- CONVENTO -
- 18 -
CONVENTO
Othon chegou trade da noite,
naquele dia, em sua capital vindo da viagem ao sítio e ao Monte dos Carmelos,
uma distância enorme para quem não tinha indo a lugares remotos como aquele.
Uma estrada de barro, estreita por sinal, onde ele quase despenca por causa de
um tropeiro em sua carroça de asno, na viagem de ida aos Carmelos, ficou ele
chocado com casos como esse. Mas, saiu-se bem do angustiante descuido. No
Convento, ele teve a oportunidade de conhecer a Igreja do Mosteiro, toda
pintada de ouro em suas colunas, caso que o impressionou bastante. A tal Igreja
deve ter sido construídas com recursos estrangeiros ou de fazendeiros locais.
Ele lembrou da viagem de Padre Cícero Romão à Roma quando juntou seis milhões
de cruzeiro, quantia vultosa para se conduzir em uma só mão. Foram castiçais,
sacrários, relíquias em ouro, ostensórios em ouro, diamantes, rubis, esmeraldas
e safiras do século XVIII. Um volume formidável doado por ricos fazendeiro
vindos de Portugal naqueles idos tempos. Quando Othon regressou ficou um breve
tempo no sítio de dona Rita e por lá ainda almoçou. Após um ligeiro descanso,
ele viajou de volta à capital tendo enfrentado ainda um engarrafamento de
transito até chegar ao seu apartamento com demais segurança.
Norma
--- Agora? - - indagou preocupada
Othon
--- Trânsito e chuva! Aqui
choveu? - - indagou
Norma
--- Um pouco. Mas ande eu fui,
choveu bastante. Ainda deve está chovendo, por certo! - -
Othon
--- Mas no sitio não choveu. Nem
neblinou. Eu, quando nós fomos ao Monte, levei também uma moça, neta de dona
Rita. Ela foi ser Monja! - - sorriu
Norma
--- Monja? Quem foi essa? - -
indagou preocupada
Neta
---Onilda! Ela estava para ir há
algum tempo! - - lembrou Neta
Norma
---Onilda? E eu conheço? - -
indagou pensativa
Neta
--- Deve conhece-la! Ela vivia
por dentro de casa! Mas a senhora conhece! - - relatou
Othon
--- É neta em banda de lata! - -
sorriu
Norma
--- Coitada! Lá não tem
televisão! - - gargalhou.
Após certo instante, Othon foi
até o banheiro tomar uma ducha para melhor se agasalhar. As crianças estavam
dormindo, pois ele as observou muito bem nos seus berços cobertos com lençol e
mosqueteiro. Após o banho, veio o jantar leve. Uma sopa, panetone e café com
leite. Tudo simples, para depois dormir. Quando os dois estavam na cama, a
mulher preveniu para o aniversário de um ano das crianças. O homem sorriu e se
voltou preocupado
Othon
--- Um ano! O tempo voa! - -
alertou
Norma
--- Nem pensar! - - lembrou ao marido
fazer sexo.
O Convento, na cidade, tinha um
onde os Frades Capuchinhos se abrigavam. Havia notícias de chicotadas que eram
o “martírio” dos Frades. Independente disso, o senhor Othon, certo dia, foi até
ao Santuário de Santo Antônio, onde havia apenas os Capuchinos. Ele não estava
satisfeito com a leitura feita pelo Padre Francisco com relação a vinda do
anticristo à Terra. Anticristo vem a significar um “contra Cristo”, o Jesus. O
que o homem tinha, era um opúsculo não muito longo a tecer a vinda de um certo
anticristo. O Rei do Diabo! Ele trará o fim dos tempos! O Armagedom! O
anticristo é um homem que recebe o poder de Satanás! E o anticristo já está na
Terra! A palavra “anticristo” tem origem na religião e vem do Grego, Anti: em
vez de, no lugar de, com Cristo! Ou Christus! O Ungido! Isso se refere à época
do início da Igreja quando vários grupos começaram a se separar. Cada um
interpretava o ensinamento de Cristo a seu modo. Outros grupos eram os
heréticos!
Ao chegar ao Convento, Othon
bateu palmas e esperou para ser atendido. Em poucos instantes, um Monge chegou
para atendê-lo. Poucas palavras. Othon queria falar com o Abade. Momento depois
a portinhola foi aberta e o Monge permitiu entrar. Ele acompanhou com pressa o
Monge pelo corredor até chegar ao escritório central do Convento. Em um
escritório bem arrumado, Othon deu conta de ver o Abade da instituição. Ao
contrário do que supunha, o homem ainda era moço e tinha um corpo franzino. O
Abade se levantou da poltrona e veio feliz cumprimentar o jovem homem.
Abade
--- Boa tarde, sem maior delonga,
sente-se. - - sorriu amplo
Othon
--- Obrigado senhor Abade. Muito
obrigado mesmo. O que me traz aqui é uma publicação que eu encontrei em um
sebo. Bancas de livros usados! Eu nem se esse foi usado. Mas, por via das
dúvidas, venho trazendo o rascunho para mostrar ao senhor. A história é antiga.
Fazem anos ou séculos. Mas o fato de preocupa. Está aqui. Pode olhar, por
favor! - - relatou compenetrado
O Abade folheou o opúsculo observando
com atenção quando se tocou contra o anticristo. Notou ser o livro algo de novo
para alguns estudiosos. Nesse ponto começou a ler com maior cuidado. E assim o
fez. Ao final o Abade observou a brochura.
Abade
--- Esse livro é algo que tem o
demônio! Onde você o adquiriu? - -
Othon
--- Numa banca de rua! É
perigoso? - - indagou de olhos bem apertos
Abade
--- Eu não digo tanto. Mas a
questão ser o anticristo. Segundo a história, Napoleão foi o primeiro
anticristo. Seu exército foi fulminado. Napoleão foi responsável pela morte de
três milhões e meio de pessoas, mais do que ser humano até sua época - -
Othon
--- Por isso ele cabe na
descrição do primeiro anticristo! - - afirmou
Abade
--- O Armagedom. Hitler é o
segundo anticristo! Quem seria o terceiro? - - indagou
Othon
---Essa é a questão! - - falou
inquieto
Abade
--- Terror e destruição é o que
se clama! Com Hitler a liberdade na seria recuperada! Seis milhões de vidas. Um
homem soberbo e de alma negra, abominável e injusto. - - cientificou
Othon
--- Hitler ficou famoso por seus
discursos hipnotizantes e carismáticos. - - lembrou
Abade
---Isso! Isso! Ele começou uma
Guerra Mundial sem qualquer impunidade. E convenceu os alemães a varrer os
judeus da Europa. - - confirmou
Othon
--- Assim como Napoleão, Hitler
teve consciência do seu destino de anticristo. - - adiantou
Abade
--- A Gaiola de Ferro foi onde
Hitler se refugiou no fim do seu reino. Foi ali que ele cometeu o suicídio
matando também a sua mulher, Eva Braun. - - fez questão de lembrar.
Othon
--- Agora, um novo anticristo
aparece em nosso tempo. E será bem pior do que já foram os dois primeiros. - -
arguiu
Abade
--- Contra este, nós vamos tirar
a forra! Seja quem for! Fale o que fale! Mesmo assim ele será o mau que nos
observa
Nenhum comentário:
Postar um comentário