sábado, 22 de agosto de 2015

MAR SERENO - 01 -

- MAR SERENO -
- 01 -
COMEÇO -
Eram sete e meia horas da manhã daquele dia de verão. Maria Isis Fernandes chegou ao balcão do bar existente próximo a Brasília Teimosa, bairro de Natal e notava apenas uma mulher arrumando copos e bandejas estando de costas naquele instante. Ela queria um pouco de água, pois apesar do tempo, já fazia calor àquela hora bem cedo da manhã. E para tanto, tocou com o nó do dedo a madeira do balcão como se com isso fizesse uma zoada fraca para não assustar a mulher. Com o toque a mulher, mesmo sem se soerguer, olhou para trás e indagou.
Alice
--- Diga, moça! – Falou a mulher.
Isis.
--- Um pouco de água, por favor. – Respondeu a moça.
Alice
--- Espere. Vou já. – Respondeu enquanto se erguia e fazia careta pelo modo como estava.
E, nem tanto de imediato, Alice, mulher que despachava no bar, veio com um copo de água gelada e colocou à mesa pondo a disposição de Isis. Naquele instante, Alice olhou bem a moça e pesquisou para ver se havia aliança em seus dedos. Nada viu e nada quis saber. Apenas desviou o olhar para ver o movimento da praia. Um ônibus saiu do seu ponto e seguiu em direção a cidade àquela hora cedo da manhã. O carro seguia apinhado de gente. Nesse instante Alice olhou bem para quem partia e nada falou. Ao fim do copo Isis indagou.
Isis:
--- A senhora sabe onde se pode pegar um trabalho? Qualquer trabalho? –
Alice nem ligou para o que ouviu. Porém, passado um instante, informou.
Alice
--- Tem gente que vende coisa na praia. Você é de fora? – Quis saber
Isis
--- Um pouco além de Santa Cruz. Já chegando em Campo Redondo. – E fez menção com a mão.
Alice
--- Não conheço nada para aquelas bandas. –
Isis
--- A senhora é daqui? –
Alice
--- Paraíba. Minha família é toda paraibana. Apenas minha avó é de Alagoas. –
E recolheu o copo levando para pôr em um local onde se recolhia os pratos sujos de comida.
Isis
--- Eu cheguei, aqui, no início da semana. Da outra. E fui para a casa de uma tia, aqui mesmo nesse bairro. Mas, na casa de minha tia anda tudo muito fraco. Ontem, não teve almoço. Hoje, não teve café. O marido de minha tia vive como Deus quer. Bêbado até morrer. Sei não. Ela já está um tanto alquebrada. As filhas ganharam o mundo. Um filho, esse só aparece no início da noite, e novamente vai embora. Eu decidi: vou procurar um trabalho. Seja lá do que for. Até mesmo de vender cocada. Mas, não tem quem faça. – Falou a moça a chorar. 
Alice se pôs a ouvir e, por um instante, falou.
Alice:
--- Coitada. Eu não ofereço nada porque nada posso dar. Tenho esse barraco e só vendo cachaça. Nos finais de semana, tem mais alguma coisa. Almoço, esse ainda sai todos os dias. Mas, é só para os mecânicos. O resto é assim. –
Nesse ponto, se aproximou do bar um rapaz por nome de “Carioca”. Ele chegou apressado e pediu um café com pão, ovos, pouco de cuscuz e nada mais.
Carioca:
--- Olá. Ponha café. – Pediu.
Alice
--- Que mais? – Com a cara trancada.
Carioca
--- Tem ovos? Dois. E cuscuz. Pão, também. –Sorriu sem querer e olho para a moça
Isis se afastou do rapaz para um pouco mais distante. Esse, perguntou.
Carioca
--- Trabalha aqui? –
E Isis partiu para o outro lado do barraco. Nesse instante, Alice observou o rapaz e pediu para a moça entrar.
Alice
--- Entre. A porta é do lado. – Disse para a moça a evitar contratempo
E assim, Isis fez. Ela entrou no barraco e seguiu para a cozinha. Alí, pegou logo os pratos sujos e começou a lavar.
Isis:
--- Quem é ele? – Perguntou a murmurar.
Alice
--- Um Zé ninguém. Só arruma confusão. – Respondeu
Isis
--- Já estou cheia disso. Tive um que mataram. Foi uma facada só. - - chorou.
Alice
--- P’ra[aa1]  ver. Aqui, matam um todo dia e deixam dois amarrados para o dia seguinte. - Comentou
Isis
--- É no mundo todo. –
Alice
--- Você estuda? –
Isis
--- Fiz o primeiro grau. Também, onde eu moro não escola mais adiantada. –
O rapaz procurava ouvir a conversa. Porém não havia modo. E indagou.
Carioca
--- Que tanto vocês cochicham? –
Alice
--- Não te interessa. Como e pague. – Respondeu abusada.
Carioca gargalhou e respondeu
Carioca
--- Dinheiro, só mais tarde. Agora, nada. – Sorriu metendo a mão da boca para retirar as farpas do que sobrava. E sugava ainda mais.
Alice
--- É assim. Cambada de ordinários. – Relatou para a moça.
Isis
--- E ele paga? – Indagou assustada.
Alice
--- Paga. Ele teme o meu homem. – Declarou abusada.
Isis
--- A senhora tem marido? –
Alice
--- Apenas um. Ele vem já. Foi buscar as compras.





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