NETUNO
33
MEIO DIA
Era quase meio-dia. A maior parte
dos repórteres já havia saído para as suas habitações. Ainda estavam no
laboratório fotográfico dois fotógrafos. Lauro, o Diretor, estava pronto para
sair e nesse momento, Janilce já estava de partida. Por um instante, os dois se
cruzaram. Lauro e Janilce. Com sua pressa, Lauro pediu desculpas por cruzar com
Janilce. Esse estava no início dos batentes de descida e apenas sorriu. De
imediato, a moça indagou.
Janilce
--- Vai para casa? - - perguntou
Lauro
--- Sim. Quer carona? - -
Janilce
--- Sim. Até a Deodoro, se
possível. –
Lauro
--- Vamos! É o meu caminho. –
Janilce
--- Eu moro perto. – - disse
mais.
Nesse instante, vindo também de
auto, Canindé fez sinal para o Diretor Lauro para que ele encostasse o seu
veículo próximo ao Grande Hotel. Lauro fez a volta e estacionou seu carro. A
essa altura, Canindé, veio correndo do seu auto para informar ter um pescador
fisgado a estátua do deus Netuno e ele tirou fotos do achado faltando o texto.
O ocorrido foi na praia de Ponta Negra, em Natal. Um grupo de pescadores
fisgaram a estátua de bronze tendo sido calculado em cerca de 100 mil reais.
Segundo a mitologia, Netuno é o deus romano do mar, inspirado no deus grego
Poseidon. Ele era filho do deus Saturno, irmão de Júpiter e de Plutão.
Lauro
--- Quem foi o pescador? - -
indagou
Canindé
--- Tenho uma foto tirada com o
achado. - -
Lauro
--- Estava no mar? - -perguntou
cismado
Canindé
--- Em cima das pedras. Talvez
foi de um naufrágio ocorrido há anos. O pescador não sabia.
Lauro
--- Vamos voltar para a Vila. - -
e seguiu seu destino
Lauro passou em casa a procura de
Marilu para que a moça fosse com ele e Janilce. Não deixava de ser uma matéria
curiosa e não podia cair em mãos erradas. Marilu saiu de casa, com pressa para
saber melhor do que se passava. Explicado o achado, ele, então, ficou contente.
Janilce passou para o banco de trás deixado vago o primeiro assento ao lado de
Lauro, o motorista e proprietário. Netuno, deus romano do mar, inseparável dos
cavalos, senhor das ninfas, sereias, rios e fontes, não veste roupas chiques,
já que sua aparência é suficiente para demonstrar o seu poder. Janilce sentou
no banco traseiro deixando livre o dianteiro para a sua parceira. Lauro seguiu
a frente tendo atrás, no carro da redação, o fotógrafo Canindé. De imediato,
Canindé passou a diante fazendo como escolta.
Canindé
--- Vou a frente. Siga-me. - -
gritou o fotografo
O carro veio em seguida a toda
velocidade, como um louco.
Marilu
--- Segura, peão! - - gritou com
graça a sorrir.
No banco de trás, estava apenas a
moça, Janilce. Estava com terrível medo, por sinal. Ela sentou-se de forma mais
confortável deixado a frente o motorista e sua esposa. Carros voltavam por
outro local da pista e alguém gritou ao desaforo.
Motorista
--- Louco!!! - - gritou o
motorista vindo ao contrario
Nesse ponto, a ventania
enraivecida tocava fundo contra o veículo que seguia a toda pressa. Do seu
modo, Janilce se encolheu, buscado apoio no banco da frente onde passou sua
perna. E o vendaval inconstante seguia a toda, como um cão. O vestido de
Janilce desagarrou do seu corpo mostrado a sua perna esquerda a levantar até a
roupa íntima. Da frente, o motorista Lauro, em certa ocasião, viu quando olhou
para Marilu, a conversar, a roupa intima de Janilce. E nada comentou, decerto.
Lauro
---Poseidon! - - foi o que disse
Marilu
--- Poseidon? Deus grego! - -
Lauro
--- Na mitologia, é o mesmo
Netuno, de Roma. - - falou
Mas a frente, Canindé. O seu
motorista deu uma parada a seu mando. Nesse instante, Canindé desceu do seu
carro e caminhou até o carro Ford do seu chefe. E ao chegar foi dizendo.
Canindé
--- A casa é logo ali. Eu
pergunto por Zé da Ciça. Se ele estiver em casa, então o senhor vai até ele
perguntar pela estátua que é da competência do Instituto Histórico. Só isso. Eu
sigo. –
Lauro
--- Está bom. Vá que eu sigo atrás.
Marilu
--- Que tem o Instituto a ver com
isso? - - indagou surpresa
Lauro
--- Nada. É só para início de
conversa. - - respondeu sorrindo
Nesse ponto, Janilce se ajeitou
de pronto. A ventania prosseguia a todo custo. Um garoto com uma cesta cheia de
caju passou quase correndo e ao avistar Lauro, ofereceu os cajus por uma
ninharia qualquer. Claro que Lauro aceitou. Eram cajus azedos de fazer dó.
Marilu
--- Azedo que só merda! - -fez
cara feia e estremeceu revoltada
E passou para a sua amiga Janilce
um punhado dos cajus recomendando só comer a popa pois a castanha se jogava
fora. Castanha, além de miúda nada valia.
Janilce
--- Ui! Azedo! Esse, nem de
graça. - - reclamou
Canindé já conversava de Zé da
Ciça quando Lauro e sua mulher ali chegaram. A moça, Janilce ficou um pouco
para trás. Mas ouviu a conversa. O pescador dizia já ter entregue ao delegado
de polícia e esse levara para a chefatura onde a imagem foi guardada no porão.
Então, Lauro voltou à estaca zero. E reclamou de imediato.
Lauro
--- Mas a o delegado não tem nada
a ver com a imagem. Vou até lá. - - e caminho para o distrito
Canindé
--- Se o atleta não deu fim à
estátua! Vale bem mais de 100 mil cruzeiros. - -
Marilu
--- 100? Dinheirão! - - reclamou
a mulher
Lauro
--- Vamos ver. Eu digo que sou do
Instituto. Se não tiver mais, paciência! - - desiludido
E lá se foram eles para o
Distrito de Polícia. Sentado na cadeira de vime, toda tosca, estava um soldado.
Só um. E Lauro indagou pelo chefe de polícia ao chegar.
Policial
--- Ele saiu. Foi a cidade. O que
se passa? –
Lauro
--- Vim buscar a encomenda. Uma
estátua de bronze para deixar no Instituto Histórico. - - sério
Soldado
--- O sargento já levou! - -
Nenhum comentário:
Postar um comentário