domingo, 21 de junho de 2015

LAÇOS DE TERNURA - 20 -

- HOSPITAL -
- 20 -
VISITA -

Eram mais de cinco horas da tarde quando Dalva Lopes chegou ao Hospital. Walquíria, Ciro e o garoto José Patrício estavam também no auto. Dalva orientou para o garoto José deixar toda a sua roupa no assento de trás. Eles entraram de hospital afora se dar nem conhecimento ao porteiro. Isso porque todos conheciam Dalva e ela apena cumprimentou os demais funcionários e indagou a uma enfermeira de o doutor Marcelo Orta já estava em seu Gabinete. E como resposta disse apenas o ter visto há pouco tempo. Ela agradeceu e foi, com a sua turma a suíte de dona Noêmia, em um quarto de primeira classe. A atendente estava à porta e disse de imediato.
Atendente
--- O doutor Orta esteve aqui. Fez o de costume. Mas nada adiantou. – Falou baixinho.
Dalva:
--- Ótimo. Vou ver como a paciente está o mostrar ao seu filho, apenas. Esses dois são: meu filho e minha cunhada. É preferível não os deixar entrar, de imediato. – Discorreu.
A atendente fez sinal de ter entendido. Dalva também orientou a Walquíria a passear pelos lados do Hospital onde havia belos jardins e maior sossego pondo o menino Ciro a brincar por algum tempo. Walquíria entendeu e de imediato saiu levando o menino Ciro consigo a beijar como se faz afago a crianças delicadas. Um silencio profundo do quarto do Hospital onde se podia ou o passar de uma borboleta. Junto a janela estava a cama da senhora Noêmia e a mulher pode observar que a paciente estava adormecida por efeito qualquer de algum medicamento. Dalva observou a perna inchada, e viu ter sido feito curativo há pouco tempo. A enfermeira se acercou e falou para Dalva.
Enfermeira
--- Ela dorme.-  falou baixo.  
Dalva
---Medicamentos? – Indagou
A enfermeira fez que sim. Mas, desde o almoço que a paciente tinha estado sonolenta. Talvez efeito de algum medicamento.
Enfermeira
--- O doutor Orta já esteve aqui por duas vezes. – Sussurrou.
Dalva
--- É grave o estado da senhora. Mas, vamos esperar. – Falou baixinho.
O garoto se aproximou da cama onde estava a sua mãe e, delicadamente, beijou a sua mão com eterna sentimento de filho. Lágrimas afloraram pelo semblante do garoto.
Enfermeira
--- É o seu filho? – Indagou.
Dalva:
--- Dela? Sim. – Afirmou
Enfermeira
--- Coitado. Dá pena. – Afirmou.
Dalva
--- Ele perdeu o pai e dois irmãos. Pescadores. – Falou.
Enfermeira:
--- Nossa! Que coisa! – Disse alarmada com os olhos bem abertos.
Em instantes, mesmo deixando o garoto no quarto de sua mãe, a senhora Dalva Lopes foi até a sala de trabalho do doutor Marcelo Orta, especialista em câncer para ouvir sua conversa sobre a enfermidade de Noêmia. A parte afetada pela enfermidade estava inchada, não muito. A doutora Dalva Lopes, formada em Químicas e Advocacia sentiu temor em visitar o doutor Orta, mesmo sabendo da amizade nutrida por ele. Um ancião, baixo, de pouca gordura, ele era um homem de antecedência espanhola e de datas incertas da origem de seus antepassados. Sabia-se que ancestral do médico tinha sido especialista em medicina tropical. Quando se perguntava ao doutor Orta, ele sempre relatava ter seus parentes vindos da Índia. Homem de pouca conversa, atinha-se aos deveres como médico especialista em oncologia. De certa forma, a doutora Dalva Lopes, especialista em meteorologia física apenas sorriu para o médico. E logo após, perguntou:
Dalva:
--- Boa noite doutor Orta. E então? – Quis saber.
O médico de pouca estatura estava sentado em sua banca de trabalho rodeada de livros, voltou para trás com as mãos a tocar uma na outra e a olhar sereno para a doutora antes de querer falar algo. E logo disse.
Orta:
--- Notícia do avião? – Quis saber.
A mulher se assustou com tal questão e quase nem deu por elas. A sua memória rodou até a doutora chegar a seu prumo e expor.
Dalva;
--- Eu não soube muito bem do que motivou o acidente. Ouvi falar que foi em alto mar. Talvez tenha sido. – Argumentou desprevenida.
Orta:
--- Era um homem e tanto. Bonachão, sorriso franco, barrigudo. É o destino. Vive-se e morre-se. – e ele se levantou da cadeira giratória com as mãos para trás a olhar o jardim, mas sem observar todo o esplendor do pomar.
Dalva Lopes Baldo de ancestrais italianos nada falou, conservando-se quieta em sua cadeira a olhar apenas o médico com o seu acanhado tamanho e sentiu remorso em ter de falar sobre coisas terríveis.
Dalva:
--- O senhor o conhecia? – Indagou ao médico.
O oncologista parecia nada ouvir. De costas estava e de costas ficava. As borboletas noturnas volteavam a luz do abajur do lado de fora e o especialista parecia querer pegar uma das borboletas, mas sem alcançar por ter a vidraça da janela a empatar essa possível ação. E as borboletas continuavam a saltar como se estivessem a sorrir do mestre por demais impotente sobre tal caso.
Orta;
--- Ele teve uma irmã. Era uma jovem de 40 anos. Teve uma enfermidade do gênero de sua cliente e veio ao óbito após um tratamento assustador. O câncer, certas vezes, não tem cura. – Alertou o médico se voltando para a senhora Dalva.
E se sentou em sua poltrona a olhar apenas para o vazio da longa sala. Dalva estava ligeiramente desprovida de assuntos e respondeu apenas.
Dalva:
--- Compreendo. – Relatou com intranquilidade.
Orta:
--- Caranguejo! O termo latim. As células doentes se infiltram nas sadias como sendo tentáculos de caranguejos. Pode levar anos para ser descoberto o câncer. Pode ser de forma benigna. O Sol, é uma das causas. – Deu seu mero diagnóstico.
Dalva:
--- O senhor tem alguma definição para a paciente? – Perguntou.
O especialista observou a mulher e pôs os seus braços da cadeira que ele se sentava.
Orta:
--- O câncer ataca a qualquer ser vivo. Não apenas o ser humano. É um tumor. Ele aparece e se transforma no chamado câncer. Muitas vezes leva anos. É assim. – Falou o médico
Dalva
--- E por que a medicina recomenda se ingerir frutas, legumes? – Indagou.
Orta:
--- Tem casos de pólipos que se desenvolvem com o passar do tempo. Até mesmo em uma fruta. Eles crescem e se desenvolvem se transformando no câncer. – Explicou
Dalva:
--- É isso. O senhor come caranguejo? – Quis saber sorrindo.


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