- PEIXE -
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PEIXE -
Após adquirir os peixes do Canto
do Mangue, no bairro das Rocas, os dois conhecidos voltaram para o restaurante
a conversar com homem as coisas vãs. Lourdes indagou como Zefinha comprava o
pescado e o pescador nem se importava em receber pagamento. Por seu lado, Rapa
Coco relatava ser muita antiga a amizade entre a mulher e o pescador. Coisa de
meninos.
Rapa Coco
--- Sua mãe já comprava peixe a
Molambo. Os dois eram crianças. O Canto do Mangue era um destroçado completo.
Nesse tem, a mãe de Zefinha morava com um sujeito que trabalhava no Cais do
Porto. Amizade antiga. - -
Lourdes
--- Ah, sim. Entendo agora. Então
o senhor disse para Molambo que depois a mulher pagava? –
Rapa Coco
--- Disse por dizer. Ele sabe.
Daqui há um pouco ele para no Bar. –
Lourdes
--- Temo que eu tenha que vir
comprar peixe para Zefa - - falou amedrontada
Rapa Coco
--- Mas isso não tem importância.
Eu vim, para ensinar o caminho a senhora. - -
Lourdes
--- Eu? Quer dizer: eu venho
fazer as compras? - - indagou assustada.
Rapa Coco
--- E o que tem isso? Nada
demais. Ele já sabe e manda aquantia do pedido. - -
Lourdes
--- Ave Maria. Não gosto disso.
Depois dá um vira. - -
Rapa Coco
--- Não tem vira nenhum. É só
pedir e o pacote está pronto. –
Lourdes
--- Assim ‘tá bom. Esse homem é
brabo? - - indagou temerosa.
Rapa Coco
--- Sei lá. Comigo nunca fez
nada.
Ambos seguiam pela rua do Bonde –
Rua Duque de Caxias - próximo à rua
Ferreira Chaves. Nesse momento um grupo de pessoas seguia quatro soldados da
polícia comandando um preso completamente esmolambado, roupas rasgadas, sem
cinto e quase sem camisa pois a usada estava aos pedaços. O povo gritava
palavras de ameaças enquanto os militares tentavam proteger o preso. Lourdes
tremeu no chão e indagou:
Lourdes
--- Um preso? Que foi que houve?
- - falou a moça totalmente alarmada.
Rapa Coco
--- De ter sido morte na certa. -
- respondeu o homem
Lourdes
--- Vamos sair daqui! - - e meteu
o pé no chão.
Rapa Coco sorriu e nem fez menção
em correr. Saiu no mesmo passo. Achava graça com o fatal desespero da moça.
Mulheres da vida alegre caminhavam ao longo conversão sobre o preso.
Mulher
--- Faz bem. Ele matou a mulher
sem segurança alguma. - -
Duas
--- Ela estava de cara cheia. - -
Três
--- Deus me perdoe. Ela estava
até de devendo um frasco de perfume. Eu perdoo por tudo que a mulher fez - -
E assim Lourdes chegou ao Bar,
não sabe nem como. A Igreja do Bom Jesus foi sua guia. Logo após vinha Rapa
Coco. Sorria como que. Carros, pessoas, hospedes do Grande Hotel, gente de
bares a falar altíssimo. Era tudo o que se ouvia. Lourdes chegou ao bar do
restaurante Lago Azul, atormentava com os soldados da Polícia a conduzir o
prezo. Quase nem poder falar, ainda assim a moça declarou.
Lourdes
--- Um preso, Zefa! Ave Maria! O
homem todo rasgado! O povo gritando horrores! - - foi o que disse jogando na
banca o monte de peixes.
Zefinha
--- Quem? Como? Mais um? Vá ver
que matou alguém! - - disse no exato momento em que descompunha.
Lourdes
--- Estou morrendo de medo! - -
relatou a chorar
Rapa Coco
--- Besteira! Isso tem toda hora!
- - declarou o homem com o resto do pescado a despeja na banca
Zefinha
--- Deixa ela. Vai se
acostumando. - -
Lourdes
---- Você só diz isso? Nossa Mãe!
Eu estou a me tremer todinha! - -
Zefinha
--- Chega para lá. Rapa Coco! Que
foi que Molambo disse? - - perguntou de mãos nas ancas.
Rapa Coco
--- Nada! Só entregou o pescado.
- - relatou
Zefinha
--- Nem se vinha aqui? Mas ele
vem! Sei que vem! - -
Rapa Coco
--- Tem um trago? - - pergunto já
quase embriagado
Zefinha
--- Lá vem! Lá vem! Peça a
Zuleide! - - e revoltada deu meia volta e foi para o interior do bar.
Zuleide
--- Ele já está bêbado! - - e
veio com o copo e a garrafa de cana.
Rapa Coco sorriu e despejou a
cachaça para dentro do copo e tomo tudo de uma vez. Lourdes observou atenta e
apenas declarou.
Lourdes
--- E ele tomou tudo de um só
gole! - - declarou assustada.
Outros beberrões se acercaram do
bar fazendo barulho infernal com gargalhada e assobios. Eram todos contentes.
Lourdes de imediato saiu do bar e foi se lavar da sujeira do peixe em seus
braços. Zuleide continuou a despachar aos ilustrado sem moedas.
Zuleide
--- Que vão querer? - - perguntou
aos miseráveis
Freguês
--- O de toda hora. Cerveja! - -
relatou um deles
Freguês-2
--- Tem caranguejo! - -
perguntou.
Zuleide
--- Tem. O que mais? – azucrinada
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