- TRAVESSEIROS -
- 04 -
TRAVESSEIROS -
Então, Dalva Lopes deixou passar
alguns segundos, tempo de recordar a grave de situação de há muito tempo,
quando o casal discutiu por um breve momento. Ela olhou bem para o senhor José
Afrânio e pode saber se era falso ou não o informe dado. Ficou cismada pela a
memória de um homem que ela jamais o conhecera antes. E o caso do aborto foi
apenas assunto de família, um casal ainda jovem e sem maturidade para
conversas. A cabeça de Dalva rodou feito um pião e ela assentou de forma
afirmativa.
Dalva
--- Houve um caso dessa natureza.
Como sempre há entre casais. Choro, lágrimas e tudo mais. E quando foi que
houve entre nós? Pergunte a ele? –
José Afrânio se voltou para o
espirito de Marcos Baldo e fez o questionamento sem ditar maiores palavras no
caso. E o espirito respondeu.
Baldo:
--- Depois disso ela se trancou
no quarto. –
José Afrânio falou de volta
esperando ter sido entendido. Dalva ouviu mas pôs em dúvidas.
Dalva
--- Isso também é verdade. E teve
mais algo que o espírito de Baldo se lembra? – Indagou com casualidade.
José Afrânio voltou a questão
para a entidade e esperou resposta. Dita, o ancião se voltou a falar com a
mulher.
Zequinha:
--- Ele pergunta se a senhora se
lembra que ele lhe chamou de “chefinha” nessa ocasião? –
A mulher delirou por alguns
segundos e quase não se lembrada de ter dito nada. Mas a palavra foi algo muito
especial. Ela ditar como ouve resposta era, sem dúvidas, uma forma de agrado.
Dalva
--- Sim. Teve algo que me
surpreendeu. Acho que foi essa palavra. E de que traje ele estava? –
Seu José Afrânio custou a
entender, porém formulou a questão. E a resposta veio em seguida.
Baldo
--- Traje completo. Eu não tirei
nem os sapatos. –
E se voltou a senhora Dalva
ditando a resposta. Em seguida, José Afrânio falou.
Zequinha
--- O seu marido apenas disse
isso. Verdade? –
Dalva
--- Verdade. Ele estava com
trajes completo. Eu me lembro pôs olhes de um momento. Só isso. Depois o que
fiz? Pergunte? –
José Afrânio se voltou e fez a
pergunta ao “espirito”. Esse respondeu.
Baldo
--- Ela enfiou a cabeça em baixo
do travesseiro. –
Resposta dita e José Afrânio
falou.
Zequinha
--- A senhora enfiou a cabeça em
baixo do travesseiro. –
A mulher deixou passar alguns
segundos e voltou a indagar.
Dalva
--- Era braço o travesseiro? –
Quis saber.
José Afrânio se voltou para
entidade com a questão levantada. E entidade respondeu.
Baldo
--- Róseo. Era o dela. Nesse dia
ela trocou os travesseiros.
José Afrânio se voltou com a
resposta e indagou se estava correta.
Dalva
--- Não era verde? – Perguntou
José Afrânio voltou ao espirito.
E formulou a pergunta. A entidade respondeu
Baldo
--- Verde foi no dia anterior.
Nós tenhamos o hábito demudar as cores conforme o dia. Ela ainda seque à risca
como lembrança. A lavadeira, certa vez, trocou as cores. E “chefinha” ajeitou
logo após. –
A mulher estremeceu de susto.
Tudo coincidia pelo decorrer do tempo. Após essa discussão, a senhora Dalva
Lopes formulou nova questão.
Dalva:
--- Quanto a mim: eu ainda vou me
casar ou ter algum envolvimento? – Quis saber
E José Afrânio fez a pergunta ao
espirito de Baldo. Após alguns segundos veio a resposta.
Baldo
--- Quando ao seu futuro, eu não
sei. Mas, quando ao presente, você terá um filho ainda hoje de uma mulher que
não posso identificar. Mesmo assim, eu sei que a mãe depositou uma caixa com
uma criança recém-nascida em sua porta do seu apartamento. E, por tudo que é
sagrado, não enjeite a criança. Ela é o filho que tu não querias tê-lo. – Declarou
A informação chegou como um
choque e, após alguns segundos, José Afrânio declarou a indagar por via das
dúvidas
Zequinha:
--- Posso falar? – Perguntou a
Dalva Lopes
Dalva
--- Pode! Estou a ouvi-lo. –
Declarou se aprumando em pé
E José Afrânio relatou o que o
espirito do ente esteve a ditar em todos os seus detalhes, como sendo, “por
tudo que é sagrado”. E logo após, o ancião se desculpou, pois nada do que falou
foi uma ofensa. E falhou em tempo de
muito vagar.
Zequinha:
--- É crime quando se tira a vida
de um filho antes do seu nascimento, mesmo sendo por adultério. Uma mãe teve um
caso extraconjugal e engravidou, ela terá aquele filho. Ela não deve pensar em
quem fez. Pode ser um anônimo amante. Mas ela deve ter esse filho. O caso é que
um namorado extraconjugal da mulher fez um filho, ela deve ser a mãe dessa
criança. Mesmo ele sendo um escravo. Não existe estrupo. Veja bem isso. Esse é
um instante que o espirito encontra de proceder a sua jornada evolutiva. –
Declarou com sobriedade.
Dalva
--- Mas, eu estive apenas com o
meu marido. O fato é que não queria ter um filho naquele momento. Nós nos
estávamos preparando. Tinha poucos meses de casados. E esse assunto meu deu até
asco por muito tempo. Agora vem a possibilidade de vir a ser a mãe adotiva de
uma criança! Eu não quero um filho jamais. – Relatou a mulher um tanto
aborrecida.
Zequinha
--- Veja bem. A criança bem que
pede para nascer naquele lar. Mas se houve alguma vez um desentendimento em que
a mulher não queria ser mãe, então a mulher rejeita. Esse é um caso. O aborto
já é, por si só, um crime contra a humanidade. Porém se a criança nasce, ela
tem o seu direito de vida. Pense bem nesse ponto. E se for depositado em um
lar, então, esse ser tem mais direito ainda de ser criado. A criança vem para
um lar e encontra uma mãe. Se essa mãe o acolhe, é bem provável ser ele o filho
amado. Uma criança que, um dia, foi rejeitada. – Declarou com firmeza.
Dalva
--- E quem vai dar leite ao
menino? Trocar fraldas? Acariciar? Ir ao médico? Fazer tudo o que a criança
precisa ao nascer? Quem? – Indagou com mágoa
Zequinha
--- Essa mãe que o dotou. Tudo é
muito simples. –
Dalva
--- Mas jogara a criança em minha
porta, se for verdade o que Baldo fala. –
Baldo
--- Eu falo porque é o nosso
filho feito em outra mulher. – Disse o espírito
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