- BAR -
- 02 -
COMPRAS -
Carioca estava sempre atento a
conversa das duas mulheres mesmo sem nada saber. Logo, chegou Vandilo, outro
mecânico vindo sorrindo. Corpo baixo, com indefinida. Talvez branca. E ainda
guardava a sequela de um choque da rede elétrica tomada há algum tempo. Foi
logo a dialogar sobre casos comuns de ambos.
Vandilo
--- Aquele fusca! – e parou.
Carioca
--- Deixa comigo. Eu acerto. –
Vandilo
--- Não é só isso. O carburador
sempre falhando. – Disse isso angustiado
Carioca
--- Pois é. “Cara”. O negócio é
mandar moer. Deixa comigo. Fica tranquilo. – Sorriu.
Vandilo enxugou o suor da face
como quem está arrependido. E Carioca indagou apontando a moça dentro do bar.
Carioca
--- Conhece? – e apontou a moça.
Vandilo
--- Nem quero saber. Basta
Nizete. – Soletrou.
Carioca
--- Tu só lembras dela. – Sorriu
Vandilo
--- E dos “chifres”. – Falou
carrancudo.
Isso fez Carioca gargalhar. E
depois dizer.
Carioca
--- Que é isso “cara”. A moça é
direita. – Falou sorrindo
Vandilo
--- P’rás bandas. – Recusou o
outro.
Carioca
--- Sabe? Tô afim dessa dona! – E
apontou para Isis.
Vandilo
--- Vai lá e pronto. – Respondeu
Carioca
--- Deixa comigo. – Sorriu
Alice, então tomou as dores da
moça e logo deduziu ser ela a quem Carioca falava. E respondeu.
Alice
--- Ela é moça. Nem vem. – Falou
embrutecida.
Carioca
--- Tá bem, senhora. Não está
mais aqui quem falou. – Sorriu e partiu para a oficina.
Alice
--- Fresco! – E cuspiu em direção
do homem.
Isis
--- Deixa. Eu me viro. –
Nesse instante chegava ao balcão José
Rodrigues, outro mecânico. Ele vinha sorrindo por nada. Meio corcunda, pelo
jeito de andar, enxugava as mãos com uma estopa. Vendo a desavença, ele ainda
olhou para Carioca e encostou no bar. Logo, pediu.
Rodrigues
--- Café, madame. – Foi o que
falou a sorrir sem motivo.
Vandilo
--- O jogo? – Indagou
Rodrigues
--- Só um. – Respondeu.
Vandilo
--- América? –
Rodrigues
--- Que América. ABC mesmo. –
Sorriu torcendo a cabeça
Nesse ponto, chegou um carro. Era
Jorge Motorista, dono do bar. Ele estacionou o veículo e foi à mala retirar as
compras. José Rodrigues se aproximou e foi logo dizendo
Rodrigues
--- Deixa que te ajudo. –
Arremessou a tampa para cima.
Jorge
--- Obrigado. A carga está
pesada. – e fez cara feia a retirar bananas entre outras mercadorias.
Rodrigues:
--- E o tatu? – Sorriu pondo seus
dentes para fora.
Jorge.
--- Tem dois. Arraste. – Respondeu
E assim, os tatus foram levados
para dentro do barraco. O local tinha um reservado escondido onde era servida
as bebidas mais finas aos fregueses de “primeira” sempre aos sábados ou véspera
de feriados. Os comuns, eram despachados no próprio balcão. Os “biriteiros”,
esses bebiam na rua e em qualquer lugar. A moça Isis olhava tudo com bastante
atenção até Alice mandar fazer algo, como despachar enquanto a mulher sacudia
as mercadorias em um devido canto escondido para os finais do barraco. E o marido de Alice perguntou quem era a moça.
Alice respondeu estar experimentando sem nada a pagar. O homem ainda olhou e
nada comentou a respeito. Era mais uma àquela hora cedo do dia.
Alice
--- Deixa que eu me ajeito. Ela
foi casada. Ou amigada. Sei lá. – Respondeu murmurando.
Jorge
--- Mais uma. Bom, para os dias
de quarta. – Resmungou.
Alice
--- Ele não veio mais. –
Jorge
--- Mas vem. Está carregando
cigarros. Talvez sexta ou sábado. – Resmungou.
Alice
--- O rapaz me disse que ele foi
para o interior. -
Jorge:
--- Ele sempre vai. Não é
novidade. –
Alice
--- Tem um sítio. –
Jorge
--- E duas ou três mulheres.
Quando ele foge é para encher a cara. –
Alice sorriu e observou para
dentro vendo se Isis estava acertando no feito de atender ao balcão
Alice
--- Ela está lá. –
Jorge
--- Idade? – Quis saber
Nenhum comentário:
Postar um comentário