- APARTAMENTO -
- 10 -
SUSTO -
Eram passados alguns meses e o
menino Ciro já começara a andar pelo apartamento ou na calçada da rua apoiado
por sua madrinha ou sua mãe. Uma madrugada, já passava da meia noite de
domingo, a madrinha de Ciro, senhorita Walquíria, dormia tranquila no mesmo
cômodo de Dalva onde era posto o menino em um berço dividindo as duas camas:
uma de Dalva Lopes e a outra, de Walquíria Beraldo. De momento, Walquíria, a
Sorvetinho, como se chamava entre os familiares e amigos, despertou por acaso
para ver como estava a dormir o menino. Foi como num sonho. A moça acordou e
adormeceu novamente. Mas, de momento, Sorvetinho pôs-se acordar de vez em um
instante o qual não avistara no berço a criança. Correndo de susto, a moça se
levantou e chamou pelo menino acordando assim a mãe do garoto.
Sorvetinho
--- Ciro! Ciro! Ciro! Onde você
está? – Procurou pelo quarto todo e demais dependências do apartamento.
Com os gritos alarmante de
Sorvetinho, a mãe do menino, senhora Dalva Lopes, de vez acordou e quis saber o
havido.
Dalva:
--- Filho. Onde estás? – Indagou
a mãe do menino se levantando do seu leito a saltar de um pulo, assustada.
A correria se fez entre banheiros
e cômodos distantes do primeiro até se chegar a porta de saída do condomínio de
luxo que dava para o lado de fora do andar numa altura estonteante. A porta se
encontrava entreaberta com o menino a olhar para baixo onde se divisava uma
piscina e um parque de diversões dos moradores. O menino Ciro sorria para
alguém embaixo, no chão, trepando-se na mureta e quase querendo sair. A moça
olhou assustada para a macabra cena e viu então a mãe do menino agarrar pela
cintura e amparando em seus braços a gritar.
Dalva
--- Meu filho! Você quer morrer?
– E de súbito correu para o interior do apartamento de um modo assustador.
O menino gritava alarmado,
estirando os braços a chamar por alguém que lhe esperava.
Ciro
--- Pá! Pá! Pá! – Era o que o
menino dizia a chorar constante e com os braços estirados para trás do corpo de
Dalva
Sorvetinho
--- Que menino! Pregar um susto
desses? – Gritava a moça completamente desnorteada.
O menino continuava a chamar por
“pá” e se esforçando em sair do colo de sua mãe para correr até a porta de
saíde do apartamento onde a distância do chão era longa por demais. No
desespero de se soltar, o menino fazia com todo esforço de largar da cama onde
a sua mãe o depositara com maior segurança. A madrinha, Sorvetinho, segurava
por outro lado o menino exaltado para ver se ele parava de gritar. Alguém
estava a olhar o menino através da vidraça da porta por onde ele saíra a poucos
minutos. As duas mulheres caíam exaltada pelo corpo da criança a não parar de
chorar e gritar por “pá”, tão somente. De repente, Sorvetinho procurou trancar
aporta de vidro evitando a entrada do ar de fora e ao mesmo tempo tremer de
susto naquele momento.
Sorvetinho
--- Que “pá” é esse? – Indagou a
moça à sua comadre.
Dalva
--- Não sei. Deve ser o nome do
pai. – Alertou preocupada.
Sorvetinho:
--- Será? É a primeira vez que chama
por esse nome. Eu nunca ensinei nada disso a Ciro! – Fez ver a moça agarrando o
menino por seus braços.
E o menino se sentia inquieto
para todo o sempre naquela madrugada de verão. A sua mãe, depois de algum
tempo, ainda plena de temor, só veio a conciliar o sono quando o garoto
adormeceu por volta das três horas da madrugada. A madrinha, de olhos abertos,
observava o garoto adormecido entre os embrulhos da coberta. Mais tarde, algum
tempo depois não tardava a manhã chegar quando a madrinha foi preparar os
alimentos para o menino e a senhora Dalva sempre com o olhar atento para o
garoto. Aquela foi uma madrugada trágica.
Por volta das oito horas da manhã
do domingo, Dalva Lopes procurou falar com o condômino e narrar o ocorrido
pedido que se fizesse maior segurança em seu apartamento, trancando por
completo o portal de vido por onde a criança tentou sair. Nesse dia, Dalva
Lopes foi com Ciro e a madrinha da criança visitar o casal de velhos e outras
pessoas da família e narrar o ocorrido na madrugada passada. Com todo o jeito
de falar, Dalva Lopes falou ao seu José Afrânio o acontecido para ouvir dele as
reparações devidas. O homem ouviu atento os comentários feitos para depois
falar.
Zequinha
--- Caso estranho! Não vejo quem
pode ter sido a visagem, por assim dizer. Talvez algum parente distante. Alguém
que morrera há bastante tempo. Não sei bem quem possa ser. – afirmou o ancião.
Dalva
--- Não pode ter sido o meu
marido morto? – Indagou inquieta.
Zequinha
--- O Baldo? Creio que não. Ele
está presentem, aqui. E falou em um nome de um alemão que um dia pertenceu a
família onde Ciro residia. Por sinal, Ciro também representa a encruzilhada de
representar o vício. O nome tem significado persa, o Deus do Sol. – falou com
segurança.
Dalva
--- E Baldo sabe algo sobre Ciro?
– Perguntou curiosa.
Zequinha ouviu o relato para
depois afirmar.
Zequinha
--- Houve muitos Ciro. Mas, Baldo
me falou que o Ciro que se sabe era um Rei. Esse homem enveredou na guerra e
determinou a reconstrução do Templo de Jerusalém, apesar de ele não ser judeu.
O Rei Ciro morreu em combate, em 529 antes de Cristo, em Pasárgada como sendo o
Rei do Mundo. Foi o que Baldo falou. – Declarou o homem.
Dalva
--- Meu Ciro foi rei? – Indagou
extasiada.
O ancião voltou a escutar o
espírito de Baldo para depois falar.
Zequinha
--- Ele não pode afirmar. Houve
outros como o mesmo nome. Esse foi o mais importante. Mesmo assim teve muitos
Ciro. – Afirmou.
Dalva
--- E que era o “espírito” com
quem o meu Ciro falou? – Indagou preocupada.
Zequinha.
--- Baldo não sabe dizer. Ele não
estava presente a esse encontro. E mesmo se estivesse, ele não tinha permissão
de visualizar o outro espírito. – Voltou a declarar
Dalva
--- Permissão? Que permissão? Onde
se busca essa permissão? – Falou com dúvidas.
Zequinha
--- No mundo espiritual, isso é
como a Terra. Você pode estar em uma repartição e não saber do que está havendo
no mesmo prédio. Não se pode verificar tudo. Apenas alguma coisa. O seu
gabinete, por exemplo. E nem tudo. – Falou se preocupação.
Dalva
--- E como ele sabe das histórias
passadas, como acabou de falar? – Indagou aborrecida.
Zequinha
--- Isso é história. Mas nem tudo
se sabe. Histórias. Histórias. – Confirmou.
Dalva
--- Histórias. Histórias. Que
saco”! – Falou a mulher um tanto aborrecida.
E o ancião sorriu pela ignorância
tida pela mulher, esposa de Baldo quando em vida.
Sorvetinho chegou do passeio
feito o um menino até a praça Padre João Maria, no início da rua e declarou ter
estado o Ciro apenas compenetrado em ver a estátua onde gente ascendia velas em
pagamento de promessas feitas ao santo padre.
Sorvetinho.
--- Ele ficou a olhara as velas
acessas. – sorriu a madrinha.
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