sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 23 -

- VISTA DO MAR -
- 23 -
DIA SEGUINTE

No dia seguinte, Othon saiu mais cedo levando na bagagem uma senhora por nome: Benigna, tamanho média e bem gorducha. Ela e um menino que o chamava de Vem. Apenas: Vem. Mas seu nome completo era Venildo. Coincidência ou não. Com eles também estava Tiago esposo de Joana, dona da casa de Rita, mulher do velho Sousa sabedor de matar tatu ou, quando era moço, de atirar com armas no Exército. Era tudo o que Sousa contava. Tiago, o motorista de caminhão tinha o habito de cuspir, mesmo não tendo saliva. Meio corcunda, não se sabe o porquê, Tiago, quando falava, sempre dizia a mesma frase: “Rapaz, você viu? ”.  Daí por diante contava sua lorota.  Othon em seu carro, chegou por volta das sete horas da manhã daquela segunda feira. Ele se comprometeu em vir almoçar no seu apartamento trazendo a comida dos demais. Os seus parentes tinham de fazer o favor para arrumar quase tudo. Se tivessem tempos, os do sítio, arranjavam tudo para aquele dia. Se não, ficaria a arrumação para o dia seguinte. Isso porque não havia pressa. E tudo isso foi cumprido. Só os equipamentos do escritório não foram mexidos. Passada a hora, Othon voltou ao meio dia e confirmou.
Othon
--- Encontrei novo apartamento. Agora, vocês só precisam fazer a mudança de casa. Vamos para Petrópolis. Tira tudo e leva p’ra lá. Eu vou até o sito confirmar com Norma. - - declarou
Tiago
--- Petrópolis é lá? - - apontou a direção da praia.
Othon
--- É lá mesmo. Espere! É melhor Norma ir lá! Ela pode não querer! Mas, a questão é que só tem esse! - - salientou
Tiago
--- Mas eu tenho que voltar para pegar o caminhão. - - declarou de olhos abertos.
Othon
--- É melhor. Volte cedo amanhã. - - declarou
No final do dia, cinco horas, Othon saiu da repartição e voltou pelo apartamento onde viu tudo arrumado. Apenas estavam dona Benígna e o garoto Venildo, o nome completo de: Vem. Os três fizeram a janta e logo após foram dormir, porque a cama de Othon ainda estava armada e os locais de dormir para os outros dois permaneciam como estavam. Aproveitando o tempo, Othon fez a faxina em seus negócios para quando o rapaz chegasse no dia seguinte encontrasse todo em ordem. Era assim para ser feito. Era chagada quase a meia-noite quando o já sonolento o homem adormeceu, por fim. Sonhos ele teve. Uma mulher a lhe dizer algo que ele não entendia muito bem. E com isso acordou. Foi necessário olhar o relógio de pulso para ele acordar de vez. Sentiu que a mulher gorda estava fazendo o café. Num ímpeto, o homem pulou da cama e foi se arrumar para logo sair com destino ao emprego, a Receita Federal fazendo sua refeição matinal como fazia todos os dias no lado de sua mulher, os meninos e a secretária Neta.
Após ditar uns recados para a senhora Benígna, como se a mulher chegasse ou de Tiago chegasse logo, ela saberia fazer o que tinha de ser feito. Logo após, pegou seu carro e sumiu. O trabalho na repartição não muito o que fazer a não ser ler as notícias do dia saída nos jornais locais.
Um caso incrível. Na tarde do dia qualquer, um rapaz encontrou no meio do caminho, próximo à Estação de Trem, uma vareta de metal pesando mais que ele supunha quando apanhou do chão. Era uma vareta talvez de cobre, de uma finura quase estranha, medindo meio centímetro de cada lado e um tamanho de cerca de setenta centímetros. O rapaz ou mesmo o garoto, pois tinha menos de 18 anos, levou consigo a vareta para coisa alguma fazer. Apenas, ele levou a vareta. Andando um pouco, o garoto encontrou um senhor de mais ou menos sessenta anos. Então, o homem fez uma pergunta:
Velho
--- Para aonde vai com essa vareta? - - perguntou o velho um tanto forte e mais ou menos alto.
O garoto respondeu sem ter a menor intenção.
Garoto
--- Achei alí. Estava perdida! - - respondeu o moleque
Então, o velho segurou o garoto e levou com ele para as alturas sem haver pisado nem no chão. O garoto gritava por socorro, porém nenhuma pessoa lhe acudia, pois ninguém havia visto a cena inusitada. O garoto foi levado para um local escuro, acima do alto de qualquer montanha e ao mesmo tempo desacordou. Passaram-se eternas horas com o garoto desaparecido. Em certo instante, o rapaz acordou e viu em volta estranhas figuras, todas trajando branco e se falavam, ele nada compreendia. Após longos períodos, uma moça ou menina, ao que parece, se aproximou do garoto, sorrindo até, e nada lhe discorreu, a não ser deitar na cama onde ele estava. O garoto olhou com espanto, então a mocinha fez sexo com ele. Logo após, a mocinha sumiu. O garoto entrou em pânico, tendo sido ele, como que obrigado, a fazer sexo com uma estranha menina ou moça, se bem lhe parecia. Nesse ponto, uma outra moça surgiu como por encanto, e lhe aplicou algo que ele não sabia então, mas sentiu o ardor. Em seguida, adormeceu de vez. Passaram horas, talvez dias, o garoto despertou à beira da praia, longe de onde ele estava na hora em que foi abduzido, sem saber ao menos onde estava, vendo apenas pescadores, ao longe. O moço se levantou e caminhou um pouco quando viu pessoas estranhas a observá-lo. Então, o moço perguntou a um deles
Garoto
--- Onde é que eu estou? - - indagou enquanto os outros gargalharam
E logo após os pescadores informaram que estava ele na praia de Búzios, pouco distante da capital, terra de onde ele diz ser. Passaram-se longos minutos e o moço pediu a aguem que lhe mostrasse o caminho pois ele estava confuso em não saber onde estava. Coisa de um dia ou dois, o rapaz foi conduzido ao ponto de ônibus e, ali, embarcado, sem um níquel no bolso. Com ajuda dos pescadores, o moço conseguiu para a sua passagem. Em certo ponto, o motorista lhe perguntou.
Motorista
--- De onde vinhetes? - - indagou curioso
Garoto
--- Estava perdido na praia! - - ele respondeu
Motorista
--- Para onde você vai? - - voltou a perguntar
Garoto
--- Para a capital. Eu moro lá. Nas Rocas, - - relatou
Motorista
--- Nas Rocas? Então você é o garoto sumido? - - indagou assombrado
Garoto
--- Eu? Sumido? Por que sumido? - -
Motorista
--- Há tempo que a Polícia procura por um garoto de sua idade. E ninguém sabia informar! É você então? - - 
Garoto
--- Polícia? E o que fiz? - - com espanto
Motorista
--- Sei lá. Eu ouvi dizer. - -
Garoto
--- Então eu vou saltar aqui mesmo. Não quero nada saber de polícia. - -
Motorista
--- Não! Agora você está comigo! Vamos até a Polícia! Por lá a gente de ajeita! - -
Garoto
--- Seu Zé, eu não fiz nada! Por que então a polícia! - - com temor
Motorista
--- Zé, não! Epaminondas! Meu nome é Epaminondas! - - e trancou a porta do carro
O veículo trafegou pela estrada e parou em frente à Delegacia de Polícia onde o motorista procurou o delegado com quem deixou o garoto. Por lá, o de menor respondeu às perguntas e logo foi seguido para a Central de polícia onde novas questões foram feitas. Ao cabo de umas horas, com os miseráveis repórteres querendo detalhes de sua vinda do Espaço, o garoto, de boca aberta, nada pode responder de verdade. Apenas dizia ter encontrado uma vareta de cobre. Nesse longo espaço de tempo, a família do garoto apareceu entre choros lágrimas.
Othon
--- Que coisa? O rapaz apareceu de verdade? - - indagou a si mesmo
E nas ruas o gazeteiro gritava para se comprar jornais com a história do garoto sumido.


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