sábado, 23 de janeiro de 2016

LAGO AZUL - 01 -

- ÔNIBUS -
01 -
COMEÇO

O ônibus vindo do interior chegou a estação de desembarque ao meio dia trazendo o restante dos passageiros. A estação ficava no bairro da Ribeira, apenas para os ônibus do interior. Isso fazia o embarque e desembarque em hora marcada. Para a chegada o ponto era pelo lado da sombra enquanto o de saída, pelo lado do sol. Pois era assim que os passageiros costumavam a chamar. Na verdade, o lado direto era o de chegada e lado esquerdo de saída dos transportes. A estação era nova com quiosques e bares. Os viajantes chegados podiam, se quisesse, fazer refeição em um dos restaurantes. E se tivesse dinheiro. O ônibus chegado a pouco mais das doze horas desembarcou os passageiros encharcados de poeira. Havia criança chorando por qualquer motivo e a sua mãe a acalentar com cuidado. Entre todos o que chegaram estava também a jovem Lourdes Feitosa, 22 anos de idade. Com uma roupa suja pelo pó da estrada, Lourdes indagou ao motorista do ônibus onde ficava o restaurante Lago Azul.
Motorista
--- Lago Azul? Não! Talvez fique perto do Cais. – - respondeu
Lourdes.
--- Disseram que era perto do SAPS. O senhor sabe? - -
Ajudante
--- No começo da Rio Branco. - - respondeu o ajudante a retirar as tralhas de dentro o ônibus
Soldador.
--- Eu sei onde fica. Querendo, eu vou para lá. - - intrometeu-se
Lourdes
--- Rio Branco? É perto? - - voltou-se para o soldador.
Soldador
--- Do outro lado da praça. Pode seguir em frente. Quando passar esse edifício do Teatro, é só dobrar à esquerda. O Lago fica no meio do caminho. Tem o SAPS de um lado e o Lago do outro. Vamos. Eu deixo a senhora na frente do restaurante. - -
Lourdes
--- Ah bom. Assim é melhor. O senhor é daqui? - -
Soldador
--- Da Paraíba. Estou aqui há um bom tempo. A senhora é de Mossoró? - -
Lourdes
--- Sou de perto. Mas nunca estive em Mossoró. É uma cidade grande. - -
Após breve percurso, o soldador chegou ao restaurante. Durante o trajeto, os dois estranhos conversaram sobre a cidade onde a moça chagava pela primeira vez. E disse ainda conhecer a dona do restaurante, conhecida por Zefinha, mulher de seu Geraldo, o verdadeiro dono do Restaurante. O soldador também relatou de chamar Hélio. Ele era de Campina Grande, porém a certo tempo trabalhava em uma oficina na Rua Sachet.
Hélio
--- Meu nome é Hélio e trabalho numa oficina na Rua Sachet. - -
Lourdes
--- Sachet? Que nome? O que é isso? - -
Hélio
--- Sei lá. O povo é quem chama desse nome. - Sorriu - Eu conheço o homem, Geraldo. Magro e alto. - -
Lourdes
--- Ele esteve na minha terra com a mulher Zefinha. Por sinal, ela é de Ipanguaçu perto de Assú, a minha cidade. - - confessou
Hélio
--- Assú é a cidade que não chove. Dizem. - - sorriu
Lourdes
--- É o que o povo diz. Mas chove, sim. Tem criação de gado e muita carnaubeira. Os coronéis de lá são gente de verdadeira posse. Agora, tem os pobres. - - falou cismada
Hélio
--- Tem estrada? - - indagou.
Lourdes
--- Tem estrada de barro. Só dá poeira. É uma longitude sem fim. - -
Hélio
--- Imagino. É como Campina Grande. - -
Lourdes
--- Estamos perto? - -
Hélio
--- É aqui mesmo. Entre. Não ofende. - - reportou sorrindo
Lourdes
--- Eu já estava sentindo o cheiro da comida. Hum! Que delícia! - - e sorriu.
Hélio
--- Chegou na hora! - - reportou
Lourdes
--- E dona Zefinha? - - indagou a verificar por todo o canto
Garçonete
--- Ela saiu. Faz pouco. - - falo a garçonete
Lourdes
--- Está bom. Eu espero. Tem o que se comer? - -
Garçonete
--- Galinha, picado, peixe. Que prefere? - -
Lourdes
--- O primeiro. Galinha mesmo. - - sorriu
Hélio
--- Vou seguir. Mas tarde eu volto. Vejo que já acertou. - - sorriu.
Lourdes
--- Com um calor desses já vai trabalhar? - -
Hélio
--- É o costume. - -
Lourdes
--- Então, por mim, está despachado. Até de tarde. - -
Garçonete
--- Dona Zefinha está chegando. - - falou a mulher apontando a porta.
Lourdes olhou em volta e saiu correndo para abraçar a dona do restaurante. Zefinha correu para cima e se abraçou dizendo
Zefinha
--- Mulher. Por onde você veio? - - falou abraçada com Lourdes.
Lourdes
--- Um homem me trouxe. Se não fosse ele eu estava perdida. - -
Zefinha
--- Eu não falei de frente ao SAPS? - -
Lourdes
--- Sim. Falou. Mas estava desnorteada. Afinal o mecânico se fez presente e me trouxe. - -


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