sábado, 12 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 18 -

- CONVENTO -
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CONVENTO

Othon chegou trade da noite, naquele dia, em sua capital vindo da viagem ao sítio e ao Monte dos Carmelos, uma distância enorme para quem não tinha indo a lugares remotos como aquele. Uma estrada de barro, estreita por sinal, onde ele quase despenca por causa de um tropeiro em sua carroça de asno, na viagem de ida aos Carmelos, ficou ele chocado com casos como esse. Mas, saiu-se bem do angustiante descuido. No Convento, ele teve a oportunidade de conhecer a Igreja do Mosteiro, toda pintada de ouro em suas colunas, caso que o impressionou bastante. A tal Igreja deve ter sido construídas com recursos estrangeiros ou de fazendeiros locais. Ele lembrou da viagem de Padre Cícero Romão à Roma quando juntou seis milhões de cruzeiro, quantia vultosa para se conduzir em uma só mão. Foram castiçais, sacrários, relíquias em ouro, ostensórios em ouro, diamantes, rubis, esmeraldas e safiras do século XVIII. Um volume formidável doado por ricos fazendeiro vindos de Portugal naqueles idos tempos. Quando Othon regressou ficou um breve tempo no sítio de dona Rita e por lá ainda almoçou. Após um ligeiro descanso, ele viajou de volta à capital tendo enfrentado ainda um engarrafamento de transito até chegar ao seu apartamento com demais segurança.
Norma
--- Agora? - - indagou preocupada
Othon
--- Trânsito e chuva! Aqui choveu? - - indagou
Norma
--- Um pouco. Mas ande eu fui, choveu bastante. Ainda deve está chovendo, por certo! - -
Othon
--- Mas no sitio não choveu. Nem neblinou. Eu, quando nós fomos ao Monte, levei também uma moça, neta de dona Rita. Ela foi ser Monja! - - sorriu
Norma
--- Monja? Quem foi essa? - - indagou preocupada
Neta
---Onilda! Ela estava para ir há algum tempo! - - lembrou Neta
Norma
---Onilda? E eu conheço? - - indagou pensativa
Neta
--- Deve conhece-la! Ela vivia por dentro de casa! Mas a senhora conhece! - - relatou
Othon
--- É neta em banda de lata! - - sorriu
Norma
--- Coitada! Lá não tem televisão! - - gargalhou.
Após certo instante, Othon foi até o banheiro tomar uma ducha para melhor se agasalhar. As crianças estavam dormindo, pois ele as observou muito bem nos seus berços cobertos com lençol e mosqueteiro. Após o banho, veio o jantar leve. Uma sopa, panetone e café com leite. Tudo simples, para depois dormir. Quando os dois estavam na cama, a mulher preveniu para o aniversário de um ano das crianças. O homem sorriu e se voltou preocupado
Othon
--- Um ano! O tempo voa! - - alertou
Norma
--- Nem pensar! - - lembrou ao marido fazer sexo.
O Convento, na cidade, tinha um onde os Frades Capuchinhos se abrigavam. Havia notícias de chicotadas que eram o “martírio” dos Frades. Independente disso, o senhor Othon, certo dia, foi até ao Santuário de Santo Antônio, onde havia apenas os Capuchinos. Ele não estava satisfeito com a leitura feita pelo Padre Francisco com relação a vinda do anticristo à Terra. Anticristo vem a significar um “contra Cristo”, o Jesus. O que o homem tinha, era um opúsculo não muito longo a tecer a vinda de um certo anticristo. O Rei do Diabo! Ele trará o fim dos tempos! O Armagedom! O anticristo é um homem que recebe o poder de Satanás! E o anticristo já está na Terra! A palavra “anticristo” tem origem na religião e vem do Grego, Anti: em vez de, no lugar de, com Cristo! Ou Christus! O Ungido! Isso se refere à época do início da Igreja quando vários grupos começaram a se separar. Cada um interpretava o ensinamento de Cristo a seu modo. Outros grupos eram os heréticos!
Ao chegar ao Convento, Othon bateu palmas e esperou para ser atendido. Em poucos instantes, um Monge chegou para atendê-lo. Poucas palavras. Othon queria falar com o Abade. Momento depois a portinhola foi aberta e o Monge permitiu entrar. Ele acompanhou com pressa o Monge pelo corredor até chegar ao escritório central do Convento. Em um escritório bem arrumado, Othon deu conta de ver o Abade da instituição. Ao contrário do que supunha, o homem ainda era moço e tinha um corpo franzino. O Abade se levantou da poltrona e veio feliz cumprimentar o jovem homem.
Abade
--- Boa tarde, sem maior delonga, sente-se. - - sorriu amplo
Othon
--- Obrigado senhor Abade. Muito obrigado mesmo. O que me traz aqui é uma publicação que eu encontrei em um sebo. Bancas de livros usados! Eu nem se esse foi usado. Mas, por via das dúvidas, venho trazendo o rascunho para mostrar ao senhor. A história é antiga. Fazem anos ou séculos. Mas o fato de preocupa. Está aqui. Pode olhar, por favor! - - relatou compenetrado
O Abade folheou o opúsculo observando com atenção quando se tocou contra o anticristo. Notou ser o livro algo de novo para alguns estudiosos. Nesse ponto começou a ler com maior cuidado. E assim o fez. Ao final o Abade observou a brochura.
Abade
--- Esse livro é algo que tem o demônio! Onde você o adquiriu? - -
Othon
--- Numa banca de rua! É perigoso? - - indagou de olhos bem apertos
Abade
--- Eu não digo tanto. Mas a questão ser o anticristo. Segundo a história, Napoleão foi o primeiro anticristo. Seu exército foi fulminado. Napoleão foi responsável pela morte de três milhões e meio de pessoas, mais do que ser humano até sua época - -
Othon
--- Por isso ele cabe na descrição do primeiro anticristo! - - afirmou
Abade
--- O Armagedom. Hitler é o segundo anticristo! Quem seria o terceiro? - - indagou
Othon
---Essa é a questão! - - falou inquieto
Abade
--- Terror e destruição é o que se clama! Com Hitler a liberdade na seria recuperada! Seis milhões de vidas. Um homem soberbo e de alma negra, abominável e injusto. - - cientificou
Othon
--- Hitler ficou famoso por seus discursos hipnotizantes e carismáticos. - - lembrou
Abade
---Isso! Isso! Ele começou uma Guerra Mundial sem qualquer impunidade. E convenceu os alemães a varrer os judeus da Europa. - - confirmou
Othon
--- Assim como Napoleão, Hitler teve consciência do seu destino de anticristo. - - adiantou
Abade
--- A Gaiola de Ferro foi onde Hitler se refugiou no fim do seu reino. Foi ali que ele cometeu o suicídio matando também a sua mulher, Eva Braun. - - fez questão de lembrar.
Othon
--- Agora, um novo anticristo aparece em nosso tempo. E será bem pior do que já foram os dois primeiros. - - arguiu
Abade
--- Contra este, nós vamos tirar a forra! Seja quem for! Fale o que fale! Mesmo assim ele será o mau que nos observa


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