segunda-feira, 31 de agosto de 2015

MAR SERENO -11 -

- RESTAURANTE -
- 11 -
ALTA -

Após um breve e suculento repasto e conversas amigas, o Estadista Ênio Rabelo Monroe e a sua acompanhante Nizete deixaram a lanchonete cheia de gente a conversar sobre assuntos diversos e foram para o Hospital logo à frente saber de como estava a paciente Isis cujo nome completo era Maria Isis Fernandes. Quem estava no atendimento no caso era a pessoa de Ênio Monroe. Em sua companhia estava a moça que ajudou levar ao Hospital a enferma Isis, a senhorita Nizete. Como nada havia a contar, a moça resolveu calar. O estadista foi o iniciante.
Monroe                                                        
--- Minha senhora. Por favor. Diga-me o estado da moça que algum tem foi internada nesse Hospital. O seu nome está aqui mesmo. Porém é Maria Isis Fernandes. Até a minha identidade está com vocês. –
Atendente;
--- Um momento. Informo num instante. – Declarou a atendente.
Em caso de pouco tempo a moça reapareceu meio sonolenta em um carro do pronto socorro e o enfermeiro a conduziu a uma sala deixando prevenir ser o diplomata convidado a entrar em tal recinto, o médico estaria e comentaria o caso da enferma.  Tão logo o rapaz falou, Monte e a sua acompanhante entraram na sala apertada, por sinal. O médico era o mesmo que atendera logo de chegada. O doutor Fonseca. Esse declarou ser normal. Mesmo assim, a moça teria de tomar algum medicamento e fazer novos exames, apenas se cientificar de nada ocorrera.
Fonseca
--- É isso amigo. E as mangas? – Sorriu.
Monroe
--- As mangas! – Declarou o estadista. – Bem. Eu assumo as despesas da paciente. Não tenha dúvidas. - E fez a moça ir de carrinha até fora do pronto socorro.
O médico sorriu e voltou para o interior do hospital.
De volta ao seu carro, o Embaixador Monroe procurou ajuda do maqueiro que empurrou o carro até o acostamento do Hospital. O homem ajudou a moça se levantar da cadeira e entra no automóvel tendo o apoio da sua amiga Nizete. Com tudo pronto, então o auto seguiu em frente com Monroe buscando ver como estava a paciente. Isis adormecera, então, aos braços de sua amiga.
Nizete
--- Ela caiu no sono. – Falou como dissesse qualquer assunto.
Monroe
--- Deve ser por conta da medicação. Para onde eu sigo, então? – Indagou.
Nizete
--- Nós moramos num beco. Lá não entra carro. O senhor pode deixar em uma esquina. Fica perto. – Salientou se falar como se chegar até o ponto.
Com isso, o homem ficou desnorteado e quis saber em qual esquina. Tudo era muito confuso. Ele não conhecia muito bem a rua onde Isis disse morar.
Monroe
--- Esquina? Como assim? Eu sigo por onde? –
Nizete
--- Vá em frente. Lá eu digo como. –
A confusão aumentou ainda mais por não saber Monroe de como seguir viagem. Dobra aqui, dobra ali. Vai em frente. Na outra rua.
Monroe
--- Qual é a rua? A casa? – Aludiu.
Nizete
--- Não tem placa. É só seguir em frente. –
Nesse momento, o homem teve um estalo. Melhor do que seguir em frente, ela estaria melhor se fosse para o seu apartamento, no alto da avenida Getúlio Vargas. E expôs à moça em vez de seguir em frente ele estaria indo para o seu apartamento.
Monroe
--- É melhor ela ir para o meu apartamento. Lá não mora ninguém. Apenas tem uma doméstica.
Nizete
--- Como assim? E o senhor? – Quis saber.
Monroe.
--- Eu moro em Brasília. Venho aqui vez por outra. Apenas para verificar, receber cartas. E minha mãe mora perto. Em outro apartamento. Minha irmã mora com ela e o meu pai. Veja se entente.
Nizete
--- Em seu apartamento não mora ninguém? – Indagou surpresa.
Monroe
--- Mora e não mora. As vezes aparece um sobrinho. Mas o meu apartamento vive trancado. Somente eu tenho o direto de entrar. Eu, às vezes, a faxineira para varrer a sala. Entendeu? –
Nizete
--- Acho que entendi. Mas Isis não vai gostar. –
Monroe
--- É o melhor caminho. E ela deve fazer os exames. Foi o médico quem pediu. –
Nizete
--- Eu sei, Mas como ela vai fazer exames? –
O homem coçou a cabeça para responder.
Monroe.
--- Não sei. Ela não tem recursos? –
Nizete
--- Dinheiro, o senhor fala? –
Monroe
--- Sim. Exato. Vai precisar de recursos. Se a moça for de imediato, eu estou aqui. Ela estando em meu apartamento, é ainda melhor. E você, o que acha? –
Nizete
--- Sei lá. Estou confusa. Exames? - - indagou preocupada.
Monroe
--- Certo. Que achas? Se ela não tem meios, então eu assumo. Porém, ela precisa estar com alguém. Na certa, comigo. E com você, também. –
Nizete
--- Nossa! E eu entro também nessa história? – Preocupada.
Monroe
--- A senhora já está nessa história. Eu busco ainda hoje uma governanta. Ela pode ver como se faz o trato. – Confirmou.
Nizete
--- Trato? Que trato? – Indagou sem entender ao certo
Monroe
--- Deixa-me ver se eu acerto. Negócio. – Explicou
Nizete
--- Mas que negócio? – Perguntou sem nada entender.
Monroe
--- Ah. Como eu explico. – Fez ver o homem então cheio de dúvidas
O veículo já estava na entrada do edifício e o porteiro acionou o portão de entrada para o seu chefe poder seguir. Naquele instante, o ponteiro investigou tudo e nada falou. Apenas confirmou estar tudo em ordem. O Embaixador pediu ao porteiro a ajuda de uma pessoa, pois quem ela trazia estava em profundo sono.





domingo, 30 de agosto de 2015

MAR SERENO - 10 -

- SALA DE ATENDIMENTO -
- 10 -
SOCORRO -
O diplomata Monroe foi a tempo reconhecido pelo médico, doutor Fonseca. O médico, com alegria veio até o diplomata abraçar com pura satisfação, pois nunca mais avistara desde o tempo da Faculdade quando ambos frequentavam o curso superior. Lembrava-se o médico de casos hilários onde Monroe sempre fazia para apenas mostrar ao futuro médico nada mais do que podia ser feito. Fonseca lembrou-se de episódio simples como o das frutas onde Monroe, a sorrir, sugou uma manga para dar um arroto no rosto de outro aluno. Com isso, então Monroe despejou o caldo da fruta da face do outro aluno, sempre a sorrir. Isso provocou riso em todos os presentes naquela manhã de sol.
Fonseca
--- As frutas! As frutas! – Falou alegre o senhor ao abraçar simplesmente o estadista.
Monroe
--- Ora quem veio parar aqui! – Respondeu alegre o diplomata.
Fonseca
--- Não é possível! Quanto tempo, amigo! – E saiu abraçado com Monroe.
Monroe
--- Férias, amigão. Apenas isso. – Sorriu franco.
Fonseca
--- Que buscas? – Indagou sempre a sorrir.
Monroe
--- Uma pessoa. Moça até. Eu não a conheço. Mas a trouxe. Estava em vertigem. Coitada. Não a conheço. A trouxe por não haver outra pessoa. – Sorriu e de repente parou.
Fonseca.
--- Está aqui? Vou verificar! Deve-se coisa simples. É idosa? – Quis saber.
Monroe
--- Não. Não. Talvez vinte anos ou menos. – Relatou
Fonseca
--- Ah, Bom. Entre. Procure um lugar. Sente. Eu volto logo! – Disse o médico se apressando para ver o que estava a ocorrer.
Monroe
--- Estou bem. Essa moça e amiga da enferma. – Apontou para Nizete.
E essa então indagou ao diplomata.
Nizete
--- Não tenho nada. A moça perguntou se ela tem carteira de alguma firma.
Monroe
--- E ela tem? Espere. Vou verificar. Deve ser Unimed ou coisa assim. –
Nizete
--- Mas Isis não tem essa carteira. –
Monroe
--- Eu verei. Espere! –
Nesse ponto, o médico Fonseca saiu, talvez para ver o quadro da paciente. E se despediu de momento.  A atendente do Hospital fez ver ao Diplomata que a situação da moça dependia de se saber qual o plano de saúde a paciente possuía. Monroe alegou ser a moça muito carente e, naquele momento não havia algo que pudesse ser feito
Atendente
--- Nesse caso, só o Hospital Walfredo Gurgel. – Respondeu sem nem sequer ouvir o Diplomata.
Monroe
--- Senhoria. Eu busco esse Hospital por ser de boas referências. Eu tenho a minha carteira de Identidade. – E puxou a sua carteira marrom.
A atendente se levantou do cadeirado balcão e foi ater com a sua superiora a mostra a nova Identidade Marrom do cidadão em apreço. A superiora olhou o documento e alertou a moça ser uma Carteira de alguém a ocupar o cargo para além de um comerciário.
Superiora.
--- Itamaraty. Apresse! – Relatou a mulher fazendo ver ter o cidadão um grau de estadista.
A atendente voltou com pressa e a tremer buscou falar com o diplomata querendo lhe falar ser ela uma principiante no oficio de acolhimento.
Atendente
--- Desculpe a demora. Foi apenas um atropelo. O senhor pode assinar esse documento. Eu incluo para no seu prontuário. O seu é o da moça! – Enervada e com pressa.  
O Embaixador Monroe assinou a documentação e se voltou para Nizete a fazer um gesto amigável e esperar o resultado da consulta. Naquele momento, o Diplomata indagou onde ter um quiosque para ele tomar algo e matar a fome a se fazer presente. A acompanhante de Diplomata alegou ter um restaurante bem logo do outro lado do Hospital.
Nizete
--- Um self-Service bem ali? – Apontou para a casa de repasto
Monroe
--- Ótimo. Vamos agora enquanto a moça se cura. – Sorriu e calou.
Os dois saíram a quase correr e entraram no restaurante, um self sérvice onde o homem buscou os pratos por ele preferidos e articulou a moça poder também fazer o seu prato, uma vez ter um monte de episódio para se comer à vontade com tudo o que se pode desejar. Um excelente “buffet” de saladas, pratos quentes bons e variados, pescados e frutos do mar, carnes assadas na brasa, sobremesas diversas, sucos e água de coco, café, pães, queijos entre um variado cardápio. Enfim, o restaurante a oferecer tudo ao cliente.
Nizete
--- Que chique! – Sorriu.
Monroe
--- Eles fizeram como na Europa, com certeza. – Relatou
O Embaixador Morone ainda mais falou, ao se alimentar das comidas tiradas em bandejas o restaurante em frente ao Hospital e acompanhado por Nizete, das questões envolvendo a doce mulher que a conhecera naquela manhã logo cedo. Questões com a conhecera, se fazia tempo, com a moça entrara no negócio de vendas das tais mercadorias entre outros temas.
Nizete
--- Eu fiz esse empréstimo na Caixa, pois resolvemos montar o negócio. Faz três meses. Eu a conheci na casa de uma amiga e foi assim mesmo. Uma amizade ferrenha de fogo a sangue. Mas, nós não alugamos uma casa. Estamos a dormir em um quarto tendo anexo uma sala. Meu marido dorme comigo no quarto, e Isis dorme na sala. Não tenho filho, ainda. – Sorriu.
Monroe
--- Parece que é uma vida simples como no interior. – Comentou.
Nizete
--- Eu, sempre, fui desse jeito. Uma mulher bastante simples. O meu marido é mecânico de automóveis. Ele trabalha em uma firma. Nós nos conhecemos no mesmo caminho que ele mora. Vandilo, é o seu nome. – Relatou
Monroe
--- E a sua amiga? –
Nizete
---  Ela? Bem. Ela chegou a Natal vinda do interior. Faz pouco tempo. Cinco meses. Isis veio morar com uma tia. Mas, deu problemas. O marido da sua tia vive embriagado. É um pau d’água por excelência. –
Monroe
--- Como? – quis saber.
Nizete sorriu de encanto e logo após explicou
Nizete
--- É assim que a gente chama quem bebe muito. – 


sábado, 29 de agosto de 2015

MAR SERENO -09 -

- HOSPITAL -
- 09 -
TRANSFERIR -

O Embaixador ficou pasmo sem saber o que falar. A jovem moça não sabia, ao caso, quanto devia mesmo receber de salário do pagamento mensal. Talvez se o Embaixador disse naquela hora, jovem moça cairia para trás, pois não sabia deduzir o quanto era, na verdade. E o Embaixador apenas disse. Ela estaria com um ótimo salário.
Embaixador
--- A senhora terá um ótimo salário. – Destacou solene.
Isis
--- Ótimo? Mas, quanto? Questão de um mil reais? – Disse a moça a pensar o quanto;
Embaixador
--- Mais que isso. No caso, 4 mil. Eu não sei bem. Eu apenas suponho. Sabe:  eu vivo em países. E não tenho a ideia de quanto pago a uma auxiliar. Imagino ser 4 mil. Pode ser até mais. –
Isis
--- Se for assim, é muito caro. Eu ganhar 4 mil? – Indagou cismada.
Embaixador
--- Talvez seja mais. Tem auxiliares que fazer essa quantia. Ou mais. Talvez 8. – Declarou
Isis
--- Oito? Como pode uma simples empregada ganhar oito mil? – Fez questão de saber.
Embaixador
--- Há quem ganha mais que esse tanto. –
Isis
--- Nossa! Eu? Ganhar oito mil por mês? –
Embaixador
--- O momento é difícil. Podes crer. A senhora nem advinha como. – Relatou
Isis
--- Meu Deus amado. O senhor está brincando. – Fez ver a moça.
Embaixador
--- Minha senhora, eu não brinco com essas coisas. Um auxiliar faz, hoje, oito mil e quatrocentos dólares por mês. Isso é o que temo em dizer. –
Com essa conta a moça se desnorteou por completo e quase foi ao chão. E então se desvaneceu por instantes a penetrar em tal discussão entre uma simples mulher e uma autoridade cujo tamanho ela nem sabia calcular. Mesmo assim, foi ao longe.
Isis
--- Mas o senhor é algum deputado? – Quis saber
Embaixador
--- Minha senhora, desculpe-me dizer. Eu sou apenas um Embaixador. Um homem que trata de negócios do Brasil com o exterior. França, Reino Unido e mesmo no Vaticano. – Relatou.
Isis
--- Ave Maria! Com essa eu morro! – Relatou a infante moça.
O Embaixador sorriu. E então se desculpou por tudo o que fez sem dizer ao menos quem ele era. E em seguida disse a moça quis saber o seu nome.
Embaixador
--- O meu nome é Ênio Rebelo Monroe. Eu resido em Brasília. Porém, a minha família reside em Natal. E eu sou daqui mesmo, de Natal. – Respondeu o Embaixador.
Fraca, sem meios, completamente alheia, a moça procurou se sentar em um tamborete existente naquela banca com a vontade de chorar.  A tremer por demais, viu uns sinos repicarem em longos instantes fazendo quer a moça desmaiar. E o augusto homem teve de cuidar de Isis antes que o baque fosse ao chão.
Isis
--- Meu Senhor e meu Deus! – Disse e desmaiou.
Com bastante cuidado e muita pressa, o Embaixador Monroe, tão de imediato segurou a moça pelas axilas evitando da pequena beleza se pusesse ao solo.
Embaixador
--- Cuidado, minha senhora! – Agarrou a moça evitando do baque.
E de imediato segurou Isis evitando a queda. Pessoas viram a crise da moça e correram para ampará-la. E, nesse instante, veio correndo a moça Nizete, a caminhar com bastante pressa mesmo sem saber o que se passava. O Embaixador estava desatinado a procura de algo em que pudesse pôr a moça Isis e de imediato buscou o seu próprio carro para levar a moça ao hospital mais próximo. Nesse momento, muita gente, e Nizete procurou atender melhor a Isis sem ver amparo qualquer.
Nizete
--- Gente! Ajude-me aqui! – Declarou a moça a amparar a novata amiga
Então, formou-se um aglomerado e cada um tivesse a sua opinião, como exemplo o bêbado.
Bêbado
--- Dê cachaça a ela! – Disse o bêbado entre tombos e outros.
Nesse momento, encostou o carro, tendo o Embaixador procurado buscar a linda moça a apanha pelos braços com a ajuda da amiga Nizete e, então, de imediato seguiu com pressa para o hospital São Lucas a indagar sem sensatez.
Embaixador
--- Como está a mulher? – Indagou apressado.
Nizete
--- Desmaiada, creio eu. Acorde! Vamos! Acorde! – Dizia a simples mulher com bastante cuidado.
Nesse ponto. Isis apenas estava ao desmaio e a sua cuidadosa amiga dizia que aquilo era uma vertigem qualquer, algo nunca visto na vida.
Embaixador
--- Segure seus braços. Só tem você? – Indagou a moça enquanto o carro, em desabalada passava pelas ruas até chegar ao hospital.
Tinha gente entrado e saído do Hospital a todo instante. Uma mulher idosa seguia para dentro do ambulatório enquanto um enfermo estava a sair para cuidar de pegar o seu carro e levar um menino nos braços da possível mãe. Era um silencio sepulcral àquela hora bem cedo da manhã, caso de oito horas. Carros e ambulâncias chegavam e saiam. As ambulâncias seguiam com as suas sirenas ligadas como a pedir passagem a outro carro qualquer. O Embaixador seguiu à risca e penetrou no local apropriado. O segurança cuidou de ter maior cuidado enquanto um ajudante de enfermagem, já estava pronto para segurar a enferma. E outro ajudante de pronto chegou.
Ajudante
--- Segure! Pronto! – Era o que falava um dos ajudantes a segurar a enferma desmaiada. E entrou para os confins do hospital.
Embaixador
--- Documentos! – Procurou saber o estadista de algum documento da virgem senhora.
Nizete
--- Eu os tenho! – E buscou na bolsa os documentos de Isis.
Embaixador
--- Vamos! – Disse com bastante pressa o embaixador Monroe.
E assim, fez a outra moça, Nizete, a tremer de medo por estar no interior de uma casa de primeiros socorros. Não havia ninguém de sua família que lhe amparasse, por certo. Gente de diferentes classes sociais, porém nada de classe pobre.
Nizete
--- Gente muita. Para onde colocaram Isis? – Indagou preocupada
Embaixador
--- Com certeza para o salão de dentro. – Resmungou baixinho
Um médico se aproximou e reconheceu de imediato o Embaixador Monroe e logo veio lhe abraçar contente.

MAR SERENO - 08 -

- BANCAS DE PRAIA -
- 08 -
EMBAIXADOR

Na verdade, aquele homem que ali na praia estava era, na verdade, um Embaixador. Embaixador do Brasil. Vossa Excelência o Embaixador. Ele era natural de Natal e vivia em viagens pelo mundo afora. Conhecedor de Países de Europa, África, Ásia e as Américas do Norte, Centro e sul. Era um perfeito Diplomata. Às vezes, passeava por Natal revendo a família – mãe, pai e irmãos – pois àquela altura não era casado, tendo sua mulher falecido em um acidente de carro no caminho entre a França e os Alpes. O Embaixador ficou triste e não mais casou. Quando estava em Natal, visitava a praia pela manhã e no restante do dia passava a vista nos jornais estrangeiros e nacionais ou revia as fotos de quando criança. O Diplomata era um homem alto e robusto tendo o nome de Ênio Rebelo Monroe. Nem por isso o Embaixador se gabava. Nunca buscou carro especial e, às vezes, visitava amigos na cidade. Quando o Embaixador estava confabulando com Isis era por pura distração.
Embaixador
--- A senhora compra tudo feito? –
Isis
--- Não. Eu faço mesmo. Tapioca, beiju, bolos, almondegas. Apenas o coco eu mando retirar do cercado. – Sorriu.
Embaixador
--- E a senhora aprendeu aonde? –
Isis
--- Minha mãe. -  pendeu a cabeça a sorrir.
Embaixador
--- Ah sim. Eu sei. E a senhora quer se fixar nesse trabalho? –
Isis
--- Eu penso. Mas vai depender de muita coisa. Por enquanto eu vou ficando nesse serviço. –
Embaixador
--- Quais “muita coisa”? – Perguntou
Isis
--- Em princípio vai depender de recursos. Dinheiro, quero dizer. Depois, o tempo. A chuva. Se chove, o negócio pega. Eu, hoje, alugo essa banca. Porém: por quanto tempo? Eu mesmo não sei. Um, dois ou três meses. É isso. –
Embaixador
--- Esse é um dos problemas. Mas, a senhora não outros meios? –
Isis
--- No momento, não. Tem muita gente aqui. Cada um que faz o seu. É difícil, meu senhor. –
Embaixador
--- Mas a senhora pode dar um jeito. –
Isis
--- Qual? – Indagou preocupada
Embaixador.
--- Aluga uma quitanda ou coisa assim. –
Isis
--- Pode ser. Mas vai depender do local. E daí, da moradia e mais, do custo. Verba. Entende? –
Embaixador.
--- A senhora só aprendeu isso? – e apontou para os alimentos.
Isis
--- Nada. Tem muita coisa. A questão é o aperto. Eu faço uma coisa e deixo outra. É assim. –
Embaixador
--- Por que a senhora não põe uma ajudante? –
Isis
--- Com que dinheiro? – Sorriu depressa e logo emudeceu.
O Embaixador ficou alheio e se pôs a indagar a si mesmo. “A moça tem razão”. E balançou a cabeça para um lado e para outro.
Embaixador
--- A senhora tem razão. A propósito. A senhora mora aqui próximo? –
Isis
--- Sim. Mas eu não pago aluguel, por enquanto. Vai depender de outras coisas. –
Embaixador.
--- De que, por exemplo? –
Isis
--- (sorriu para o Embaixador e, então perguntou) – O senhor já comeu carne? –
O Embaixador ficou inquieto com a questão e nada respondeu de imediato. Apenas observou a moça para ter a certeza de ter ouvido. E então, respondeu.
Embaixador
--- Carne? Claro que sim. Por que? –
Isis
--- Eu não comi. Nem ontem e nem antes de ontem. E não comi peixe também. Entendeu bem, senhor? –
O Embaixador ficou sereno sem saber o que falar. Essa pessoa não comeu carne, nem peixe. Talvez não pudesse comer por muito tempo. Quem sabe, ostras, caranguejo ou siris. O que a moça comia, na verdade, ele não sabia atinar. E questionou.
Embaixador
Por que, minha senhora? – Falou com bastante calma
As lágrimas lhes trouxeram amargura naquele momento ao explicar ao Embaixador o que ela podia comer.
Isis
--- Por não ter meios. Se eu disser ao senhor que ontem só comi brote, o que achas? –
O Embaixador caiu na verdade da vida. A moça não tinha mesmo recursos para se alimentar. Ela não tinha verba alguma para se alimentar de qualquer comida. E quantos tinham na rua, na mesma situação a moça, ele não sabia contar. E, então, o homem chorou. Chorou demais. E indagou.
Embaixador
--- Quer morar em minha casa? Vai tem comida, roupa e, principalmente, dinheiro. – Alertou
Isis
--- Em troca de que? – Indagou com calma.
O Embaixador se inquietou por não saber explicar. Ele podia estar convidando para a moça ser empregada da casa ou simplesmente para nada. E aquietou-se
Embaixador
--- Talvez, a senhora possa fazer algo que a minha mãe não saiba. Não sei bem. Porem algo. Alguma coisa. Simples, talvez. – Falou sem entusiasmo.
Isis.
--- Eu vou ser empregada do senhor? – Quis saber com um olhar desconfiado
O Embaixador ficou embaralhado ao responder. Mesmo assim, informou.
Embaixador
--- Claro. A senhora será a governanta da nossa casa.  É isso que ofereço, de momento! – Afirmou
A moça olhou bem nos olhos do Embaixador para poder perguntar
Isis
--- Quanto paga? – Fez questão de dizer



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

MAR SERENO - 07 -

- BAR DA NOITE -

- 07 -
TEMPO -
Em um segundo de tempo, Isis chegou ao balcão do bar. Naquele ponto, chorando até, ela escutou Nizete a ditar ser aquilo passageiro e não se incomodasse com o homem porque, um dia, ele já estaria longe e procurando outro alguém.
Nizete
--- Isso é coisa de bar. O principal é Jorge. Ele é quem quer! – Falou sem temor.
Isis
--- E por isso eu vou embora daqui. – Lembrou com orgulho ofendido.
Nizete
--- Para onde? Nos outros cabarés é a mesma coisa. – Advertiu
Isis
--- Mas, eu não vim para aqui pensando em ser cabaré. Eu julgava ser um recinto descente. –
Nizete
---- Descente? Você pensa assim? – Perguntou sorrindo
Isis
--- E deve ser. – confirmou
Nizete
--- Querida. Se você está pensando assim, está muito enganada. –
Isis
--- E o pior é que não tenho mais nem para onde ir. – Chorando
Nizete
--- Como assim? Você não em tia?  -
Isis
--- Briguei. Minhas tralhas estão no quarto, lá fora, -
Nizete
--- Assim é demais. Vamos para minha casa. Lá resolvemos. Faz café, cuscuz, mungunzá, tapioca. Essas coisas e vende na praia. –
Isis
--- E o dinheiro? – Indagou com suspeita.
Nizete
--- Deixa que eu resolvo. Vamos. Vandilo chega à noite. –
Isis
--- Agora? – Indagou de surpresa.
Nizete
--- Tem outro caminho? Eu vou apanhar sua roupa. –
E as duas mulheres saíram de vez conversando com os casos eventuais. Isis, nem pensava mais em voltar. Cogitava apenas como fazer esse café. Para quem não tinha um tostão, era demais até. Tomar dinheiro emprestado, era um meio.
Isis
--- Só se tomar dinheiro emprestado. –
Nizete
--- Não se importe com isso. Eu arrumo um meio. Empréstimo ou coisa assim. –
Isis
--- “Em” o que? –
Nizete
--- Dinheiro emprestado. Sabe? –
Isis
--- Mas como? –
Nizete.
--- Deixa comigo. –
Em casa, as duas jovens mulheres contavam como fazer as compras. Buscava-se dinheiro na Caixa e depois, era só fabricar o que se sabia fazer. Como pagar, isso era para depois.
E a moça começou a venda do café com tapioca, bolo, empada, sucos naturais, água de coco, água mineral, sanduiches e saladas de frutas. O caso estava feito. Uma semana. E tudo bem.
Certo dia, um homem passeava pela praia, de manhã, logo cedo e resolveu tomar um suco de frutas. Ele olhou bem a moça e lhe indagou.
Embaixador
--- Quem faz tudo isso? –
Isis
--- Eu mesma. Tenho ajuda de uma amiga. – Respondeu
Embaixador
--- Bom. Muito bom. Você? Seu marido também?  -
Isis
--- Não sou casada. Viúva.  Fazem meses. Eu vivo emprestado com essa amiga. –
Embaixador
--- Uma amiga? E ela não tem amigos? - 
Isis
--- Não. Tem esposo. Ele trabalha. Eu sou apenas conhecida da casa. –
Embaixador
--- Ah. Sei. Tem namorado? –
Isis
--- Não. Não tenho. Vivo para vender esses negócios. –
Embaixador
--- É o que faz?
Isis
--- Sim. É o que faço. –
Embaixador
--- Ganha bem? –
Isis
--- Não. Ganho para dar o que fazer no dia seguinte. –
Embaixador
--- A senhora tem estudos? –
Isis
--- Apenas o quinto grau. –
Embaixador
--- E não pensa em continuar? –
Isis
--- Se tivesse tempo. –
Embaixador
--- Mas a senhora é jovem. Tem tudo o que precisa. Vender na praia? – Indagou preocupado
Isis
--- Tem outras. – e apontou ao redor. 




quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MAR SERENO - 06 -

- QUITANDA -

- 06 -
CONVERSAS -

O Bar estava lotado de gente. A maioria, mecânicos. As conversas eram amplas. Alguns falavam dos automóveis em conserto. Outros argumentavam em futebol. Tinha que dissesse sobre o Beco da Lama. E, por certo, ninguém se entedia, ao menos. As três mulheres levavam e traziam os pratos do almoço ou de quitutes. Caranguejo era o preferido naquela hora. Caranguejo Uçá com cerveja e cachaça. As conversas zuniam feito as moscas. Manoel do Cigarro chegou bem a tempo. O grandalhão de cor branca entrou e buscou falar com a dona do bar. Alice foi logo atender e leva-lo para o reservado
Manoel
--- Cerveja e um pratinho de picado. Tem novidades? – Indagou sorrindo com seu jeito de sorrir
Alice
--- Tem já. Espere! – Falou baixinho.
E para atender Manoel do Cigarro, Alice mandou a novata Isis. A moça de nada sabia. Apenas seguia as instruções dadas pela dona do quiosque. E começou, então, a função.
Manoel
--- Você é a novata? Sente, por favor! – e gargalhou sem se importar com quem estava por perto
Nesse momento, chegou-se a ele o próprio dono, Jorge Motorista. E indagou sobre os negócios feitos na sua viagem cumprida ao interior do Estado.  Manoel argumentou ter estado em Nova Cruz e outros municípios por perto. E pediu uma cerveja a novata. Isis buscou a bebida e destampou a garrafa fazendo um “bloc” como era costume fazer a tampa. O homem pediu para ela se sentar. Ela obedeceu. Jorge sorriu e saiu do local
Jorge
--- Vou até alí. Sábado tem carne de carneiro. – Sorriu e partiu.
Manoel
--- Você é daqui? -= indagou sem querer ao menos saber.
Isis
--- Interior. Eu estou aqui, agora.- falou com a cara muda.
Manoel
--- Vamos! Chegue! Se sente. –
E a moça se sentou longe do homem, do outro lado da mesa. Manoel não gostou e pediu para ela vir mas para perto dele. A moça recusou. Viu logo a intenção do gigante. O homem sorriu e a mandou tomar um trago da cerveja. E gritou para Alice.
Manoel
--- Vem cá mulher? – Bradou alto.
De imediato, Alice chegou a trazer nova cerveja. Ele não quis beber, pois a garrafa ainda estava cheia ou quase cheia. Apenas queria saber a respeito da moça.
Alice
--- Ela é de fora. Chegou ontem. É sua. – Sorriu e saiu.
Manoel encheu o peito por saber ser a novata apenas dele. E buscou conversa.
Manoel
--- De onde é? –
Isis
--- Santo Antônio. – Disse a moça acuada por demais
Manoel
--- Dos Barreiros? –
Isis
--- Não. Do Bofete. P’ra lá de Santa Cruz. – Comentou seria
Manoel
--- Devo conhecer. Aquilo tudo eu conheço. Venha p’ra cá. Assim, atrapalha. – Lembrou com satisfação
Isis
--- Estou bem. – E cruzou os braços
Manoel
--- Alice! Venha cá! – Berrou o homem.
Em seguida Alice veio correndo enxugando as mãos com uma flanela
Alice
--- Pronto. O que foi? – Indagou com olhar atento
Manoel
--- Vê se ensina! – Falou grosso
Alice
--- Mas já ensinei. Venha! Se achegue para perto da mesa! – Alertou a mulher a Isis
Isis
--- Estou “incomodada”, hoje, O que o moço quer eu não posso. – Destacou
Alice
--- Ora, mas que besteira. Ele não quer nada. Só você se acercar. –
Isis, então se acercou da banca e largou mão no rosto esperando a vez de ir embora daí.
Alice saiu e mandou Dolores vir cuidar da moça. Esse indagou.
Dolores
--- Fazer o que? –
Alice
--- Nada. Apenas se acercar do homem. Ele é melhor que qualquer um –
Dolores
--- Tô indo. – e saiu correndo
E Dolores chegou ao reservado e pediu para a moça de acercar um pouco mais, pois Dolores queria se sentar alí perto do homem. Isis obedeceu e se afastou um pouco da mesa para dar lugar a Dolores. A moça ficou acuada sem sorrir Alice chegou e indagou.
Alice
--- Tá bom assim? – Perguntou com cautela.
Manoel
--- Tá nada. Eu vou sair. – Falou alto
Alice
--- Espere. Espere. Se acerque. Tudo vai se dar bem. Menina, tenha modos!!! – Gritou brava.
Isis
--- Eu já disse que estou “incomodada”. Hoje, não! –
Alice
--- Bosta! Logo agora! – Reclamou com severidade
Dolores
--- O senhor tem duas mulheres. Não se vá agora. – Falou manso a outra moça.
Manoel
--- Eu nunca fui tao abusado. Eu vou ficar com você. Dispenso essa égua! -  gritou com asco
Alice
--- Pronto. Tudo se ajeita. Você vá lá p’ra fora atender o bar. – Falou forte com Isis
A moça se levantou e saiu com pressa para atender ao bar. No meio do caminho se topou com Nizete. Essa indagou
Nizete
--- Alguma coisa? – Indagou
Isis
--- Esse bruto. Vou embora. – Respondeu chorando 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

MAR SERENO - 05 -

- CANTO DO MANGUE -
- 05 -
CASA -

Às 09.00 horas da manhã, Nizete já despedira de Isis e disse a Alice ter que ir ao médico e na volta, era possível ficar por algum tempo no Bar para dar ajuda nos despachos. Isis sorriu e ficou feliz em encontrar a moça pela primeira vez e fazer uma amizade talvez fosse longa. Naquele instante, outra moça chegou apressada, chorando por demais, acompanhada de um repórter de rádio. A moça não parava de chorar e o Repórter Pepe pediu ajuda de Alice, pois a moça estava magoada por espancamento. Seu nome era Dolores e tinha feito uma altercação com seu namorado e, daí, surgiu a bofetada na face. Com isso, a moça fugiu e saiu na carreira a chorar. Dolores entrou no bar toda magoada com ronchas por todo o corpo. Alice viu os braços da moça e lamentou.
Alice
--- Coitada! É isso! Vá se meter com essa peste de gente! –
E mandou Isis fazer um trato em Dolores e se banhar de todas as pancadas sofridas. Entre umas e outras, o rapaz da camioneta veio deixas as encomendas d salgados – empadas e coxinhas – para a saída do Bar. Alice tomou de tudo e pagou o que devia do dia passado.
Entregador.
--- Amanhã tem novidades. – Sorriu o rapaz e e entrou correndo do automóvel
Alice
--- Só quero ver. – falou sem graça 
De volta do banheiro, Dolores estava mais calma. E então, Isis informou a sua amiga Alice.
Isis
--- Eu tenho que ir em casa. A minha tia deve estar louca da vida. Eu não fui, ontem. –
Alice
--- É bom mesmo. Mas, volte a tempo de servir o almoço. –
Isis
--- Ah, Volto. Não demoro muito. É bem ali, a casa na rua da Cerca. Sabe? –
Alice
--- Ave Maria! Logo ali? Só dá marginais! – Dialogou quase que a tomada de susto
A moça sorriu e fez a volta saindo do bar e seguindo apressada para a casa de sua tia. No seu afastamento não viu chegar o entregador de peixes com uma enfieira de lagosta.
Pescador
--- Vai querer. Novas em folha. – Sorriu a levantar as lagostas
Alice
--- Quanto? – Ela olhou as lagostas.
Pescador.
--- Faço por vinte. – Sorriu o pescador.
Alice
--- Tá louco. Eu pago dez. – Disse a mulher querendo regatear.
Pescador
--- Não dá sá dona. Dez? Faço por quinze. –
Alice
--- Essa merda tem mais de uma semana. –
Pescador
--- Que é isso, minha senhora? Eu pesquei, ontem. –
Dolores
--- Essa mesma história eu ouvi contar há dois dias. –
Pescador.
--- Com essa, não. Deve ter sido com outro pescador. – Falou quase bruto
Alice
--- Vou ficar. Ponha na prancha, Dolores. – Disse com o nariz a cheirar as lagostas.
Dolores
--- Depois de cozida, ninguém põe o cheiro- - respondeu a moça de levou tabefe.
Alice sorriu e pagou ao pescador. No fim das contas, as lagostas eram novas, pegadas do mar naquela hora ou no dia anterior, no mais tardar.
As 11.00 horas da manhã, o apito da Rede ecoou e todos os operários saíram de vez para pegar o seu almoço. No bar, era então formada a confusão. Cada um querendo ser atendido primeiro. Isis chega em cima da hora amarrada com a sua nova amiga, Nizete. E perguntou
Isis
--- O que o médico disse? – Sorriu
Nizete
--- Só queria ver a “chereca”. – Respondeu sem sorrir
Isis
--- Igual os de minha terra. – Falou sem emoção
Nizete
--- Tu moras aonde? –
Isis
--- Santo Antônio do Bofete. – Respondeu
Com isso, Nizete quase cai na gargalhada e nem poder responder. A outra moça se espantou a indagar com a pilheria
Isis
--- Que foi onde errei? –
Nizete
--- (sempre a sorrir, dizendo) – Bofete. – Gargalhou – Tem briga lá? – E gargalhou
Isis
--- Ora se tem. Matam um e deixam dois para o dia seguinte. Mataram o meu homem por uma besteira. – Alegou
Nizete
--- Mas, por um bofete, apenas? – Gargalhou
Isis
--- Não brinque, pois é sério! Eu fugi de lá com medo do terror. – Relatou espantada
Nizete
--- Imagino. Quando eu for por lá, levo um cartaz: Paz e Amor! Só assim tenho certeza de não ser agredida. Bofete! – Gargalhou.
Isis
--- Vá, Vá. – Pois sim. – Falou com temor.
Nizete
--- Deixa p’ra lá. Estou brincando. – Sorriu
Isis
--- Puta é só o que tem. – Alertou
Nizete
--- Imagino. –
Isis
--- Uma trepada vale até um coco. –
Com essa, Nizete não se conteve. Gargalhou à beça.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

MAR SERENO - 04 -

- PRAIA DESERTA -
- 04 -
SEGUINTE -
No dia seguinte, às 05.00 horas da manhã, o dia ainda estava por despertar. Havia nuvens no céu e barcos de pesca no mar. Pessoas começavam a trotear fazendo cooper na calçada da praia e quem levava as suas bancas para pôr em ordem à margem da maré. Alice já estava a preparar o café da manhã e o homem do leite chegava de imediato para despachar o seu quinhão. Aos poucos chegavam os pães trazidos em uma Kombi. E assim, o dia avançava aos poucos. De dentro da casa, surgiu a figura de Isis, ainda sonolenta a indagar:
Isis
--- Que horas? –
Alice
--- Passa das 5 – resmungou
Isis
--- Virgem como é cedo. – Reprovou
Alice
--- Aqui não tem horas. Veja. Ligue o rádio. – Torceu a cabeça em volta
Isis
--- Ah. Tá bom. Eu vou me assear. Espere que eu volto logo. –
Isis não percebeu a falta do carro de Jorge em um instante. Após alguns momentos foi o que notou. E, depressa, correu para o banheiro onde se pôs a assear. Na panca do bar, chegavam os primeiros “biriteiros” com suas caras cheias de grude. E nada falavam. Apenas pediam.
Biriteiros
--- Pinga! – Relatavam.
Alice
--- Pois sim. Uma hora dessas? – Reclamava a mulher
Daí a pouco chagavam as 6 e 7 horas onde o movimento já era grande com os meninos buscando os pães, mulheres a apanhar açúcar, café pronto, bolacha e arroz doce. Era um movimento inquieto na manhã daquele dia. A essa altura, Isis já estava a operar vendendo e tomando o dinheiro dos menos afoitos. Quase não tinha tempo de descansar dado a enervante correria da freguesia. Quando a buzina zoou forte nas oficinas da Rede Ferroviária, Isis quase caiu de susto.
Isis
--- Que é isso? – Indagou assustada
Alice
--- A Rede. Sete horas. – Explicou desatenta.
Isis
--- Rede? – Perguntou meio aluada.
Alice
--- Sim. O trem.  É hora do trabalho. – Aclarou.
E assim caminhou o tempo com os mecânicos chegando às oficinas, motoristas saído em seus ônibus, carros a passar em debandada, os garotos do sorvete passando com seus carros para buscar as suas mercadorias, os homens a oferecer tapiocas aos passantes, o rapaz do cuscuz a oferecer seus suprimentos batendo com uma placa no pau da armação e tudo que se imaginava levar. O vendedor de pescado a aparecer e desaparecer repentinamente com as suas pescas. Era uma eterna multidão. Gente indo e voltando. Alguém a tomar banho de sol nas bancas armadas. Um rapaz a passear a beira-mar. Atleta a exercitar a musculatura. Casal a levar o filho para o banho a praia seca. Era gente a chegar vindo de carros ou a pé. De longe, Isis observava o movimento do pessoal. E nada comentava. Apenas dizia a um freguês.
Isis
--- Quer caldo de peixe? – Perguntava sem meios
Freguês
--- Mas tarde. Tem beiju? –
E a moça partia para buscar o beiju ou pão com queijo entre o lixo as vezes colhido pelos catadores e fossas saturadas ligadas as redes pluviais entre coqueiros e remansos sem sindicatos para acudir os desacertos.
Às 08.00 horas chegava o carro de praça de Jorge com uma carga de frutas, carnes, manteiga, e até um carneiro trazido para esfolar a qualquer dia ou tempo. Ele despelou a carga no chão do balcão.
Jorge
--- Faltou linguiça. – Disse o homem
Alice
--- Não tinha?
Jorge
--- Tinha. Foi esquecimento meu. – Fez cara feia.
Alice
--- E o picado? –
Jorge
--- Esse está aí. -  
Alice
--- De carneiro? –
Jorge
--- De bode. Não se faz picado de carneiro. Bode ou boi. –
Alice
--- Não se faz suas ventas. – Dialogou com raiva.
Jorge sorriu e mandou Isis colocar tudo para dentro, no quarto de trás. Enquanto a serviçal saía, eis que chegava outra. Nizete, coisa muito rara. Vinha um dia e dez não. Depois do namoro com Vandilo ficou assim.
Nizete
--- Boa; - e sorriu
Alice
--- Boa, desaparecida. – Sorriu
Nizete
--- Onde está o povo? – Indagou se referendo a Isis
Alice
--- Lá dentro. – Sorriu e apontou para Isis já vindo a chegar
Nizete
--- Eu soube. – Sorriu
Alice
--- E Vandilo? – Perguntou
Alice
--- Oficina. – Declarou apontando para a Chevrolet
Nizete
--- Olá. Como vai? – Perguntou a Isis sempre sorrindo
Isis
--- Olá. Vou bem. Trabalha? – Indagou se referindo ao bar já temerosa de perder o emprego
Nizete
--- Não. Hoje, eu vou ao médico. –
Isis
--- Doente? –
Nizete
--- Nada de mais, eu creio. – Sem explicação


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

MAR SERENO -03 -

- PRAIA -

- 03 -
TEMPO -

Ao saber da idade da moça, o homem Jorge ficou tranquilo e não mais perguntou. Em instantes, Isis vinha até Alice indagar o preço de tal mercadoria, pois era a primeira vez a atender. Alice orientava e contava aquilo que a moça vendia colocando o dinheiro no bolso do avental.  O tempo foi seguindo e Isis se aquilatando no fazer, parecia até alguém já há muito a servir em botecos. Se um freguês chagava apressado, ela acolhia de qualquer maneira. E assim seguia o dia. Um garoto procurando confeitos ou uma mulher indagando por algo sempre em falta. Desta forma seguia a faina. Raras vezes Isis tinha para o seu descanso. Ela, sempre atenta, vigiava tudo e a todos. Quando Jorge saiu, ela perguntou a Alice.
Isis
--- P’ra onde ele vai? -  
Alice
--- Praça. Vai fazer a praça. O carro é dele, mas as placas são de aluguel. –
Isis
--- Imagino. No interior também tem gente fazendo praça. –
Alice
--- É dura, a vida. Tem dia que ele não vem almoçar. Coisa chata. – Fez cara feia.
Isis
--- A senhora se acostumou com essa vida? –
Alice
--- Você. Pode me chamar de “você”.  E tem jeito? – Perguntou como se respondesse.
Isis
--- Na roça, tem dia que a gente nem come. Um sol de rachar. Tem vez que o dono da terra manda o povo colher algodão. Coisa triste. – Reclamou.
Alice
--- Eu tenho marcas no corpo por colher algodão. É ruim mesmo. -  
Isis
--- Aquilo vem para a Capital? – Indagou pensando.
Alice
--- Parece. Não sei bem. Tem navios que embarcam os fardos. –
Isis
--- Aqui é bom de se viver. O mar. Tem gente todo dia que vem para a praia. Gente correndo. É uma vida alegre. Meninos. – Sorriu.
Alice
--- Nos domingos eu e Jorge vamos a praia. De tarde. Quando o sol perde a força. – Comentou.
Isis
--- Faz bastante calor uma hora dessas. Imagino. –
Alice
--- Também, o movimento cai ao fim da tarde. Tem muito, no sábado logo cedo. Às vezes, até cinco horas. Jorge, tem vez, de não poder nem ao menos despachar na bodega. Ele aproveita os melhores horários. –
Isis
--- Quem vem tanto? –
Alice
--- Mecânicos, homens de boa aparecia. Esses, ficam num reservado. Os pinguços ficam aqui mesmo. –
Isis sorriu com a expressão da mulher.
Isis
--- Essa é boa. Pinguços! Quer dizer: bêbados. – Sorriu ainda mais.
Alice
--- Sim. Mas vadios. Gente que não tem nada. Vice só de cachaça. Pinguço mesmo. –
Isis
--- Quem são os homens de boa aparecia? Gente rica? –
Alice
--- Mais ou menos. Você verá. –
Isis
--- Eu? – Suspirou por ver que já estava com um emprego certo
Alice
--- Sim. Você. Vai depender de você mesma. Tem dias que a gente ganha bem. Outros dias não se ganha nada. Ou quase nada. - 
Com isso, a moça ficou desnorteada. Ganha-se muito o não se ganha nada. Mesmo assim, aquele era um emprego bem melhor do que não fazer coisa alguma. As cocadas ficavam para depois.
À hora do almoço, de 11 horas em diante, o movimento no bar, crescia bastante. Gente tomando cachaça. Outros, apenas cerveja com um tira-gosto ou pratinho. E a moça tomou o seu destino a lavar pratos, preparar os conteúdos para os mecânicos mais ousados. Esses, passavam a mão nas nádegas de Isis. Ela desconfiou e largou a tapa na cara do afoito.
Alice
--- Deixa p’ra lá. É assim mesmo. Pior eu já passei. – Comentou.
Isis
--- Mas eu não gosto. –
Alice
--- Tenha calma. Com o tempo se ajeita. – Sorriu.
E o tempo rodou até a 1 hora da tarde, quando o movimento esfriou. Na parte da tarde, apenas umas moças chegavam ao bar para buscar café e petiscos para fazer a alegria da galera
Consumidor
--- Tem filé? – Indagava um atrasado.
Alice
--- Sumiu tudo, ao meio dia. – respondia a mulher
Outros se contentavam com ovos, farinha de rosca e queijo. Era a vida. E se perguntava alguém se havia carne malpassada, a resposta vinha de certo que para depois. Alguns se contentava com bolinhos de carne ou costela acompanhada de cerveja bem gelada ou coxinha com rabada desfiada e mesmo bolinho recheado com linguiça.
Isis
--- Tem empada. Serve? – Indagava a moça ao consumidor.
Consumidor
--- Ora mais tá. Empada vai bem com cerveja. – Sorria
De um jeito ou de outro, o movimento prosseguia até as 9 ou 10 horas da noite quando as damas tomavam conta do movimento da Ribeira, já um pouco distante do bairro de Brasília Teimosa. Então, era hora de se recolher. Isis comentava.
Isis
--- Acho que não devo ir para casa. –
Alice
--- Pois fique. Tem cama no quarto de trás. –
Isis
--- Mas o povo vai reclamar. –
Alice
--- Que povo? Deixa p’ra lá. Vá se banhar no quarto de trás.   




domingo, 23 de agosto de 2015

MAR SERENO - 02 -

- BAR -
- 02 -
COMPRAS -

Carioca estava sempre atento a conversa das duas mulheres mesmo sem nada saber. Logo, chegou Vandilo, outro mecânico vindo sorrindo. Corpo baixo, com indefinida. Talvez branca. E ainda guardava a sequela de um choque da rede elétrica tomada há algum tempo. Foi logo a dialogar sobre casos comuns de ambos.
Vandilo
--- Aquele fusca! – e parou.
Carioca
--- Deixa comigo. Eu acerto. –
Vandilo
--- Não é só isso. O carburador sempre falhando. – Disse isso angustiado
Carioca
--- Pois é. “Cara”. O negócio é mandar moer. Deixa comigo. Fica tranquilo. – Sorriu.
Vandilo enxugou o suor da face como quem está arrependido. E Carioca indagou apontando a moça dentro do bar.
Carioca
--- Conhece? – e apontou a moça.
Vandilo
--- Nem quero saber. Basta Nizete. – Soletrou.
Carioca
--- Tu só lembras dela. – Sorriu
Vandilo
--- E dos “chifres”. – Falou carrancudo.
Isso fez Carioca gargalhar. E depois dizer.
Carioca
--- Que é isso “cara”. A moça é direita. – Falou sorrindo
Vandilo
--- P’rás bandas. – Recusou o outro.
Carioca
--- Sabe? Tô afim dessa dona! – E apontou para Isis.
Vandilo
--- Vai lá e pronto. – Respondeu
Carioca
--- Deixa comigo. – Sorriu
Alice, então tomou as dores da moça e logo deduziu ser ela a quem Carioca falava. E respondeu.
Alice
--- Ela é moça. Nem vem. – Falou embrutecida.
Carioca
--- Tá bem, senhora. Não está mais aqui quem falou. – Sorriu e partiu para a oficina.
Alice
--- Fresco! – E cuspiu em direção do homem.
Isis
--- Deixa. Eu me viro. –
Nesse instante chegava ao balcão José Rodrigues, outro mecânico. Ele vinha sorrindo por nada. Meio corcunda, pelo jeito de andar, enxugava as mãos com uma estopa. Vendo a desavença, ele ainda olhou para Carioca e encostou no bar. Logo, pediu.
Rodrigues
--- Café, madame. – Foi o que falou a sorrir sem motivo.
Vandilo
--- O jogo? – Indagou
Rodrigues
--- Só um. – Respondeu.
Vandilo
--- América? –
Rodrigues
--- Que América. ABC mesmo. – Sorriu torcendo a cabeça
Nesse ponto, chegou um carro. Era Jorge Motorista, dono do bar. Ele estacionou o veículo e foi à mala retirar as compras. José Rodrigues se aproximou e foi logo dizendo
Rodrigues
--- Deixa que te ajudo. – Arremessou a tampa para cima.
Jorge
--- Obrigado. A carga está pesada. – e fez cara feia a retirar bananas entre outras mercadorias.
Rodrigues:
--- E o tatu? – Sorriu pondo seus dentes para fora.
Jorge.
--- Tem dois.  Arraste. – Respondeu
E assim, os tatus foram levados para dentro do barraco. O local tinha um reservado escondido onde era servida as bebidas mais finas aos fregueses de “primeira” sempre aos sábados ou véspera de feriados. Os comuns, eram despachados no próprio balcão. Os “biriteiros”, esses bebiam na rua e em qualquer lugar. A moça Isis olhava tudo com bastante atenção até Alice mandar fazer algo, como despachar enquanto a mulher sacudia as mercadorias em um devido canto escondido para os finais do barraco.  E o marido de Alice perguntou quem era a moça. Alice respondeu estar experimentando sem nada a pagar. O homem ainda olhou e nada comentou a respeito. Era mais uma àquela hora cedo do dia.
Alice
--- Deixa que eu me ajeito. Ela foi casada. Ou amigada. Sei lá. – Respondeu murmurando.
Jorge
--- Mais uma. Bom, para os dias de quarta. – Resmungou.   
Alice
--- Ele não veio mais. –
Jorge
--- Mas vem. Está carregando cigarros. Talvez sexta ou sábado. – Resmungou.
Alice
--- O rapaz me disse que ele foi para o interior. -  
Jorge:
--- Ele sempre vai. Não é novidade. –
Alice
--- Tem um sítio. –
Jorge
--- E duas ou três mulheres. Quando ele foge é para encher a cara. –
Alice sorriu e observou para dentro vendo se Isis estava acertando no feito de atender ao balcão
Alice
--- Ela está lá. –
Jorge
--- Idade? – Quis saber