quinta-feira, 11 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 10 -

- APARTAMENTO -
- 10 -
SUSTO -

Eram passados alguns meses e o menino Ciro já começara a andar pelo apartamento ou na calçada da rua apoiado por sua madrinha ou sua mãe. Uma madrugada, já passava da meia noite de domingo, a madrinha de Ciro, senhorita Walquíria, dormia tranquila no mesmo cômodo de Dalva onde era posto o menino em um berço dividindo as duas camas: uma de Dalva Lopes e a outra, de Walquíria Beraldo. De momento, Walquíria, a Sorvetinho, como se chamava entre os familiares e amigos, despertou por acaso para ver como estava a dormir o menino. Foi como num sonho. A moça acordou e adormeceu novamente. Mas, de momento, Sorvetinho pôs-se acordar de vez em um instante o qual não avistara no berço a criança. Correndo de susto, a moça se levantou e chamou pelo menino acordando assim a mãe do garoto.
Sorvetinho
--- Ciro! Ciro! Ciro! Onde você está? – Procurou pelo quarto todo e demais dependências do apartamento.
Com os gritos alarmante de Sorvetinho, a mãe do menino, senhora Dalva Lopes, de vez acordou e quis saber o havido.
Dalva:
--- Filho. Onde estás? – Indagou a mãe do menino se levantando do seu leito a saltar de um pulo, assustada.
A correria se fez entre banheiros e cômodos distantes do primeiro até se chegar a porta de saída do condomínio de luxo que dava para o lado de fora do andar numa altura estonteante. A porta se encontrava entreaberta com o menino a olhar para baixo onde se divisava uma piscina e um parque de diversões dos moradores. O menino Ciro sorria para alguém embaixo, no chão, trepando-se na mureta e quase querendo sair. A moça olhou assustada para a macabra cena e viu então a mãe do menino agarrar pela cintura e amparando em seus braços a gritar.
Dalva
--- Meu filho! Você quer morrer? – E de súbito correu para o interior do apartamento de um modo assustador.
O menino gritava alarmado, estirando os braços a chamar por alguém que lhe esperava.
Ciro
--- Pá! Pá! Pá! – Era o que o menino dizia a chorar constante e com os braços estirados para trás do corpo de Dalva
Sorvetinho
--- Que menino! Pregar um susto desses? – Gritava a moça completamente desnorteada.
O menino continuava a chamar por “pá” e se esforçando em sair do colo de sua mãe para correr até a porta de saíde do apartamento onde a distância do chão era longa por demais. No desespero de se soltar, o menino fazia com todo esforço de largar da cama onde a sua mãe o depositara com maior segurança. A madrinha, Sorvetinho, segurava por outro lado o menino exaltado para ver se ele parava de gritar. Alguém estava a olhar o menino através da vidraça da porta por onde ele saíra a poucos minutos. As duas mulheres caíam exaltada pelo corpo da criança a não parar de chorar e gritar por “pá”, tão somente. De repente, Sorvetinho procurou trancar aporta de vidro evitando a entrada do ar de fora e ao mesmo tempo tremer de susto naquele momento.
Sorvetinho
--- Que “pá” é esse? – Indagou a moça à sua comadre.
Dalva
--- Não sei. Deve ser o nome do pai. – Alertou preocupada.
Sorvetinho:
--- Será? É a primeira vez que chama por esse nome. Eu nunca ensinei nada disso a Ciro! – Fez ver a moça agarrando o menino por seus braços.
E o menino se sentia inquieto para todo o sempre naquela madrugada de verão. A sua mãe, depois de algum tempo, ainda plena de temor, só veio a conciliar o sono quando o garoto adormeceu por volta das três horas da madrugada. A madrinha, de olhos abertos, observava o garoto adormecido entre os embrulhos da coberta. Mais tarde, algum tempo depois não tardava a manhã chegar quando a madrinha foi preparar os alimentos para o menino e a senhora Dalva sempre com o olhar atento para o garoto. Aquela foi uma madrugada trágica.
Por volta das oito horas da manhã do domingo, Dalva Lopes procurou falar com o condômino e narrar o ocorrido pedido que se fizesse maior segurança em seu apartamento, trancando por completo o portal de vido por onde a criança tentou sair. Nesse dia, Dalva Lopes foi com Ciro e a madrinha da criança visitar o casal de velhos e outras pessoas da família e narrar o ocorrido na madrugada passada. Com todo o jeito de falar, Dalva Lopes falou ao seu José Afrânio o acontecido para ouvir dele as reparações devidas. O homem ouviu atento os comentários feitos para depois falar.
Zequinha
--- Caso estranho! Não vejo quem pode ter sido a visagem, por assim dizer. Talvez algum parente distante. Alguém que morrera há bastante tempo. Não sei bem quem possa ser. – afirmou o ancião.
Dalva
--- Não pode ter sido o meu marido morto? – Indagou inquieta.
Zequinha
--- O Baldo? Creio que não. Ele está presentem, aqui. E falou em um nome de um alemão que um dia pertenceu a família onde Ciro residia. Por sinal, Ciro também representa a encruzilhada de representar o vício. O nome tem significado persa, o Deus do Sol. – falou com segurança.
Dalva
--- E Baldo sabe algo sobre Ciro? – Perguntou curiosa.
Zequinha ouviu o relato para depois afirmar.
Zequinha
--- Houve muitos Ciro. Mas, Baldo me falou que o Ciro que se sabe era um Rei. Esse homem enveredou na guerra e determinou a reconstrução do Templo de Jerusalém, apesar de ele não ser judeu. O Rei Ciro morreu em combate, em 529 antes de Cristo, em Pasárgada como sendo o Rei do Mundo. Foi o que Baldo falou. – Declarou o homem.
Dalva
--- Meu Ciro foi rei? – Indagou extasiada.
O ancião voltou a escutar o espírito de Baldo para depois falar.
Zequinha
--- Ele não pode afirmar. Houve outros como o mesmo nome. Esse foi o mais importante. Mesmo assim teve muitos Ciro. – Afirmou.
Dalva
--- E que era o “espírito” com quem o meu Ciro falou? – Indagou preocupada.
Zequinha.
--- Baldo não sabe dizer. Ele não estava presente a esse encontro. E mesmo se estivesse, ele não tinha permissão de visualizar o outro espírito. – Voltou a declarar
Dalva
--- Permissão? Que permissão? Onde se busca essa permissão? – Falou com dúvidas.
Zequinha
--- No mundo espiritual, isso é como a Terra. Você pode estar em uma repartição e não saber do que está havendo no mesmo prédio. Não se pode verificar tudo. Apenas alguma coisa. O seu gabinete, por exemplo. E nem tudo. – Falou se preocupação.
Dalva
--- E como ele sabe das histórias passadas, como acabou de falar? – Indagou aborrecida.
Zequinha
--- Isso é história. Mas nem tudo se sabe. Histórias. Histórias. – Confirmou.
Dalva
--- Histórias. Histórias. Que saco”! – Falou a mulher um tanto aborrecida.
E o ancião sorriu pela ignorância tida pela mulher, esposa de Baldo quando em vida.
Sorvetinho chegou do passeio feito o um menino até a praça Padre João Maria, no início da rua e declarou ter estado o Ciro apenas compenetrado em ver a estátua onde gente ascendia velas em pagamento de promessas feitas ao santo padre.
Sorvetinho.
--- Ele ficou a olhara as velas acessas. – sorriu a madrinha. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário