- BAR DA NOITE -
- 07 -
TEMPO -
Em um segundo de tempo, Isis
chegou ao balcão do bar. Naquele ponto, chorando até, ela escutou Nizete a
ditar ser aquilo passageiro e não se incomodasse com o homem porque, um dia,
ele já estaria longe e procurando outro alguém.
Nizete
--- Isso é coisa de bar. O
principal é Jorge. Ele é quem quer! – Falou sem temor.
Isis
--- E por isso eu vou embora
daqui. – Lembrou com orgulho ofendido.
Nizete
--- Para onde? Nos outros cabarés
é a mesma coisa. – Advertiu
Isis
--- Mas, eu não vim para aqui pensando
em ser cabaré. Eu julgava ser um recinto descente. –
Nizete
---- Descente? Você pensa assim?
– Perguntou sorrindo
Isis
--- E deve ser. – confirmou
Nizete
--- Querida. Se você está
pensando assim, está muito enganada. –
Isis
--- E o pior é que não tenho mais
nem para onde ir. – Chorando
Nizete
--- Como assim? Você não em
tia? -
Isis
--- Briguei. Minhas tralhas estão
no quarto, lá fora, -
Nizete
--- Assim é demais. Vamos para
minha casa. Lá resolvemos. Faz café, cuscuz, mungunzá, tapioca. Essas coisas e
vende na praia. –
Isis
--- E o dinheiro? – Indagou com
suspeita.
Nizete
--- Deixa que eu resolvo. Vamos.
Vandilo chega à noite. –
Isis
--- Agora? – Indagou de surpresa.
Nizete
--- Tem outro caminho? Eu vou
apanhar sua roupa. –
E as duas mulheres saíram de vez
conversando com os casos eventuais. Isis, nem pensava mais em voltar. Cogitava
apenas como fazer esse café. Para quem não tinha um tostão, era demais até.
Tomar dinheiro emprestado, era um meio.
Isis
--- Só se tomar dinheiro
emprestado. –
Nizete
--- Não se importe com isso. Eu
arrumo um meio. Empréstimo ou coisa assim. –
Isis
--- “Em” o que? –
Nizete
--- Dinheiro emprestado. Sabe? –
Isis
--- Mas como? –
Nizete.
--- Deixa comigo. –
Em casa, as duas jovens mulheres
contavam como fazer as compras. Buscava-se dinheiro na Caixa e depois, era só
fabricar o que se sabia fazer. Como pagar, isso era para depois.
E a moça começou a venda do café
com tapioca, bolo, empada, sucos naturais, água de coco, água mineral,
sanduiches e saladas de frutas. O caso estava feito. Uma semana. E tudo bem.
Certo dia, um homem passeava pela
praia, de manhã, logo cedo e resolveu tomar um suco de frutas. Ele olhou bem a
moça e lhe indagou.
Embaixador
--- Quem faz tudo isso? –
Isis
--- Eu mesma. Tenho ajuda de uma
amiga. – Respondeu
Embaixador
--- Bom. Muito bom. Você? Seu
marido também? -
Isis
--- Não sou casada. Viúva. Fazem meses. Eu vivo emprestado com essa
amiga. –
Embaixador
--- Uma amiga? E ela não tem
amigos? -
Isis
--- Não. Tem esposo. Ele
trabalha. Eu sou apenas conhecida da casa. –
Embaixador
--- Ah. Sei. Tem namorado? –
Isis
--- Não. Não tenho. Vivo para
vender esses negócios. –
Embaixador
--- É o que faz?
Isis
--- Sim. É o que faço. –
Embaixador
--- Ganha bem? –
Isis
--- Não. Ganho para dar o que
fazer no dia seguinte. –
Embaixador
--- A senhora tem estudos? –
Isis
--- Apenas o quinto grau. –
Embaixador
--- E não pensa em continuar? –
Isis
--- Se tivesse tempo. –
Embaixador
--- Mas a senhora é jovem. Tem
tudo o que precisa. Vender na praia? – Indagou preocupado
Isis
--- Tem outras. – e apontou ao
redor.
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