- CHUVA -
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TEMPESTADE
Chovia à
píncaros na cidade. O vento uivava como um lobo feroz. Nos galhos dos pés de
árvores plantadas no quintal de Dalva, o rugido era feroz. O tiro ecoou no
escuro. E a energia faltou. O abajur que estava ligado, apagou de vez. Na casa
grande, as lâmpadas se apagaram. Um gato soltou um miado maldito como uma fera
assustada. A ventania soprou mais forte ainda. Parecia até a maldição do
demônio.
Noca
--- Faltou luz.
– Comentou vinda da cozinha com uma penca de lagosta.
Sorvetinho:
--- É um frio
danado! – Disse assustada a moça.
Noêmia:
--- Na minha
terra é sinal de agouro. – Falou a bendita mulher a olhar o espaço
Noca:
--- Eu ouvi
falar, certa vez, há tempos, que a maldição vinha com a imensa escuridão. –
Noêmia
--- O temor é
bem pior para os lados do cemitério. –
Noca
--- Se for
noite escura. O assombro é bem pior. – Falou lastimosa.
Sorvetinho
--- Vocês só
comentam coisas ruins. Eu moro próximo ao cemitério, e nada ocorreu quando
chovia tanto assim. –
Noca:
--- Escute!
Escute! Ouve-se uma voz de um gigante. Ele busca alma. – Falou aterrorizada.
Sorvetinho:
--- Ô besteira!
Quanta bobagem. Houve falta de luz. Caiu um ferro do poste! Ora! – Balbuciou.
Noêmia sorriu.
O menino Ciro queria ir para o quarto, dormir. Ele estava espantado com aquele
assombro. A sua madrinha o apanhou e rumou direto para a cama de solteiro. O
quarto infantil era bem aconchegante. Tudo era feito com doses extras de
atenção, principalmente com o mobiliário escolhido. Assim, fica resguardado um
maior conforto com locais para se guardar brinquedos e acessórios da criança.
Além de ser um local para descanso, criava um espaço para o pequeno se divertir
a contento. Além da cama de criança, podia-se observar uma mesa com cadeira
servindo de bancada de recreação com amplo espaço para se desenvolver tarefas.
Era um ideal quarto infantil com alta tranquilidade e conforto. O toque
colorido ficou por conta de Walquíria. Um mimo para alegrar os olhos de
qualquer criança. A ausência da imponente iluminação adequada permitia se abrir
as janelas de forma não trazer ventilação em maior quantidade. Apenas trazia a
claridade da manhã.
Walquíria pôs o
menino na cama e com ele ficou a trocar ideias de brincadeiras infantis. Um
tombo ensurdecedor. Um galho de pau a ruir. Um relâmpago. O espocar de trovão.
O medo assomou o menino. Ele se agarrou com a sua madrinha. Ela se deitou e fez
caricias para Ciro sossegar por completo
Sorvetinho
--- Nada
demais. Apenas um galho de pau. – fez alento a criança.
Ciro:
--- Caiu? – e
apontou para cima.
Sorvetinho
--- Sim. O
jardineiro já está cuidado para arrancar o mato. – Tranquilizou.
Ciro
--- O
jardineiro viu? - - indagou temeroso
Sorvetinho
--- Sim. Ele
viu. Durma. – Tranquilizou.
Ciro
--- Não tenho
sono. – Comentou
Sorvetinho
--- Eu sei. Mas
ele não tarda a chegar. – Disse a moça a sorrir
Ciro
--- Como ele
vem? – Quis saber
Sorvetinho
--- Voando.
Pelas asas do corcel. – Explicou.
Ciro
--- Corcel? O
que é isso? – Quis saber.
Sorvetinho
--- Um cavalo
alado todo branco e com asas. – Sorriu deitada na cama.
Ciro
--- O que é
alado? – Perguntou outra vez.
Sorvetinho
--- Um corcel
de voa para os alpes brilhantes da relva. – Voltou a falar sorrindo
Ciro:
--- Relva? O
que é relva? – Perguntou sem saber.
Sorvetinho
--- É um lugar
maravilhoso cheio de fadas. – Explicou sorrindo
Ciro
--- Fadas? Que
são fadas? – Quis saber curioso.
Sorvetinho:
--- Duendes.
Garotas brincalhonas com asas de borboletas. – Tornou a explicar a acariciar o
menino
Ciro
--- E elas
brincam? – Despertou
Walquíria
--- Brincam.
Brincam. De jote calafanhote. – Sorriu a madrinha.
Ciro:
--- Jote? – Indagou
estranhando.
Walquíria:
--- Sim. Só
elas sabem brincar. Brincam e brincam. – Sorriu delicada.
Ciro:
--- E eu posso
brincar também? – Indagou curioso
Walquíria
--- Não de
Jote. Pode brincar de cavalo alado, de bobarquiho e de outras travessuras. – Explicou
calma
Ciro
--- Mas se eu
quiser brincar de jote? – Quis saber curioso
Walquíria.
--- Veja bem.
Jose é para as meninas. As Sílfides. Elas têm asas. Só elas sabem brincar. – Sorriu
Ciro
--- Sílfides? O
Que é isso? – Perguntou curioso.
Sorvetinho:
--- Sílfides?
São Duendes. Meninas que voam. Rosas místicas. Elas intervêm nos sonhos dos
meninos. É um ser mitológico. Fantástico. – Explicou bem calma
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