- HOSPITAL -
- 20 -
VISITA -
Eram mais de cinco horas da tarde
quando Dalva Lopes chegou ao Hospital. Walquíria, Ciro e o garoto José Patrício
estavam também no auto. Dalva orientou para o garoto José deixar toda a sua
roupa no assento de trás. Eles entraram de hospital afora se dar nem
conhecimento ao porteiro. Isso porque todos conheciam Dalva e ela apena
cumprimentou os demais funcionários e indagou a uma enfermeira de o doutor
Marcelo Orta já estava em seu Gabinete. E como resposta disse apenas o ter
visto há pouco tempo. Ela agradeceu e foi, com a sua turma a suíte de dona
Noêmia, em um quarto de primeira classe. A atendente estava à porta e disse de
imediato.
Atendente
--- O doutor Orta esteve aqui.
Fez o de costume. Mas nada adiantou. – Falou baixinho.
Dalva:
--- Ótimo. Vou ver como a
paciente está o mostrar ao seu filho, apenas. Esses dois são: meu filho e minha
cunhada. É preferível não os deixar entrar, de imediato. – Discorreu.
A atendente fez sinal de ter
entendido. Dalva também orientou a Walquíria a passear pelos lados do Hospital
onde havia belos jardins e maior sossego pondo o menino Ciro a brincar por
algum tempo. Walquíria entendeu e de imediato saiu levando o menino Ciro
consigo a beijar como se faz afago a crianças delicadas. Um silencio profundo
do quarto do Hospital onde se podia ou o passar de uma borboleta. Junto a janela
estava a cama da senhora Noêmia e a mulher pode observar que a paciente estava
adormecida por efeito qualquer de algum medicamento. Dalva observou a perna
inchada, e viu ter sido feito curativo há pouco tempo. A enfermeira se acercou
e falou para Dalva.
Enfermeira
--- Ela dorme.- falou baixo.
Dalva
---Medicamentos? – Indagou
A enfermeira fez que sim. Mas,
desde o almoço que a paciente tinha estado sonolenta. Talvez efeito de algum
medicamento.
Enfermeira
--- O doutor Orta já esteve aqui
por duas vezes. – Sussurrou.
Dalva
--- É grave o estado da senhora.
Mas, vamos esperar. – Falou baixinho.
O garoto se aproximou da cama
onde estava a sua mãe e, delicadamente, beijou a sua mão com eterna sentimento
de filho. Lágrimas afloraram pelo semblante do garoto.
Enfermeira
--- É o seu filho? – Indagou.
Dalva:
--- Dela? Sim. – Afirmou
Enfermeira
--- Coitado. Dá pena. – Afirmou.
Dalva
--- Ele perdeu
o pai e dois irmãos. Pescadores. – Falou.
Enfermeira:
--- Nossa! Que
coisa! – Disse alarmada com os olhos bem abertos.
Em instantes,
mesmo deixando o garoto no quarto de sua mãe, a senhora Dalva Lopes foi até a
sala de trabalho do doutor Marcelo Orta, especialista em câncer para ouvir sua
conversa sobre a enfermidade de Noêmia. A parte afetada pela enfermidade estava
inchada, não muito. A doutora Dalva Lopes, formada em Químicas e Advocacia
sentiu temor em visitar o doutor Orta, mesmo sabendo da amizade nutrida por
ele. Um ancião, baixo, de pouca gordura, ele era um homem de antecedência espanhola
e de datas incertas da origem de seus antepassados. Sabia-se que ancestral do
médico tinha sido especialista em medicina tropical. Quando se perguntava ao
doutor Orta, ele sempre relatava ter seus parentes vindos da Índia. Homem de
pouca conversa, atinha-se aos deveres como médico especialista em oncologia. De
certa forma, a doutora Dalva Lopes, especialista em meteorologia física apenas
sorriu para o médico. E logo após, perguntou:
Dalva:
--- Boa noite
doutor Orta. E então? – Quis saber.
O médico de
pouca estatura estava sentado em sua banca de trabalho rodeada de livros,
voltou para trás com as mãos a tocar uma na outra e a olhar sereno para a
doutora antes de querer falar algo. E logo disse.
Orta:
--- Notícia do
avião? – Quis saber.
A mulher se
assustou com tal questão e quase nem deu por elas. A sua memória rodou até a
doutora chegar a seu prumo e expor.
Dalva;
--- Eu não
soube muito bem do que motivou o acidente. Ouvi falar que foi em alto mar.
Talvez tenha sido. – Argumentou desprevenida.
Orta:
--- Era um
homem e tanto. Bonachão, sorriso franco, barrigudo. É o destino. Vive-se e
morre-se. – e ele se levantou da cadeira giratória com as mãos para trás a
olhar o jardim, mas sem observar todo o esplendor do pomar.
Dalva Lopes
Baldo de ancestrais italianos nada falou, conservando-se quieta em sua cadeira
a olhar apenas o médico com o seu acanhado tamanho e sentiu remorso em ter de
falar sobre coisas terríveis.
Dalva:
--- O senhor o
conhecia? – Indagou ao médico.
O oncologista
parecia nada ouvir. De costas estava e de costas ficava. As borboletas noturnas
volteavam a luz do abajur do lado de fora e o especialista parecia querer pegar
uma das borboletas, mas sem alcançar por ter a vidraça da janela a empatar essa
possível ação. E as borboletas continuavam a saltar como se estivessem a sorrir
do mestre por demais impotente sobre tal caso.
Orta;
--- Ele teve
uma irmã. Era uma jovem de 40 anos. Teve uma enfermidade do gênero de sua
cliente e veio ao óbito após um tratamento assustador. O câncer, certas vezes,
não tem cura. – Alertou o médico se voltando para a senhora Dalva.
E se sentou em
sua poltrona a olhar apenas para o vazio da longa sala. Dalva estava
ligeiramente desprovida de assuntos e respondeu apenas.
Dalva:
--- Compreendo.
– Relatou com intranquilidade.
Orta:
--- Caranguejo!
O termo latim. As células doentes se infiltram nas sadias como sendo tentáculos
de caranguejos. Pode levar anos para ser descoberto o câncer. Pode ser de forma
benigna. O Sol, é uma das causas. – Deu seu mero diagnóstico.
Dalva:
--- O senhor
tem alguma definição para a paciente? – Perguntou.
O especialista
observou a mulher e pôs os seus braços da cadeira que ele se sentava.
Orta:
--- O câncer
ataca a qualquer ser vivo. Não apenas o ser humano. É um tumor. Ele aparece e
se transforma no chamado câncer. Muitas vezes leva anos. É assim. – Falou o
médico
Dalva
--- E por que a
medicina recomenda se ingerir frutas, legumes? – Indagou.
Orta:
--- Tem casos
de pólipos que se desenvolvem com o passar do tempo. Até mesmo em uma fruta.
Eles crescem e se desenvolvem se transformando no câncer. – Explicou
Dalva:
--- É isso. O
senhor come caranguejo? – Quis saber sorrindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário