segunda-feira, 11 de setembro de 2017

GRANDES DEUSES - 43 -

CAMPO SANTO
43
JANILCE

Janilce, aparentemente sem sentidos. Continuava no local onde foi posta, um divã de pouco mais de dois metros. Canindé, desesperado, foi até o seu laboratório procurar o que estava guardado ali há vários tempos. Um chá de ervas. Ele pegou o chá e saiu correndo o mais depressa que foi possível. Outros rapazes estavam perto da moça a interrogar o que tinha sofrido Janilce. Ninguém, ao certo poderia dar resposta. Na ocasião foi visto o homem, Macedo dar massagem cardíaca, tentativa de fazer a moça recordar os sentidos. Mesmo, com todo esforço nada era possível.
Macedo
--- Alguém chame a ambulância Hospital. - - relatou apressado
Canindé
--- O que? Ela está morrendo? - - desesperado
Em poucos instantes estacionou o carro de Marilu. A moça veio buscar apenas Janilce para levar a seu apartamento. Alguém lhe disse quando Marilu entrava de porta a dentro.
Rapaz
--- Depressa! Ela está quase morta!!! - - relatou amedrontado
Marilu
--- Quem? - - perguntou enquanto corria de escada a cima
Macedo e Canindé já estavam a caminho para pegar um automóvel da Redação
Canindé
--- Sai da frente! Depressa! Ela está morrendo! - - alarmado
Marilu atendeu ao apelo e disse, de uma vez, que colocassem Janilce no banco de trás do seu automóvel. Agoniada, ela se pôs pronta a dirigir. Então, ali estava Macedo, Canindé para sustentar o corpo da vigem, e um rapaz, que se meteu no banco da frente, ao lado de Marilu. O veículo saiu em total velocidade, buzinado para prevenir aos que estava a atravessar a rua e nem dando importância aos apitos do guarda. Em total desespero Marilu, pouca importância podia dar, uma vez que o pronto socorro ficava longe de onde a moça cumpria a missão. Dez minutos depois, Marilu, com toda pressa, entrou o pátio do hospital, em desespero pedido ajuda para salvar a rua amiga. De imediato, os maqueiros foram até o carro e retiraram a moça em estado de letargia. De imediato Janilce foi removida e levada para o pronto socorro com toda pressa. Os médicos de plantão, depois de um prolongado exame, chegaram a uma definição.
Médico
--- Ela morreu há dez minutos. Desculpe! Ela sofreu de um AVC. Não temos jeito a dar.
Lauro chegou nesse exato momento quando ouviu o médico dizer. O homem ficou desesperado com a notícia. 
Lauro
--- Não pode ser, doutor. Ela estava bem por todo o dia. Almoçamos juntos. Ela, minha esposa e eu. Como foi está morte repentina? - -
Médico
--- Senhor. Isso mesmo nos surpreende. Um AVC chega e puft. É uma morte rápida. Há cura, sim. Mas deixa sequelas. Ele devia ter algo, não posso dizer. Mas...É mesmo assim. Quando a moça entrou na sala de cirurgia, eu vi logo que era um caso gravíssimo. Lamento, senhor. O senhor era algo da virgem? –
Lauro
--- Eu sou o diretor do Jornal do Estado. Apenas isso. Lamento muito esse dissabor. Eu estou revoltado com esse Deus!! - - discorreu  
O sepultamento ficou programado para o fim da tarde do dia seguinte. Gente muita acorreu ao velório da sede do Jornal. Filas intensas de gentes cobriam todo o quarteirão. Discursos eram feitos durante toda a tarde. Estava presente até o Senador. A velha mulher, mãe de Janilce também se fez presente. Sem lágrimas da face, a mulher rezava penitente com o seu rosário. Muito calada, cabeça pendia, era tudo o que fazia. Seu vestido era preto e nenhum enfeite botara. A moça Marilu também estava presente. Toda vestida de luto igual ao seu marido, o senhor Lauro. Da face, lagrimas constantes. A sua mãe, dona Noca, igualmente orava para os maus espíritos. A mulher era de pouco choro apenas por fora. Vestia luto. E ao seu lado, como conforto, estava dona Lindalva, mãe de Lauro, marido de Marilu. Um órgão fora ligado de onde se podia ouvir a marcha fúnebre de Chopin. O Senador, bastante gordo falava dos méritos da falecida, bem nova ainda. Governador, prefeito, deputados, vereadores. Todos eles enalteceram a pequena Janilce. Vários desses pronunciamentos nada tinha a ver com o feitio da jovem falecida. Porém, era a intenção de falar algo sobre alguém que deixava prantos a toda gente. Pássaros canoros faziam sua parte como que contava luto. Após esse canto triste, o carro fúnebre seguiu o caminhar lento tendo atrás outros veículos em silêncio. Após suas falas, o cotejo seguia com a mãe de Janilce, a senhora Noca e o casal dos filhos, Lauro e Marilu. Prantos intensos por parte de Marilu a deitar sobre os ombros de Lauro. Um auto tocava hinos célebres de profundo silencio até chegar ao campo santo
Lauro voltou ao Jornal após o sepultamento de Janilce. Ele estava a relembrar o doce encanto da moça e então chorava lento. Os repórteres chegaram para fazer a edição do Jornal já em plena noite. Na página da frente, uma foto de Janilce lembrando a sua meiguice eterna. Marilu, corando bastante, fazia um lutuoso artigo sobre a moça a lembrar. Telma foi chamada por Lauro e designou que era ela a partir daquele momento a redatora chefe. Telma nada falou. Apenas obedeceu às novas ordens emanadas da Direção
Canindé com olhar sombrio veio até Marilu
Canindé
--- Eu não sei a quem entregar, fica mesmo com você essas fotos de Janilce. - - silencioso.
Marilu
--- Obrigada. Parece que Telma é quem fica no lugar vago. –
No dia seguinte, o Jornal continuou a sua tirada normal. Trazia a foto de Janilce na primeira página e os artigos escritos sobre tudo havido no dia anterior. Telma assumiu seu novo encargo, mesmo sem pompa, apenas um serviço a mais. Ela teria que aprender no máximo, em poucos dias, como fazer um jornal de maior tamanho. Marilu ficou entre a Radio e o Jornal como uma barata tonta. Seu marido trabalhava no Palácio do Governo e, depois, à tarde, já estava na direção do Jornal. Certa feita, a bulir em suas gavetas, Telma encontrou um bilhete sem dizer de quem nem para quem. Apenas um escrito onde se lia: “De tarde. Naquele mesmo lugar”. Só isso. A moça se assustou e guardou a missiva em um canto mais seguro. Ela pensou em mil coisas. Podia ser cópia de um artigo qualquer. Porém podia ser uma parte de um bilhete pessoal. A missiva, batida a máquina, não deixava pista para que se supusesse o que era aquela mensagem. Sempre curiosa, Telma guardou a epístola.
Canindé
--- Algo especial, senhora? –
Telma
--- Nada. Só tem a matéria a ser feita para Ceará-Mirim. Algo sobre vendagem na feira. –
Canindé
--- E o repórter? – - quis saber
Telma
--- Katia! - - disse em seguida
Canindé
--- Só pego dessas. Vamos lá.
Telma
--- Por que “só pego dessas? - - curiosa
Canindé
--- Por nada. As estreantes. Foca! No início de carreira! - - sorriu
Telma
--- É isso. Você, experiente! O outro, uma Foca. - - sorriu a mangar do fotografo
Canindé
--- O que a moça vai buscar? –
Telma
--- O que ela achar atraente. –
Canindé
--- Só isso? - - quis saber


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