- Marion Cotillard -
- 06 -
IMPASSE
O impasse se deu nesse instante.
Os médicos examinavam o cadáver para fornecer o certificado de causa mortis. Ao
abrir o defunto se chegaram ao clímax. O
corpo não tinha coração. Em nenhum lugar, havia o vestígio de algum coração. Os
legistas buscaram veias e artérias sem nada encontrar. A certa altura, os
médicos concluíram não haver sangue no morto. No entanto, ele era mesmo um
defunto de carne e osso. Porém, sem sangue e coração. O cérebro do morto não
tinha veias.
Médico:
---Louco!!! Esse homem era um
louco!!! Louco!!! – relatava cheio de tormentos.
Auxiliar:
--- E por onde corria o sangue? –
perguntou desnorteado
Médico:
--- Que sangue? Isso era um
bicho! E não tem nem coração! Um demônio! – alertava
Auxiliar:
--- E o que é que se faz com ele?
– perguntou cheio de dúvidas
Médico
--- Heim? Manda para o inferno!
Louco! Isso era um louco! – era o que, sem meios, afirmava
Auxiliar
--- E se for mandado para a
Faculdade de Medicina? – indagou perplexo.
Médico:
--- O que? Eles vão achar graça
da minha cara! Mandar o corpo sem coração! Loucura! – afirmava
Auxiliar
--- Mas, doutor! E se enterrar o
cadáver sem uma descrição de que morreu? – indagou
Médico:
--- Ora! Se diz que por morte sem
causa ou qualquer coisa! – falou já misterioso.
Auxiliar.
--- Certo. Certo. Mas se alguém
já viu esse cadáver e ele não é tão misterioso assim. Apenas o corpo não tem
coração. E então? Com se explica? – fomentou.
E o Médico Legista ficou na
dúvida. Seria melhor mandar para a Faculdade de Medicina? Sim ou não? O legista
coçou a cabeça e ficou sério para poder falar. Se empertigou e decidiu.
Médico
--- Mande o caixão. – disse o
médico.
Auxiliar:
--- Como? – indagou
Médico
--- Digo! Mande o cadáver! –
resolveu
Auxiliar:
--- Prá onde? – perguntou
Médico:
--- Para o necrotério! Quero
dizer! Para a Faculdade! – falou sem modéstia.
O auxiliar sorriu e empacotou o
tal defunto, a dizer:
Auxiliar:
--- Vamos lá colega! Você agora
vai ser executado pelos doutores de carne e ossos! – sorriu
E o cadáver foi empacotado, sem
sombras de dúvidas, e conduzido no “Caveirão”, o veículo que levava os mortos,
para a Faculdade de Medicina. Em certos momentos, quando o “caveirão” já estava
no hospital, ouviu-se um ruído estrondoso. Era um barulho assombroso parecendo
umas correntes se arrastando pelo corredor do necrotério. O caixão era de
metal, provavelmente de alumínio para empatar escorrer salmoura de algum morto.
E foi assim que se fez quando o cadáver chegou ao hospital, onde era a
Faculdade de Medicina. Os agentes que conduziam o esquife notaram algo e
pensaram em outra coisa. Mas, de repente, algo assustou os agentes de serviços
gerais. Alguma coisa bateu tão forte que derrubou o caixão. Apavorados com
aquele sinal, os dois homens largaram tudo e correram para fora do necrotério a
gritar alarmados.
Então, chegou gente para ver o
sucedido e encontrou o caixão imóvel sem nenhum sinal de algo anormal. E quem
viu, apenas indagou;
ASG
--- Que houve? – perguntou o
outro agente.
Cansados pela carreira que deram
os agentes apenas disseram.
Agente
--- Esse morto está vivo!!! –
alertou com bastante susto.
ASG
--- Vivo? E quem deixou o caixão
aqui? – perguntou temeroso
Agente
--- Foi o negro do ITEP. Mas o
cadáver bateu com força na porta de caixão! – relatou alarmado.
O senhor do hospital ficou
temeroso em mandar abrir o niquelado caixão. Depois de alguns segundos então,
ordenou.
ASG;
--- Abra o caixão. Vamos ver o
que aconteceu! – disse o homem com toda sapiência
Agente;
--- Mas, senhor, logo a gente? –
indagou com bastante temor
ASG
--- Abra! Depressa! Quer deixar o
defunto morrer? – disse altivo
Agente
--- Defunto? Mas o defunto está
morto mesmo. Só que, de repente, ele ficou vivo! – relatou espantado
ASG
--- Pois abra! Eu estou
ordenando! – fez voz firme
Os dois agentes gerais, então,
foram ao esquife e, com a chave mestra, destorceram a tampa. De repente, um
estridente alarme. O caixão estava vazio. E nem sombra de cadáver. O ASG ao
verificar, quase desmaia. Apenas indagou:
ASG
--- Que? Onde está o morto? – foi
o que disse o agente mor.
Nesse igual instante, os dois
outros agentes meteram o pé a correr em demasiada pressa a gritar pelo assombro
notado. O agente mor ao ver o caixão vazio, também não sabia o que fazer. E
gritava para os dois foragidos do terror.
ASG:
--- Voltem aqui, seus monstros!!!
Voltem aqui! – e correu em debandada atrás dos dois homens.
O caso for terminar na mesa do
diretor do Hospital. Os agentes, temerosos com o ocorrido, apenas disseram que
o ataúde do ITEP não tinha nada de especial. Eles, apenas, sentiram um puxão na
porta do caixão e, de repente, abandonaram quando sentiram o enorme bater. Eles
disseram com todo pavor.
Diretor:
--- Não tem cabimento! Bater na
porta do caixão e não ter nada? -
argumentou alterado
ASG
--- Isso, senhor. Como pode um
defunto sair do caixão dentro do necrotério? – formulou
Diretor
--- E quem mais viu esse
desconforto? – indagou ainda exaltado.
ASG:
--- Apenas os dois homens que
carregavam o defunto. Ou seja: o caixão. – relatou constrangido
O diretor do Hospital ficou a
duvidar de tal história e mandou chamar o médico do ITEP para relatar a
verdade.
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