- VISTA DO MAR -
- 23 -
DIA SEGUINTE
No dia seguinte, Othon saiu mais
cedo levando na bagagem uma senhora por nome: Benigna, tamanho média e bem
gorducha. Ela e um menino que o chamava de Vem. Apenas: Vem. Mas seu nome
completo era Venildo. Coincidência ou não. Com eles também estava Tiago esposo
de Joana, dona da casa de Rita, mulher do velho Sousa sabedor de matar tatu ou,
quando era moço, de atirar com armas no Exército. Era tudo o que Sousa contava.
Tiago, o motorista de caminhão tinha o habito de cuspir, mesmo não tendo saliva.
Meio corcunda, não se sabe o porquê, Tiago, quando falava, sempre dizia a mesma
frase: “Rapaz, você viu? ”. Daí por
diante contava sua lorota. Othon em seu
carro, chegou por volta das sete horas da manhã daquela segunda feira. Ele se
comprometeu em vir almoçar no seu apartamento trazendo a comida dos demais. Os
seus parentes tinham de fazer o favor para arrumar quase tudo. Se tivessem
tempos, os do sítio, arranjavam tudo para aquele dia. Se não, ficaria a
arrumação para o dia seguinte. Isso porque não havia pressa. E tudo isso foi
cumprido. Só os equipamentos do escritório não foram mexidos. Passada a hora,
Othon voltou ao meio dia e confirmou.
Othon
--- Encontrei novo apartamento.
Agora, vocês só precisam fazer a mudança de casa. Vamos para Petrópolis. Tira
tudo e leva p’ra lá. Eu vou até o sito confirmar com Norma. - - declarou
Tiago
--- Petrópolis é lá? - - apontou
a direção da praia.
Othon
--- É lá mesmo. Espere! É melhor
Norma ir lá! Ela pode não querer! Mas, a questão é que só tem esse! - -
salientou
Tiago
--- Mas eu tenho que voltar para
pegar o caminhão. - - declarou de olhos abertos.
Othon
--- É melhor. Volte cedo amanhã.
- - declarou
No final do dia, cinco horas,
Othon saiu da repartição e voltou pelo apartamento onde viu tudo arrumado.
Apenas estavam dona Benígna e o garoto Venildo, o nome completo de: Vem. Os
três fizeram a janta e logo após foram dormir, porque a cama de Othon ainda
estava armada e os locais de dormir para os outros dois permaneciam como
estavam. Aproveitando o tempo, Othon fez a faxina em seus negócios para quando
o rapaz chegasse no dia seguinte encontrasse todo em ordem. Era assim para ser
feito. Era chagada quase a meia-noite quando o já sonolento o homem adormeceu,
por fim. Sonhos ele teve. Uma mulher a lhe dizer algo que ele não entendia
muito bem. E com isso acordou. Foi necessário olhar o relógio de pulso para ele
acordar de vez. Sentiu que a mulher gorda estava fazendo o café. Num ímpeto, o
homem pulou da cama e foi se arrumar para logo sair com destino ao emprego, a
Receita Federal fazendo sua refeição matinal como fazia todos os dias no lado
de sua mulher, os meninos e a secretária Neta.
Após ditar uns recados para a
senhora Benígna, como se a mulher chegasse ou de Tiago chegasse logo, ela
saberia fazer o que tinha de ser feito. Logo após, pegou seu carro e sumiu. O
trabalho na repartição não muito o que fazer a não ser ler as notícias do dia
saída nos jornais locais.
Um caso incrível. Na tarde do dia
qualquer, um rapaz encontrou no meio do caminho, próximo à Estação de Trem, uma
vareta de metal pesando mais que ele supunha quando apanhou do chão. Era uma vareta
talvez de cobre, de uma finura quase estranha, medindo meio centímetro de cada
lado e um tamanho de cerca de setenta centímetros. O rapaz ou mesmo o garoto,
pois tinha menos de 18 anos, levou consigo a vareta para coisa alguma fazer.
Apenas, ele levou a vareta. Andando um pouco, o garoto encontrou um senhor de
mais ou menos sessenta anos. Então, o homem fez uma pergunta:
Velho
--- Para aonde vai com essa
vareta? - - perguntou o velho um tanto forte e mais ou menos alto.
O garoto respondeu sem ter a menor
intenção.
Garoto
--- Achei alí. Estava perdida! -
- respondeu o moleque
Então, o velho segurou o garoto e
levou com ele para as alturas sem haver pisado nem no chão. O garoto gritava
por socorro, porém nenhuma pessoa lhe acudia, pois ninguém havia visto a cena
inusitada. O garoto foi levado para um local escuro, acima do alto de qualquer
montanha e ao mesmo tempo desacordou. Passaram-se eternas horas com o garoto
desaparecido. Em certo instante, o rapaz acordou e viu em volta estranhas
figuras, todas trajando branco e se falavam, ele nada compreendia. Após longos
períodos, uma moça ou menina, ao que parece, se aproximou do garoto, sorrindo
até, e nada lhe discorreu, a não ser deitar na cama onde ele estava. O garoto
olhou com espanto, então a mocinha fez sexo com ele. Logo após, a mocinha
sumiu. O garoto entrou em pânico, tendo sido ele, como que obrigado, a fazer
sexo com uma estranha menina ou moça, se bem lhe parecia. Nesse ponto, uma
outra moça surgiu como por encanto, e lhe aplicou algo que ele não sabia então,
mas sentiu o ardor. Em seguida, adormeceu de vez. Passaram horas, talvez dias,
o garoto despertou à beira da praia, longe de onde ele estava na hora em que
foi abduzido, sem saber ao menos onde estava, vendo apenas pescadores, ao
longe. O moço se levantou e caminhou um pouco quando viu pessoas estranhas a
observá-lo. Então, o moço perguntou a um deles
Garoto
--- Onde é que eu estou? - -
indagou enquanto os outros gargalharam
E logo após os pescadores
informaram que estava ele na praia de Búzios, pouco distante da capital, terra
de onde ele diz ser. Passaram-se longos minutos e o moço pediu a aguem que lhe
mostrasse o caminho pois ele estava confuso em não saber onde estava. Coisa de
um dia ou dois, o rapaz foi conduzido ao ponto de ônibus e, ali, embarcado, sem
um níquel no bolso. Com ajuda dos pescadores, o moço conseguiu para a sua
passagem. Em certo ponto, o motorista lhe perguntou.
Motorista
--- De onde vinhetes? - - indagou
curioso
Garoto
--- Estava perdido na praia! - -
ele respondeu
Motorista
--- Para onde você vai? - -
voltou a perguntar
Garoto
--- Para a capital. Eu moro lá.
Nas Rocas, - - relatou
Motorista
--- Nas Rocas? Então você é o
garoto sumido? - - indagou assombrado
Garoto
--- Eu? Sumido? Por que sumido? -
-
Motorista
--- Há tempo que a Polícia
procura por um garoto de sua idade. E ninguém sabia informar! É você então? -
-
Garoto
--- Polícia? E o que fiz? - - com
espanto
Motorista
--- Sei lá. Eu ouvi dizer. - -
Garoto
--- Então eu vou saltar aqui
mesmo. Não quero nada saber de polícia. - -
Motorista
--- Não! Agora
você está comigo! Vamos até a Polícia! Por lá a gente de ajeita! - -
Garoto
--- Seu Zé, eu
não fiz nada! Por que então a polícia! - - com temor
Motorista
--- Zé, não!
Epaminondas! Meu nome é Epaminondas! - - e trancou a porta do carro
O veículo
trafegou pela estrada e parou em frente à Delegacia de Polícia onde o motorista
procurou o delegado com quem deixou o garoto. Por lá, o de menor respondeu às
perguntas e logo foi seguido para a Central de polícia onde novas questões
foram feitas. Ao cabo de umas horas, com os miseráveis repórteres querendo
detalhes de sua vinda do Espaço, o garoto, de boca aberta, nada pode responder
de verdade. Apenas dizia ter encontrado uma vareta de cobre. Nesse longo espaço
de tempo, a família do garoto apareceu entre choros lágrimas.
Othon
--- Que coisa?
O rapaz apareceu de verdade? - - indagou a si mesmo
E nas ruas o
gazeteiro gritava para se comprar jornais com a história do garoto sumido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário