quarta-feira, 10 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 05 -

- MÃE E FILHO -
- 05 -
FILHO

E Dalva Lopes ficou a meditar quando ouviu do senhor José Afrânio um chamado. E ela se pôs a ouvir com precaução. O ancião dialogou entre o ser Marcos Baldo e a senhora Dalva algo de informar de forma embaraçosa. O espírito de Baldo declarou algo como de surpresa.
Zequinha
--- Um momento. Um momento. Ele acaba de me dizer o seguinte: o filho é dos dois! – Relatou.
Dalva
--- Meu? Nunca! Eu não tive filho! – Reclamou
Baldo
--- Em outra mulher! - Voltou a afirmar
Zequinha
--- Ele afirmou “em outra mulher”! – Declarou o espírita
Dalva
--- Ah é? Então que ela crie! – Disse um tanto antipática
Baldo
--- Ela está – como se diz – morta. Morreu de parto. E entregou à mulher que assistiu. – Falou.
Dalva, então, estremeceu.
Dalva
--- Morta? – Indagou assombrada
Zequinha
--- Foi o que disse o espírito de Baldo. – Declarou
Dalva
--- Morta mesmo? E como a mulher sou do nosso casamento e do meu marido fazendo amor com ela? – Perguntou exaltada
Baldo
--- Ela não sabe. E veio a conceber muito tempo depois que eu parti desse lado. – Foi o que disse
José Afrânio ouviu tudo com a devida atenção e pode explicar ser a mulher desconhecida e que morreu de parto muito tempo depois do casamento de Dalva e Baldo. O pai da criança era um desconhecido que fez por meio de adultério. A mulher tinha apenas 16 anos quando fecundou a criança. O seu marido, Marcos Baldo, apenas ajudou o espírito da criança a entrar o ventre da mulher. O menino queria ser filho do casal, pois em outra geração ele já foi parente de Baldo. E tem algo assombroso. Há centenas de anos, a mulher que, agora entra em evidência foi, certa vez, a mãe de Dalva tendo Marcos Baldo como filho e seu pai um nobre descente italiano.
Dalva
--- Como? Eu o que? – Indagou em dúvidas.
Zequinha
--- Foi o que falou o teu esposo. – Relatou paciente
Sorvetinho
--- Sabe o que se faz? É apenas ir, com cuidado, ao apartamento de Dalva e verificar se, de fato, tem posto um menino na porta. Isso é simples. – Falou sorrido a moça.
Odete:
--- É melhor. É melhor. Essa é a medida mais acertada. Em instante se acaba com a dúvida. Quem vai? – Indagou a mãe de Sorvetinho
Sorvetinho
--- Eu posso ir. Afinal, eu também sou espírita, de certo modo. Quem vai mais? – Indagou a sua outra irmã
Amanda
--- Eu posso ir, também. – Relatou a outra irmã
Zequinha
--- Eu fico. A senhora Dalva aceita? – Quis saber
Dalva
--- É. Por via das dúvidas eu sigo a reta. – Falou desconfiada
E as três senhoras seguiram para o apartamento de Dalva comentando histórias diversas, algumas de espíritos, outras de médicos, enfermeiros e até mesmo alfaiates. Tudo para se fazer sorrir. Mas, nesse ponto, Dalva Lopes se mantinha firme a pensar no menino. Esse poderia já estar à sua porta pelo que afirmara seu Zequinha traduzindo o que ouvira falar o seu marido morto há quase quatro anos. Nesse momento, a senhora Dalva Lopes perguntava a si mesma como poderia ser um filho feito em outra mulher, talvez amante, se bem podia falar assim. E veio a morrer logo após ter o rebento. A sua cabeça rodava de tantas questões incompreendidas de uma sé vez. Seu José Afrânio estava falando a verdade, isso sim. A questão era saber como Baldo chegou até a sua esposa.
O auto parou em frente ao prédio de apartamentos de Dalva Lopes. Ela ficou dentro do carro esperando o portão se abrir. O homem do portão destrancou a chave e o portão se abriu com vagar. A viúva agradeceu e seguiu para o pátio de estacionamento interno. Meninos saíam com seus pais do interior do edifício. Dalva cumprimento aos que por ela passavam. Já era noite, pois a claridade do sol sumira de fato. A porta do elevador se abriu a chagar ao chão e Dalva como as duas mulheres segui para o seu interior. Uma mulher que descia, saiu com pressa e nada falou com as três senhoras. Apenas saiu com pressa. Dalva nem observou o caso. Talvez fosse alguma empregada do edifício. Nem mesmo isso, Dalva atinou.  Quando o elevador chegou ao andar demarcado, o interior do prédio estava todo escuro. Não se ouvia qualquer zoada, a não ser da porta se abrindo de repente. A luz do elevador era tudo que existia. As mulheres saíram bem próximo da porta do apartamento de Dalva. Na verdade, o apartamento era ligado com a saída do elevador, sem precisa de alguém para abri-lo. Nesse momento, no chão do elevador, um pacote. E nele, uma criança toda enrolada em panos de enxoval. No pacote, um bilhete. Era de fato um bilhete a ditar: “Tome conta dele”, dizia assim quem o escreveu. Com isso, Dalva se surpreendeu, de fato.
Dalva
--- Bilhete? P’ra mim? Estranho! – Falou inconsciente.
Sorvetinho olhou de perto a criança toda enrolada em panos. Um susto com a porta do elevador a se fechar e, após, descer.
Sorvetinho
--- Menino? – Perguntou com espanto.
Amanda
--- É melhor deixar para dona Dalva ver a criança! – Decidiu a outra mulher, uma enfermeira.
E, então, Dalva Lopes acolheu ao colo a criança. O pequeno estava coberto, porém havia urinado de pouco.
Dalva
--- Urinas? – Perguntou um tanto assombrada
Sorvetinho
--- Um homem! Não disse! – Sorriu a moça com batidas de palmas.
Amanda
--- Um homem, mesmo! – Ela olhou com bastante atenção.
Dalva
--- E o que eu faço agora? – Perguntou surpresa.
Amanda
--- A senhora crie. É todo seu. Um presente de natal. – Relatou a sorrir.
Dalva
--- Mas como? Eu não sei nem pegar no neném. – Relatou acanhada.
Sorvetinho
--- De qualquer jeito. Assim, ó! – Falou a moça segurando a criança.
Amanda
--- Olha como a moça tem jeito! – Gargalhou ao falar contente.


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