quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O ÚLTIMO TREM DE PARIS - 02 -

FLORESTA NEGRA
02
PATOS
Após algum tempo não muito longo, Steiner chegou com Maria a Chácara Baumuller, um local amplo e bem guarnecido. Dois cães doberman vermelho se acercaram do portão principal a latir insistente. O cuidador de cães veio depressa para acabar com a algazarra. Steiner saltou do taxi, pagou a conta e ele alertou Maria para não se importar com os travessos, pois o guarda já estava pronto para recolher os animais.
Steiner
--- São Dobermans. Uma raça inteligente. Obedientes. Alemães, por sinal. São adestrados. Não se importe. - - declarou
Maria
--- Eu acostumo com eles. - - sorriu
A estrada para Frankfurt fica na Floresta Negra e a mãe de Steiner reside em uma casa de três andares mais o térreo, banhada pelo lago Titisee ao redor de pinhais. O terreno é bem amplo e a criação cabe bem, não apenas patos, como também gansos, guinés e galinhas. Desses todos, os beneficiados são os patos gigantes à venda para os mercados da cidade de Frankfurt. Para se definir, a Chácara tem capacidade para criação de milhares de patos e demais aves. Em pouco tempo, Maria estava a cumprimentar a senhora Evelyn Steiner, mãe de Steiner, filósofo pela Faculdade de Paris. Mulher simpática, sorridente até, e comandava um batalhão de aves para venda durante a sua época. Além do caseiro a cuidar dos cães, dona Evelyn tinha comando de uma porção de gente a cuidar de suas aves. 
A conversa durou longo tempo. A senhora Evelyn indagou se os dois eram noivos e a moça, Maria deu resposta negativa, a sorrir. Evelyn olhou de lado o seu filho para conferir a resposta de Maria.
Steiner
--- Verdade, minha mãe. Não somos noivos. Eu a conheci inda a pouco. Estamos em viagem. Convidei Maria para visitar a sua Chácara. Só isso.
Maria
--- Steiner nem sabia que eu tinha sido casada! - - gargalhou  
Steiner
--- Verdade! Verdade! Nem deu tempo! Quando Maria disse-me ter sido casada, então eu me assombrei!  - - sorriu
Evelyn
--- Por isso é todos o chamam de bobo! Todos, não. As irmãs. - - sorriu
Steiner
--- Eu sou o caçula, minha mãe. - - sorriu;
Evelyn
--- Quanto tempo vocês ficam em minha casa? - - alegre.
Steiner
--- Maria é quem sabe! - - disse ele.
Maria
--- Eu? Por que eu? - - surpresa.
Steiner
--- Você é a convidada! - - sorriu sem parar
Maria
--- Eu, não. Você é quem diz. Ora eu! - -
Evelyn
--- Vocês decidam. A casa é de vocês. Passem o resto da vida. - - sorriu.
Maria
--- O que me interessa são os patos! Eu nunca vi pato. - - relatou
Evelyn
--- Pato? Ora, ora. É só o que tem aqui. Pato, ganso, marreco, guinés. Tudo isso e muito mais.
Steiner
--- O que você prefere? Pato ou ganso? - -
Maria
--- Nem sei mais. Tem tanta ave! - - desgostosa
No restante do dia, Maria visitou os campos de se guardar patos, gansos entre outras aves, em um cercado enorme com as casas de dormidas, todas forradas a evitar as notáveis fugas quando as aves cruzavam o céu diurno em busca de novos pastos. O odor de fezes das aves nativas dava a qualquer um, espaço necessário de se proteger com máscara, se não fosse habituado. Por esse tempo, Maria, Steiner e um cuidador de aves percorrerem amplos caminhos a visitar, de qualquer modo os patos, gansos entre outras aves silvestres. Depois de longa caminhada Maria, encantada, resolveu retornar a casa onde ficaria por horas ou dias
Após o jantar, Steiner foi até a sua Biblioteca acompanhado de Maria. Ela estava admirada com tamanhos volumes de livros tomando vasta posição. Exposições de artes sacras de pintores famosos como Gauguin, Matisse, Renoir, Van Gogh e tantos outros estavam à vista no ambiente natural da Biblioteca. Maria admirava cada quatro como se nunca tinha visto. Um toca-discos antigo era algo de muita surpresa a quem o via. E Maria indagou.
Maria
--- Ele toca ainda? - - perguntou
Steiner
--- Esse? Toca. E muito bem. Está aí como museu. Mas toca. Tem discos guardados na estante.
Maria
--- Hum! Maravilhoso! - -
Steiner
--- Livros, aos montes. A grande parte pertenceu ao meu pai. História antiga. Mesopotâmia. Império Egípcio, Hititas, Assíria, Babilônia. O velho procurava tudo e chegava em casa com um monte deles. Era um colecionador nato. –
Maria
--- Dá para sentir. Alguém entra aqui? –
Steiner
--- Apenas minha mãe, uma doméstica para fazer limpeza e eu, por certo. Ninguém mais. –
Maria
--- E eu, agora! - - sorriu pela astucia
Steiner
--- Sim. Você. Mas é um caso à parte. - - sorriu
Maria
--- Tem algo sobre Maria Madalena? - - indagou
Steiner
--- É o que mais tem. Deixa-me ver. Um instante. Mas tem também sobre o Santo Graal! - -
Maria
--- Quem? Santo o que? - - indagou pensando bem.
Steiner
--- Graal! Sangue sagrado. Esse tem aqui. Os Celtas, Rei Artur, Dinastia Merovíngia, Cavaleiros Templários, a França.  - - tentou explicar
Maria
--- Ah. Rei Artur. Mas, o que tem a ver a França com isso? –
Steiner
--- A França não existia ainda. Ele findou por chegar com a invasão dos Bárbaros, da Alemanha que ainda também não existia como nação. É uma história bem antiga. - - relatou
Maria
--- Eu estou surpresa. Conte-me, por favor. - -
Steiner sorriu.


Nenhum comentário:

Postar um comentário