indagou
Steiner
--- Não, senhora. Minha mãe mora do campo. Ela cria patos. É uma fazenda. E a senhora? - - sorriu
Maria
--- Eu resido no Beco das Freiras. Antes, um convento. Hoje é uma casa. Tem quartos para alugar apenas para as moças.
Steiner
--- Sei onde fica. - - sorriu
Maria
--- Sabe? Eu estou pensando em ir com você até a Fazenda de sua mãe. Porém antes tenho que passar na Hospedaria “Hotel do Anjos”. Paradinha rápida. Pode ser? - - sorriu
Steiner
--- Sim. Pode. A Chácara de minha mãe fica mais distante. É a “Chácara Baumuller”. Alguns quilometros a frente.
Maria
--- Patos! Adoro patos! Sua mãe não tem esposo? - - inquieta.
Steiner
--- Teve. Sim. Ele morreu em um acidente de carro. Meu pai era professor. Você sabe. Emprego difícil. Lecionava de dia e à noite cuidava dos patos. Essa granja, ele adquiriu de um antigo dono. E conservou o nome: Baumuller. O velho teve três filhos: Duas imãs e eu. Sendo eu o caçula. As minhas irmãs, casaram. E eu fui mandado para Paris. Estudar fora. - - sorriu
Maria
--- Eu tenho três irmãs. Meu pai – razinza - requereu divórcio. Diz ele que não aguentava mais as discordâncias com minha mãe. Acabou divorciando. Eu fui a Paris, estudar. As minhas irmãs ficaram aqui mesmo. Elas trabalham em repartições. Minha mãe casou de novo! - - sorriu
Steiner
--- C’est la vie! - - sorriu o rapaz como quem diz “isso é a vida”.
Em instantes Maria Wolf desceu do taxi, entrou em seu apartamento, no Hotel dos Anjos, ambiente só para sexo feminino, foi se banhar, trocou de roupa e imediatamente retornou para seguir viagem. Sorrindo, Maria indagou:
Maria
--- Demorei? - - sorrindo.
Steiner
--- Nem um pouco. Vamos seguir viagem agora. - - respondeu.
O taxi seguiu e os dois conversavam como se nada ocorreu. Steiner indagou se Maria tinha sido casa e essa respondeu que sim.
Maria
--- Sim. Fui casada. Mas o negócio não deu certo e ele partiu para sempre. - - com cara feia.
Steiner
--- Ele, quem? Seu marido? - -
Maria
--- Sim. O meu ex. Nome: Denis. Francês, por sinal. - - calou     

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