domingo, 4 de janeiro de 2015

SUSPEITA - 07 -


- Marina Ruy Barbosa -

- 07 -

ENIGMA

O médico legista, doutor Oliveira Paiva, foi conectado e se prontificou em estar no Hospital o quanto antes. O sumiço do corpo era algo estranho, principalmente por aquele ser não ter coração, artérias e nem mesmo irrigação no cérebro. Coisa incômoda! Verdadeiro enigma. Apesar de o médico legista ter conhecimento do fato, o médico diretor do Hospital, disso, ele nada sabia. O médico, doutor Lustosa, apenas foi informado do desaparecimento do corpo de um homem. Por certo, o doutor desconhecia a procedência do cadáver. Ao que lhe parecia, era gente de condições paupérrimas e nada mais. E foi assim o sucedido.
Hora após, estava no gabinete do Hospital, o doutor Oliveira Paiva a conversar com bastante minúcias sobre a questão do cadáver. E disse ele ser muito estranho o morto não ter coração e nem artérias. O crânio nada apontava com se nele tivesse algum líquido.
Paiva
--- Eu não creio em sobrenatural. Mas o cadáver era tão somente estranho. E agora, de maneira brusca, o homem sumiu! – disse incrédulo o legista.
Enoque:
--- É difícil de acreditar. O caixão estava vazio ao ser mandado abrir. – relatou o homem encarregado do necrotério
Lustosa;
--- O cadáver era de alguma pessoa rica, por assim dizer? – indagou o diretor a querer pesquisar
Paiva
--- Não creio. Pelas vestes, era de alguém muito pobre. – confessou.
Lustosa:
--- Ah. Bom. Pelo menos não vai dar preocupação ao Hospital! – confirmou
Paiva
--- Mas, o caso era que a vítima não tinha coração. Nem sinal de coração. E não deve ter sido extirpado por alguém. O local era liso. O lugar não tinha artérias. E o cérebro era, também, parecendo de algo não sei bem o que falar. Era inteiramente liso. Sem sistema nervoso – relatou o médico fazendo gesto com a mão
Lustosa:
--- E era de gente, mesmo? – indagou preocupado
Paiva:
--- Sim. Era de gente. Todo ele estava perfeito. – relatou.
Lustosa:
--- Sem coração? – indagou preocupado
Paiva;
--- E sem cérebro, aparentemente! – relatou o legista
O doutor Lustosa passou a mão na sua cabeça como se fosse verificar se ele estava certo de ter um cérebro. Ele olhou para o doutor Paiva e nada falou. Apenas bateu com uma mão na outra em cima do birô e como querendo divagar.
Lustosa
--- Sem cérebro! É o fim! Com uma pessoa pode viver sem cérebro e coração? – indagou.
Paiva:
--- Eu encaminhei para o Hospital para se mostrar com são as vítimas que nós recebemos a cada instante. Mas, essa, foi o caso mais complexo. – falou com a sua cabeça abaixada
Nesse ponto, entrou no Gabinete do doutor Lustosa um outro médico conhecido por doutor Teixeira. Esse médico era o plantão daquele dia. Ao entrar na sala, cumprimentou os presentes e procurou uma cadeira para se sentar. O diretor do Hospital foi quem falou:
Lustosa:
--- Novidades? – indagou meio confuso pelo desaparecer do cadáver.
Teixeira:
--- Não. Somente o paciente, senhor Otto Câmara. Ele continua em desmaio. Eu achei prudente encaminha-lo à UTI. – falou tranquilo.
Lustosa:
--- O que sofreu esse homem? – indagou.
Teixeira:
--- Pelo que disse o doutor Nicácio Lopes, ele – o Otto – estava investigando um barulho havido dentre de sua casa e, então, veio ao desmaio. – falou.
Paiva:
--- Esse homem foi o da casa onde na noite passada apareceu um corpo? – indagou surpreso.
Teixeira:
--- Sim. O advogado disse que sim. Ambos estavam à procura de algum vestígio deixado pelo morto ou coisa assim. Nesse ponto se deu o desfalecimento do homem. -  disse ainda.
Lustosa:
--- Quem é esse Otto? – perguntou sem entusiasmo ao doutor Paiva
Paiva:
--- Ele é diretor de uma repartição do Estado. Desde ontem que eu assumi a investigação do cadáver de um rapaz que veio a cair em sua casa. – destacou
Lustosa:
Lustosa:
--- O cadáver desaparecido? – perguntou amedrontado.
Paiva:
--- Isso. É esse mesmo. – falou prudente
Teixeira:
--- Cadáver desaparecido? Onde? – perguntou o médico.
Lustosa:
--- Aqui mesmo. Os auxiliares disseram que o cadáver sumiu. Evaporou. – disse o médico fazendo gesto com as mãos.
Paiva:
--- É um caso sério. Eu examinei o corpo e notei várias irregularidades, inclusive a falta de coração na vítima.
Teixeira:
--- Mataram o homem e tiraram o coração? – perguntou espantado.
Paiva:
--- Essa é uma das hipóteses. Mas o corpo não tinha mesmo o coração, artérias e nem mesmo cérebro. – salientou.
Teixeira:
--- Mas, tiraram tudo? – então espantou de vez.
Paiva:
--- Eu não digo que sim.  O cadáver não tinha mesmo esses órgãos. – falou claro
Teixeira:
--- Ai meu Deus! Isso é um caso sério! Merece investigação! – falou com alarme.
Lustosa:
--- Eu não sei o que fazer. Agora, o corpo sumiu! – falou aborrecido
Paiva:
--- É melhor ser prudente! E se chamar a Polícia, deve ser feito no mais absoluto sigilo!              Nada se deve transpor! Silencio absoluto! – recomendou
Lustosa:
--- Isso é. Não se deve transpor nada do que se possa tomar como evidência do fato. - relembrou.
Teixeira:
--- E quem vai falar? – indagou surpreso. 

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