sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 09 -

- CIGANA -
- 09 -
DOIS MESES

Dois meses eram feitos. No sábado, Othon estava lendo uma publicação sobre algo e Norma cosicava para não dizer que nada havia a fazer. O homem, em sua sala de serviço, com óculos de grau, passava em revista o conteúdo da revista e, então, Norma falou meio confusa de algo sucedido dias atrás. Foi um caso confuso que a mulher nem sabia dizer ao certo.
Norma
--- Querido! Eu, um dia desses, estava a caminhar pela pracinha quando uma mulher, magra até, me convidou a ler a minha mão. Ouvido? - - falou breve
Othon
--- Irmão de quem? - - indagou despreocupado
Norma
--- Não falei em irmão. Eu disse que uma cigana, parece, quis ler a minha mão. Ouviu agora? Pois bem. Eu deixei ler a mão. Ela me olhou e disse assim – “ A senhora está grávida” – Eu sorri. E eu disse a cigana que ela contasse mais do que eu não sabia. Ela então leu por bem próximo e declaro ter eu dois fetos. Eu sorri e recolhi a mão. E disse que estava bom. - - sorriu a mulher
Othon
--- Besteira! Essa mulher queria era dinheiro! - - relatou
Norma
--- Pois é. Acontece que essa semana eu fui ao médico e ele comprovou que eu estava grávida mesmo. E disse que era filho de dois meses. - - declarou
Othon
--- Que? Grávida? Você? - - o homem se levantou do assento e correu para perto da mulher
Norma
--- Tolice! Toda mulher engravida! E se eu tenho um, não é nada demais. - - sorriu
Othon
--- Não! Isso me preocupa! Você vai ter que arranjar uma ajudante desde já. E agora! - - tremeu
Norma
--- Para que? Eu vejo mulher com dez filhos e continua parindo! - -  gargalhou
Othon
--- Isso é mulher de gente pobre. Vou cuidar dos enxovais e você não vai fazer mais nada! - - tremeu de mais
Norma
--- Quer dizer que eu não vou fazer mais nada só porque estou gravida? - - gargalhou
Othon
--- Isso mesmo. Vou arrumar uma criada para ela tomar conta da casa! - - declarou chorando
Norma
--- Que nada! Você vai cuidar de seu filho e eu de amamentar. Cuidar das roupinhas, fazer mingua, botar no braço e fazer carinhos! - - gargalhou
 O caso mudou por todo o tempo com o homem fazendo refeições sem permitir à mulher se meter enquanto a doméstica era a principal pessoa capaz de resolver tudo e que nada faltasse. Num certo dia a mulher teve que ir ao médico verificar como estava o ventre e as crianças, pois os exames já identificavam dois seres podendo ser um casal de gêmeos. Norma ficou feliz pois faltava um mês. Tudo era alegria, das papinhas aos grudes. A mulher cosicava as roupas dos bebes ouvindo os conselhos das mulheres parideiras com seis ou mais filhos e para uma novata no parto elas combinavam rezas e orações para espantar os espíritos maus. Agora faltava seis dias ou três ou mesmo um dia. Então chegou o dia marcado. No hospital, tudo estava preparado. Norma deitou em uma na sala e os médicos, todos suados, abriram a barriga e ela teve as duas crianças, sendo uma menina e um menino. Todo isso ocorreu apenas com o parto de modo cesariano, por precaução do corpo médico. E a mulher ficou contente em receber em seus braços as duas crianças recém-nascidas indo procurar as mamas para tratar dos bebês. Sorrisos amplas e, nesse ponto, entrou no quarto de repouso o senhor Pai dos meninos, muitos feliz, porém com bastante cuido até no pisar do chão. Uma enfermeira o acompanhava. O marmanjo com o seu chapéu tirado da cabeça, sorria desconfiado e indagava.
Othon
--- Posso? - - perguntou com muito medo de pegar nas crianças ainda tenras
Enfermeira
--- Pode, pois não. São seus filhos. Segure-os! - - falou delicadamente
Othon
--- São dois mesmo. Que alegria. Mas so seguro um, pois dois eu posso quebrar. São moles! - - sorriu e chorou
Norma
--- Agora, falta dar os nomes! Da menina, eu tenho. Falta o menino! - - sorriu
Othon
--- Como é que se dá o nome? - - perguntou acanhado
Norma
--- Falando, ora! Diga o seu. O meu eu, digo depois. – - ela a sorrir
Othon
--- Bom. Que tal Hervê? Foi um grande músico! Eu o ponho em sua homenagem! - - sorriu
Norma
--- Está bem. O meu é diferente, pois é menina e se chama Racílva! - - declarou
Othon
--- Racílva? Como pode? Racílva? Era o nome da minha primeira noiva. Ela morreu! Mas agora está aqui como sendo a minha filha! - -
Norma
--- Foi o presente quedei a você. Racílva! Gostas? - - indagou sorrindo
Othon
--- É um nome lindo! Racílva! Eu adorei a sua lembrança! - - sorriu e chorou beijando a testa do bebê
Enfermeira
--- Sua esposa terá que ficar aqui por mais uns dias. É recomendação médica! Tão logo tenha alta, ela e os bebês terão alta também. Por enquanto eles ficam na incubadora! - - falou
Othon
--- Incubadora? Por que? - - indagou assustado
Enfermeira
--- Ganhar peso! Eles estão bem fraquinhos. É isso! Mas, o senhor pode vê-los o tempo que quiser. - - respondeu com sorrisos
Othon
--- A mãe sebe? - - indagou com receio
Enfermeira
--- Ela sabe. E também por conta da cirurgia a que foi submetida! - - comentou
No apartamento, a moça Célia conhecida por Neta, cuidava dos arranjos da casa. Varia, limpava, cozinhava, fazia café, cuidava da janta. Tudo o que Norma tinha feito, agora era com Neta, cozinheira de primeira linha, apesar de ter aprendido tudo em sua própria casa com os seus familiares. Uma questão de avó para neta. E, com isso, passou o seu tempo nas casas de família. Cozinhava tão bem que a própria Norma ficava de boca aberta. A mulher também cozinhava muito bem, por sinal. E ficou Neta naquele apartamento quase como definitiva a cuidar dos assados e dos bebês, quando já estivessem de volta. Morena um pouco clara, Neta fazia tudo com pressa. Conversava pouco, não tinha amigas, porém costumava sair a passeios. Tudo isso, Neta cumpria. E se chegava tarde, o marido de Norma nem se importava, pois, Neta sempre estava acordada e pronta para qualquer negócio. Nesse dia, Othon foi quem falou ao chegar em seu apartamento.
Othon
--- Neta? Foi parto de gêmeos. Menino e menina! Eu fique orgulhos de ver meus filhos!  - -sorriu
Neta sorriu de contente!


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