domingo, 23 de agosto de 2015

MAR SERENO - 02 -

- BAR -
- 02 -
COMPRAS -

Carioca estava sempre atento a conversa das duas mulheres mesmo sem nada saber. Logo, chegou Vandilo, outro mecânico vindo sorrindo. Corpo baixo, com indefinida. Talvez branca. E ainda guardava a sequela de um choque da rede elétrica tomada há algum tempo. Foi logo a dialogar sobre casos comuns de ambos.
Vandilo
--- Aquele fusca! – e parou.
Carioca
--- Deixa comigo. Eu acerto. –
Vandilo
--- Não é só isso. O carburador sempre falhando. – Disse isso angustiado
Carioca
--- Pois é. “Cara”. O negócio é mandar moer. Deixa comigo. Fica tranquilo. – Sorriu.
Vandilo enxugou o suor da face como quem está arrependido. E Carioca indagou apontando a moça dentro do bar.
Carioca
--- Conhece? – e apontou a moça.
Vandilo
--- Nem quero saber. Basta Nizete. – Soletrou.
Carioca
--- Tu só lembras dela. – Sorriu
Vandilo
--- E dos “chifres”. – Falou carrancudo.
Isso fez Carioca gargalhar. E depois dizer.
Carioca
--- Que é isso “cara”. A moça é direita. – Falou sorrindo
Vandilo
--- P’rás bandas. – Recusou o outro.
Carioca
--- Sabe? Tô afim dessa dona! – E apontou para Isis.
Vandilo
--- Vai lá e pronto. – Respondeu
Carioca
--- Deixa comigo. – Sorriu
Alice, então tomou as dores da moça e logo deduziu ser ela a quem Carioca falava. E respondeu.
Alice
--- Ela é moça. Nem vem. – Falou embrutecida.
Carioca
--- Tá bem, senhora. Não está mais aqui quem falou. – Sorriu e partiu para a oficina.
Alice
--- Fresco! – E cuspiu em direção do homem.
Isis
--- Deixa. Eu me viro. –
Nesse instante chegava ao balcão José Rodrigues, outro mecânico. Ele vinha sorrindo por nada. Meio corcunda, pelo jeito de andar, enxugava as mãos com uma estopa. Vendo a desavença, ele ainda olhou para Carioca e encostou no bar. Logo, pediu.
Rodrigues
--- Café, madame. – Foi o que falou a sorrir sem motivo.
Vandilo
--- O jogo? – Indagou
Rodrigues
--- Só um. – Respondeu.
Vandilo
--- América? –
Rodrigues
--- Que América. ABC mesmo. – Sorriu torcendo a cabeça
Nesse ponto, chegou um carro. Era Jorge Motorista, dono do bar. Ele estacionou o veículo e foi à mala retirar as compras. José Rodrigues se aproximou e foi logo dizendo
Rodrigues
--- Deixa que te ajudo. – Arremessou a tampa para cima.
Jorge
--- Obrigado. A carga está pesada. – e fez cara feia a retirar bananas entre outras mercadorias.
Rodrigues:
--- E o tatu? – Sorriu pondo seus dentes para fora.
Jorge.
--- Tem dois.  Arraste. – Respondeu
E assim, os tatus foram levados para dentro do barraco. O local tinha um reservado escondido onde era servida as bebidas mais finas aos fregueses de “primeira” sempre aos sábados ou véspera de feriados. Os comuns, eram despachados no próprio balcão. Os “biriteiros”, esses bebiam na rua e em qualquer lugar. A moça Isis olhava tudo com bastante atenção até Alice mandar fazer algo, como despachar enquanto a mulher sacudia as mercadorias em um devido canto escondido para os finais do barraco.  E o marido de Alice perguntou quem era a moça. Alice respondeu estar experimentando sem nada a pagar. O homem ainda olhou e nada comentou a respeito. Era mais uma àquela hora cedo do dia.
Alice
--- Deixa que eu me ajeito. Ela foi casada. Ou amigada. Sei lá. – Respondeu murmurando.
Jorge
--- Mais uma. Bom, para os dias de quarta. – Resmungou.   
Alice
--- Ele não veio mais. –
Jorge
--- Mas vem. Está carregando cigarros. Talvez sexta ou sábado. – Resmungou.
Alice
--- O rapaz me disse que ele foi para o interior. -  
Jorge:
--- Ele sempre vai. Não é novidade. –
Alice
--- Tem um sítio. –
Jorge
--- E duas ou três mulheres. Quando ele foge é para encher a cara. –
Alice sorriu e observou para dentro vendo se Isis estava acertando no feito de atender ao balcão
Alice
--- Ela está lá. –
Jorge
--- Idade? – Quis saber


Nenhum comentário:

Postar um comentário