FLORESTA NEGRA
02
PATOS
Após algum tempo não muito longo,
Steiner chegou com Maria a Chácara
Baumuller, um local amplo e bem guarnecido. Dois cães doberman vermelho se
acercaram do portão principal a latir insistente. O cuidador de cães veio
depressa para acabar com a algazarra. Steiner saltou do taxi, pagou a conta e
ele alertou Maria para não se importar com os travessos, pois o guarda já
estava pronto para recolher os animais.
Steiner
--- São Dobermans. Uma raça
inteligente. Obedientes. Alemães, por sinal. São adestrados. Não se importe. -
- declarou
Maria
--- Eu acostumo com eles. - -
sorriu
A estrada para Frankfurt fica na
Floresta Negra e a mãe de Steiner reside em uma casa de três andares mais o
térreo, banhada pelo lago Titisee ao redor de pinhais. O terreno é bem amplo e
a criação cabe bem, não apenas patos, como também gansos, guinés e galinhas.
Desses todos, os beneficiados são os patos gigantes à venda para os mercados da
cidade de Frankfurt. Para se definir, a Chácara tem capacidade para criação de
milhares de patos e demais aves. Em pouco tempo, Maria estava a cumprimentar a
senhora Evelyn Steiner, mãe de Steiner, filósofo pela Faculdade de Paris.
Mulher simpática, sorridente até, e comandava um batalhão de aves para venda
durante a sua época. Além do caseiro a cuidar dos cães, dona Evelyn tinha
comando de uma porção de gente a cuidar de suas aves.
A conversa durou longo tempo. A
senhora Evelyn indagou se os dois eram noivos e a moça, Maria deu resposta
negativa, a sorrir. Evelyn olhou de lado o seu filho para conferir a resposta
de Maria.
Steiner
--- Verdade, minha mãe. Não somos
noivos. Eu a conheci inda a pouco. Estamos em viagem. Convidei Maria para
visitar a sua Chácara. Só isso.
Maria
--- Steiner nem sabia que eu
tinha sido casada! - - gargalhou
Steiner
--- Verdade! Verdade! Nem deu
tempo! Quando Maria disse-me ter sido casada, então eu me assombrei! - - sorriu
Evelyn
--- Por isso é todos o chamam de
bobo! Todos, não. As irmãs. - - sorriu
Steiner
--- Eu sou o caçula, minha mãe. -
- sorriu;
Evelyn
--- Quanto tempo vocês ficam em
minha casa? - - alegre.
Steiner
--- Maria é quem sabe! - - disse
ele.
Maria
--- Eu? Por que eu? - - surpresa.
Steiner
--- Você é a convidada! - -
sorriu sem parar
Maria
--- Eu, não. Você é quem diz. Ora
eu! - -
Evelyn
--- Vocês decidam. A casa é de
vocês. Passem o resto da vida. - - sorriu.
Maria
--- O que me interessa são os
patos! Eu nunca vi pato. - - relatou
Evelyn
--- Pato? Ora, ora. É só o que
tem aqui. Pato, ganso, marreco, guinés. Tudo isso e muito mais.
Steiner
--- O que você prefere? Pato ou
ganso? - -
Maria
--- Nem sei mais. Tem tanta ave!
- - desgostosa
No restante do dia, Maria visitou
os campos de se guardar patos, gansos entre outras aves, em um cercado enorme
com as casas de dormidas, todas forradas a evitar as notáveis fugas quando as
aves cruzavam o céu diurno em busca de novos pastos. O odor de fezes das aves
nativas dava a qualquer um, espaço necessário de se proteger com máscara, se
não fosse habituado. Por esse tempo, Maria, Steiner e um cuidador de aves
percorrerem amplos caminhos a visitar, de qualquer modo os patos, gansos entre
outras aves silvestres. Depois de longa caminhada Maria, encantada, resolveu
retornar a casa onde ficaria por horas ou dias
Após o jantar, Steiner foi até a
sua Biblioteca acompanhado de Maria. Ela estava admirada com tamanhos volumes
de livros tomando vasta posição. Exposições de artes sacras de pintores famosos
como Gauguin, Matisse, Renoir, Van Gogh e tantos outros estavam à vista no ambiente
natural da Biblioteca. Maria admirava cada quatro como se nunca tinha visto. Um
toca-discos antigo era algo de muita surpresa a quem o via. E Maria indagou.
Maria
--- Ele toca ainda? - - perguntou
Steiner
--- Esse? Toca. E muito bem. Está
aí como museu. Mas toca. Tem discos guardados na estante.
Maria
--- Hum! Maravilhoso! - -
Steiner
--- Livros, aos montes. A grande
parte pertenceu ao meu pai. História antiga. Mesopotâmia. Império Egípcio,
Hititas, Assíria, Babilônia. O velho procurava tudo e chegava em casa com um
monte deles. Era um colecionador nato. –
Maria
--- Dá para sentir. Alguém entra
aqui? –
Steiner
--- Apenas minha mãe, uma
doméstica para fazer limpeza e eu, por certo. Ninguém mais. –
Maria
--- E eu, agora! - - sorriu pela
astucia
Steiner
--- Sim. Você. Mas é um caso à
parte. - - sorriu
Maria
--- Tem algo sobre Maria
Madalena? - - indagou
Steiner
--- É o que mais tem. Deixa-me
ver. Um instante. Mas tem também sobre o Santo Graal! - -
Maria
--- Quem? Santo o que? - -
indagou pensando bem.
Steiner
--- Graal! Sangue sagrado. Esse
tem aqui. Os Celtas, Rei Artur, Dinastia Merovíngia, Cavaleiros Templários, a França. - - tentou explicar
Maria
--- Ah. Rei Artur. Mas, o que tem
a ver a França com isso? –
Steiner
--- A França não existia ainda.
Ele findou por chegar com a invasão dos Bárbaros, da Alemanha que ainda também não
existia como nação. É uma história bem antiga. - - relatou
Maria
--- Eu estou surpresa. Conte-me,
por favor. - -
Steiner sorriu.
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