ANJOS E DEMÔNIOS
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FEIRA DO ALECRIM -
Oito horas da manhã de sábado. A professora Gilda estava pronta para
sair em companhia de Lourdes. Procurava a bolsa que sempre levava e dizia a sua
companheira que de qualquer jeito aquela bolsa era a sua companhia em horas
estranhas.
Gilda
--- Não posso sair sem essa bolsa. - - e fez cara rude
Lourdes pegou a sua bolsinha e mostrou a dona Gilda.
Lourdes
--- Olhe aqui. Eu também levo minha bolsa. - - e sorriu
Gilda
--- Pois é. Vamos logo que já é tarde. - - e verificou seu relógio de
pulso
Daí por diante as duas companheiras ingressaram no carro e esse largou
com pressa até o Alecrim, local onde tinha a Feira do final de semana. Lourdes
indagou.
Lourdes
--- É longe? - -
Gilda
--- Nada. É perto. Quer dizer: de carro. O movimento deve estar às
alturas a esta hora da manhã. - -
O carro tomou distância até alcançar o pátio da Feira. Gente muita.
Carregadores, vendedores de sacos de papel, mulheres fazendo comidas caseiras. Homens
a bater com seus facões nas bancas da carne seca e verde. Uma multidão e tanto.
O carro estacionou diante das lojas da Avenida Um a mesma Avenida Presidente
Quaresma. Entre a multidão, desceram as senhoras que estavam para fazer as
compras. E ali seguiram viagem. Um homem com seu balaio se acercou de dona
Gilda oferecendo o serviço. A mulher visitou o local da carne seca, o caso de
maior procura. Um homem passou entre a mulher e as bancas deixando um odor inesquecível
Lourdes
--- Ô catinga! - - reclamou a moça
E Gilda sorriu. Frutas das mais variadas. Mamão, melão, manga, melancia
enfeitavam as bancas entre pingentes ou mesmo as bancas de peixes cujo odor era
arrepiante. Carnes de bodes que era o mesmo de cabras era o mesmo que pilões, raspadores,
quengos e urupembas, coisas simples e singulares em meio a sacos cheios de
quitandas exalando um forte cheiro ase misturar com os demais. Tudo isso não punha
ao longe os saborosos cajus ou mel de abelha, pamonhas entre os sacos de
feijão, farinha, milho, açúcar e ainda bebidas quentes. Era então um alvoroço.
Menino a correr por entre as bancas e velhos a mendigar esmolas pelo Santo Amor
de Deus. Ao passar por uma banca de goma Gilda parou.
Gilda
--- Goma! Eu levo? - - perguntou a Lourdes
Lourdes
-- Leve. Tem muitas. Tem até fumo de corda. - - sorriu
Gilda
--- E eu quero fumo? - - com cara enfezada
Roupas malfeitas se erguiam com os cantadores com suas violas. Chapéu
de palha se misturavam com as bancas de ervas de todos os tipos. Quartinhas de
barro de todos os tipos faziam parte com as cabeças de índios vindo do interior.
Lourdes
--- Olha, gente. Índios bem feitos- - relatou abismada
Doce de coco, amendoim salgadinho entre estatuetas de São Sebastião, Nossa
Senhora e São José com o Menino Jesus. Arapuca era que não faltava e nem
tampouco as mulheres rendeiras.
Gilda
--- Vamos para as mangas. - - sorriu.
Um calor de matar. Dois policiais vinham arrastando um batedor de
carteira, ele amarrado pelos punhos e a calça contada em sua cintura.
Caranguejo Uçá, isso não faltava em meio aos goiamuns verdadeiros juntos a
porções de camarões grande e pequenos. As bancas de frutas se via constante os abacaxis
em meio das melancias em meio aos arranjos de flores. Gilda já havia comprado a
carne seca, feijão, arroz, açúcar bruto, goma, e frutas as mais diversas parecendo
não faltar mais nada.
Lourdes
--- Parece que não falta mais nada. - -
Gilda
--- Então, vamos embora. - -
As duas mulheres e o homem do balaio seguiram para a frente onde estava
estacionado o carro. E lavaram com elas o balaeiro para descarregar em casa as
compras feitas. Pra Gilda era o fim da feira. Nada mais a fazer.
Após o almoço, a professor Gilda Leal foi descansar um pouco a tempo de
dormir. Tudo era silêncio naquela tarde de sábado. A moça Maria achou de
perguntar a sua companheira Lourdes o que tanto a moça conversava com dona
Gilda. E a moça respondeu.
Lourdes
--- Coisas do arco da velha. Ela sabe muito. Eu não sei nada. - -
sorriu
Maria
--- Tem um velho, na minha terra, que ele sabe de muitas coisas. Coisas
que eu nunca ouvi falar. Certa vez ela ajuntou os meninos em frente de sua casa
e contou história que eu digo “de Trancoso”. Mas ele disse ser de verdade. - -
alegou
Lourdes
--- Que histórias? - -
Maria
--- Um punhado. Eu lembro de uma que ele contou. Uma de que ele chamou
dos Mayas. Ele falou de um tempo que esse povo construiu pirâmides alinhadas
com as Estrelas. E igualmente a outros povos do outro lado do mundo, parece ser
chamado egípcios. Esse povo de foram era como esses Mayas. Mumificavam os
mortos. Não sei como ele faziam. O velho conta história impressionante e do
vasto conhecer dos Mayas em questão de astronomia, se é esse o nome. O velho
conta ainda que os tais poderes foram passados pelos deuses parecidos com
cobras ou lagartos. O homem falou que muitos objetos Mayas mostram figuras como
lagartos com suas línguas em forma de línguas de lagartos. - - informou
Lourdes
--- E esse velho ainda vive? - - indagou curiosa
Maria
--- Vive. Ele é durão. Tem uns 70 anos. Mas é duro. O velho conta que
muitas estatuetas seguram recipientes chamado “Situlas” contendo o DNA da “Água
da Vida”. Algumas esculturas mostram humanoides com cabeças alargadas, como os
extraterrestres. Da mesma forma que os antigos egípcios, diz o velho, os Mayas
sepultavam sua elite em sarcófagos. Um
Discos se transformou em uma Serpente Voadora, certa vez, parecendo um Disco
esféricos. Depois se transformou em uma Serpente Voadora. O homem contou tudo
isso. - - falou baixinho
Lourdes
--- Nossa! E ninguém soube disso? - - quis saber
Maria
--- Não sei. Acho que o povo mais antigo sabe. Eu sei porque o velho
contou. - -
Lourdes
--- E dona Gilda sabe? - -
curiosa
Maria
--- Deve saber. Ela estuda. Então deve saber. - -
Lourdes
--- Vou perguntar mais tarde. De noite após a janta. - -
Maria
--- Pois diga também que o velho sabe que a representação de pessoas
com traços europeus na antiga arte aborígene também ocorre na parte oposta do
planeta, no Peru, assim o velho afirmou. Desenhos de gente com barba e traços
europeus em uma época e lugar não devia existir europeus. Foi como o homem
contou.
Lourdes
--- Assim já é demais. Ela falou de povo europeu na América do Sul
quando não havia ninguém nesse continente. Será que eles viveram no Brasil? - -
Maria
--- Não sei. Mas tudo leva a crer. É que mataram os silvícolas. Quase
todos. Os do Brasil. Mataram a foice e facão essa peste de português.
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