- LAÇOS DE TERNURA -
- 01 -
O INICIO -
O dia caminhava para o seu fim.
Era um pouco mais de cinco e meia. Gente transitava de um lado para outro
cruzando a praça André de Albuquerque em um movimento célere entre carros,
meninos, homens, mulheres e pessoal idoso. Uns gritavam produtos para o início
do jantar. Outros, ofereciam missangas. Era um tumulto geral no ir e vir dos
transeuntes entre automóveis e até mesmo carroças puxadas a burro e esse a
temer constante a chicotada no espinhaço que o dono faria apenas a ditar.
Carroceiro:
--- Buuuurro! – E sacudia o
chicote do espinhaço do burro
Nesse mesmo instante, o idoso
José Afrânio Beralde, o seu Zequinha, caminhava no sentido da Catedral da
Apresentação, a Matriz da Cidade, em direção à rua Santo Antônio, onde o
transito já era imenso. Com a cabeça abaixada e uma bengala a apoiá-lo no
passar lento, seu Zequinha cumprimentava desconhecidos e pensava nas agruras da
vida ou em coisas vãs. A fileira de autos provocava o homem a se desviar de um
lado e de outro, mesmo estando próximo a Igreja onde as portas estavam abertas
até mais tarde. Senhoras cultivavam o hábito de rezar àquela hora da tarde e
Zequinha olhava de imediato quando duas senhoras procuravam o confessionário
para fazer os seus habituais pedidos de perdão ao padre confessor. Zequinha sorriu
pela atitude de uma das senhoras. E os autos, freneticamente, a buzinar para os
da frente atravancando o transito lento àquela hora tardia do quase noite. Uma
senhora caminhava pela calçada levando consigo segura pelo braço a sua filha
menor. A senhora ralhava com palavras ásperas à menina a conservar quieta. Em
dado instante, a senhora aplicou um aperto forte no braço da inocente menina e
algo lhe fez chorar. A moça a passar, viu a cena e, temerosa, não sorriu. Porém
declarou de pronto.
Moça
--- Maldosa! – Foi o que falou. E
seguiu à frente.
A senhora ainda observou a moça e
nada respondeu.
Na rua Santo Antônio, as empresas
do Governo encerravam seus expedientes e gente laboriosa saía para pegar o seu
carro ou mesmo, andar a pé por mais um pouco. E em uma dessas inúmeras
repartições, deixa o seu local de trabalho a senhora Dalva Lopes Baldo, com
certa pressa e desejando “boa sorte” ao rapaz Vigilante postado à frente do
edifício. Um sorriso fez o homem em agradecer a atenção prestada. Em seguida, a
buscar as chaves do seu carro, a mulher olhou para bem ao largo verificando o
trânsito de carros a passar, vendo ainda um guarda de tráfego a fazer gestos
para os motoristas se apressarem, com certeza. Dalva Lopes abriu a porta do seu casso ao
mesmo tempo em que falava com um homem a chegar tardio a repartição dizendo-lhe
algo sobre documentos que lhe poria em cima da mesa para ser visto no dia
seguinte entre pessoas a transitar com a máxima pressa. Um gazeteiro passava a
oferecer o Jornal da Tarde.
Gazeteiro
--- Vai querer? Tem a história da
mulher que engoliu a garrafa! – Falou com risos.
O homem sorriu e pagou por um
jornal. Nesse ponto, Dalva Lopes também sorriu pela mentira pregada pelo
gazeteiro para vender seu desusado jornal. Ela manteve o cuidado de se olhar no
espelho interno conferido o seu penteado. Ainda fez um charme qualquer para se
manter elegante. O carro posto a funcionar e a mulher acelerou para a saída de
ré quando, de repente, tomou um susto. Pelo retrovisor Dalva viu passar uma
bengala bem próxima do carro e um ancião a cair. A mulher parou e, de imediato,
abriu a porta para sair, tendo a ajuda do Vigilante da repartição vindo com
pressa para acudir o coitado.
Dalva
--- Ave Maria! Quem foi? –
Indagou a mulher tremendo de medo.
O Vigilante passou com agilidade
e chegou primeiro ao ancião. O velho estava se escorando na trazeira do carro,
tentando se soerguer e Dalva Lopes, tanto vexada, perguntava ao velho senhor
com bastante cuidado.
Dalva
--- Está machucado meu velho? – Perguntava
a mulher tentando também soerguer o homem tendo por ajuda o Vigilante
O velho senhor apoiava-se no
carro e, com a ajuda de Dalva Lopes pode se soerguer e mesmo assim, ele falou
para a mulher que estava a passar bem e nada de mais ocorreu.
Velho
--- Está bem. Está bem. Nada de
mais. Foi apenas um tombo. – Relatou com cuidado.
Dalva
--- Vamos. Vamos. Vou te deixar
em casa. Onde o senhor reside, meu velho? – Indagou cheia de dúvidas
Velho
--- Aqui perto. Bem ali. Não
precisa se incomodar. Eu vou mesmo a pé. – Relatou com cuidado pela sua bengala
O ajuntamento de gente na calçada
próxima era de porção. Cada um a comentar.
Gente
--- Pobre velho! – Dizia um.
Outro
--- Ele se furou? – Perguntava
Terceiro
--- Que tombo feio. – Lamentava.
E o Vigilante acompanhou a
senhora Dalva Lopes a pôr o velho senhor na parte a frente do auto, onde podia
chegar por mais cuidado. E o velho apenas reclamava.
Velho
--- Não é preciso Dona. Eu moro
aqui perto. – Lamentava como quem chorava de angústia.
Dalva
--- Não tem problema. É o meu caminho
por essas bandas. Diga-me onde o senhor mora? – Perguntou a mulher.
Velho
--- Logo perto. Eu já disse. –
Reclamou
Um motorista estava no seu carro
e para na fila para ver a confusão do velho e a dama. Então, o motorista
começou a alerta a mulher com palavrões.
Motorista
--- Sai daí amalucada. Só sendo
mulher! – Relatou do interior do seu auto
Nesse ponto, Dalva Lopes atirou o
sapato contra o motorista que, se pegasse, era coisa feia. O sapato passou
direto e o motorista se esquivou para trás sem saber o destino do sapato. Logo
em seguida, o motorista saiu de dentro do seu carro e começou a tecer palavrou
de baixo calão e o guarda teve o tento de avisar ao motorista que ele estava
interrompendo o transito. O motorista, desajustado, tomou o seu assento o auto
e passou marcha a ré para sair mais que depressa do largo conflito de carros.
Quando puxou o freio de mão, o carro deu ré e se ouviu um estilhaçar de vidros
e metais. O auto do homem faz a marcha ré, de fato e abalroou o carro de trás. Desse ponto em diante iniciou a contenda. O
segundo motorista gritava:
Segundo
--- Ei! Meu carro! Está louco? –
E desceu do seu auto para ver o estrago
A frente do carro estava toda
amassada despencando para o chão o restante da sobra. E o tumulto se fez
presente com o guarda anotando a placa do auto batido e as indicações do auto
que causou os danos. Sempre com o apito à boca o guarda pedia apenas os
documentos do infrator. E mesmo assim, não podia falar. Apenas acenava com a
mão e o apito a tocar. O infrator dizia em sua defesa.
Motorista
--- Foi apenas um acidente de
percurso! – Suando pelos poros.
O guarda não queria nem sabe.
Apenas pedia a carteira com bastante pressa andando para um lado e para outro.
O segundo motorista dizia com muita ira que o caso não ficava assim. O segundo
motorista queria um carro novo. E a multidão se fez presente. Cada um a fazer o
seu comentário.
Presente
--- Quebrou foi tudo! –
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