- MÃE E FILHO -
- 05 -
FILHO
E Dalva Lopes ficou a meditar
quando ouviu do senhor José Afrânio um chamado. E ela se pôs a ouvir com
precaução. O ancião dialogou entre o ser Marcos Baldo e a senhora Dalva algo de
informar de forma embaraçosa. O espírito de Baldo declarou algo como de
surpresa.
Zequinha
--- Um momento. Um momento. Ele
acaba de me dizer o seguinte: o filho é dos dois! – Relatou.
Dalva
--- Meu? Nunca! Eu não tive
filho! – Reclamou
Baldo
--- Em outra mulher! - Voltou a
afirmar
Zequinha
--- Ele afirmou “em outra
mulher”! – Declarou o espírita
Dalva
--- Ah é? Então que ela crie! –
Disse um tanto antipática
Baldo
--- Ela está – como se diz –
morta. Morreu de parto. E entregou à mulher que assistiu. – Falou.
Dalva, então, estremeceu.
Dalva
--- Morta? – Indagou assombrada
Zequinha
--- Foi o que disse o espírito de
Baldo. – Declarou
Dalva
--- Morta mesmo? E como a mulher
sou do nosso casamento e do meu marido fazendo amor com ela? – Perguntou
exaltada
Baldo
--- Ela não sabe. E veio a
conceber muito tempo depois que eu parti desse lado. – Foi o que disse
José Afrânio ouviu tudo com a
devida atenção e pode explicar ser a mulher desconhecida e que morreu de parto
muito tempo depois do casamento de Dalva e Baldo. O pai da criança era um
desconhecido que fez por meio de adultério. A mulher tinha apenas 16 anos
quando fecundou a criança. O seu marido, Marcos Baldo, apenas ajudou o espírito
da criança a entrar o ventre da mulher. O menino queria ser filho do casal, pois
em outra geração ele já foi parente de Baldo. E tem algo assombroso. Há
centenas de anos, a mulher que, agora entra em evidência foi, certa vez, a mãe
de Dalva tendo Marcos Baldo como filho e seu pai um nobre descente italiano.
Dalva
--- Como? Eu o que? – Indagou em
dúvidas.
Zequinha
--- Foi o que falou o teu esposo.
– Relatou paciente
Sorvetinho
--- Sabe o que se faz? É apenas
ir, com cuidado, ao apartamento de Dalva e verificar se, de fato, tem posto um
menino na porta. Isso é simples. – Falou sorrido a moça.
Odete:
--- É melhor. É melhor. Essa é a
medida mais acertada. Em instante se acaba com a dúvida. Quem vai? – Indagou a
mãe de Sorvetinho
Sorvetinho
--- Eu posso ir. Afinal, eu
também sou espírita, de certo modo. Quem vai mais? – Indagou a sua outra irmã
Amanda
--- Eu posso ir, também. –
Relatou a outra irmã
Zequinha
--- Eu fico. A senhora Dalva
aceita? – Quis saber
Dalva
--- É. Por via das dúvidas eu
sigo a reta. – Falou desconfiada
E as três senhoras seguiram para
o apartamento de Dalva comentando histórias diversas, algumas de espíritos,
outras de médicos, enfermeiros e até mesmo alfaiates. Tudo para se fazer
sorrir. Mas, nesse ponto, Dalva Lopes se mantinha firme a pensar no menino.
Esse poderia já estar à sua porta pelo que afirmara seu Zequinha traduzindo o
que ouvira falar o seu marido morto há quase quatro anos. Nesse momento, a
senhora Dalva Lopes perguntava a si mesma como poderia ser um filho feito em
outra mulher, talvez amante, se bem podia falar assim. E veio a morrer logo
após ter o rebento. A sua cabeça rodava de tantas questões incompreendidas de
uma sé vez. Seu José Afrânio estava falando a verdade, isso sim. A questão era
saber como Baldo chegou até a sua esposa.
O auto parou em frente ao prédio
de apartamentos de Dalva Lopes. Ela ficou dentro do carro esperando o portão se
abrir. O homem do portão destrancou a chave e o portão se abriu com vagar. A
viúva agradeceu e seguiu para o pátio de estacionamento interno. Meninos saíam
com seus pais do interior do edifício. Dalva cumprimento aos que por ela
passavam. Já era noite, pois a claridade do sol sumira de fato. A porta do
elevador se abriu a chagar ao chão e Dalva como as duas mulheres segui para o
seu interior. Uma mulher que descia, saiu com pressa e nada falou com as três
senhoras. Apenas saiu com pressa. Dalva nem observou o caso. Talvez fosse
alguma empregada do edifício. Nem mesmo isso, Dalva atinou. Quando o elevador chegou ao andar demarcado, o
interior do prédio estava todo escuro. Não se ouvia qualquer zoada, a não ser
da porta se abrindo de repente. A luz do elevador era tudo que existia. As
mulheres saíram bem próximo da porta do apartamento de Dalva. Na verdade, o
apartamento era ligado com a saída do elevador, sem precisa de alguém para
abri-lo. Nesse momento, no chão do elevador, um pacote. E nele, uma criança
toda enrolada em panos de enxoval. No pacote, um bilhete. Era de fato um
bilhete a ditar: “Tome conta dele”, dizia assim quem o escreveu. Com isso,
Dalva se surpreendeu, de fato.
Dalva
--- Bilhete? P’ra mim? Estranho!
– Falou inconsciente.
Sorvetinho olhou de perto a
criança toda enrolada em panos. Um susto com a porta do elevador a se fechar e,
após, descer.
Sorvetinho
--- Menino? – Perguntou com
espanto.
Amanda
--- É melhor deixar para dona
Dalva ver a criança! – Decidiu a outra mulher, uma enfermeira.
E, então, Dalva Lopes acolheu ao
colo a criança. O pequeno estava coberto, porém havia urinado de pouco.
Dalva
--- Urinas? – Perguntou um tanto
assombrada
Sorvetinho
--- Um homem! Não disse! – Sorriu
a moça com batidas de palmas.
Amanda
--- Um homem, mesmo! – Ela olhou
com bastante atenção.
Dalva
--- E o que eu faço agora? –
Perguntou surpresa.
Amanda
--- A senhora crie. É todo seu.
Um presente de natal. – Relatou a sorrir.
Dalva
--- Mas como? Eu não sei nem pegar
no neném. – Relatou acanhada.
Sorvetinho
--- De qualquer jeito. Assim, ó!
– Falou a moça segurando a criança.
Amanda
--- Olha como a moça tem jeito! –
Gargalhou ao falar contente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário