terça-feira, 14 de julho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 34 -

- CHUVA -
- 34 -
TEMPESTADE

Chovia à píncaros na cidade. O vento uivava como um lobo feroz. Nos galhos dos pés de árvores plantadas no quintal de Dalva, o rugido era feroz. O tiro ecoou no escuro. E a energia faltou. O abajur que estava ligado, apagou de vez. Na casa grande, as lâmpadas se apagaram. Um gato soltou um miado maldito como uma fera assustada. A ventania soprou mais forte ainda. Parecia até a maldição do demônio.
Noca
--- Faltou luz. – Comentou vinda da cozinha com uma penca de lagosta.
Sorvetinho:
--- É um frio danado! – Disse assustada a moça.
Noêmia:
--- Na minha terra é sinal de agouro. – Falou a bendita mulher a olhar o espaço
Noca:
--- Eu ouvi falar, certa vez, há tempos, que a maldição vinha com a imensa escuridão. –
Noêmia
--- O temor é bem pior para os lados do cemitério. –
Noca
--- Se for noite escura. O assombro é bem pior. – Falou lastimosa.
Sorvetinho
--- Vocês só comentam coisas ruins. Eu moro próximo ao cemitério, e nada ocorreu quando chovia tanto assim. –
Noca:
--- Escute! Escute! Ouve-se uma voz de um gigante. Ele busca alma. – Falou aterrorizada.
Sorvetinho:
--- Ô besteira! Quanta bobagem. Houve falta de luz. Caiu um ferro do poste! Ora! – Balbuciou.
Noêmia sorriu. O menino Ciro queria ir para o quarto, dormir. Ele estava espantado com aquele assombro. A sua madrinha o apanhou e rumou direto para a cama de solteiro. O quarto infantil era bem aconchegante. Tudo era feito com doses extras de atenção, principalmente com o mobiliário escolhido. Assim, fica resguardado um maior conforto com locais para se guardar brinquedos e acessórios da criança. Além de ser um local para descanso, criava um espaço para o pequeno se divertir a contento. Além da cama de criança, podia-se observar uma mesa com cadeira servindo de bancada de recreação com amplo espaço para se desenvolver tarefas. Era um ideal quarto infantil com alta tranquilidade e conforto. O toque colorido ficou por conta de Walquíria. Um mimo para alegrar os olhos de qualquer criança. A ausência da imponente iluminação adequada permitia se abrir as janelas de forma não trazer ventilação em maior quantidade. Apenas trazia a claridade da manhã.
Walquíria pôs o menino na cama e com ele ficou a trocar ideias de brincadeiras infantis. Um tombo ensurdecedor. Um galho de pau a ruir. Um relâmpago. O espocar de trovão. O medo assomou o menino. Ele se agarrou com a sua madrinha. Ela se deitou e fez caricias para Ciro sossegar por completo
Sorvetinho
--- Nada demais. Apenas um galho de pau. – fez alento a criança.
Ciro:
--- Caiu? – e apontou para cima.
Sorvetinho
--- Sim. O jardineiro já está cuidado para arrancar o mato. – Tranquilizou.
Ciro
--- O jardineiro viu? - - indagou temeroso
Sorvetinho
--- Sim. Ele viu. Durma. – Tranquilizou.
Ciro
--- Não tenho sono. – Comentou
Sorvetinho
--- Eu sei. Mas ele não tarda a chegar. – Disse a moça a sorrir
Ciro
--- Como ele vem? – Quis saber
Sorvetinho
--- Voando. Pelas asas do corcel. – Explicou.
Ciro
--- Corcel? O que é isso? – Quis saber.
Sorvetinho
--- Um cavalo alado todo branco e com asas. – Sorriu deitada na cama.
Ciro
--- O que é alado? – Perguntou outra vez.
Sorvetinho
--- Um corcel de voa para os alpes brilhantes da relva. – Voltou a falar sorrindo
Ciro:
--- Relva? O que é relva? – Perguntou sem saber.
Sorvetinho
--- É um lugar maravilhoso cheio de fadas. – Explicou sorrindo
Ciro
--- Fadas? Que são fadas? – Quis saber curioso.
Sorvetinho:
--- Duendes. Garotas brincalhonas com asas de borboletas. – Tornou a explicar a acariciar o menino
Ciro
--- E elas brincam? – Despertou
Walquíria
--- Brincam. Brincam. De jote calafanhote. – Sorriu a madrinha.
Ciro:
--- Jote? – Indagou estranhando.
Walquíria:
--- Sim. Só elas sabem brincar. Brincam e brincam. – Sorriu delicada.
Ciro:
--- E eu posso brincar também? – Indagou curioso
Walquíria
--- Não de Jote. Pode brincar de cavalo alado, de bobarquiho e de outras travessuras. – Explicou calma
Ciro
--- Mas se eu quiser brincar de jote? – Quis saber curioso
Walquíria.
--- Veja bem. Jose é para as meninas. As Sílfides. Elas têm asas. Só elas sabem brincar. – Sorriu
Ciro
--- Sílfides? O Que é isso? – Perguntou curioso.
Sorvetinho:
--- Sílfides? São Duendes. Meninas que voam. Rosas místicas. Elas intervêm nos sonhos dos meninos. É um ser mitológico. Fantástico. – Explicou bem calma


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