- CANTO DO MANGUE -
- 05 -
CASA -
Às 09.00 horas da manhã, Nizete
já despedira de Isis e disse a Alice ter que ir ao médico e na volta, era
possível ficar por algum tempo no Bar para dar ajuda nos despachos. Isis sorriu
e ficou feliz em encontrar a moça pela primeira vez e fazer uma amizade talvez
fosse longa. Naquele instante, outra moça chegou apressada, chorando por
demais, acompanhada de um repórter de rádio. A moça não parava de chorar e o
Repórter Pepe pediu ajuda de Alice, pois a moça estava magoada por
espancamento. Seu nome era Dolores e tinha feito uma altercação com seu
namorado e, daí, surgiu a bofetada na face. Com isso, a moça fugiu e saiu na
carreira a chorar. Dolores entrou no bar toda magoada com ronchas por todo o
corpo. Alice viu os braços da moça e lamentou.
Alice
--- Coitada! É isso! Vá se meter
com essa peste de gente! –
E mandou Isis fazer um trato em
Dolores e se banhar de todas as pancadas sofridas. Entre umas e outras, o rapaz
da camioneta veio deixas as encomendas d salgados – empadas e coxinhas – para a
saída do Bar. Alice tomou de tudo e pagou o que devia do dia passado.
Entregador.
--- Amanhã tem novidades. –
Sorriu o rapaz e e entrou correndo do automóvel
Alice
--- Só quero ver. – falou sem
graça
De volta do banheiro, Dolores
estava mais calma. E então, Isis informou a sua amiga Alice.
Isis
--- Eu tenho que ir em casa. A
minha tia deve estar louca da vida. Eu não fui, ontem. –
Alice
--- É bom mesmo. Mas, volte a
tempo de servir o almoço. –
Isis
--- Ah, Volto. Não demoro muito.
É bem ali, a casa na rua da Cerca. Sabe? –
Alice
--- Ave Maria! Logo ali? Só dá
marginais! – Dialogou quase que a tomada de susto
A moça sorriu e fez a volta
saindo do bar e seguindo apressada para a casa de sua tia. No seu afastamento
não viu chegar o entregador de peixes com uma enfieira de lagosta.
Pescador
--- Vai querer. Novas em folha. –
Sorriu a levantar as lagostas
Alice
--- Quanto? – Ela olhou as
lagostas.
Pescador.
--- Faço por vinte. – Sorriu o
pescador.
Alice
--- Tá louco. Eu pago dez. –
Disse a mulher querendo regatear.
Pescador
--- Não dá sá dona. Dez? Faço por
quinze. –
Alice
--- Essa merda tem mais de uma
semana. –
Pescador
--- Que é isso, minha senhora? Eu
pesquei, ontem. –
Dolores
--- Essa mesma história eu ouvi
contar há dois dias. –
Pescador.
--- Com essa, não. Deve ter sido
com outro pescador. – Falou quase bruto
Alice
--- Vou ficar. Ponha na prancha,
Dolores. – Disse com o nariz a cheirar as lagostas.
Dolores
--- Depois de cozida, ninguém põe
o cheiro- - respondeu a moça de levou tabefe.
Alice sorriu e pagou ao pescador.
No fim das contas, as lagostas eram novas, pegadas do mar naquela hora ou no
dia anterior, no mais tardar.
As 11.00 horas da manhã, o apito
da Rede ecoou e todos os operários saíram de vez para pegar o seu almoço. No
bar, era então formada a confusão. Cada um querendo ser atendido primeiro. Isis
chega em cima da hora amarrada com a sua nova amiga, Nizete. E perguntou
Isis
--- O que o médico disse? –
Sorriu
Nizete
--- Só queria ver a “chereca”. –
Respondeu sem sorrir
Isis
--- Igual os de minha terra. – Falou
sem emoção
Nizete
--- Tu moras aonde? –
Isis
--- Santo Antônio do Bofete. –
Respondeu
Com isso, Nizete quase cai na
gargalhada e nem poder responder. A outra moça se espantou a indagar com a
pilheria
Isis
--- Que foi onde errei? –
Nizete
--- (sempre a sorrir, dizendo) –
Bofete. – Gargalhou – Tem briga lá? – E gargalhou
Isis
--- Ora se tem. Matam um e deixam
dois para o dia seguinte. Mataram o meu homem por uma besteira. – Alegou
Nizete
--- Mas, por um bofete, apenas? –
Gargalhou
Isis
--- Não brinque, pois é sério! Eu
fugi de lá com medo do terror. – Relatou espantada
Nizete
--- Imagino. Quando eu for por
lá, levo um cartaz: Paz e Amor! Só assim tenho certeza de não ser agredida.
Bofete! – Gargalhou.
Isis
--- Vá, Vá. – Pois sim. – Falou
com temor.
Nizete
--- Deixa p’ra lá. Estou
brincando. – Sorriu
Isis
--- Puta é só o que tem. –
Alertou
Nizete
--- Imagino. –
Isis
--- Uma trepada vale até um coco.
–
Com essa, Nizete não se conteve.
Gargalhou à beça.
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