- CONSULTÓRIO -
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DALVA -
Quando o carro
parou, todos desceram, inclusive José Afrânio, o avô das duas moças. Com um
puxão, Walquíria fechou a porta e foi entrando. Na casa, estava o jardineiro à
beira do portão. O homem sorriu para os demais e abriu a porta de entrada. Nem
mesmo perguntou se Walquíria queria pôr o carro para dentro da garagem. Essa,
também nada respondeu. O que lhe faltava era ver o pimpolho Ciro. Esse, ao mesmo tempo, correu e se abraçou com
a sua madrinha. Beijos e mais beijos e os dois seguiram para dentro da casa.
Todo sujo de barro, o homem esfregava a roupa. Amanda, também era da mesma
forma. Dalva escutava a TV e logo ficou impaciente com seu José Afrânio, pois
não esperava tao cedo. Ainda acometida da rouquidão, a mulher não falava,
apontando apenas a garganta.
Sorvetinho
--- Ainda? Como
é que pode? –
Dalva, apenas
sorriu de uma forma com a cara amarga e apontava ter que ir ao médico.
Zequinha
--- Mas é p’ra
já! Qual o médico? –
Em seguida
Dalva rabiscou o nome em uma folha de papel.
Amanda:
--- Estou imunda.
Espera. Um tempo enquanto vou à privada. – E seguiu correndo
Zequinha
--- Ela não
urina desde que chegamos a Sagi. – E sorriu.
Sorvetinho
--- Espera. Eu
também vou! – Gritou a moça procurando a entrada do gabinete sanitário
Ciro ficou com
a guarda de dona Noca. A sua mãe, Dalva, evitou o contato com Ciro por conta de
sua garganta inflamada. E o José Afrânio quis saber como foi que tudo ocorreu.
A mulher, sem poder falar, apenas dizia por gestos. E o ancião, de imediato,
foi dizendo.
Zequinha
--- Procure o
médico. E já. –
Dona Noca disse
ter feito infusão. Porém, a rouquidão não cedia. E, por cima, veio a febre.
Noca
--- O negócio é
com o médico. –
Instantes após,
as duas irmãs saíram do gabinete sanitário e Amanda foi logo a indagar.
Amanda
--- Como é?
Está pronta? Se está, vamos agora! –
O certo é que o
pessoal saiu em debandada com Ciro ficando a chorar por não poder ir com a sua
madrinha. Após deixar o ancião em sua casa, as três mulheres seguiram para o
consultório do médico.
Após a
consulta, o diagnóstico e o medicamento.
Amanda
--- Três dias
de cama. – Sorriu
Sorvetinho
--- E chá. –
Recomendou.
A garganta
inflamada levou a cama dona Dalva Lopes Baldo a três dias sem sair de casa.
Walquíria se fez passar como a dona da casa. Os noticiários sobre o incendo no
navio ganharam repercussão internacional. De poucas notas foi seguindo a
notícia à repercussão das mais importantes redes de TV de todo o mundo,
inclusive nas estações da Europa. E com isso, a pequena praia ganhou vulto
internacional com apoio dos Governos Estaduais e Federal. Com isso, Sagi ganhou
notoriedade. A acanhada praia seguiu a importante segmento do Brasil e do
exterior. Via-se pessoas a falar língua estrangeira, inglês por excelência, ou
mesmo francês, italiano e espanhol. Nesse ponto, o Prefeito voltou a assumir o
seu cargo apesar de estar fervendo por baixo do pano um impicheman contra o
mesmo e os edis terem voltado de imediato às suas bancadas. A maioria votava a
favor da permanência do Prefeito. Mesmo assim, diante do rumoroso caso, não se
apostava em um níquel na possibilidade de se votar a favor do Prefeito.
Zequinha
--- O negócio
está fervendo! – Sorriu torcendo as mãos a ouvir a TV.
Amanda
--- Ô meu vô! O
senhor está achando graça com a desgraça alheia? –
Zequinha
--- Quem mandou
ele fugir da cena. Agora que a situação está às mil maravilhas, ele quer ser o
dono da situação? Vejamos. Vejamos. – Falou altivo
Amanda
--- Mas ele
estava em busca de recursos.-
Zequinha
--- Que recursos?
A Prefeitura estava fechada. O vice desapareceu. Os edis nem se ouvia falar.
Educação, Saneamento, Saúde, Calçamento, Dinheiro, Aumento do pessoal. Nada.
Nada. Agora ele que ser o salvador da lavoura? Pois vai ter que salvar muita
lavoura! Vou mostrar! – Declarou com gana.
Com poucos
dias, quando a estória do navio ainda era o maior destaque internacional, veio
a bomba. A Câmara Municipal de Sagi cassou na noite passada em sessão extraordinária
o mandato do Prefeito Francisco de Assis Paranhos em julgamento que durou cinco
horas. O chefe do executivo foi condenado por infração político-administrativa
em aumentar a taxa de lixo por decreto, acima da inflação. O julgamento foi
concedido por uma petição no Tribunal de Justiça do Estado.
E o ancião
vibrou de contentamento, pois ainda devia o Prefeito ser julgado por doutros
crimes administrativos ainda não declarados.
Zequinha
--- Eu não conheço
nem essa cara de anjo. Mas, eu fiz o máximo que pude. E vem mais bomba pelo
meio do caminho. Agora tem a Saúde e a Educação além do saldo pago por inteiro aos
Guardas Municipais. Não vi nenhum! Mas eles existem. – Falou bravo.
O rastilho de
espalhou como pólvora com as questões da Saúde onde os servidores tomaram a
ferro os seus verdadeiros direitos. O pessoal reivindicava o pagamento dos
ordenados em atraso e a questão de aumento de 87% por cento sobre os salários
ainda não pagos. O novo Prefeito assumiu o cargo prometendo rever toda a
situação. A decisão de greve geral foi deflagrada também para a classe da
Educação e, de vez, se fechou as portas da Prefeitura por não se poder com o
clima de euforia dos educadores e pessoal da saúde. O pessoal de recolher o
lixo da cidade continuava em greve, apesar do novo Prefeito garantir pagamento
dos vencimentos atrasados a todo o pessoal, indistintamente.
Zequinha
--- Esse novo
Prefeito é da mesma laia que o outro! – Resmungava
Amanda
--- Então,
fecha-se tudo. É bem melhor. A cidade não tem hotel, hospedaria, abrigo. Não tem
nada. Nem cemitério. –
Zequinha
--- Não tem,
agora. Mas um dia terá. Ah se vai. –
Amanda
--- O melhor
que se faz é desmanchar tudo e fazer um novo município. –
Zequinha
--- E quem vai
governar? –
Amanda
--- O senhor! –
Sorriu.
Zequinha
--- Você acha
que é fácil? Melhor seria uma mulher. Alguém do porte de Dalva! – Alegou
Amanda
--- Do porte de
quem? E ela se sujeita? Ela vai suportar a carga? –
Zequinha
--- Pode-se se
saber. –
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