quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 21 -

- FESTA -
- 21 -
ANIVERSÁRIO

Naquela manhã tudo estava completo no salão de festas da organização responsável pelo banquete para os meninos Racílva e Fervê, filhos de Othon e Norma. Sentindo o necessário de um banquete a primeira hora, o casal achou por bem contratar uma organização que desse tudo pronto e eles não se importariam com nada. Se tudo corresse bem, a festa teria início às cinco horas da tarde como era de praxe. Como tudo era formal, a mesa central ficava no meio do salão onde caprichosos detalhes armavam tudo em branco e rosa. Podia-se notar uma árvore ritual de cores de vidro encimando todo o ambiente. Outras mesas plenamente decoradas rodeavam a sala. E se houvesse algum banquete o casal com os seus filhos dançariam em plena luz de um inusitado festival de beleza. A generosidade da música era plena de alegria. O certo é que às quatro horas já se aglutinava o pessoal da recepção além de Neta e demais pessoas do próprio apartamento onde moravam os Othon, Norma e os dois meninos.
O celular tocava e alguém atendia. Era só para saber a que horas eram para se chegar a festa. Dono Rita foi uma das tais que chegou um dia antes. Com a zoada dos carros na rua, a mulher ficava por demais constrangida. Seu marido não veio para a festa. Sousa ficou enfurnado no sítio apenas a indagar quando começava o banquete. Sua filha Joana lhe respondia algo que o velho não entendia. E se conformava alegando que tal festa era para o aniversário de Othon.
Joana
--- E para os meninos, velho chato! - - praguejou a filha.
Sousa
--- É para os meninos? Aqueles pequenos? - - indagou de novo
Joana
--- Não respondo mais! - - cuspiu a mulher
O velho, sentado em um pé de jatobá, apenas cutucava o chão dizendo coisa sem nexo.
Sousa
--- Minha espingarda está aí? Vou caçar tatu! - - arremeteu.
Joana
--- Não sei onde tu botas tuas coisas! Isso que é velho chato! Virgem! - - discutiu a filha ariando a louça.   
Sousa
--- Eu creio que coloquei no guarda-roupa! - - e danou-se a procurar a arma.
Jonas era outro neto de Sousa. Esse ingressou na casa e viu o velho com a bunda para cima procurado a espingarda no baú.
Jonas
--- Que estás procurando? - - indagou com seu jeito de matuto
Sousa
--- Um negócio que eu guardei. Mas não encontro de jeito algum! - - respondeu ainda buscando
Jonas
--- É a espingarda velha? O senhor já vendeu àquele homem da feira! Ora! Ele vende as coisas e ainda procura no baú! - - cuspiu de lado
Sousa
--- E eu vendi? E quem recebeu? - - indagou alarmado já levantado
Jonas
--- Sei lá! Agora, deu! - - e saiu da casa.
Após o almoço, dona Rita comeu pouco como sempre fez. Othon almoçou o que podia. O restante do pessoal almoçou até lançar o cano. Tiago, era o marido de Joana, a que ficou do sítio por essas horas. Mas, mandou o seu marido, Tiago para ajudar nas despesas da festa. Quase nada era preciso fazer. Contudo, o homem dirigia um caminhão que era dele. Pois o que se precisasse era apenas chamar Tiago. E ele ida buscar ou entregar do mesmo jeito. O salão da festa pertencia a uma organização particular onde tudo a empresa dispunha. De Tiago nada precisava. Em casa, no apartamento, a coisa era outra. Tudo o que se precisasse, Tiago estava pronto para buscar. Com ou sem caminhão. Era uma algazarra dos infernos. Menino chorava, Neta acolhia para dar mais sossego. A menina queria água. De pronto, Neta segurava o copo para ver se Racílva calava.
Othon colocava um DVD ao seu gosto para ver se todos – os meninos - se comportavam. E assim foi a fuzarca se acalmava até chegada a hora de sair para a festa. Eram quase cinco horas, quando o povo começou a acercar-se cumprimentando os novinhos aniversariantes. Por uma questão de hética os presentes eram postos em um quarto no salão da empresa responsável pela organização dos aniversariantes, os dois meninos. Alguns convidados mandavam mesmo para o apartamento de Othon por um caso de dúvida.
Ao toque do clarim era iniciada a fuzarca. Não era bem um clarim. Porém um toque de animação. Bolos, doces, champanhe, vinhos, carnes de peru e muitas outras delícias para crianças e homens, alguns já maduros eram francos. Nas mesas ao lado, em todo o salão os petiscos não faltavam. E, por certo, eram mais de vinte mesas. Uma coisa enorme. Luzes clareavam o festivo ambiente. As crianças se se divertiam à vontade, a correr por entre as mesas. Alguns puxavam as tolhas a cobrir as bancas. E os homens e mulheres responsáveis vinham de pronto a arrumar tudo novamente.
Quando chegaram as seis horas, todas as famílias reunidas, apagaram-se as luzes e as crianças donas da festa, sopraram as velinas como mandava o figurino. E ao toque da música todos cantaram os parabéns. Alegria total no salão da festa. Os vivas, as taças de vinhos e champanhe, alguns quebravam suas taças. As crianças ficaram mais animadas querendo comer chocolates e suas guloseimas para o cada qual. Os pais dos demais meninos vibravam para cada gole que catavam e tomavam. Era uma festa e tanto para as crianças e os adultos. Num belo instante alguém soltou que no dia próximo ao domingo era feriado. Então a turma de idade avançada gritou.
Turma
--- Viva o feriado prolongado! - - gritaram
E todos os demais ovacionaram com seus vivas. E o tempo se esgotou quando alguém ainda perguntou se por ali alguém sabia se podia conseguir uma garrara da cana. O Metre da festa desenganou por completo. E nada mais se falou.
No dia seguinte, um domingo, era tarde quando a mulher, Norma, acordou. Ainda sonolenta ela procurou acender a luz do quarto para as horas. Então, ainda tonta por dormir tão tarde na noite passada ela resolveu ir ao banho. Contudo, a porta estava fechada pois alguém teria chegado primeiro. Ao sair, se encontro com Neta e voltou a indagar.
Norma
--- Que horas? - - perguntou
Neta
--- Faltam 10 para as 9 - - respondeu a auxiliar
Norma
--- E o povo? - - perguntou
Neta
--- Minha avó está lá dentro, Tiago saiu e seu Othon está no banho. - -
Norma
--- Ta botando fora? - -
Neta
--- Certamente. - - sorriu
Norma
--- Bom vou cuidar da vida. Os meninos inda dormem? - -
Neta
--- Brincando no quarto. - - falou sorrindo
Norma
--- Bom. Vou verter água. ....No teu banheiro! - - sorriu
Quando a mulher tomava banho, um negócio misterioso apareceu vindo da parede que estava antes do banheiro, atravessou o pequeno quarto e desapareceu nem falar sequer. Ele viu a cena e indagou.
Norma
---Neta, é você? - -
E nada ocorreu. A mulher se espantou, saiu de dentro de banheiro, se enrolou na toalha e gritou mundo afora como quem tinha visto visagem.

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