sexta-feira, 1 de setembro de 2017

GRANDES DEUSES - 30 -

BAPHOMET
30
NASCIMENTO 

Marilu chorou um pouco. O dia estava esquentando. Janilce, em seu santuário, relia os jornais de ontem. Sem novidades no front. Era uma questão de tempo. Uma ambulância passou, correndo. Janilce ouviu se sirena. Um acidente, talvez. Fez lembrar um pintor passado a lixa na parede de uma casa. O pintor usava também, uma régua de alumínio. Uma vez, esqueceu e passou a régua na parede para afastar um fio elétrico, energizado. Um pipoco. Um baque surdo. O pintor caído no chão. Coisa triste. Boca aberta. Olhos arregalados. A morte!
Janilce
--- Coisa triste. Não dá nem vontade de ler. - - reclamou
Um toque de sino. Janilce percebeu. Um vendedor de cavaco-chinês. O barulho do sino prolongava rua a fora e se misturava com os toques de um torneiro mecânico besuntando de graxa uma porta de metal. Carros novos ou velhos buzinavam sem parar numa correria infernal parecendo a Dança Macabra com um compasso ritmado, ligeiro, as vezes alto, depois muito baixo. Os ossos de uma caveira. Caveira de um morto, fazia tempo. Entre outros temas surgiu um que lhe surpreendeu. Algo sobre a Franco-Maçonaria, algo já bem antigo em Natal, porém nunca descoberto na imprensa local. E foi então que a sua curiosidade despertou. Vendo ser um jornal do Rio, Janilce se aquietou para poder ler o artigo. De repente, ela notou na vidraça do seu escritório uma cara deformada. Ela teve um susto e falou trêmula.
Janilce
--- Está fazendo susto a mim? - - disse isso e arremessou um jornal amassado contra a vidraça
Marilu sorriu e nem teve medo do jornal. Despregou da vidraça e entrou no escritório de Janilce onde cumprimentou a moça com doce afável
Marilu
--- Que estás lendo? -  - quis saber
Janilce
--- Um artigo sobre Maçonaria. - - explicou
E pegou o Jornal das Letras olhado por um todo e o que podia ser verdadeiro.
Marilu
--- “Onde há muita luz, as sombras são mais profundas” – Goethe. Hum. Pensamento e tanto. O livro deve seguir a mesma filosofia. O tomo reza que, atualmente, por todo esse mundo existem quatro milhões de pessoas envolvida com a Maçonaria. Veja. –
Janilce
--- Imagino. Aqui, em Natal, não se ouve nem falar da tal Maçonaria. Tudo é segredo. Por que? - - perguntou
Marilu
--- Também não sei. Eu soube que o Senador é Maçom. Mas não soube mais de nada. – -
Janilce
--- Ele come bode? - - assustada
Marilu
--- Sei lá. Por que bode? - - assustada
Janilce
--- Eu vi, certa vez, um maçom comendo bode. Dizia ele ser saboroso. - - cuspiu na cesta.
Marilu
--- Pelo o que já ouvi o bode não tem nada a haver com a Maçonaria. Existe uma figura maçônica que serve de vários aspectos. Elifas Levi foi um cidadão francês que deu origem a esse chamado “bode” maçônico. Quem me contou foi Lauro. O “bode” se chama mesmo “Baphomet. Ele representa o Deus definido por Hermes Trismegisto e encontrado no Convento de Cristo de Tomar, cidade portuguesa, distrito de Santarém. Baphomet foi adorado pelos Templários. –
Janilce
--- É o Cão mesmo? - - olhos abertos
Marilu
--- Nada de Cão. É a união de dois vocábulos gregos: “Baphe” e “Metis”, significando “Batismo da Sabedoria”. Daí o termo Baphomet. - - sorriu.
Janilce
--- Aqui tem um desses bodes. É feio. Veja! – - fez cara feia
Marilu
--- Ele pode ser feio, mas o seu segredo nos fascina. O maior dos seus mistérios tem permanecido há séculos
Janilce
--- Imagino! Mas que ele é um “bode”, ah sim. Ele é! - - discordou
Marilu
--- Veja bem! Baphomet é uma figura com cabeça de bode. Um antigo Deus celta, Cernunnos, é também representado com chifres sentado na posição de lótos. Tem mesmo na Grã-Bretanha um deus chifrudo, uma figura semelhante tem na Catedral de Norte-Dame, de Paris. Essa de Eliphas Levi representa a Alta Magia. Tem mesmo a do Representante dos Templários com seios femininos, chifres e asas. Tem do que você quiser. E não é bode.
Janilce
--- Por é. Chifrudos. - - com cara feia
Marilu gargalhou
Marilu
--- Bem. Vamos lá. Quais são as origens da Maçonaria? Em Londres, tem o maior templo maçônico do mundo. Foi ali que a maçonaria começou, no início do século XVIII. Para alguns, é uma sociedade secreta envolta em profundo mistério. Para outros, é um grupo iniciático que promove a fraternidade entre os seres humanos.
Janilce
--- Com bodes e tudo! - - levou a questão em sorrisos
Marilu
--- Pode ser! Os maçons cultivam o mistério, o que gera suspeita. A partir de 1738, a Maçonaria foi excomungada pelo Papa Clemente XII. Seria o início de uma longa série de condenações para os maçons e os seus segredos.
Janilce
--- Segredos? - - com cara retorcida
Marilu
--- Sim. Segredos. A Maçonaria tornou-se, inclusive, um dos alvos preferidos dos nazistas.  Esse conceito de suspeita explica porque a imagem que temos da Maçonaria e difícil. Cavaleiros Templários, Rosa Cruzes, Alquimistas e muitas tradições místicas.
Janilce
--- Não conheço nada disso. - - abusada
Marilu
--- Ora, ora. Você está conhecendo agora. Muitos acreditam que os maçons são descendentes dos Cavaleiros Templários.
Janilce
--- Mas, me dia logo: O que se chama de Cavaleiros Templários? - - quis saber
Marilu
--- Um grupo de homens cristãos. Eram muitos os Templários. Construíram Fortes. Muitos mesmo. E não tinham negócios de querer o seu sexo. Era um dos mistérios deles.
Janilce
--- E eu não dava! - - rejeitou
Marilu
--- Na marra? Quero ver se não dava! - -
Janilce
--- Sendo assim, até podia ser. Com carinho! - - sorriu
Marilu
--- Ah. Não vou mais explicar. - - abusou 



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