- CATEDRAL -
- 08 -
PRECE -
E o ancião José Afrânio contou a
verdadeira história de ter visto a neta Amanda na manhã daquele dia quando
passeada de carro tendo que ir à Igreja do Bom Jesus onde tinha um compromisso
com o vigário do Templo e aproveito para rezar quando viu sentado em um banco a
sua frente a figura do espirito, Marcos Baldo. Nada de mais ele sofreu por ter
medo. Apenas indagou:
Zequinha
--- Novidades? – Fez a pergunta
Baldo:
--- Não. Apenas espero a saída de
minha esposa, ou melhor, viúva do Cartório. Elas estão esperando o Registro de
Pessoas Naturais do nosso filho. Sabe? Filho! Quero dizer. – Afirmou buscando
outra forma de falar do passado
Zequinha:
--- Eu sei! E ela está ainda no
Cartório? – Indagou.
Baldo
--- Sim. Mas é questão de minutos.
Dentro em breve o caso vai estar resolvido. O registro se faz e a criança
cresce normal, como sempre quis. – Relatou
Zequinha
--- Cresce? E ela já esteve com
esse bebê no passado? – Perguntou de modo estranho.
Baldo
--- Sim. Mas isso é outra
história. Guerras. Coisa assim. – Disse o espírito
Zequinha.
--- Guerras? Que coisa! – Alertou
emocionado
Baldo.
--- Sim. Porém guerra sempre
houve. Como existe aqui, agora, no Brasil. Mas, naquele tempo, foi diferente.
Mesmo assim, houve guerra. – Enfatizou.
Nesse mesmo tempo adentrou ao
Templo um repórter. Pela indicação a colocar na lapela, seu nome era “Manoel
Gonzaga”. Ao seu lado, um cinegrafista. Ambos eram de uma estação de TV da
cidade. Havia no Templo, pouca gente àquela hora da manhã. O repórter perguntou
a seu José Afrânio quase em silencio.
Gonzaga:
--- O padre está aí? –
Zequinha
--- Creio que sim. Na sacristia.
– E apontou para a sacristia.
Gonzaga
--- Está bem. Obrigado. Vamos lá.
Filme a Imagem do Santo e outras imagens ao redor. – Falou para o cinegrafista.
Cinegrafista
--- Estou aprendendo! – Respondeu
o homem da máquina de filmagem
Gonzaga sorriu em troca com a
pilheria do rapaz e respondeu.
Gonzaga
--- Eu sou quem não sei! – Sorriu
à vontade
E o cinegrafista estava filmando
a imagem do Senhor dos Passos quando notou uma presença de uma jovem moça à
frente de sua máquina. De repente, ele retirou a câmera para pedir a gentileza
da pessoa sair da frente. Ao retirar, ele não viu ninguém presente. O rapaz
estremeceu e fez um gesto qualquer.
Cinegrafista
--- Oxe! Sumiu? Quem foi? –
Perguntou ao se voltar para os lados.
Não havia gente alguma em seu
derredor, a não ser, distante. Uma mulher a rezar e um rapaz a percorrer o
amplo salão levando algo em sua mão. E o rapaz caminhava bem depressa. Para o lado
da sacristia, ele ouviu uma conversa muito tênue. Pensou ele em ser o repórter
a conversar com o pároco. Tanto pensou que isso ocorreu. Ele se voltou para ver
do outro lado da imagem de Cristo. Mesmo assim, não havia ninguém. Era uma
jovem moça e muito bela com um sorriso incandescente parecendo alguém de menor
idade ou, talvez, de pouco mais de 18 anos, coisa assim. O cinegrafista não
teve tempo de notar com muita certeza. E fez meia volta sempre com a máquina de
filmagem no seu ponto. E olhou para trás de si e para outro lado. Não havia
viva alma. Enfim, o homem se zangou.
Cinegrafista:
--- Não vou filmar mais coisa
alguma! Só tem alma nessa. ... – e nada mais falou.
Nesse ponto, o pároco já estava
próximo de altar confabulando com o repórter Gonzaga sobre a saída do cortejo
religioso no dia seguinte, logo pela tarde, tendo sido preparado o andor um dia
antes, pois a sexta feira era um Dia Santo e o comércio era fechado, menos os
serviços essenciais. Na parte da tarde e noite nada funcionava, nem mesmo os
lupanares. Isso, na sexta feira, o dia da Procissão do Senhor, a chamada
Procissão do Encontro. Os detalhes eram
dados pelo pároco ao repórter quando o cinegrafista passou em debandada com a
sua máquina desligada. Parecia que ele estava embrutecido por algo qualquer e o
jornalista não sabia qual sucedera. E então, Gonzaga perguntou, às pressas.
Gonzaga
--- Filmou tudo? – Falou gritando
Cinegrafista
--- Faltou bateria. Bosta! –
Respondeu malcriado.
E o repórter ficou decepcionado
com o caso. E voltou a olhar o sacerdote fazendo um erguer dos ombros dizendo
lamentar ter ocorrido o assunto da câmera. E que depois ambos voltariam para
completar a filmagem.
Gonzaga
--- É isso. Paciência. Voltaremos
depois do almoço! Droga! – Disse o repórter fazendo um gesto com a boca.
Motorista:
--- Já? – Indagou o motorista do
auto
Gonzaga
--- Faltou bateria na câmera. – Relatou
o jornalista.
E o cinegrafista ficou amuado,
tomando seu assento no banco de trás e sacudindo o seu pesado equipamento para
um lado. Ele passava as mãos do rosto levantando a cabeça como se olhasse o sol
quase 11 horas da manhã. Em certo espaço de tempo, o Cinegrafista, de nome
Inaldo, com incerteza, indagou.
Inaldo
--- Vocês acreditam em alma? –
Indagou.
Gonzaga.
--- Eu, não! Por que? – Perguntou.
Inaldo
--- Por nada. Apenas perguntei. –
E virou a face para a rua.
Motorista
--- Dona Ofélia acredita. Ela
avista fantasma. –
Disse o motorista
Inaldo
--- Quem é essa mulher? –
Motorista
--- Mora lá nos cafundós de
judas. Entrando para Mangabeira, em Macaíba. – Explicou
Inaldo
--- Nunca andei para aquelas
bandas. – Comentou.
Gonzaga
--- É uma feiticeira. – E sorriu
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