- ORNAMENTO -
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CASAMENTO
Algo que Maria
não sabia, de fato. Ela jamais perguntara a Othon esse caso. Tinha vergonha em
saber. Mesmo assim, dessa vez teve coragem para saber. Era apenas uma questão e
nada mais. Se ele fosse casado, tudo bem. Ela agora era uma fêmea adulta. E
talvez pudesse tirar proveito da amizade que cada vez era mais sincera. Uma
vez, talvez. Seria sexo normal e ninguém se importava com isso. O homem estava
solitário. Ela, uma mulher atraente. Que
importância faria naquele ponto do caminho.
Maria
--- Mas, você
foi só? - - indagou
Othon sentiu
que foi pego de surpresa. Diz não era imprudente.
Othon
--- Não. A
minha mulher foi também. - - disso o homem
Maria
--- Ah! Sua
esposa! E ela está em São Paulo? - - indagou como por acaso.
Othon
--- Não. Ela
mora em Natal. Mas, agora, não sei mais se ela é a minha esposa. O caso está na
Justiça. Eu deixei o advogado para solucionar o fato. – - disse homem
Maria
--- E ela sabe
que o senhor está aqui? - - indagou
Othon
--- Creio que
sim. Mas isso não incomoda muito. Nem um pouco. - - falou nostálgico
Maria
--- E os
filhos? - -
Othon
--- Com ela.
São dois. Um menino e uma menina. Bem carinhosos! - - falou vagaroso
Maria
--- Faz pena!
- - refletiu
Othon
--- Não para
ela. Tudo se acaba nas minhas costas! - - revidou
Maria
--- Para os
meninos. Digo eu. - - refletiu
Othon
--- Eu os vejo
sempre. Quando estou em Natal. - -
Passados uns
instantes, após o café da manhã, Othon de imediato chamou a sua nova Secretária
a acompanha-lo até a nova Repartição em outro Estado, com uma função aparente,
uma vez que a jovem moça não tinha função alguma para ser sua nova secretaria
de um cidadão qualquer. Ele era apenas um senhor de despachos e rendas.
Protegido por alguém que mandava em tudo, Othon não recusaria ordens emanadas
de seres bem mais acima que ele. Nomear fulanos era com ele mesmo. Ele confiava
em concurso a ter lugar no próximo mês e dessa forma podia infiltrar a moça sem
qualquer vexame. Com poder superior, era só formalizar o ajuste.
Othon
Maria. Vamos
combinar. A partir de agora, você recebe o pagamento direto do Senado. É
necessário você preencher essa ficha e logo após vai haver concurso para a
Receita e você já está inscrita. Tão logo faça o exame, você está à disposição
da Receita. Só isso! - - relatou
A moça ficou
sem saber ao certo e ainda perguntou.
Maria
--- E o
Senado? - - preocupada
Othon
--- Isso se resolve!
Pode deixar! - - relatou
Maria disse
que o que Othon falasse estava tudo bem. E procurou um assentou onde procurou
seu lugar. Afinal, não fazia nada porque nada a moça sabia ao certo. Para não
perder o tempo, buscou um livro qualquer e começou a estudar esse assunto sobre
formulários para iniciantes em carreira da Fazenda. Nunca foi chamada por seu
chefe. Por isso mesmo, era descanso total. No final, a moça estava de voltar ao
hotel sempre com o motorista da repartição. Às vezes, Othon estava em sua
companhia. Em outras, o homem estaria sempre ocupado e ela não sabia qual o
destino. Em algumas noites, ao teatro, ao cinema, a uma exposição de pintura, a
um show ou mesmo a um passeio pelas ruas sombrias paulistas.
Certa noite, o
homem Othon estava em sua suíte do Hotel onde continuava hospedado e lembrou de
algo a saber de sua secretaria, Maria, e deu meia volta e entrou no AP logo ao
lado a procura de saber algo. Naquela noite eles não saíram para canto nenhum.
O carro novo que Othon comprara com a venda do outro, em Natal, era um veículo
de primeira classe e chegara na última semana. A chave, ele deixara na mala do
carro, por esquecimento e tentara agora usar uma chave sobressalente que
deixaram com a garota naquele tempo. E por isso, foi logo ao AP vizinho pedir a
segunda chave que com Maria estava. Logo que entrou se deparou com uma cena
improvável; Maria parecia despida. Othon não soube nem o que fazer com aquela
cena e a moça, despida, correu para apanhar uma tolha e procurou entrar no
banheiro tremendo de medo. O homem quis sair mas perguntou apenas pela chave do
carro novo. A moça, tremendo, de onde estava respondeu que estava na bolsa na
cadeira logo em cima da cama. O homem, preocupado, abriu a bolsa e achou a
chave tendo gritado.
Othon
--- Está aqui,
ó! - - e balançou as chaves no ar. Tendo feito isso, saiu de vez.
Alguns minutos
foram passados e a moça saiu do seu quarto e foi bater na porta de Othon para
apenas se desculpar. E assim foi feito. O homem estava lendo algo que ela não
muito atenção e apenas se desculpou porque estava nua naquele instante. Corada
e sem forma, Maria falou:
Maria
--- O meu caso
no Senado. Eu fiz a proposta e despachei ontem mesmo. - - falou como quem não
diz nada.
Othon
--- Agora vai.
Espere! - - falou com os óculos quase a caírem da cara.
Maria
--- Em estou
prejudicando? - - refez à sua maneira de se desculpar.
Othon virou-se
e olhou Maria de cabo a rabo e falou
Othon
--- Sabe que
você é linda? - - relatou a olhar a bela solteira.
Maria
--- Tolices!
Sou apenas uma simples mulher. - - sorriu acanhada
Othon
--- Não sei
como fui te conhecer em um acaso? Eu imagino até. - - e falou serio
Com os óculos
pendentes no nariz e ficou alí cismado querendo dizer algo de melhor carência.
Maria
--- Eu estava
procurando emprego. Minha mãe tinha morrido. O meu pai saiu de casa. E vive aos
tombos pelo meio da rua. Tenho um irmão que é outro pau d’água. Eu morro na
praia, Rua do Motor. Essa é a minha vida. - - chorou
Othon
--- Não chore.
Sinto-me penalizado. A vida é difícil. Não se lamente! - - disse o homem e
acolheu a moça com o seu real amor.
A moça deitou
no colo do homem sem deixar de se lamentar das agruras da vida com seu rosto
colado ao de Othon. Vidas de amores perdidos. Uma mãe que morreu. Algo a não
pensar nunca mais. A perdição de todos. Um pouco a fazer. Enfim, era o que
faltava! O sexo, afinal. O calor foi ao máximo! A moça a delirar em êxtase!
Tudo era o minuto supremo! A donzela acolhia em orgasmo a imensidão do seu
corpo! A vida e o momento em que o prazer de excitação sexual atingia o máximo
de intensidade na efervescência de sentimentos num incontrolável estado
alterado de consciência.
A moça sorriu
e o homem foi ter ao banho e fazer o seu asseio. Logo alguns minutos após,
Othon se recolheu ao leito se cobrindo todo com uma manta felpuda para então
adormecer ao lado da amente. Ternura e afetos foram deleites sem fim. Os
pássaros madrugadores gorjeavam em volta do campanário de um templo religioso.
Era a hora de acordar.
Othon
--- Desperta,
amor! - - e ele sacudiu de manso o corpo da mulher
Maria
--- Que horas?
- - disse ainda sonolenta.
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