- FESTA DE ANIVERSARIO -
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CIRO
Um ano. Era o
tempo de festa em homenagem a Ciro, o filho amado, mais ainda por sua madrinha,
Walquíria, tendo o seu menino nos braços. A festa foi organizada em um bazar de
nome aconchegante como sendo “Boa Música”
loja especializada em ambiente de requinte. A costume de Dalva Lopes Baldo, o
som da orquestra era apenas de acordeom e violino além de outros instrumentos
de corda, como piano e harpa. A festa começava as 5 horas da tarde havendo um
intervalo às 6 para se rezar uma prece ao som da “Ave Maria”, de Franz
Schubert, reverencia especial por um pedido de suas avós. Nesse meio tempo, passado
os meses, Noêmia e o se filho Jose, tinham partido para a praia onde residiam
desde muito tempo. O jardineiro foi o único que ficou. A festa transcorreu em
um ambiente sofisticado, próprio para festas infantis, de casais e de pessoas
de mais idade. Ao som de um violino, o senhor José Afrânio e Odete Beraldo, a
esposa, eram apenas felizes. O caso do navio petroleiro ocorrido em uma praia
distante, era um fato puramente esquecido. Naquele momento era só festa e nada
mais.
A garotada a
ingerir bolos e salgados acompanhados de sorvetes e coisa e tal, nem bem ouvia
o tocar de um violino, caso mais frequente para os adultos. Nesse momento, um
homem gorducho se aproximou do ancião, José Afrânio e teceu conversas
políticas. Seu nome era Jorge Aranha, ser bem quisto nos meios políticos. Uma
espécie de “eminencia parda” termo bem usado da França de tempos antigos. “Eminencia
parda” é um poderoso assessor ou conselheiro que atua nos bastidores ou na
qualidade não pública ou não oficial. Essa frase referia-se originalmente a
François Leclerc, o “braço direito” do cardeal Ruchelieu. Leclerc era um frade
capuchinho que ficou famoso por seus trajes bege ou parda. E entre um assunto e
outro veio o que José Afrânio não esperava, apesar de ser um homem capaz de “adivinhar”
casos ocorridos.
Aranha
--- Como o
senhor deve estar inteirado, há possibilidade de eleições complementares em Sagi.
O negócio está em banho maria. Porém, o caso corre rápido. –
Zequinha
--- Mas houve
deposição do Prefeito Francisco Paranhos há pouco tempo. –
Aranha
--- É verdade.
E assumiu o vice, agora também Prefeito. Mas o negócio não cheira muito bem, se
bem que não se fala muito nesse caso. O certo é que tudo leva a crer novas
eleições. E eu fico a supor: quem seria o candidato? –
Zequinha
--- Uma coisa é
certa. Eu não sou. Até por que não me convém. Sou um homem velho. E para esses
casos é preferível gente nova. -
Aranha
--- É verdade.
Mas o amigo não teria alguém para disputar a vaga? –
Zequinha
--- Quem? Eu?
Eu não desse tipo de político. Mas, a propósito: por que sua inquietação? –
Aranha
--- Por nada.
Apenas estou a pensar. A sua neta. Ela não seria provável candidata? –
Zequinha
--- Essa? Não serve
nem para cozinheira. – Gargalhou.
Aranha
--- E não tem alguém
de sua família? –
Zequinha
--- O senhor me
pegou de surpresa. Eu até que aventurava a colocar a senhora Dalva. Mas, foi um
pensamento que eu tive naquela ocasião. –
Aranha
--- Ela é
casada? –
Zequinha
--- Não. Não.
Não parece, mas é viúva. O marido morreu em um acidente. E por que esse seu
interesse tao aguçado? –
Aranha
--- Por nada.
Mas, o outro lado não tem candidato especial. E quem sabe de a senhora aceitar.
–
Zequinha
--- Duvido
muito. Ela é cientista. Trabalha na Universidade. Tem um filho de um ano. Esse
pirralho que se estar comemorado a festa. –
Aranha
--- Linda
criança. Mesmo assim, podemos conversar com a senhora Dalva? –
Zequinha
--- Duvido que
vá a frente. Mesmo assim, se é do vosso interesse, podemos conversar. –
Aranha
--- Ótimo. Ótimo.
Assim é que se fala. –
E retirou um
charuto do bolso da casaca se pondo então a tragar
Nesse momento,
Amanda se aproximou do seu avô e indagou. E perguntou aos dois senhores
Amanda
---Uísque? – apontou
para e outro
Zequinha
--- Até que é
boa pedida. – e ofereceu um cálice a seu companheiro de conversa.
Nesse meio
tempo, José Afrânio teve a atenção despertada. E falou.
Zequinha
--- Minha
filha. Eu gostaria de falar com Dalva, se possível. Peça-me a sua gentileza.
Amanda
--- Agora? –
Zequinha
--- Se possível.
E pode ser depois. Amanhã, talvez. –
Amanda
--- É melhor
depois. Agora, o salão está repleto. Musica. Música. Música. E as crianças. –
Zequinha
--- É verdade.
Amanhã. Talvez. – Disse o velho e olhou para o homem ao lado.
Aranha
--- Pode ser
depois. Não há pressa. – Respondeu o gorducho
Amanda
--- Eu vou
anotar e digo a Dalva. Mas. .... Tem pressa? – Indagou
Aranha
--- Não. Não.
Nada de pressa. É apenas uma conversa. –
Amanda
--- Ah bom.
Assim será. – Falou a moça já desconfiada com essa “conversa”.
O avô sorriu e
despachou sua neta, pois sabia que aquele rastilho seria bem mais rápido. E
foi. Há alguns instantes, Dalva falou:
Dalva
--- Quem? Eu?
Por que? – Indagou surpresa.
Amanda
--- Escute. Não
é nada demais. Vá com calma. Não fale agora. –
Dalva
--- Mas, eu
quero saber! –
Amanda
--- E vai.
Tenha calma! -
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