- ÔNIBUS -
01 -
COMEÇO
O ônibus vindo do interior chegou
a estação de desembarque ao meio dia trazendo o restante dos passageiros. A
estação ficava no bairro da Ribeira, apenas para os ônibus do interior. Isso
fazia o embarque e desembarque em hora marcada. Para a chegada o ponto era pelo
lado da sombra enquanto o de saída, pelo lado do sol. Pois era assim que os
passageiros costumavam a chamar. Na verdade, o lado direto era o de chegada e
lado esquerdo de saída dos transportes. A estação era nova com quiosques e
bares. Os viajantes chegados podiam, se quisesse, fazer refeição em um dos
restaurantes. E se tivesse dinheiro. O ônibus chegado a pouco mais das doze
horas desembarcou os passageiros encharcados de poeira. Havia criança chorando
por qualquer motivo e a sua mãe a acalentar com cuidado. Entre todos o que
chegaram estava também a jovem Lourdes Feitosa, 22 anos de idade. Com uma roupa
suja pelo pó da estrada, Lourdes indagou ao motorista do ônibus onde ficava o
restaurante Lago Azul.
Motorista
--- Lago Azul? Não! Talvez fique
perto do Cais. – - respondeu
Lourdes.
--- Disseram que era perto do
SAPS. O senhor sabe? - -
Ajudante
--- No começo da Rio Branco. - -
respondeu o ajudante a retirar as tralhas de dentro o ônibus
Soldador.
--- Eu sei onde fica. Querendo,
eu vou para lá. - - intrometeu-se
Lourdes
--- Rio Branco? É perto? - -
voltou-se para o soldador.
Soldador
--- Do outro lado da praça. Pode
seguir em frente. Quando passar esse edifício do Teatro, é só dobrar à
esquerda. O Lago fica no meio do caminho. Tem o SAPS de um lado e o Lago do
outro. Vamos. Eu deixo a senhora na frente do restaurante. - -
Lourdes
--- Ah bom. Assim é melhor. O
senhor é daqui? - -
Soldador
--- Da Paraíba. Estou aqui há um
bom tempo. A senhora é de Mossoró? - -
Lourdes
--- Sou de perto. Mas nunca
estive em Mossoró. É uma cidade grande. - -
Após breve percurso, o soldador
chegou ao restaurante. Durante o trajeto, os dois estranhos conversaram sobre a
cidade onde a moça chagava pela primeira vez. E disse ainda conhecer a dona do
restaurante, conhecida por Zefinha, mulher de seu Geraldo, o verdadeiro dono do
Restaurante. O soldador também relatou de chamar Hélio. Ele era de Campina
Grande, porém a certo tempo trabalhava em uma oficina na Rua Sachet.
Hélio
--- Meu nome é Hélio e trabalho
numa oficina na Rua Sachet. - -
Lourdes
--- Sachet? Que nome? O que é
isso? - -
Hélio
--- Sei lá. O povo é quem chama
desse nome. - Sorriu - Eu conheço o homem, Geraldo. Magro e alto. - -
Lourdes
--- Ele esteve na minha terra com
a mulher Zefinha. Por sinal, ela é de Ipanguaçu perto de Assú, a minha cidade.
- - confessou
Hélio
--- Assú é a cidade que não
chove. Dizem. - - sorriu
Lourdes
--- É o que o povo diz. Mas
chove, sim. Tem criação de gado e muita carnaubeira. Os coronéis de lá são
gente de verdadeira posse. Agora, tem os pobres. - - falou cismada
Hélio
--- Tem estrada? - - indagou.
Lourdes
--- Tem estrada de barro. Só dá
poeira. É uma longitude sem fim. - -
Hélio
--- Imagino. É como Campina
Grande. - -
Lourdes
--- Estamos perto? - -
Hélio
--- É aqui mesmo. Entre. Não
ofende. - - reportou sorrindo
Lourdes
--- Eu já estava sentindo o
cheiro da comida. Hum! Que delícia! - - e sorriu.
Hélio
--- Chegou na hora! - - reportou
Lourdes
--- E dona Zefinha? - - indagou a
verificar por todo o canto
Garçonete
--- Ela saiu. Faz pouco. - - falo
a garçonete
Lourdes
--- Está bom. Eu espero. Tem o
que se comer? - -
Garçonete
--- Galinha, picado, peixe. Que
prefere? - -
Lourdes
--- O primeiro. Galinha mesmo. -
- sorriu
Hélio
--- Vou seguir. Mas tarde eu
volto. Vejo que já acertou. - - sorriu.
Lourdes
--- Com um calor desses já vai
trabalhar? - -
Hélio
--- É o costume. - -
Lourdes
--- Então, por mim, está
despachado. Até de tarde. - -
Garçonete
--- Dona Zefinha está chegando. -
- falou a mulher apontando a porta.
Lourdes olhou em volta e saiu
correndo para abraçar a dona do restaurante. Zefinha correu para cima e se
abraçou dizendo
Zefinha
--- Mulher. Por onde você veio? -
- falou abraçada com Lourdes.
Lourdes
--- Um homem me trouxe. Se não
fosse ele eu estava perdida. - -
Zefinha
--- Eu não falei de frente ao
SAPS? - -
Lourdes
--- Sim. Falou. Mas estava
desnorteada. Afinal o mecânico se fez presente e me trouxe. - -
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