- Marina Ruy Barbosa -
- 07 -
ENIGMA
O médico legista, doutor Oliveira
Paiva, foi conectado e se prontificou em estar no Hospital o quanto antes. O
sumiço do corpo era algo estranho, principalmente por aquele ser não ter
coração, artérias e nem mesmo irrigação no cérebro. Coisa incômoda! Verdadeiro
enigma. Apesar de o médico legista ter conhecimento do fato, o médico diretor
do Hospital, disso, ele nada sabia. O médico, doutor Lustosa, apenas foi
informado do desaparecimento do corpo de um homem. Por certo, o doutor
desconhecia a procedência do cadáver. Ao que lhe parecia, era gente de
condições paupérrimas e nada mais. E foi assim o sucedido.
Hora após, estava no gabinete do
Hospital, o doutor Oliveira Paiva a conversar com bastante minúcias sobre a
questão do cadáver. E disse ele ser muito estranho o morto não ter coração e
nem artérias. O crânio nada apontava com se nele tivesse algum líquido.
Paiva
--- Eu não creio em sobrenatural.
Mas o cadáver era tão somente estranho. E agora, de maneira brusca, o homem
sumiu! – disse incrédulo o legista.
Enoque:
--- É difícil de acreditar. O
caixão estava vazio ao ser mandado abrir. – relatou o homem encarregado do
necrotério
Lustosa;
--- O cadáver era de alguma
pessoa rica, por assim dizer? – indagou o diretor a querer pesquisar
Paiva
--- Não creio. Pelas vestes, era
de alguém muito pobre. – confessou.
Lustosa:
--- Ah. Bom. Pelo menos não vai
dar preocupação ao Hospital! – confirmou
Paiva
--- Mas, o caso era que a vítima
não tinha coração. Nem sinal de coração. E não deve ter sido extirpado por
alguém. O local era liso. O lugar não tinha artérias. E o cérebro era, também,
parecendo de algo não sei bem o que falar. Era inteiramente liso. Sem sistema
nervoso – relatou o médico fazendo gesto com a mão
Lustosa:
--- E era de gente, mesmo? –
indagou preocupado
Paiva:
--- Sim. Era de gente. Todo ele
estava perfeito. – relatou.
Lustosa:
--- Sem coração? – indagou
preocupado
Paiva;
--- E sem cérebro, aparentemente!
– relatou o legista
O doutor Lustosa passou a mão na
sua cabeça como se fosse verificar se ele estava certo de ter um cérebro. Ele
olhou para o doutor Paiva e nada falou. Apenas bateu com uma mão na outra em
cima do birô e como querendo divagar.
Lustosa
--- Sem cérebro! É o fim! Com uma
pessoa pode viver sem cérebro e coração? – indagou.
Paiva:
--- Eu encaminhei para o Hospital
para se mostrar com são as vítimas que nós recebemos a cada instante. Mas,
essa, foi o caso mais complexo. – falou com a sua cabeça abaixada
Nesse ponto, entrou no Gabinete
do doutor Lustosa um outro médico conhecido por doutor Teixeira. Esse médico
era o plantão daquele dia. Ao entrar na sala, cumprimentou os presentes e
procurou uma cadeira para se sentar. O diretor do Hospital foi quem falou:
Lustosa:
--- Novidades? – indagou meio
confuso pelo desaparecer do cadáver.
Teixeira:
--- Não. Somente o paciente,
senhor Otto Câmara. Ele continua em desmaio. Eu achei prudente encaminha-lo à
UTI. – falou tranquilo.
Lustosa:
--- O que sofreu esse homem? –
indagou.
Teixeira:
--- Pelo que disse o doutor
Nicácio Lopes, ele – o Otto – estava investigando um barulho havido dentre de
sua casa e, então, veio ao desmaio. – falou.
Paiva:
--- Esse homem foi o da casa onde
na noite passada apareceu um corpo? – indagou surpreso.
Teixeira:
--- Sim. O advogado disse que
sim. Ambos estavam à procura de algum vestígio deixado pelo morto ou coisa
assim. Nesse ponto se deu o desfalecimento do homem. - disse ainda.
Lustosa:
--- Quem é esse Otto? – perguntou
sem entusiasmo ao doutor Paiva
Paiva:
--- Ele é diretor de uma
repartição do Estado. Desde ontem que eu assumi a investigação do cadáver de um
rapaz que veio a cair em sua casa. – destacou
Lustosa:
Lustosa:
--- O cadáver desaparecido? –
perguntou amedrontado.
Paiva:
--- Isso. É esse mesmo. – falou
prudente
Teixeira:
--- Cadáver desaparecido? Onde? –
perguntou o médico.
Lustosa:
--- Aqui mesmo. Os auxiliares
disseram que o cadáver sumiu. Evaporou. – disse o médico fazendo gesto com as
mãos.
Paiva:
--- É um caso sério. Eu examinei
o corpo e notei várias irregularidades, inclusive a falta de coração na vítima.
Teixeira:
--- Mataram o homem e tiraram o
coração? – perguntou espantado.
Paiva:
--- Essa é uma das hipóteses. Mas
o corpo não tinha mesmo o coração, artérias e nem mesmo cérebro. – salientou.
Teixeira:
--- Mas, tiraram tudo? – então
espantou de vez.
Paiva:
--- Eu não digo que sim. O cadáver não tinha mesmo esses órgãos. –
falou claro
Teixeira:
--- Ai meu Deus! Isso é um caso
sério! Merece investigação! – falou com alarme.
Lustosa:
--- Eu não sei o que fazer.
Agora, o corpo sumiu! – falou aborrecido
Paiva:
--- É melhor ser prudente! E se
chamar a Polícia, deve ser feito no mais absoluto sigilo! Nada se deve transpor! Silencio
absoluto! – recomendou
Lustosa:
--- Isso é. Não se deve transpor
nada do que se possa tomar como evidência do fato. - relembrou.
Teixeira:
--- E quem vai falar? – indagou
surpreso.
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