terça-feira, 22 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 27 -

- ORNAMENTO -
- 27 -
CASAMENTO

Algo que Maria não sabia, de fato. Ela jamais perguntara a Othon esse caso. Tinha vergonha em saber. Mesmo assim, dessa vez teve coragem para saber. Era apenas uma questão e nada mais. Se ele fosse casado, tudo bem. Ela agora era uma fêmea adulta. E talvez pudesse tirar proveito da amizade que cada vez era mais sincera. Uma vez, talvez. Seria sexo normal e ninguém se importava com isso. O homem estava solitário.  Ela, uma mulher atraente. Que importância faria naquele ponto do caminho.
Maria
--- Mas, você foi só? - - indagou
Othon sentiu que foi pego de surpresa. Diz não era imprudente.
Othon
--- Não. A minha mulher foi também. - - disso o homem
Maria
--- Ah! Sua esposa! E ela está em São Paulo? - - indagou como por acaso.
Othon
--- Não. Ela mora em Natal. Mas, agora, não sei mais se ela é a minha esposa. O caso está na Justiça. Eu deixei o advogado para solucionar o fato.  – - disse homem
Maria
--- E ela sabe que o senhor está aqui? - - indagou
Othon
--- Creio que sim. Mas isso não incomoda muito. Nem um pouco. - - falou nostálgico
Maria
--- E os filhos? - -
Othon
--- Com ela. São dois. Um menino e uma menina. Bem carinhosos! - - falou vagaroso
Maria
--- Faz pena! - - refletiu
Othon
--- Não para ela. Tudo se acaba nas minhas costas! - - revidou
Maria
--- Para os meninos. Digo eu. - - refletiu
Othon
--- Eu os vejo sempre. Quando estou em Natal. - -
Passados uns instantes, após o café da manhã, Othon de imediato chamou a sua nova Secretária a acompanha-lo até a nova Repartição em outro Estado, com uma função aparente, uma vez que a jovem moça não tinha função alguma para ser sua nova secretaria de um cidadão qualquer. Ele era apenas um senhor de despachos e rendas. Protegido por alguém que mandava em tudo, Othon não recusaria ordens emanadas de seres bem mais acima que ele. Nomear fulanos era com ele mesmo. Ele confiava em concurso a ter lugar no próximo mês e dessa forma podia infiltrar a moça sem qualquer vexame. Com poder superior, era só formalizar o ajuste.
Othon
Maria. Vamos combinar. A partir de agora, você recebe o pagamento direto do Senado. É necessário você preencher essa ficha e logo após vai haver concurso para a Receita e você já está inscrita. Tão logo faça o exame, você está à disposição da Receita. Só isso! - - relatou
A moça ficou sem saber ao certo e ainda perguntou.
Maria
--- E o Senado? - - preocupada
Othon
--- Isso se resolve! Pode deixar! - - relatou
Maria disse que o que Othon falasse estava tudo bem. E procurou um assentou onde procurou seu lugar. Afinal, não fazia nada porque nada a moça sabia ao certo. Para não perder o tempo, buscou um livro qualquer e começou a estudar esse assunto sobre formulários para iniciantes em carreira da Fazenda. Nunca foi chamada por seu chefe. Por isso mesmo, era descanso total. No final, a moça estava de voltar ao hotel sempre com o motorista da repartição. Às vezes, Othon estava em sua companhia. Em outras, o homem estaria sempre ocupado e ela não sabia qual o destino. Em algumas noites, ao teatro, ao cinema, a uma exposição de pintura, a um show ou mesmo a um passeio pelas ruas sombrias paulistas.
Certa noite, o homem Othon estava em sua suíte do Hotel onde continuava hospedado e lembrou de algo a saber de sua secretaria, Maria, e deu meia volta e entrou no AP logo ao lado a procura de saber algo. Naquela noite eles não saíram para canto nenhum. O carro novo que Othon comprara com a venda do outro, em Natal, era um veículo de primeira classe e chegara na última semana. A chave, ele deixara na mala do carro, por esquecimento e tentara agora usar uma chave sobressalente que deixaram com a garota naquele tempo. E por isso, foi logo ao AP vizinho pedir a segunda chave que com Maria estava. Logo que entrou se deparou com uma cena improvável; Maria parecia despida. Othon não soube nem o que fazer com aquela cena e a moça, despida, correu para apanhar uma tolha e procurou entrar no banheiro tremendo de medo. O homem quis sair mas perguntou apenas pela chave do carro novo. A moça, tremendo, de onde estava respondeu que estava na bolsa na cadeira logo em cima da cama. O homem, preocupado, abriu a bolsa e achou a chave tendo gritado.
Othon
--- Está aqui, ó! - - e balançou as chaves no ar. Tendo feito isso, saiu de vez.
Alguns minutos foram passados e a moça saiu do seu quarto e foi bater na porta de Othon para apenas se desculpar. E assim foi feito. O homem estava lendo algo que ela não muito atenção e apenas se desculpou porque estava nua naquele instante. Corada e sem forma, Maria falou:
Maria
--- O meu caso no Senado. Eu fiz a proposta e despachei ontem mesmo. - - falou como quem não diz nada.
Othon
--- Agora vai. Espere! - - falou com os óculos quase a caírem da cara.
Maria
--- Em estou prejudicando? - - refez à sua maneira de se desculpar.
Othon virou-se e olhou Maria de cabo a rabo e falou
Othon
--- Sabe que você é linda? - - relatou a olhar a bela solteira.
Maria
--- Tolices! Sou apenas uma simples mulher. - - sorriu acanhada
Othon
--- Não sei como fui te conhecer em um acaso? Eu imagino até. - - e falou serio
Com os óculos pendentes no nariz e ficou alí cismado querendo dizer algo de melhor carência.
Maria
--- Eu estava procurando emprego. Minha mãe tinha morrido. O meu pai saiu de casa. E vive aos tombos pelo meio da rua. Tenho um irmão que é outro pau d’água. Eu morro na praia, Rua do Motor. Essa é a minha vida. - - chorou
Othon
--- Não chore. Sinto-me penalizado. A vida é difícil. Não se lamente! - - disse o homem e acolheu a moça com o seu real amor.
A moça deitou no colo do homem sem deixar de se lamentar das agruras da vida com seu rosto colado ao de Othon. Vidas de amores perdidos. Uma mãe que morreu. Algo a não pensar nunca mais. A perdição de todos. Um pouco a fazer. Enfim, era o que faltava! O sexo, afinal. O calor foi ao máximo! A moça a delirar em êxtase! Tudo era o minuto supremo! A donzela acolhia em orgasmo a imensidão do seu corpo! A vida e o momento em que o prazer de excitação sexual atingia o máximo de intensidade na efervescência de sentimentos num incontrolável estado alterado de consciência.
A moça sorriu e o homem foi ter ao banho e fazer o seu asseio. Logo alguns minutos após, Othon se recolheu ao leito se cobrindo todo com uma manta felpuda para então adormecer ao lado da amente. Ternura e afetos foram deleites sem fim. Os pássaros madrugadores gorjeavam em volta do campanário de um templo religioso. Era a hora de acordar.
Othon
--- Desperta, amor! - - e ele sacudiu de manso o corpo da mulher
Maria
--- Que horas? - - disse ainda sonolenta.


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