sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O ÚLTIMO TREM DE PARIS - 03

RIO RENO
03
OS BÁRBAROS

Steiner esperou um tempo para poder prosseguir a conversa. Ele olhou o seu relógio de pulso e chacoalhou a mão para não ter dúvidas que de nada ali parou. Às oito e meia da noite, Maria se aprumou no sofá, cruzou os braços e fitou séria o rosto de Steiner. O homem estava atento ao seu relógio. De costa para a estante coberta de livros, ele então deu prosseguimento ao assunto se admirando de uma moça jovem desconhecer a história da França, morando em seu território. Ele observou umas pinturas antigas e de vez, se postou para dar início a conversa.
Steiner
--- Bem. Isso é antigo. O Império Romano estava no fim e dessa forma os Bárbaros tacaram em diversas linhas. Os saqueadores ferozes, vindos do Norte chegaram, por assim dizer, batalharam a ferro e a sangue. Eram eles os Francos.
Maria
--- Francos? - - estranhou.
Steiner
--- Sim. Os precursores de uma ordem mundial. Há 300 anos depois de Cristo. No rio Rhine ou Rio Reno, por mais de um século o Império Romano foi atacado por tribos violentas que se infiltravam por suas fronteiras. Pelo Norte, atacantes germânicos invadiam os limites romanos.
Maria
--- Entendi agora. Parece que estou pisando no passado. - - sorriu
Steiner
--- É isso. Por mais um século o Império Romano foi atacado por tribos violentas que se infiltravam por suas fronteiras. Liderados pelos chefes bárbaros de longos cabelos que buscavam locais para iniciar uma vida nova. Passaram a ser chamados de Francos. Eles não passavam de aliança de pessoas que formavam sob liderança de líderes em circunstancias particulares.
Maria
--- E o que significa a palavra “franco”? - - indagou
Steiner
--- Franco? Significa “livre” na língua “frâncica”. Era a antiga língua do povo germânico que habitava a região no oeste do Reno e governava grande parte da Europa. Ainda hoje se fala em diversos dialetos germânicos. –
Maria
--- Entendi. Por favor, pode continuar. - - sorriu
Steiner
--- Pois bem! Os Francos aproveitaram uma oportunidade. Atacando um exército romano fragilizado pela guerra civil. A Guerra Civil tinha matado muitos soldados romanos e também tinha exposto a fronteira do Reno, facilitado a invasão.
Maria
--- Entendi agora. Ave Maria! - -
Steiner
--- Pois bem. Com a queda das Defesas das suas fronteiras na província da Gália, os romanos foram inundados por uma onda imensa de invasores selvagens no local que hoje é a Alemanha. No passado, os guerreiros francos que ousaram entrar na Gália, pagaram um preço muito alto. O Imperador Constantino lançou vários dos seus líderes na “arena”, executando, como fazia com os piores inimigos numa tentativa de aplacar o entusiasmo dos ataques francos. Entende? –
Maria
--- Sim. Sim. Vamos a frente. - - sorriu
Steiner
--- Bem! Mas, nessa época, Roma, já enfraquecida, resolveu usar os Francos, dando para eles as terras de Toxandria onde ficam, agora, os países Baixos (Holanda) e a Bélgica. Lá, serviam como para-choque contra outros Bárbaros. Mas, geralmente, levavam uma vida tranquila depois que penetraram na fronteira romana. Em termos de ataque e pilhagem, os Francos eram camponeses e tinham plantações. Criavam animais. Depois, partiam para atacar e pilhar onde surgisse outra oportunidade. Quando os Francos apareceram no Império Romano, foi fácil identifica-los por seus trajes. Tinham cabelos longos, não tomavam banho e os romanos achavam, não só barulhentos, como malcheirosos.
Maria
--- Minha Nossa! Ainda hoje eles são assim! Por que heim? - - quis saber
Steiner
--- Sei lá! Mas seu contato com os romanos transformou-os. Durante mais de um século viveram como sérvios obedientes, adotando um estilo de vida bastante romântico. Mas não eram romanos. E havia uma coisa da qual não abriam mão: de seus Deuses. –
Maria
--- Mais de um? - - surpresa.
Steiner
--- Ora está! Seguiam sua religião pagã tradicional que se baseava na adoração de Deuses da natureza. Eram devotos a sua visão da verdade da sua religião pagã. Os cristãos acreditavam que os Francos fossem ignorantes ou “perdidos”, prontos para a conversão. Mas os Francos pagãos viam sua própria religião como uma fonte de grande poder guerreiro. A única possibilidade de os povos germânicos serem convertidos ao cristianismo, era se o poder de Deus fosse demonstrado e isso só poderia ser feito com um milagre. E não havia milagre maior que uma batalha. 
Maria
--- Uma batalha! Quer dizer: mais uma guerra! - - decepcionada
Steiner
--- Isso mesmo! Armado com os poderes dos Deuses pagãos, os Francos invadiram quando o Exército Romano, enfraquecido, afastou-se para repelir outros Bárbaros. A Gália, eu já fora a mais próspera das províncias romanas, compreendendo que agora é a França, a Bélgica e partes da Itália e da Alemanha, estava vulnerável a invasão das tribos francas. E estava muito claro para os Francos que era o momento de mover para o sul.
Maria
--- La vai morte! –
Steiner
--- Pois é! Quatrocentos e quarenta e seis depois de Cristo, norte da Gália, entre os chefes francos existia um que poderia tomar o território deixado pelos romanos. O nome dele era Meroveu. E foi do seu nome que nasceu uma nova linha de conquistadores Bárbaros. Os Merovíngios. Dizem que ele descendia de um Deus do mar. Meroveu chefiará seus homens contra os romanos na cidade de Turner. Meroveu negocia uma trégua e suas tribos francas estabelecerão e defenderão uma área em torno da cidade. –
Maria
--- Não é possível! - -
Steiner
--- E Meroveu conquistando mais terras, conquistou um poder maior. Um poder que ansiava por testar. Em Chalons, na Gália, logo os romanos forneceram a oportunidade alistando tribos francas para lutar contra a pior ameaça ao Império: Átila, o Huno. O Flagelo de Deus, como o chamavam. Átila foi um importante conquistador, famoso pelos ataques que comandou contra o Imperio Romano. Ele era chefe dos hunos, um povo nômade de origem mongólica. Átila levou seu exército de hunos e outros aliados bárbaros até o centro da França.
Maria
--- Que desprezo! - - cara amarga
Steiner
--- As linhas de batalha reúnem em Chalons onde atualmente fica a França. Meroveu e seus francos entram na briga contra os aliados bárbaros de Átila. Com a ajuda de Meroveu e dos seus francos, os romanos obrigam os hunos a retirarem-se desmoralizando Átila e levando a vitória para o Imperio. A vitória do Exército sobre Átila foi sumamente importante pois significava que essa parte Ocidental do Império Romano, permaneceria com o Império.
Maria
--- Para mim, é um estrago. Sejam romanos, alemães ou huno que estejam em luta. Faz-me lembrar o morticínio do Holocausto de agora.
Steiner concordou

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